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Análise – Sword Art Online: Fractured Daydream

Eu sou grande fã do anime Sword Art Online e acompanho a obra há um bom tempo, pois curto a trama que traz um MMO de realidade virtual, no qual os jogadores lutam de verdade pelos mais diversos objetivos, sejam eles os mais bobos ou até mesmo por suas vidas, trazendo tramas muito interessantes de acompanhar em seus diversos arcos. Essa mistura não conseguiu criar um jogo de muito sucesso, pelo menos os que joguei no Xbox, pois não conseguiram replicar a atmosfera de um ambiente como de um MMO, mas apenas apostando em jogos mais voltados para o single player e com quase nada que pudesse fazer os jogadores aproveitarem juntos suas jornadas, como é a premissa de Sword Art Online. Fatal Bullet foi um bom jogo, mas também falha nessa proposta social básica. Já Alicization Lycoris foi tão decepcionante para mim que me fez pular totalmente o Last Recollection, fazendo com que não tivesse mais hype nenhum para a obra nos games.

No entanto, a proposta de Sword Art Online: Fractured Daydream me chamou a atenção assim que foi apresentada, pois finalmente parecia que iriam apostar no multiplayer nos jogos. Ele traz um interessante sistema de multiplayer, no qual até 20 jogadores, em grupos de quatro, se unem para uma experiência cooperativa na qual podem explorar mapas cumprindo objetivos até chegar em um boss final ou já enfrentarem um poderoso chefão em outro modo, tudo recheado com diversos personagens da franquia e uma trama original.

Será que dessa vez recebemos um jogo de Sword Art Online que realmente traz a essência MMO de sua obra original? Vamos descobrir na análise a seguir.

Uma trama nostálgica para os fãs de Sword Art Online

Para quem não conhece, o universo de Sword Art Online gira em torno de jogadores que se conectam em jogos do tipo VRMMORPG, que utilizam a imersão virtual total para entregar uma experiência realista ao extremo. Dentre muitos arcos diferentes, acompanhamos jogos onde tivemos jogadores presos dentro desses ambientes, no qual não poderiam morrer dentro do jogo que iriam morrer no mundo real, ou ainda uma série de mortes misteriosas com os jogadores no mundo real. Temas pesados que transformam a experiência nesse tipo de jogo, que deveria ser uma imersão única viciante, em lutas dramáticas pela vida.

Em Sword Art Online: Fractured Daydream o famigerado grupo de jogadores dos últimos três jogos se reencontra em Galáxia, um novo VRMMORPG que curiosamente está replicando estes antigos ambientes que eles já haviam explorado, para reviverem memórias e momentos épicos dessas experiências passadas nos universos de Aincrad, Gun Gale Online e Underworld. No entanto, os acontecimentos se tornam cada vez mais estranhos por conta de anomalias que danificaram Galáxia e os deixaram presos dentro de mais um jogo. Eles então precisam deixar as diferenças de lado, uma vez que não apenas amigos estão presos nesse mundo, para descobrirem o motivo de estarem presos nesse mundo de memórias de outros jogos.

 

 

Para minha surpresa, uma vez que Fractured Daydream possui um grande foco na cooperação online, o modo história possui uma trama muito bem articulada, que gera curiosidade sobre o que vai acontecer a seguir, com uma forte atmosfera de mistério sobre o que pode ter gerado essas anomalias que prendeu tantos jogadores dentro de um jogo. As missões são interessantes e possuem reviravoltas que agitam a trama, mantendo o jogador imerso na narrativa. São cerca de 13 horas de uma boa trama.

Outro aspecto que aumenta bastante a qualidade do jogo é o seu elenco de personagens. O estúdio Dimps foi certeiro em trazer figuras icônicas da obra, cada uma com suas personalidades únicas e histórias para contar. Conforme a trama avança, mais personagens são adicionados, e é muito legal ver como todos possuem seu destaque, adicionando informações ricas para a narrativa. Poder jogar com todos esses personagens na história é um bom treinamento para a cooperação online, uma vez que podemos testar suas habilidades, além de também coletar armas e níveis para eles, e já chegar preparado para as partidas.

