O Brasil se tornou, nos últimos anos, um ótimo lugar para desenvolver jogos, mesmo com todas as dificuldades e falta de incentivo, alguns desenvolvedores começam a se lançar em projetos cada vez mais ousados e cheios de ideias interessantes.

Recentemente tivemos jogos de grande destaque no mundo como FOBIA – St. Dinfna Hotel, Celeste, Kaze and the Wild Masks, Dandy Ace, e muitos outros. Eu tive a oportunidade de jogar a maioria desses e posso afirmar que foi uma experiência mágica e de muito orgulho.

Meses atrás fiquei sabendo de um projeto bem interessante, chamado de Deathbound, que é um soulslike, um gênero que pouco foi explorado em nossas terras. O grande diferencial do projeto é que temos vários personagens, que podem ser trocados em tempo real, aumentando as possibilidades.

Será que a Trialforge conquistou nosso coração? Descubra em nossa análise a seguir.

Uma história surpreendente

Deathbound começa mostrando o conflito entre a temida Igreja da Morte e o misterioso Culto à Vida, além de apresentar alguns dos seus personagens mais importantes. No controle de Therone, adentramos um laboratório que faz experimentos para modificar seres humanos, criando verdadeiras abominações. Therone acaba caindo em combate, mas logo ressurge em um lugar nas profundezas da cidade.

Um dos principais mistérios do jogo é quando Therone descobre que pode absorver essências (consciência), podendo trocar para esse outro personagem ou mesmo falar entre si. Então começa uma busca incessante pela verdade, que será alimentada por personagens com ideais diferentes, mas que no final acabam partindo para o mesmo objetivo.

Cada essência que absorvemos aumenta nossa quantidade de informação sobre a história, mesmo por que, ao absorvemos uma nova essência, somos levados para um devaneio dentro da mente do personagem em questão. Ali nos é apresentado ao passado do personagem, ou melhor, uma parte dele, pois o resto só é descoberto com tempo e dedicação.

A história começa a esquentar mesmo indo para os momentos finais, sendo pavimentada aos poucos pela jogabilidade viciante. O grande destaque da narrativa fica para os diálogos entre as essências e os devaneios, que mostram diferentes culturas, aumentando a lore do jogo.

Na real, a história foi muito bem escrita, principalmente se você comparar com outros jogos do mesmo escopo de desenvolvimento.

Um souls diferente

Deathbound pode ser descrito como um party soulslike, no qual podemos controlar até quatro personagens em nosso grupo, no total de sete. Na verdade, um personagem pode executar os golpes por vez, mas podemos trocar em tempo real para outros. Essa dinâmica é incrível e complexa em um bom sentido, pois abre possibilidades únicas de combinações de golpes e diferentes estratégias.

Cada personagem foi trabalhado para funcionar como uma classe diferente, tendo pontos positivos e negativos. Então conforme absorvermos esses personagens, podemos escolher nossa melhor equipe. Além disso, cada personagem possui um passado que pode ter ligações com outros personagens, além é claro de serem de facções diferentes. Então quando fazemos essas ligações ganhamos bônus e ônus, conforme esse personagem é escolhido e combinado com outros.

Outro diferencial, é que cada personagem possui tipos de golpes diferentes, como Therone que pode atacar com espada e defender com escudo, ou mesmo Mandile que é um capoerista nato e pode atacar com suas pernas velozes. Não vou descrever cada essência, pois descobrir cada uma faz parte da experiência, mas posso afirmar que são incríveis.

Além de cada golpe exclusivo das essências, temos os incríveis Morphstrykes, que são golpes ativados por uma barra especial e quando trocamos para outro personagem, é liberado um golpe poderoso, expondo o inimigo a muito dano.

As batalhas contra os chefes são mais difíceis no começo, mas a medida que avançamos, a coisa tende a ficar mais palpável, principalmente se você se comprometer em montar a sua build.

Existe uma boa variedade de inimigos, trazendo mais desafios para o jogador, que deverá fazer uma abordagem de diferentes formas.

