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Análise – Dustborn

Jogos com foco narrativo são excelentes para criar uma conexão com os personagens, e admito que às vezes sinto falta desse gênero. No Xbox, ele é mais associado à franquia Life is Strange, então estou animado para explorar Dustborn, desenvolvido pela Quantic Dream. Essa empresa não tem uma forte presença no Xbox, o que torna a experiência praticamente nova para mim, já que o único jogo que experimentei deles foi Fahrenheit, há quase 20 anos.

Dustborn é uma experiência um pouco diferente do que a maioria está acostumado, então pode ser que você se surpreenda com o relato da minha experiência através dessa análise. Será que o jogo manteve a qualidade que o estúdio sempre demonstrou? Descubra a seguir.

Somos a Dustborn

A história começa com o grupo de protagonistas fugindo da cidade de Pacifica, na qual nossos heróis roubaram um item muito importante. Nossa missão é levar esse item para a cidade de Nova Escócia, que promete mudar o destino de todos.

O mundo de Dustborn é quase um reflexo do nosso, inclusive com um grupo que se assemelha com a geração Z atual. Logo as convicções são bem semelhantes aos dos jovens, inclusive com seus questionamentos e incertezas. A história acompanha nossos heróis que se passam como uma banda em uma turnê, que acaba sendo um disfarce perfeito para partir em uma viagem sem muitos problemas, mas que acaba complicando a cada quilômetro percorrido.

Além disso, nossos heróis possuem habilidades chamadas de VOX, que consequentemente são discriminados pela maioria da população, algo semelhante aos X-Men. 

A trama central é complexa e repleta de desfechos dramáticos, prometendo momentos de intensa emoção. Os personagens são cativantes, especialmente Pax, a protagonista, cujos sentimentos são profundamente explorados, preparando o cenário para diálogos envolventes com os demais integrantes da “banda”.

Os outros membros possuem características distintas, tanto culturais quanto raciais, o que proporciona bons temas para exploração. No entanto, em alguns momentos, a abordagem é um pouco exagerada e parece perdida, indicando a necessidade de concentrar-se em menos temas, porém com maior qualidade.

Uma mistura de gêneros

Um dos principais problemas de Dustborn é tentar abraçar muitos elementos simultaneamente, o que acaba prejudicando a qualidade de certas mecânicas. Porém, o jogo acerta em sua aventura narrativa, área na qual a Quantic Dream é renomada. As aventuras exigem que conversemos, busquemos pistas e até utilizemos dispositivos para extrair ecos (informações falsas das pessoas), resultando em mentes conturbadas e repletas de rancor. Esse estilo de jogabilidade simples é envolvente e atrai um público que aprecia um ritmo mais pausado e uma trama bem desenvolvida.

Lembra que citei os poderes de Pax, chamados de Vox? Assim como no combate, esses poderes podem mudar o rumo dos diálogos, algo que achei interessante, pois expõe algumas consequências para a história.

Dustborn apresenta seus momentos de ação, onde frequentemente falha, oferecendo algumas opções interessantes que acabam sendo mal executadas. O combate é desajeitado e possui uma física estranha, mais atrapalhando do que ajudando. A protagonista possui um bastão que pode desferir golpes e até mesmo esboça alguns combos com os outros integrantes da banda.

Pax também pode usar os Vox para ajudá-la durante o combate, trazendo uma boa dose de estratégia, no qual podemos influenciar os inimigos, seja para colocar ao nosso favor ou enfraquecê-los.

Lembra que falei sobre os ecos, a medida que encontramos esses sinais espalhados pelo mundo e nas pessoas, podemos formar palavras e para então liberar novas habilidades do Vox de Pax. O Bastão de Pax também pode ser melhorado com baterias encontradas pelos cenários.

Música para seus ouvidos

Lembre-se de que Dustborn é o nome da banda, e por isso, o aspecto musical do jogo é bastante aprofundado, permitindo-nos criar novas músicas ou praticá-las. Em certos pontos da narrativa, temos a opção de escolher quais músicas tocaremos em um show ou para um grupo menor de espectadores.

A jogabilidade musical é bastante similar à da franquia Guitar Hero, onde se utilizam combinações de botões para acertar as notas. Esse aspecto é interessante, pois nos proporciona um desvio dos temas mais pesados e dramáticos.

Som e Gráficos

Dustborn apresenta uma estética gráfica distinta, optando por uma arte que remete às revistas em quadrinhos em vez de um estilo realista, o que combina melhor com a estética dos personagens e contribui para uma atmosfera mais aventureira. Até mesmo as sequências dos capítulos são como se fosse uma introdução a um capitulo de uma história em quadrinhos, algo que achei incrível.

O som manda muito bem na hora de escolher a trilha sonora, além é claro de fazer parte da jogabilidade, então obviamente é mais uma parte a se elogiar. O jogo possui legendas em Português do Brasil, mas sinto que poderia ter uma dublagem, afinal a quantidade de diálogos é bem grande, podendo ficar um pouco cansativo.

Opinião

Dustborn é uma boa pedida caso surja alguma promoção e você goste de jogos voltados para desenvolvimento de história. O jogo possui uma história bem atual, tocando em temas que estão presentes em nossa sociedade, mostrando toda uma carga emocional pesada e cheia de nuances. O personagens possuem várias camadas que podem ser exploradas a medida que avançamos na história e em diálogos secundários.

O gameplay poderia ser mais pé no chão, sem tentar ser muitas coisas, algo que deixaram as coisas sem aquele brilho de algo muito bem elaborado. Esse aspecto fica mais evidente quando partimos para o combate, que é a parte mais problemática, pecando na fluidez dos comandos.

O som é bem interessante e faz parte da jogabilidade, inclusive com o poder de uma banda, ainda que meio sem jeito. Os gráficos são lindos e combinam com o aspecto de parecer uma história em quadrinhos.

Dustborn representa um desperdício de criatividade ao tentar englobar diversos gêneros sem se destacar nas simplicidades que poderiam ser decisivas.

Plataformas: Xbox One e Xbox Series X|S
Publicado por: Quantic Dream
Desenvolvido por: Red Thread Games
Data de lançamento: 20/08/2024
Opções de compra: Microsoft Store

*O jogo foi cedido gentilmente pela Quantic Dream para a realização desta análise.

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