Análise – Dead Island 2

Os jogos de zumbis fazem parte da minha história como jogador. Desde pequeno sempre gostei desse tipo de jogo, que flerta com a diversão e também o medo. Pouco a pouco, algumas franquias foram se consagrando com o tempo, e criando uma legião de fãs.

Resident Evil reinava entre os grandes, mas o mercado necessitava de algo diferente. Eis que surge a franquia Dead Island no Xbox 360, um survival horror, com a tentativa de ser mais imersivo, com uma câmera em primeira pessoa. Na época, o jogo fez mais sucesso pela sua abertura e também por uma capa, um tanto quanto polêmica.

Agora, após mais de 12 anos, uma sequência chegou, novamente envolvida em polêmicas. Mas dessa vez, mais por conta do desenvolvimento caótico, do que excentricidade. Nós do Xbox Power, tivemos a oportunidade de jogar Dead Island 2 em toda a sua glória, antes do seu lançamento.

Será que o calor da Califórnia foi suficiente para encantar novos jogadores, ou será que a franquia deveria ficar no passado? Descubra em nossa análise a seguir.

BEM VINDO A CALIFÓRNIA

Diferentemente da ilha de Banoi, que foi a localidade do primeiro jogo, Dead Island 2 se passa na ensolarada Califórnia, com uma grande variedade de cenários. O jogo aborda desde a rica Beverly Hills, até mesmo locais bem conhecidos como a calçada da fama de Hollywood. Quando o jogador pensa que já viu de tudo, novamente o mapa te surpreende, com mais localidades inéditas, e isso é uma das grandes qualidades do jogo, que dificilmente será enjoativo, por trazer muitas opções de ambientes.

Pense como um verdadeiro playground da sobrevivência, com muitas opções externas, e também internas. A história, assim como as missões secundárias, geralmente exploram lugares diferentes, então é importante vasculhar cada cantinho para coletar recursos, e também para conhecer novas e interessantes narrativas.

A progressão por esses mapas é a pé ou por desbloqueio de viagem rápida, algo que ajuda quando formos visitar alguns lugares para completar as missões secundárias que deixamos passar.

A arquitetura dessas localidades realmente são bem diferenciadas, mostrando que o level design mandou bem demais, e que os adiamentos serviram para construir cada cantinho de forma primorosa.

HISTÓRIA

A história de Dead Island 2 começa de forma estrondosa, com vários momentos interessantes, e a possibilidade de escolher seu sobrevivente favorito. Como todo bom jogo, temos um rápido tutorial, que flui de forma dinâmica, mostrando nossas possibilidades iniciais.

Após nosso primeiro encontro com alguns sobreviventes, a história toma um rumo inicial, e segue evoluindo de forma lenta até o meio do jogo, então caso não esteja te agradando, a coisa vai melhorar, basta ter paciência.

A interação com alguns personagens é mais forte do que outras, algo que fará mais sentido, conforme avançamos para as partes finais. Existem uma quantidade absurda de missões secundárias, que abordam esses relacionamentos com os personagens secundários, além de outros encontros, que surgem como gratas surpresas durante essas missões.

Não espere que será uma história inesquecível, pois como todo bom jogo de zumbis, ela cai nos mesmo clichês. Só que, sua pitada de humor ácido em conjunto com alguns momentos épicos, fazem toda a jornada valer a pena.

SOBREVIVA

Seja qual for o protagonista que você escolher, ele terá diferentes vantagens e desvantagens, além de algumas habilidades únicas.

Começando pelo combate com armas de contato, que é uma característica forte da franquia, afinal, toda a brutalidade é mostrada diretamente em nossa tela, pois estamos em primeira pessoa. Cada arma possui golpes diferentes, depedendo do seu tipo, seja uma faca, um machado ou mesmo uma espada samurai.

O dano nos zumbis funciona de acordo com o local acertado ou mesmo o seu tipo de arma, na qual uma espada pode cortar membros, mas um machado pode esmagar.

Dead Island 2 possui armas de fogo, e curiosamente é um tipo de jogabilidade que não era tão boa no primeiro jogo, mas aqui parece que conseguiram acertar de vez. Temos desde pistolas, rifles e shotguns, que podem ser usadas em conjunto com as armas de contato para fazer muito estrago. Existem também armas de arremesso, com uma variedade bem interessante, com bombas e até mesmo shuriken.

Lembra que eu citei sobre como é importante a busca por recursos? Nossas armas de contato e fogo podem ser melhoradas e modificadas, algo que já existia no jogo anterior e foi novamente incorporado. Acredito que perderam um pouco a oportunidade de criar algo mais elaborado, mas é um recurso útli e que cumpre seu papel.

Essas armas podem ser melhoradas em bancadas espalhadas pelo mapa, algo que é interessante para melhorar nosso poder de ataque, visto que a medida que avançamos nos mapas, os inimigos se tornam cada vez mais fortes.