Apesar de ser uma experiência totalmente solo, o modo história possui um grande peso para o online, uma vez que grande parte dos 21 personagens são desbloqueados nele, além de ser necessário completar algumas missões iniciais para abrir o modo de Quest Co-Op do online. Dessa forma, ele é essencial para turbinar sua experiência online, mas fique tranquilo, pois a história é interessante pelo menos, então vale o esforço.

Um forte foco na cooperação online

Agora chegamos no grande chamariz de Sword Art Online: Fractured Daydream que são os seus modos cooperativos online. Todos eles trazem uma grande sensação de trabalho em equipe, adicionando aquele clima social que vemos no anime e que faltou muito nos jogos anteriores. Cada um dos três modos reúne até 20 jogadores onde precisam completar objetivos e unir forças para vencer desafios.

O modo Livre possibilita aos jogadores explorarem livremente um mapa em busca de baús, chefões, missões e diversos desafios para adquirir equipamentos, recursos e experiência, para fortalecer seus personagens. Nesse modo, podemos optar por nos juntarmos a outros jogadores ou simplesmente aproveitar a sessão por conta própria. Um bom modo para coletar recursos solo e sem depender dos outros, mas também é divertido nos unir, ocasionalmente, a outros jogadores para derrotar um chefão um pouco mais complicado.

Logo em seguida temos o modo Co-op Quest, no qual 5 grupos de 4 pessoas, surgem em pontos diferentes de um mapa devendo completar seus próprios objetivos, até que em algum momento se unem para completar uma atividade e então abrir caminho para um Boss desafiador no final. Um modo bem divertido e que traz um bom senso de estar em um MMORPG e precisar de outros jogadores para vencer os desafios. Infelizmente, assim como no modo livre, a falta de mais mapas torna a experiência repetitiva muito rápido.

Por fim, temos o modo Boss Raid, que como o próprio nome diz traz aquela atmosfera de uma raide, onde os jogadores precisam de um bom trabalho de equipe para vencer um chefão muito difícil e desafiador. As batalhas são realmente muito interessantes, com mecânicas inteligentes e um belo design apresentado tanto no Boss quanto nas arenas. Uma pena que aqui também se sinta a falta de conteúdo, pois existem apenas 3 chefes, com um sendo facilmente desbloqueado, mas os requisitos para abrir os outros dois são tão altos, que a grande maioria dos jogadores fica matando apenas o primeiro deles, o que torna cansativa a jornada. Uma pena, pois o  modo tem muito potencial, dado o modo história ter chefes muito interessantes e que deveriam estar disponíveis no online para desafiar os jogadores e entregar muito mais conteúdo.

A estrutura de toda essa proposta é bem simples. Começamos com um personagem de nível 1, que pode ser qualquer um dos 21 disponíveis, desde que não tenha outro igual em seu grupo. Ele começa com habilidades bloqueadas, então devemos eliminar monstros e completar desafios para subir de nível, aqui chamado Despertar, e ir melhorando nosso personagem naquela partida, aumentando nossa vida e dano, bem como desbloquear nossas habilidades. Ainda assim, é importante fortalecer os personagens com bons equipamentos e subir o nível dele, para estatísticas iniciais melhores. Um sistema que lembra levemente um roguelike, uma vez que começamos do zero em cada partida, mas existem melhorias permanentes.

 

Independente do personagem que escolher, as recompensas são aleatórias, o que significa que a cada partida você não fortalece com itens apenas aquele que está jogando, mas também diversos outros, nos dando alternativa caso nosso personagem favorito já tenha sido escolhido na partida. Também existe um sistema de classificação de rank após as partidas, e a coroação de um grupo com o jogador mais importante da sessão, ou o MVP, algo que incentiva a dar o melhor para ser destaque.

Também existe a possibilidade de criar equipamentos aleatórios ou ainda aprimorar os que você já possui, sendo opções para maximizar seus personagens.

Será que tem futuro?

