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Análise – Skull and Bones

A pirataria é um dos temas mais queridos, tanto nos filmes quanto nos jogos. Na cultura pop tivemos poucos exemplos de franquias bem sucedidas, mesmo sendo algo com grande potencial a ser explorado. Nos filmes tivemos Piratas do Caribe que foi um marco para fazer o gênero ainda mais popular. Nos jogos, o grande destaque foi Assassin’s Creed IV: Black Flag, que expandiu tanto o tema, mas acabou fugindo um pouco do alicerce da franquia, trazendo opiniões distintas.

Assassin’s Creed IV: Black Flag foi tão grande no tema pirataria, que iria receber uma expansão de multijogador, focada em batalhas no mar, mas a ideia foi tão boa, que então nasceu Skull and Bones lá na longínqua E3 2017, que desde então sofreu com reboots, adiamentos e muitos problemas, gerando dúvidas até se realmente seria lançado.

Agora após muitos anos, finalmente tivemos o lançamento do jogo e sua recepção não foi tão boa assim. Será que Skull and Bones é esse fracasso todo ou temos um produto que pode melhorar? Descubra em nossa análise a seguir.

Uma vida de pirataria

Os primeiros momentos em Skull and Bones são de muita ação, que vivi ainda no teste de 8 horas, que está disponível para todos os jogadores. Embarcamos em uma batalha intensa, que mesmo você tendo habilidades logo é perdida. O jogador cai em uma ilha próxima, tendo que começar todo o seu legado novamente, que vai desde a criação do seu personagem até conseguir sua primeira embarcação.

Nossas aventuras são bem simples no começo, principalmente por termos pouco poder de fogo e uma embarcação bem frágil, então cabe a você fazer contratos baseados em levar mercadorias para povoados próximos. A cada contrato que cumprimos, recebemos novos itens e subimos nossa infâmia, que assim que estiver cheia, pula para uma próxima classificação, permitindo novas armas e embarcações mais poderosas.

Logo chegamos no primeiro lar dos piratas, chamado de Sainte Anne, que tem tudo que um bom pirata precisa, que vai desde ferreiros para construir armas e defesas, alfaiates para roupas, mercadores, carpinteiros e até mesmo um rei pirata chamado de John Scurlock.

Scurlock é aquele pirata mal humorado e cheio de trejeitos, a quem devemos nos apresentar, afinal é quem controla Sainte Anne. Ele fornece missões e contratos que vão desde coisas simples, e as vezes repetitivas, até mesmo diálogos sobre a vida pirata, que está sempre no meio de vários conflitos de interesses. O personagem é até bem feito em sua construção, mas pouco aproveitado, algo que se remete na história do jogo, que a ideia é muito boa, só que muito mal aproveitada, mostrando um certo apressar das coisas.

Almirante Rahma é outro rei pirata que nos fornece missões principais. Ela possui um temperamento diferente de Scurlock, com algo mais voltando para ideais libertários, sendo um outro personagem que também não é tão bem explorado.

Falando ainda da história, Skull and Bones é um jogo sem alma, que mesmo tendo um gameplay divertido para quem gosta do tema, não consegue te atrair, e por muitas vezes eu larguei a história principal para fazer todo o resto e não sentia vontade nenhuma de voltar para as missões principais, tirando um momento ou outro. No geral a história é bem descartável, então caso esse aspecto seja muito importante para você já esteja avisado.

Muito o que fazer

Skull and Bones é um jogo divertido com todos os seus pesares, pois simplesmente possui muito o que fazer, mesmo tendo uma dose forte de repetição. O mapa é gigante e recompensa quem gosta de exploração, tendo vários pontos de interrogação para você descobrir, algo bem semelhante a franquia Assassin’s Creed.

Uma coisa tem que ser bem esclarecida, e isso causou uma certa frustração minha, esse jogo não é um jogo de batalha e ação com piratas, sendo algo mais parecido com um MMO de piratas e nisso ele até se sai bem, com vários jogadores pelo mapa, além de outros personagens controlados pela IA, que fazem o mar um lugar extremamente perigoso.

Mas como citei anteriormente, o jogo não possui uma alma, trazendo NPCs sem graça e vazios, ficando uma experiência bem seca.

No mundo de Skull and Bones  temos povoados, cidades e muitas facções, que caso o jogador afunde muitos navios ou pilhe suas cidades, eles virão atrás de você, algo que achei bem legal, pois mostra uma certa administração de não fazer tantos inimigos para virar um alvo.

Além dos contratos, o jogador poderá caçar piratas lendários, que pra mim é uma das partes mais desafiadoras, pois nessa atividade realmente seremos testados. Além desses piratas, existem criaturas que podem nos destruir, afinal os mares escondem diversos mistérios que somente um pirata cheio de rum pode contar.

Outra coisa que também é explorada é a caçada de tesouros, na qual o jogador deve procurar no mapa as pistas para encontrar um tesouro enterrado.

Existe também uma parte bem importante no jogo, que são os contrabandos. Assim que você terminar uma certa missão em Sainte Anne, somos apresentados ao lar dos contrabandistas. Nesse local, podemos fabricar o rum branco, que é uma bebida extremamente rara e que pode ser comercializada. Além disso, podemos fazer missões de contrabando para levar a outros locais, mas fique avisado que você será caçado incansavelmente.

Assim que terminamos nossas missões de contrabando, somos pagos com moedas exclusivas de contrabandistas, que servem para comprar itens raros e outros mais.