Além dos golpes específicos de cada essência, podemos usar o parry para contra-atacar, que pode desencadear uma finalização poderosa, isso somente para alguns personagens específicos.  Outros personagens possuem magias, que podem utilizar buffs, ou mesmo um crossbow para tiro a longa distância e ainda finalizações na surdina.  Ter esses diferentes tipos de ataques, leva o jogador a usar e abusar da troca de personagens.

Fortaleça sua equipe

A estratégia é parte importante da experiência em Deathbound, logo cabe ao jogador montar a equipe ideal. Então, de cara já posso dar uma dica que é focar em personagens que se completam. Para isso, temos uma interessante arvore de habilidades, que desbloqueiam vantagens através de pontos de experiência.

Como todo bom souls, caso você morra, deverá coletar sua experiência caída, se morrer novamente a perderá de vez, então cabe a você analisar a situação e buscar um ponto de checkpoint.

Cada essência possui seu bloco de melhorias, que também podem influenciar a todos, ou seja, mesmo você escolhendo alguns personagens, em algum momento terá que gastar com personagens que nem sequer vai usar na formação ideal. Algumas melhorias são exclusivas de cada personagem, dando a possibilidade para fortalecer seu personagem preferido.

Além dos atributos, temos outras melhorias para as nossas essências, incluindo habilidades passivas que são ativadas por memórias, que são encontradas pelo mundo. Essas memórias contam histórias sobre o passado dos personagens e do mundo.

Essas habilidades passivas são incríveis, pois trazem novas formas de infligir dano ou fortalecer suas defesas contra alguns status como veneno, gelo, fogo e muito mais.

Deathbound não possui equipamentos para equipar como armas brancas e armaduras. Mas podemos equipar anéis e artefatos, que também servem para trazer certas vantagens para o combate. Esses equipamentos podem ser melhorados e no final é melhor que você os faça.

No caminho certo

Deathbound possui gráficos surpreendentes para um projeto que é de um menor escopo de investimento. Na realidade, posso colocar ele como um AA, de tão boa a sua qualidade. A direção de arte é única, trazendo ambientes diferenciados e personagens incríveis. A perfomance se mantêm na média, principalmente se você jogar atualmente, quando saiu alguns patches que deixaram tudo mais suave.

O som cumpre seu papel, com uma trilha que combina com cada ocasião e sem enjoar. Existem legendas em português do brasil, mas infelizmente não possui dublagem em nosso idioma, algo que pode ser bem estranho, mas dá para entender, pois para ser globalizado, eles acabaram abdicando disso, algo que me incomodou um pouco.

Seria incrível ver uma dublagem nacional, com um elenco de peso de dubladores conhecidos. Espero que futuramente, em uma sequência ou em um DLC, isso realmente aconteça.

Opinião

Deathbound é um dos melhores jogos brasileiros que já joguei, entrando para um seleto grupo, que alinhou investimento médio e muita ousadia. Além disso, a escolha por um soulslike foi interessante, pois não temos um representante tão forte para esse gênero.

A história traz temas interessantes, que alinham o passado dos protagonistas com o que acontece no mundo. Além disso, existem algumas reviravoltas na narrativa, que esquentam mais para a parte final.

A jogabilidade é o ponto mais alto, pois usar múltiplos personagens e trocá-los em tempo real é algo impressionante, além é claro dos morphstrykes que causam reviravoltas nas batalhas.

Deathbound é uma ótima pedida para os amantes de RPGs de ação e soulslike, trazendo um diferencial para um gênero que anda um pouco saturado das mesmices.

Nossa nota para Deathbound

Plataformas: Xbox Series X|S
Publicado por: Tate Multimedia
Desenvolvido por: Trialforge Studio
Data de lançamento: 08/08/2024
Opções de compra: Microsoft Store

*O jogo foi cedido gentilmente pela Trialforge Studios para a realização desta análise.

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About Author

Desenvolvedor Web e Analista de TI, gamer assíduo desde a época do Atari, fã de Metal Gear(menos o Phantom Pain) e Gears of War. Ter a oportunidade de trabalhar um pouco com games é um sonho realizado. Falta só ir para E3!!!

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