A Tango Gameworks é o estúdio mais nipônico que o Xbox possui atualmente. Os frutos dos seus trabalhos já fazem total diferença, com joias como Hi Fi Rush e a franquia The Evil Within, sendo a última uma multiplataforma, que foi lançado antes da aquisição da Bethesda. Dentre os últimos jogos que foram lançados, antes da aquisição da gigante, tivemos Deathloop, que chegou ao Xbox Game Pass logo após o final do contrato de exclusividade, e enfim chegou Ghostwire: Tokyo, que também encerrou seu período de contrato com a Sony.
Enfim tive a oportunidade de testar essa obra, que muito me causava curiosidade. Será que Ghostwire: Tokyo tem o que é necessário para conquistar os jogadores? Ou é só mais um jogo para rechear o Game Pass? Descubra em nossa análise a seguir.
A LINHA TENUE ENTRE O REAL E O PARANORMAL
A história de Ghostwire: Tokyo começa de forma bem surpreendente. O protagonista, Akito, sofre um acidente de moto, logo após o mundo paranormal colidir com a realidade. Só que uma coisa estranha acontece, o corpo do protagonista é possuído por um espírito de um detetive, chamado de KK, que agora se junta ao garoto para salvar a sua irmã e ainda evitar que um grande mal assole o mundo.
A vida de Akito não será nada fácil, pois criaturas assombrosas agora perambulam pela cidade em busca de almas desprendidas do corpo físico. Cabe a você sobreviver a esse mal, evoluindo e liberando o caminho até a sua irmã.
Ghostwire: Tokyo não se trata somente de salvar sua irmã e o mundo, existe uma profundidade ainda maior no sentimento por trás disso, que só será descoberto conforme avançamos na história.
O jogo não possui muitos personagens secundários, afinal a maioria das pessoas estão mortas, mas isso não quer dizer que quem está morto não tem algo para contar e isso é uma parte interessante da nossa jornada, que evolui conforme completamos as missões secundárias. Desde KK até mesmo outros personagens possuem histórias mal resolvidas, que serão contadas em conjunto com a história principal.
O vilão central é um ser bem estranho e amedrontador, simplesmente por ele ser muito poderoso, nos deixando por várias vezes indefesos, por sempre estarmos em desvantagem.
Os outros chefes também se fazem presentes, com um jeito bem sinistro e que se amplia em suas batalhas, que em maioria são bem interessantes. Cada batalha entrega uma experiência própria, com formas diferentes de lutar, seja com recursos limitados ou explorando uma abordagem mais furtiva.
UM MUNDO ESTRANHO
Ghostwire:Tokyo é um carta de amor da cultura japonesa, com vários elementos bem conhecidos, como os mercados, a culinária, as ruas, os prédios e tudo o que uma metrópole da terra do sol nascente transborda. Além desses elementos, a cultura também está presente no terror, que é único e inspirador para muitas obras. Desde os tipos de fantasmas, templos e até mesmo pesadelos tão reais, que confundem nossa mente.
Navegar por esse mundo é algo único, algo que pouco se vê na maioria dos jogos de terror. Foi uma verdadeira aula para mim, que não sou tão fã de animes ou filmes nipônicos, mas que mesmo assim me interesso por culturas diferentes.
A Tango trouxe toda a sua bagagem para entregar a melhor experiência possível no quesito terror, e conseguiu com maestria mesclar momentos de muita tensão e também diversão. Existem locais, que beiram o absurdo, no qual eles usam e abusam das cores, efeitos monocromáticos e artes abstratas.
GUERREIRO PARANORMAL
Para completar a sua missão, Akito terá que se tornar um forte guerreiro, que usa habilidades paranormais. Dentre nossas habilidades, podemos usar os poderes elementais para eliminar as assombrações, que são variadas e possuem fraquezas a certos tipos de elementos. Vento, água, fogo, e gelo são algumas das opções, que podem ser melhoradas com ataques carregados ou com outras melhorias, que complementam nossa roda de habilidades.
Akito também pode usar um arco e flecha ou artefatos poderosos, que podem prender inimigos ou expor suas fraquezas. Essas monstruosidades possuem um núcleo, que caso seja exposto, pode e deve ser capturado. Então faz parte da batalha, enfraquecer os inimigos para poder capturar o seu núcleo. Caso queira uma abordagem mais furtiva, também podemos eliminar alguns inimigos pelas costas ou usando o arco e flecha.
A luta contra os inimigos é bem intensa, principalmente quando enfrentamos alguns deles que possuem uma defesa mais forte. Foi incrível ver uma luta com magias em primeira pessoa, algo que não é muito explorado em outros jogos.
Existem algumas fases na qual o protagonista perde seus poderes, e isso tira o jogador da zona de conforto, algo que achei um incomodo positivo.
Nosso personagem pode também equipar alguns itens, como uma pulseira, que melhora certos tipos de ataques elementais ou simplesmente adicionam algo mais estético.
Para evoluir nosso protagonista, temos que ganhar experiência para subir de nível ou simplesmente completar algumas atividades pelo mapa. Após isso devemos gastar nossos pontos com sabedoria, explorando nosso estilo de jogar.
