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Análise – Redfall

A aquisição da Bethesda, foi uma das maiores movimentações do mercado, algo que chacoalhou o mundo inteiro. Mas os frutos dessa aquisição começaram a aparecer gradativamente, com Ghostwire: Tokyo e Deathloop, que ainda eram exclusivos temporários do Playstation e logo depois foram lançados no Xbox.

Agora, o primeiros trabalhos pós aquisição começam a surgir, como Starfield e Redfall, sendo esse último ainda um trabalho ainda em transição. Será que o jogo foi afetado por essas mudanças? Será que a Arkane começou com a corda toda? Descubra em nossa análise a seguir.

Bem-vindos a Redfall

Redfall como o próprio nome diz é uma cidade portuária, muito bela, que traz o charme das cidades pequenas. No entanto, ela foi invadida por sugadores de sangue, que se fortaleceram com o poder de um eclipse.

Começamos nossa aventura tentando escapar da cidade, mas somos incapacitados por um vampiro, que detona nossa embarcação e mostra que fugir não será uma opção. Cabe ao jogador escolher o seu herói e partir para salvar a cidade.

A história vai se desenrolando nesse ponto central, que é a busca por esses vampiros deuses, que são a razão por todo o mal que caiu por Redfall. O enredo é contado através de briefings antes da missões, além de diálogos bem escritos e flashbacks, que são desbloqueados em algumas missões.

No geral, a história é bem divertida, mas acaba que os flashbacks são mais interessantes, que não são vivenciados, algo que ofusca certos momentos mais intensos. Acredito que viver essas partes em tempo real, traria mais dramaticidade, do que ver vestígios do passado. Outro ponto que não achei tão interessante, foram as cenas da história, que são contadas através de animações em storyboard. Achei que animações em tempo real funcionariam melhor.

Cumpra sua missão

O mapa inicial se abre logo nos primeiros momentos, no qual temos que ir desbloqueando os pontos seguros. Existe um ponto seguro principal, que é onde as missões principais são iniciadas, além da história que ganha novos detalhes. No ponto seguro principal, também podemos comprar munições, itens de saúde, gazuas, itens de hackeamento e também novas armas.

Existem também outras áreas seguras, que devem ser desbloqueadas, que podemos comprar itens de saúde e munição, além de poder escolher missões secundárias. Algumas missões secundárias acabam se tornando obrigatórias, pois serão necessárias para avançar em algumas missões principais. Mas isso, é até bom para dar mais tempo de jogo e para descobrirmos certos pontos interessantes da história.

Além das missões, também temos que lidar com as colmeias, que são os locais onde os vampiros ficam mais fortes e se concentram. O local no mapa parece um circulo gigante, que vai ficando maior, assim como acontece em State of Decay. Depois que encontramos a porta para a colmeia, entramos no covil dos vampiros, e partimos para o que parece ser uma raid, que é bem legal e recompensadora. Sendo melhor ainda se jogarmos em cooperativo.

Na verdade, por mais que o jogo tenha a opção de jogar em solo, tudo nele é feito para ser jogado em cooperativo, então caso tenha essa possibilidade se divirta. Mas fique sabendo, até então não encontrei a opção de jogar com desconhecidos, somente podemos jogar com amigos de nossa lista.

Um recurso interessante desse modo, é que cada um pode completar objetivos diferentes no mapa do jogo, algo que adianta quando temos múltiplos objetivos em locais diferentes.

Uma guerra por sangue

Redfall agora é lar de sanguessugas, cultistas e agentes perigosos. Uma guerra no escuro acontece, e nós estamos no meio disso. Os cultistas são adoradores dos vampiros, e os seguem incansavelmente, fazendo altares e atraindo mais e mais inocentes para o banquetes do vampiros. Já os agentes tem os seus interesses no meio disso tudo, e os vampiros controlam toda essa guerra pelas sombras, sempre a espreita.

Os cultistas e agentes nos atacam com armas de fogo e armadilhas, mas nada que seja tão complexo. Já os vampiros são mais fortes, principalmente quando atacam em bando ou no meio de inimigos humanos.

Os vampiros possuem tipos diferentes e só podem ser mortos com uma estaca no coração, sendo alvejado por uma arma de estacas ou sendo enfraquecidos por armas de fogo e depois sendo eliminados com um golpe de estaca. Outra maneira de matá-los é usando uma arma de ultravioleta, que os transforma em pedra.

Além disso, existem alguns vampiros, como o Trovão, que vai atrás da gente assim que subimos nossa barra de notoriedade. Ele chega com ataques físicos e soltando raios, indo atrás em qualquer lugar que estejamos. Existem outros, como o Bolsa de Sangue, que é uma deformidade, que por várias vezes é ligado as lembranças de algum personagem importante. Ele é um inimigo mais fraco, mas que parte para a cima e explode, sendo usado para complicar a nossa vida.

O jogo também possui mini chefes, que possuem uma defesa maior e ataques potentes. Conforme vai passando as missões, esses mesmo chefes se tornam bem fáceis, pois já sabemos os seus pontos fracos.

Agora chegamos aos deuses vampiros. A história gira em torno dessa figuras, que até tem um enredo interessante, assim como suas motivações. No entanto, suas batalhas são frustrantes, algo que foi construído em tantas missões não poderia ter um gameplay tão simplório. Confesso que fiquei decepcionado com essas batalhas, que até tem uma ideias legais, mas são muito mal executadas.

