Diablo III foi um dos jogos que mais joguei na vida, com diversas jogatinas com os amigos, que viravam a noite e que só acabavam ao amanhecer, resultando em momentos inesquecíveis. Com o anúncio de Diablo IV, que iria retomar um tom mais sombrio e pesado para a série, eu fiquei muito curiosa, uma vez que minha experiência, com esse aspecto mais maduro da franquia, se deu apenas há pouco tempo atrás com o remake Diablo II Resurrected, então estava ansiosa para ver esse novo passo da Blizzard para trazer a franquia para suas raízes.

Confesso que estava receosa com a jogabilidade, que parecia muito mais lenta, e até mesmo com os gráficos, que pareciam abaixo da expectativa de uma nova geração, no entanto, o Beta de Diablo IV fez muito bem o seu papel, e vendeu o jogo de forma extraordinária, me fazendo contar os segundos até o seu lançamento final, mesmo que alguns pontos ainda careçam de atenção.

Pretende jogar o Beta Aberto de Diablo IV que começa hoje? Então confira nossas impressões do Acesso Antecipado e se prepare para adentrar o Santuário durante esse fim de semana.

Uma trama sombria e adulta, digna do universo de Diablo

Desde os primeiros trailers de Diablo IV, ficou mais do que claro que o jogo iria buscar um tom mais sombrio e pesado, com uma narrativa mais adulta. Temos o retorno de Lilith, a rainha dos Succubi, mais conhecida como a filha de Mephisto, o Senhor do Ódio. Ela parece mais forte e determinada do que nunca mexendo com a mente dos habitantes do Santuário. Falando desse povo, também preciso citar o arcanjo Inarius, que foi amante de Lilith e desse relacionamento nasceu o primeiro Nefalem. Conforme mais desses seres poderosos surgiram, as forças do céu e do inferno começaram a voltar sua atenção para um exército poderoso que Lilith e Inarius estariam criando. Foi então que o casal controverso criou o Santuário, também conhecido como o reino mortal, para colocar suas crias e mantê-los longe da guerra entre a luz e a escuridão. Agora parece que a trama do casal infernal será retomada e em Diablo IV ganhando contornos ainda mais macabros.

É uma história e tanto para desenvolver, mas durante o Beta temos apenas um gostinho dessa narrativa, pois está apenas liberado o Prólogo e o Ato I, que apesar de apresentar poucas porções dessa narrativa, já é o suficiente para deixar claro que a Blizzard optou por um tom bem mais sinistro, com cenas pesadas e impactantes que nos deixam desconfortáveis, mas que nos mostram perfeitamente que iremos embarcar em uma jornada sinistra com acontecimentos nada agradáveis.

Algo que eu notei imediatamente foi a mudança na forma da Blizzard desenvolver sua história em Diablo, pois no lugar de nos apresentar a história no decorrer de diálogos durante nossa exploração e rechear isso com suas belas, e famosas, cinemáticas, o estídio optou por desenvolver a trama utilizando cenas com a engine do próprio jogo. Isso pode não resultar naquelas belas cenas que vemos nos trailers, mas traz um diferencial interessante relacionado a imersão. Nós sentimos que estamos dentro de uma jornada contínua sem cortes, nos mantendo sempre ligados com aquele universo. Além disso, nosso personagem é uma peça ativa em todas as cenas, participando de tudo o que acontece, trazendo um senso de importância que não existia nos outros jogos, pois apesar da gente fazer literalmente tudo, sempre éramos tratados com meros espectadores. Em Diablo IV não, pois nós somos importantes e estamos no centro de tudo o que acontece. O que foi uma excelente mudança para a franquia.

Como esse foco em apresentar a história com a engine do jogo, também foi necessário melhorar a apresentação dos personagens, pois agora eles estão bem mais presentes nas cenas. O resultado é muito bom, pois eles são expressivos e enriquecem a experiência.

Ao final desse pequeno aperitivo da trama eu queria mais, pois aquele universo havia me deixado imersa nele, querendo saber mais do que iria acontecer com aqueles personagens poderosos, mas também com os simples habitantes daquelas terras nefastas, e até mesmo como meu personagem continuaria sendo conduzido durante essa jornada.

Tudo em Diablo IV carrega uma atmosfera pesada e sombria, que evoca muito sofrimento, devassidão e desespero. A imersão é absoluta, e em meio a matança desenfreada de demônios, também ficamos atentos ao que acontece ao nosso redor com seus habitantes sendo cada vez mais impactados pelo distorcido universo do Santuário e seus recentes acontecimentos.