Como falarei mais para frente, para avançar contra inimigos mais poderosos devemos equipar nossa embarcação, dai que temos procurar itens em vários lugares ou através da eliminação de outros inimigos. Essa dinâmica por mais que seja bem legal no inicio, uma hora ela cansa e muito.

A batalha no mar

As batalhas de Skull and Bones  são bem intensas e divertidas, algo que testará suas habilidades em equipar sua embarcação para o combate, que é bem simples e cheio de possibilidades. Além dos tradicionais canhões, que na minha opinião a mira não é tão boa quanto Assassin’s Creed IV: Black Flag, temos morteiros, bolas gigantes chamadas de bombardas, bombardas explosivas, virotes, torpedos e muito mais.

A personalização armamentista é muito boa no jogo, só que para encontrar essas armas, devemos completar certos contratos ou mesmo compramos diagramas e dai temos que achar todos os itens.

Além desse tipo de equipamento, também podemos melhorar a aparência da embarcação através de cores para as velas, novos lemes e muitos itens para deixar tudo do nosso jeito.

Uma das coisas que mais estranhei nas batalhas, foi quando a saúde dos inimigos está baixa e ai partimos para saquear, dai aparece uma animação bem genérica e só isso, assim como no momento de pilhar um povoado, que você não fará a invasão e sim ficará ali lutando contra outros barcos, algo que achei pertinente ao escopo do jogo, mas não deixa de ser algo simplório e genérico.

Esses momentos eram fantásticos em Black Flag e realmente foram simplificados aqui, dando a sensação de que perdemos uma parte interessante de gameplay.

Outro ponto negativo que encontrei na parte do gameplay, é que ao morrer, você pode reviver próximo ao naufrágio ou numa doca mais próxima, mas toda a sua carga fica no mar até você ir lá buscar, isso é até interessante nas partes mais difíceis, só que há um porém, quando você escolhe reviver no mar, você revive cada vez mais danificado e as vezes muito próximo de onde morreu, ficando bem difícil de recuperar seus pertences, pois o respawn não é tão bom.

Ainda não é possível usar o chat com outros jogadores, sendo algo pronto, mas que não funciona. Essa ferramenta seria muito útil para momentos de interação rápida com outros jogadores. Ainda é possível montar grupos, mas como não encontrei amigos para testar, fiz somente com jogadores aleatórios, algo que ajuda na hora de lutar contra piratas lendários ou pilhar fortes e povoados.

Som e gráficos

Skull and Bones não é um primor de gráficos, mas em algum momento pode te surpreender com belos cenários. Existem diversos tipos de efeitos climáticos, algo que funcionou muito bem para dar mais veracidade a nossas aventuras, com raios, tempestades e aquele por do sol lindo.

O draw distance é horrível, mostrando algumas ilhas totalmente sem texturas e com uma paisagem bem porca. Parece que não foi feito com capricho, afinal segundo a Ubisoft estamos falando de um AAAA, então isso não poderia ocorrer.

Infelizmente tive diversos crashes durante a minha jornada, com o jogo simplesmente fechando do nada. Isso por que eu joguei depois do lançamento, então não era para ocorrer com tanta frequência.

O jogo possui dublagem em nosso idioma, algo que achei bem legal para dar aquela imersão no mundo da pirataria. A trilha sonora assim, como os efeitos, são bem feitos, inclusive com as tradicionais canções de piratas que embalam a nossa aventura.

O que o futuro nos reserva

Skull and Bones iniciou sua primeira temporada,  apresentando um novo pirata lendário, além de trazer novos contratos, itens e muito mais. Além disso, também foi adicionado um novo evento para juntar moedas especificas, afim de desbloquear conteúdos sazonais.

A Ubisoft já possui seus planos iniciais para o jogo, que talvez com mais conteúdo ganhe uma sobrevida. Esperamos que seja sempre algo relevante para que mais pessoas possam conhecê-lo.

Opinião

Skull and Bones é mais um exemplo de perder o timing de um projeto, que talvez funcionaria para um escopo menor ou simplesmente um modelo free to play. A Ubisoft vem tentando achar a sua galinha dos ovos de ouro no âmbito de serviço, mas acaba queimando algumas franquias interessantes nesse processo.

O jogo até consegue te envolver em todo o ramo da pirataria, trazendo contratos, caça a recompensa, contrabandos, mas peca em não ter uma profundidade com essas coisas, se tornando algo bem genérico. As batalhas são bem interessantes, mas algumas decisões como mudar a mira das armas foram bem questionáveis em relação ao que já existia em Black Flag, mas nada que estrague a experiência. A customização, tanto nas armas quanto na estética, é cheia de opções, trazendo uma boa variedade de embarcações pelo mar. Essa parte é bem interessante, pois engaja o jogador na busca do melhor setup, tendo que procurar cada item.

Jogar com outros jogadores é bem legal, ainda por cima por ter um mapa tão vasto e cheio de opções, mas a falta de interação, como o chat que não funciona desde o lançamento, meio que diminui a experiência.

Skull and Bones nesse momento é uma boa opção, caso esteja em uma promoção, ou mesmo se você for assinante da Ubisoft+.

Plataformas: Xbox Series X|S
Publicado por: Ubisoft
Desenvolvido por: Ubisoft Singapore
Data de lançamento: 21/02/2024
Opções de compra: Microsoft Store

*O jogo foi cedido gentilmente pela Ubisoft para a realização desta análise.

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