Percebeu que apesar de sua estrutura interessante, eu citei diversas vezes que o jogo carece de conteúdos e que ele se torna repetitivo rápido demais? Pois bem, isso somado ao alto valo cobrado pelo jogo, já se faz sentir nos servidores, apenas uma semana após seu lançamento. Está bem demorado fechar um grupo apenas de jogadores, e sempre é necessário completar a sessão com bots. No modo Co-op Quest, em muitas partidas que entrei haviam apenas 5 jogadores, e as equipes foram fechadas com bots para assim completar os 20 necessários para o modo. No modo de Raid Boss existem mais jogadores, mas ainda assim eu vi muitos bots completando o time. Percebi também que existem mais jogadores durante os fins de semana, sendo um pouco mais fácil de jogar com times completos de jogadores.

 

O jogo tem um potencial gigante, mas a falta de conteúdo pesa muito em um jogo com o foco tão grande no online, uma falha que vai esvaziar o jogo rápido demais.

O modelo free to play iria cair como uma luva em Fracture Daydream, pois iria manter o jogo com uma boa rotação de jogadores que iriam ir e voltar conforme mais conteúdos fossem adicionados. Infelizmente, no atual estado do jogo, e com um valor tão alto, acho difícil ele manter uma comunidade engajada por muito tempo.

Gráficos e Som

As cenários de Sword Art Online: Fractured Daydream são bem bonitos e representam bem as ambientações dos jogos anteriores, bem como do anime, trazendo aquele gostinho de nostalgia muito bem vindo para os fãs da obra. Os personagens são perfeitamente recriados com suas características físicas e comportamentais clássicas. Os efeitos das habilidades, tanto dos personagens que controlamos, quanto dos inimigos são muito bem desenvolvidas, conferindo um espetáculo de cores e brilhos na tela.

O desempenho do jogo é excelente no Xbox Series X, sem engasgos ou quedas de frames, entregando uma experiência fluida nas partidas online, algo essencial para manter o bom fluxo da ação cooperativa. No entanto, durante a história, por diversos momentos, as texturas demoravam para renderizar nas cenas, sendo algo que incomodou bastante, pois quebra a imersão. A IA também deixa a desejar por diversos momentos, seja por nossos companheiros ficarem travados em locais do mapa sem ajudar na batalha ou de inimigos que simplesmente desligam e ficam parados.

A trilha sonora cumpre o seu papel e entrega bons temas que dão o tom certo para a ação online, assim como para os acontecimentos da história. As vozes originais são um deleite para quem é fã da obra e aumentam a imersão do jogo, que conta com legendas e menus em Português do Brasil.

Opinião

Com Sword Art Online: Fractured Daydream eu realmente acreditei que finalmente estaria recebendo aquele jogo de SAO que traria toda aquela atmosfera social que a obra original possui, com diversos conteúdos para completar com outros jogadores, sem limitações. Apesar de ser um belo passo rumo a esse objetivo, que eu acredito que só será atingido quando finalmente criarem um MMORPG da obra, o jogo tropeça na falta de mais conteúdos no online, o que certamente deixará o jogo repetitivo bem rápido, afastando seus jogadores e deixando os servidores vazios, o que é uma pena, já que os modos online possuem uma estrutura muito interessante, com um gameplay viciante, sendo fácil de nos fisgar assim que mergulhamos neles. Eu, inclusive, ainda entro quase todos os dias para completar os desafios diários, pois realmente curti a jogabilidade, mas fica clara a escassez de conteúdos.

Fractured Daydream traz uma história com uma boa duração, que nos embala com sua narrativa bem elaborada e recheada com personagens de diversos arcos da obra. Os personagens são muito bem caracterizados e a dublagem original potencializa a imersão. Os cenários também são muito bem apresentados. No entanto, seus problemas de renderização e IA fraca tira um pouco de seu brilho técnico.

É uma pena, mas apesar de ter um potencial gigante Sword Art Online: Fractured Daydream apenas consegue bater na trave. Seu alto valor, somado a falta de mais conteúdos no online, certamente irão deixar o jogo largado as traças em pouco tempo. Se esse mesmo jogo abraçassem o modelo free to play, eu facilmente o veria sendo um grande sucesso por muito tempo, mas agora ele é apenas um sonho que não virou realidade.

Plataformas: Xbox Series X|S
Publicado por: Bandai Namco
Desenvolvido por: Dimps Corporation
Data de lançamento: 04/10/2024
Opções de compra: Microsoft Store

* O jogo foi cedido gentilmente pela Bandai Namco para a realização desta análise.

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