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Análise – HORROR TALES: The Beggar

Os indies são uma grande paixão para mim, simplesmente por arriscarem com propostas diferentes, e em muitos casos, até mesmo inusitadas. A indústria como um todo, infelizmente é afetada por decisões de acionistas, que fazem mais mal do que bem, ao forçar gêneros para lucrar cada vez mais. Por esse motivo, adoro quando surgem propostas de gameplay diferentes do que estamos acostumados, inclusive muitos jogos AAA pegam inspirações nesses jogos que tiveram esse estalo de criatividade.

Dito isso, quando conheci o desenvolvedor solo Carlos Coronado no X, fiquei impressionado com seu trabalho em HORROR TALES: The Wineque é um jogo de terror psicológico e resolução de puzzles, que foge do padrão dos AAA, mas que possui potencial para conquistar jogadores, que gostam de algo mais surrealista.

Em HORROR TALES: The Beggar, partimos para algo diferente, trazendo novas formas de abraçar o jogador com mecânicas interessantes e um terror mais voltado para ficção cientifica. Será que o jogo conseguiu me conquistar? Descubra em nossa análise a seguir.

Uma história peculiar

Em Horror Tales: The Beggar somos um entidade chamada Beggar, que é revivida por uma espécie de robô voador, mostrando que devemos tentar entender o que aconteceu com um mundo devastado. Só que para atingir nosso objetivo, devemos sobreviver a uma criatura chamada de Morvin, que nos persegue por boa parte da aventura.

A história é contada através de alguns diálogos com a máquina, e ainda em alguns documentos espalhados por todo o cenário. Não espere por uma história de fácil entendimento, ou seja, você terá que se esforçar para entender o que se passa naquele mundo.

O tempo de jogo é bem curto, algo em torno de 2-3 horas de jogo, caso consiga resolver os puzzles rapidamente, que ficaram mais fáceis do que o jogo antecessor do desenvolvedor. Confesso que esperava mais em relação a história, principalmente pelo potencial do mundo criado pelo autor. Ficando muita coisa para interpretação do jogador, que nem sempre consegue encontrar um sentido.

Os momentos finais são mais reveladores e intensos, ficando um gostinho de quero mais para o gancho existente. Espero que no próximo jogo do autor se repitam esses momentos frenéticos.

Um mundo surrealista

Um dos grandes pontos positivos em Horror Tales: The Beggar é o uso da Unreal Engine 5 para criar um mundo interessante, cheio de locais diferentes, unindo um surrealismo com uma realidade totalmente devastada. Em muitos momentos, o jogador não saberá como seguir em frente tamanha a destruição daquele mundo, então cabe a você tentar enxergar um caminho.

Em cada local que avançamos temos sensações diferentes, como se estivéssemos dentro de uma mente destruída, com pedaços de um mundo que já foi algo bonito em algum momento da realidade.

A quantidade de locais diferentes é prazerosa, pois quando estamos imersos em uma localidade, logo somos apresentados a um novo tipo de contexto. Inclusive essa mudança de localidades influencia no gameplay, dando mais trabalho para o jogador entender como passar por aquela dificuldade.

Ideias interessantes e bem executadas

Logo no inicio de Horror Tales: The Beggar somos perseguidos pelo antagonista, dando a entender que o a franquia continuou no terror, mas é aqui que você se engana, esse aspecto abordado pelo autor em HORROR TALES: The Wine não está tão presente no novo jogo. Principalmente pelo simples motivo que possuímos poderes, dando a oportunidade de revidar. Mesmo que o inimigo nos persiga, o jogador consegue enfrentá-lo de igual para igual.

Beggar usa poderes de telecinese para puxar objetos e lançar, tanto para atacar alguns inimigos, quanto para quebrar objetos que estão bloqueando portas e outras coisas. Além disso, esses mesmo poderes funcionam para puxar objetos para subir em locais de difícil acesso.

Além dos poderes de telecinese, o protagonista pode mudar o tempo, com opções interessantes para vencer alguns quebra cabeças, algo que na minha opinião foi uma ótima sacada. Mude para um céu limpo para conseguir diminuir o dano dos ataques de Morvin ou mesmo invoque a chuva para poder encher locais que precisam ser inundados.

Algumas localidades só conseguimos avançar com o momento certo do dia, ou mesmo alguns equipamentos que precisam de energia solar para podermos passar, algo que somente o sol vai ajudar, então altere o tempo para sobreviver, mas cuidado com o sol, pois Beggar é vulnerável a luz solar.

Som e gráficos

Horror Tales: The Beggar  é um ótimo exemplo do que a Unreal Engine 5 pode fazer nas mãos certas, dando poder até mesmo para estúdios de menor porte e ou mesmo desenvolvedores solos. Logicamente, que a mão do artista conta muito, mas ficou bem claro que o motor é potente.

Carlos mandou bem demais com a iluminação, que é evidenciada na transição entre os momentos do dia. As texturas também estão incríveis, levando em consideração o escopo do projeto.

O som ainda precisa melhorar, pois em vários momentos ficou um pouco monótono, mas respeito a escolha do artista. O final teve um salto sonoro bem legal, que poderia ter sido aplicado em outros momentos da narrativa. O jogo não possui legendas em Português do Brasil, algo que poderia ajudar com o entendimento da história.

Opinião

HORROR TALES: The Beggar é um ótimo exemplo de como fazer algo simples, mas com experiências de gameplay diferentes. Pense como você estivesse jogando uma obra surrealista, mas com toques de um filme de ficção cientifica. O jogo consegue nos entreter, mesmo que não tenha um orçamento de AAA, com uma novidade para quem jogou as obras do mesmo autor. O uso de poderes trouxe um dinamismo para a resolução de quebra-cabeças e para avançar no terreno, além do combate que é simples e interessante. Mas com o uso dos poderes, o clima de terror diminuiu, visto que o inimigo poderá ser derrotado.

Os gráficos estão incríveis, mostrando que o desenvolvedor evoluiu no uso da Unreal Engine, algo que mostra bastante empenho e conhecimento. Carlos usou e abusou de técnicas de iluminação para poder nos passar a sensação de momentos diferentes do dia.

A história é bem morna até os momentos finais, principalmente pela ausência de muitas informações, algo que é uma decisão criativa, mas que acredito que para atingir um público maior precisa ser mais acessível. Então não espere por algo mastigado, você terá que ler alguns documentos que nem sempre são facilmente encontrados e prestar atenção nos diálogos com a maquina para ligar os pontos.

HORROR TALES: The Beggar é uma boa pedida para quem gosta de jogar algo diferente e artístico. O preço, se baixar mais um pouco, fica bastante convidativo, principalmente se você gosta desse estilo de jogo.

Plataformas: Xbox One e Xbox Series X|S
Publicado por: JanduSoft
Desenvolvido por: Carlos Coronado
Data de lançamento: 17/06/2024
Opções de compra: Microsoft Store

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