Existem quebra cabeças bem fáceis, que se tornam até mesmo óbvios, algo que poderia ser melhor trabalhado, pois já que existe esse tipo de recurso, ele poderia oferecer mais desafio.

UM BARALHO DE OPÇÕES

Um dos pontos mais surpreendentes de Dead Island 2 é a progressão de nosso sobrevivente, que diferentemente de outros jogos, que usam mecânicas de RPG clássicas, como pontuação, aqui a coisa é bem diferente, com um sistema prático de cartas. Nosso baralho vai sendo montado conforme completamos alguns desafios, e avançamos mais na história. Essas cartas são usadas para adicionar melhorias em determinados aspectos do nosso personagem.

Conforme avançamos, existem alguns elementos que serão incorporados ao nosso baralho, que levará o jogador a escolher as cartas que possuem um determinado aspecto positivo ou negativo, ou seja, mesmo que você goste de determinadas habilidades, no final pode ser que você tenha que abrir mão.

Algumas cartas são exclusivas de determinados personagens, então leia a descrição com bastante atenção.

Um problema que encontrei nesse sistema é que as opções de cartas são muitas, mas realmente o jogador vai usar somente algumas. Então as cartas poderiam ter uma quantidade menor, mas que realmente fossem melhor utilizadas.

INIMIGOS PODEROSOS

Dead Island 2 possui uma vasta quantidade de inimigos, que vão desde os zumbis idiotas clássicos, até mesmo aberrações mortais. Os zumbis clássicos possuem uma boa quantidade de variações no seu design, algo que ajuda a não enjoar. Já as mutações funcionam como classes diferentes de zumbis, como monstros com garras mortais ou mesmo um berrador, que chama hordas de zumbis.

Cada inimigo possui fraquezas, que podem ser exploradas, como o fortão, que não malha as pernas. Além disso, alguns inimigos possuem mutações, que podem nos eletrocutar ou mesmo atear fogo.

Em determinados momentos do jogo, a desenvolvedora usou o inimigo certo na hora mais perigosa. Foi muito legal, sentir um pouco de tensão, mesmo em um jogo que aborda algo mais trash.

Nem tudo são flores e os chefes foram muito mal aproveitados, com encontros que deveriam ser incríveis, mas não passaram de algo genérico e repetitivo.

SOM E GRÁFICOS

Os gráficos de Dead Island 2 são muito bonitos, principalmente por trabalhar muito bem com a iluminação, revezando o contraste de ambientes mais ensolarados e indo para a parte mais escura de esgotos e locais abandonados.

O level design é incrível. Nos trailers só mostraram uma parte do que realmente é o jogo, então sempre o jogador terá uma surpresa ao ir em busca por recursos e diversão.

Durante minhas jornadas, passei por alguns bugs bem bizarros, como o personagem ficando agarrado em uma parede,  e isso aconteceu duas vezes, me forçando a voltar para a tela inicial, e com medo de perder meu progresso. São problemas que não afetaram muito minha progressão, mas poderiam causar um problemão. Acredito, que quando for lançado o patch day one, isso seja corrigido, algo que é bem normal para um jogo em mundo aberto tão pesado.

O som é incrível, com diversos momentos de muita tensão, ação e também diversão. As músicas são adicionadas nos momentos certos. Mas nem tudo são flores aqui também, e os bugs estão presentes nesse mesmo quesito, com alguns trechos que o som simplesmente sumia e voltava.

Dead Island 2 não possui dublagem em nosso idioma, mas possui ótimas legendas, não deixando passar nada dessa história louca.

OPINIÃO

Dead Island 2 é um bom jogo de sobrevivência com zumbis, mas que poderia ser melhor, se fizesse um trabalho melhor no seu roteiro, abandonando os vários clichês do gênero. A história oscila entre o épico e o mais do mesmo, terminando de forma bem óbvia.

O maior destaque é o level design, que abordou de forma gigantesca a ensolarada Califórnia. Trazendo ambientes únicos e que fogem da mesmice. Os bugs comuns no som e também de gameplay incomodaram, mas nada que estrague a jogatina. Além disso, como joguei com muita antecedência, pode ser que eles sejam corrigidos nos próximos dias.

O sistema de cartas deveria ser algo inovador, mas pecou por priorizar quantidade, ao invés de qualidade. Fica o aprendizado para uma possível continuação. Já o gameplay continua bem divertido, com diversas formas de matar zumbis e ainda trazendo alguns inimigos mais complexos.

Dead Island 2 poderia ser muito mais, mas preferiu fazer o mesmo, só adicionando uma roupagem melhor.

Plataformas: Xbox One e Xbox Series X|S
Publicado por: Deep Silver
Desenvolvido por: Deep Silver Dambuster Studios
Data de lançamento: 21/04/2023
Opções de compra: Microsoft Store