MUITO A SE FAZER
Uma das maiores qualidades de Ghostwire: Tokyo é a quantidade absurda de coisas para se fazer, dentre as principais, podemos destacar as missões secundárias, coletáveis e lugares para serem purificados. As missões secundárias chamam bastante atenção, por adicionarem assuntos esquisitos ou até mesmo algum significado importante para a vida, com um vizinho que acumula tantas coisas velhas, que amaldiçoa as pessoas que ficam próximas a ele. São dezenas de histórias que são contadas através dessas missões, que trazem mais diversão e também um pouco mais de terror para a nossa aventura.
Existem também espíritos que ainda não foram capturados pelas assombrações, então cabe ao jogador coletá-los e os devolver, para que o mal não triunfe.
Como falei anteriormente temos alguns lugares para serem purificados, em uma forma de portal, que sempre possui um inimigo para o defender. Esses portais são recompensadores, pois, na maioria das vezes, nos entregam uma melhoria para nossas habilidades e espíritos para serem libertados.
Os portais também fazem parte da exploração, que dissipa uma névoa no mapa, desbloqueando pontos de viagem rápida e mais locais para explorar. A névoa serve como bloqueio, pois caso o jogador passe por ela pode morrer, então muitas vezes devemos primeiro purificar os portais para conseguir avançar.
Alguns coletáveis servem somente para encher linguiça, como coisas do cotidiano da população, mas alguns servem para dar mais contexto a história dos personagens principais.
Todos esses objetivos que citei anteriormente dão mais dinheiro, experiência e também alguns itens extras, que poderão ser usados em nossa jornada.
Ghostwire: Tokyo também possui uma certa verticalidade, com lugares de difícil acesso, cujos poderes de locomoção serão usados para se transitar.
Um grande problema que enxerguei ao completar algumas dessas missões, ou mesmo a história principal, é que o jogo se torna repetitivo em alguns momentos, mas é salvo com acontecimentos certeiros de sua direção, que vira e mexe traz atos de explodir os olhos, com algumas missões tenebrosas.
NA TEIA DA ARANHA
Ghostwire: Tokyo chegou ao Xbox com uma importante atualização, chamada de Spider’s Thread, que traz um novo modo com uma aventura cheia de desafios, no qual o jogador vai descendo níveis, lutando contra alguns inimigos e completando diferentes desafios.
Esse modo funciona diferente do modo história, isso quer dizer que as habilidades para esse modo evoluem de forma diferente, não sendo usado nosso nivelamento do modo história.
A atualização também incluiu um modo fotografia, que pode ser usado para fotografar nossas aventuras em todos os modos de jogo.
Essa atualização é uma cereja no bolo para quem terminou a aventura principal de Ghostwire: Tokyo. Mas não é algo tão profundo, então trate como um produto diferente da campanha principal.
SOM E GRÁFICOS
Ghostwire: Tokyo possui gráficos bem honestos no Xbox Series S, principalmente por não ser um jogo que era multiplataforma ou mesmo exclusivo de Xbox, algo que considerei bastante na minha análise. Testei ambos, o modo qualidade e performance, e parecem o mesmo para mim, isso a nível de gráficos, sendo o performance muito melhor, pois aborda o 60 FPS.
O design dos personagens é simples em expressões faciais, sendo algo até um pouco datado e que não passa muito sentimento. Acredito que os monstros, fantasmas e chefões ganharam mais destaque, com belos traços.
Os cenários possuem uma beleza diferente, principalmente na hora que certas coisas acontecem, mexendo com todo o estado natural de alguns locais, deixando a imaginação dos desenvolvedores aflorar.
O som cumpre seu papel, com uma trilha básica, mas que remete a cultura japonesa. O jogo não possui dublagem, mas é legendado em Português do Brasil, algo que nos ajuda a entender a história e aprender o que o jogo tem a oferecer.
OPINIÃO
Ghostwire: Tokyo é mais um ótimo acerto da compra da Bethesda, que adiciona mais um jogo de muita qualidade para o Xbox Game Pass. Além disso, mostra que a Tango possui potencial para trabalhar com diferentes franquias em pouco espaço de tempo.
O jogo possui uma jogabilidade bem interessante, com bastantes recursos para lutar em velocidade e o uso de magias elementais é bem divertido e útil. Também existe muito o que se fazer, com missões principais, secundárias e coletáveis, mas quantidade nem sempre substitui a qualidade, e em alguns momentos parece um pouco repetitivo. O design de fases é incrível e brilha com momentos assombrosos, mostrando que o terror realmente é forte no Japão. A história é muito boa, com momentos de aprendizado sobre a jornada da vida, algo que julgo bem marcante.
Ghostwire: Tokyo é uma bela adição ao Xbox Game Pass, que continua sua saga em se tornar a biblioteca com os mais variados gêneros. Espero que realmente essa franquia um dia continue, pois minhas aventuras foram incríveis e arrepiantes.
Plataformas: Xbox Series X|S e PC
Publicado por: Bethesda Softworks
Desenvolvido por: Tango Gameworks
Data de lançamento: 11/04/2023
Opções de compra: Microsoft Store
O jogo foi cedido gentilmente pela Bethesda para a realização desta análise.
