Desde que saiu a decisão do CMA do Reino Unido, responsável por analisar e aprovar ou não a aquisição da Activision Blizzard pela Microsoft, na qual o órgão regulador optou por bloquear a compra, as empresas rapidamente vieram a público para deixar claro que seguirão na luta pelo negócio e que apelarão para que a decisão seja revista. Hoje, o presidente da Microsoft, Brad Smith, falou de forma mais dura contra a clara falta de conhecimento do mercado de games do CMA, e reforçou que a decisão pode ser muito prejucial para diversos setores do Reino Unido.
Em entrevista para a BBC, Smith diz (via Wccftech) que decisão do CMA pode trazer consequências extremamente negativas para o Reino Unido e convoca o governo para analisar o órgão regulador.
“It’s bad for Britain.”
Microsoft boss Brad Smith tells @SeanFarrington the CMA’s decision to block a deal to buy Activision Blizzard, the gaming company behind Call of Duty, has “severely shaken” people’s confidence in UK tech.
Full interview: https://t.co/DWm5hgFIav pic.twitter.com/ZNDbm7GXvx— BBC Business (@BBCBusiness) April 27, 2023
Infelizmente, acho que é ruim para a Grã-Bretanha. A comunidade empresarial, a comunidade de investimentos e o setor de tecnologia em todo o mundo têm acompanhado este caso, e a forte mensagem que o CMA passou não é apenas para surpreender a todos que esperavam que esta aquisição fosse aprovada, mas para enviar uma mensagem que eu acho que desencorajará a inovação e o investimento no Reino Unido. Nesse sentido, o impacto dessa decisão é muito mais amplo do que na Microsoft ou apenas nessa aquisição.
O impacto no Reino Unido, infelizmente, é abalar a confiança entre a comunidade empresarial do Reino Unido e a CMA como agência reguladora. Quando estudamos a decisão, em parte ela se baseia no que sentimos ser uma compreensão tão falha ou apenas falha do mercado. Trata-se de uma preocupação potencial sobre o que pode se tornar o streaming de jogos na nuvem, mas esse negócio é tão pequeno hoje que a Microsoft nem consegue transmitir jogos para mais de 5.000 pessoas por vez em todo o Reino Unido. E assim, para os reguladores intervirem e tentarem torpedear uma transação global de 68 bilhões de dólares por preocupação com uma parte do negócio que é tão pequena e rejeitar tantas propostas para tentar resolver suas preocupações, acho que isso deixa as pessoas preocupadas .
Quase todos os aspectos da análise factual numérica, desde a estimativa de participação de mercado até o tamanho do mercado, até a compreensão de como a tecnologia de nuvem funciona, são, em nossa opinião, fundamentalmente falhos e incorretos. Mas, em segundo lugar, toda a base para essa preocupação é a possibilidade de a Microsoft comprar um estúdio de jogos e não disponibilizar os jogos que está comprando em serviços alternativos de streaming em nuvem. E, no entanto, já assinamos contratos para disponibilizar esses jogos em serviços alternativos. Eles não estão disponíveis hoje. Oferecemos um compromisso vinculativo de 10 anos com o CMA, como fizemos em Bruxelas, de que comprometeríamos e forneceríamos esses jogos por uma década em serviços alternativos.
O que a Microsoft ofereceu ao CMA foi um compromisso de que esses mesmos jogos que estamos adquirindo estariam disponíveis em serviços que não são executados pela Microsoft, eles não são vendidos pela Microsoft. Eles estariam disponíveis em outros sistemas operacionais de computador e outros dispositivos. Não os da Microsoft. Achamos que é um bom negócio porque é assim que os jogos seriam distribuídos da forma mais ampla possível. Isso é bom para os jogadores. Não acho que os consumidores da Grã-Bretanha se beneficiem ao interromper o acesso a mais jogos em mais plataformas por meio de mais serviços. E é exatamente isso que nos propusemos a fazer.
Ele ainda criticou todo o processo do CMA, bem como sua organização interna, e Smith aproveitou para elogiar o processo regulatório da União Européia em comparação com o do Reino Unido. Ele destaca que os reguladores da UE, que prestam contas aos seus líderes eleitos, estavam dispostos a discutir remédios, enquanto a CMA tem reguladores não eleitos e irresponsáveis, que estão tomando decisões imprudentes.
O CMA também respondeu as duras declarações de Smith através de sua diretora-executiva Sarah Cardell:
Esta decisão mostra como é importante apoiar a concorrência no Reino Unido, e o Reino Unido está absolutamente aberto para negócios. Conduzimos uma longa investigação aprofundada que levou seis meses completos e a Microsoft teve ampla oportunidade de apresentar seu caso para nós. Chegamos à decisão com base em uma grande quantidade de engajamento. Analisamos mais de um milhão de documentos para chegar à nossa decisão final.
Como já era de se esperar, Microsoft e Activision Blizzard não irão deixar barato essa negativa do CMA e irão buscar todos os meios cabíveis para reverter a situação. A novela da aquisição deve se estender até 2024 e, infelizmente, ainda devemos esperar um bom tempo para tudo isso se resolver.