Escolha o seu sobrevivente

Os protagonistas são uma das partes mais legais do jogo, no qual temos boas opções, com habilidades e propostas de gameplay distintas. Tive minha principal experiência com Jacob, que é um sniper, mas pode usar todos os tipos de arma. A principal diferença são as habilidades passivas e ativas, que mudam o jeito de jogar, além de darem certas vantagens para essas “classes”.

No geral as habilidades são legais quando começamos a jogar, mas depois caem na repetição, por não terem tantas opções, optando apenas por melhorias das habilidades existentes.

Nosso personagem pode escolher três armas, que possuem vários tipos e classes. Existem inúmeras armas espalhadas por todo o mapa ,também completando missões secundárias e ainda matando alguns inimigos. Um dica, não fuja do vampiro chamado de trovão, pois normalmente ela dropa uma arma lendária.

O loot faz parte da jogabilidade, trazendo a possibilidade de coletar novas armas, para usar ou vender. Além disso, no cenário existem itens de venda, que diretamente são transformados na moeda do jogo. É bem viciante ficar caçando coisas por todo o mapa, principalmente quando encontramos sempre uma arma melhor que a nossa.

Jogando em multijogador não encontrei a opção de doar ou trocar itens com o esquadrão, mas seria um recurso interessante e útil.

Uma tragédia

Depois de várias qualidades, não poderia deixar os problemas de lado. Sim, Redfall é um jogo bem divertido, promissor, mas que chega com inúmeros defeitos. A polêmica falta dos 60 FPS nem é o maior dos problemas, na minha opinião, só fez falta em raros momentos durante uma invasão a colmeia, no qual tinha muitos inimigos.

Começando pelas texturas, que normalmente são pobres e demoram mais tempo para carregar, algo que não era para acontecer, visto que os novos consoles usam do poder do SSD.

Outros problemas são os bugs, que são encontrados aos montes, com NPCs duplicados ou objetos voando pelo cenário. Os crashes são constantes, com missões sendo fechadas e progressos dessas missões perdidos.

Mas com tantos problemas, o pior pra mim é IA, que é uma das mais porcas que já presenciei, algo que beira os primórdios dos jogos modernos. O comportamento dos inimigos é horrível, com diversas situações que mostram um total desleixo e pressa com esse tipo de recurso. Por diversos momentos, os inimigos ficavam me olhando e atirando para um outro lado, ou mesmo presos em objetos.

Outro ponto negativo, é que não podemos navegar entre os dois mapas, então resolva todas as missões para avançar para o próximo passo.

O desbalanceamento de dificuldade também reina, com uma disparidade muito grande entre os inimigos e o herói. Assim que cheguei a um certo nível, muitos inimigos morriam com muita facilidade, sendo algo que precisa ser corrigido.

Até tentei dar um tempo pós lançamento, para ver se o patch day one resolveria algumas coisas, mas pouco aconteceu.

Som e Gráficos

Os gráficos de Redfall são belos, principalmente pelo estilo da Arkane, com um jeito bem pitoresco. Os cenários são variados, mostrando que a cidade de Redfall é enorme, distribuído inclusive em dois mapas distintos. O clima sinistro também foi bem retratado, com cenas horripilantes e que passam o sentimento que teríamos ao ver um vampiro. Os personagens também possuem uma direção artística interessante, com modelos variados, mas sem muita personalidade, com expressões bem secas.

As animações das batalhas contra os chefes são bem decepcionantes, visto que todo o contexto criado é bom.

Como citei acima, a parte gráfica possui problemas, com texturas bem simplórias, principalmente no cenário, que contrasta entre o belo e pobre.

O som cumpre seu papel com uma trilha bem básica, mas que sabe dosar os momentos de tensão. A dublagem, como de costume nos jogos da Bethesda, manda muito bem, com vozes cheia de imponência e nuances da nossa língua.

O som sumiu em alguns momentos nas minhas primeiras horas de jogatina, mas não tive o mesmo comportamento na versão mais recente pós atualização.

Opinião

Redfall é uma das maiores decepções do ano, com uma proposta interessante, mas a execução ainda precisaria de mais tempo para chegar a um nível aceitável de qualidade, que condiz com as possibilidades dessa IP. Não digo que é uma tragédia, pois você poderá se divertir como eu me diverti, mas que poderia ser muito melhor.

O gameplay é muito bom, com classes, armas e habilidades que fazem toda a diferença, mas que despencam por conta da IA dos inimigos, que é muito ruim. A direção de arte manda bem na hora de retratar o misticismo, com locais que realmente nos passam o mal que chegou naquele lugar. Existe uma repetição das mesmas tarefas das missões, algo que acontece muito com jogos de mundo aberto, então faltou um pouco mais de qualidade na construção de algumas missões.

Redfall é uma boa opção para jogar com os amigos ou sozinho, mas que caso seja um jogador muito exigente, melhor esperar para que a Arkane faça as melhorias necessárias. Se for comprar, espere por uma promoção, pois no valor que está atualmente não vale a pena o investimento.

Plataformas: Xbox Series X|S e PC
Publicado por: Bethesda Softworks
Desenvolvido por: Arkane Studios
Data de lançamento: 01/05/2023
Opções de compra: Microsoft Store

* O jogo foi cedido gentilmente pela Bethesda para a realização desta análise.

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