Uma matança viciante de demônios

Falando no mundo de Diablo IV e em sua jogabilidade, o Beta concede acesso a região das Cimeiras Fraturadas, que é vasta e possui diversas atividades como Eventos Mundiais, Fortalezas, missões paralelas, Altares de Lilith, encontros inesperados e calabouços, e muita matança de demônios, que deixa a exploração sempre dinâmica e viciante, pois sempre tem algo acontecendo.

Todas as classes estarão disponíveis para teste durante o Beta aberto, mas no acesso antecipado pude escolher entre Renegado, Mago e Bárbaro, com Necromante e Druida chegando nesse fim de semana. Apesar de ter escolhido a Renegada, pude perceber, acompanhando a experiência de outros jogadores com as outras classes, que todas possuem um gameplay cheio de possibilidades, para agradar todo o tipo de jogador. Mesmo que só seja possível avançar até o nível 25, já dá para sentir o potencial das classes e o quanto podem evoluir com mais possibilidades de melhorar seus poderes.

Antes de mergulhar no universo sombrio do Santuário, podemos customizar nosso personagem com diversas opções de personalização, o que aumenta nossa imersão naquele mundo e em sua narrativa, já que estamos sempre presentes nela.

O combate segue viciante, mantendo a marca registrada da franquia, e minha impressão de que seu ritmo seria mais lento se dissipou no primeiro grupo de inimigos que eu massacrei, pois ele é rápido já no início e só vai melhorando conforme mais habilidades e efeitos são adicionados no pacote.

As batalhas também estão mais viscerais do que no jogo anterior, e mais estratégicas também. Não adianta lançar habilidades a esmo, precisamos estar atentos as investidas dos inimigos e administrar bem nossas habilidades de ataque, mas também saber nos posicionar e fugir das habilidades dos inimigos, que possuem uma boa variação e ataques muito ofensivos. A dificuldade está maior, mesmo nos primeiros níveis, e isso é ótimo, pois incentiva que os jogadores aprendam como os sistemas do jogo funcionam. Algo interessante a se notar, é que o nível dos inimigos também sobe conforme aumentados nosso level, o que é uma boa decisão para manter as áreas do jogo sempre relevantes.

Existe uma Árvore de Habilidades interessante, o que se trata de um belo avanço em relação a Diablo III, que simplificou demais essa personalização de habilidades e, consequentemente, o estilo de jogo de cada jogador. Inicialmente, ela me pareceu um tanto quanto limitada, mas conforme os itens lendários e outras características únicas de cada classe eram adicionadas a equação, pude perceber o quanto complexa ela pode ser, pois oferece caminhos com os mais diversos estilos de jogabilidade. Na minha Renegada, por exemplo, eu foquei em manter seu combate com empunhadura dupla, que é meu estilo favorito, mas eu poderia focar em habilidades de arbalista e criar uma arqueira, ou ainda focar em armadilhas, ou ainda quem sabe misturar tudo. As escolhas estão em suas mãos. Já imagino o quão complexo isso se tornará no endgame, com a adição dos níveis de excelência.

Explorar o mundo de Diablo IV é uma caixinha se surpresas, pois além das diversas atividades que acontecem constantemente ao nosso redor, todos os ambientes foram cuidadosamente criados para nos manter no clima de medo e sofrimento que envolve sua narrativa, com cenários opressivos e pesados. Esse aspecto também possui impacto na jogabilidade, pois é muito interessante ver nossas habilidades ganhando vida nesses cenários tenebrosos, com iluminação e física muito bem projetadas, dando peso aos nossos movimentos.

Ainda assim, senti uma certa repetição nos cenários e nos objetivos das masmorras, que apesar de possuírem um belo design de exploração, repetem muito o que devemos fazer dentro delas. Geralmente, precisamos encontrar itens, destruir objetos ou completar uma barra de progressão, para abrir caminho para seu Boss principal. Nesse aspecto acredito que precisam melhorar um pouco na variedade, pois se as prometidas mais de 150 masmorras forem manter esse nível de repetição, não irão ser um bom conteúdo para o jogo final, e elas possuem muito potencial para entregar belas experiências.

Uma das melhores decisões para Diablo IV foi trazer mecânicas leves de um MMO para o seu mundo, pois ele possui um mapa  gigantesco, que poderia se sentir vazio com o tempo, mas a todo instante vemos outros jogadores explorando aquele universo, realizando suas atividades ou se juntando para completar eventos. Você pode explorar tudo como um lobo solitário, mas essa possibilidade deixa o jogo sempre dinâmico no mundo aberto. Existe, inclusive, Bosses Mundiais que necessitam dessa união de forças para serem eliminados. No Beta tivemos um gostinho disso com o Boss Ashava.

As masmorras são instanciadas, de forma que dentro delas você estará sozinho ou com o seu grupo já formado, sem a existência de jogadores aleatórios. Diablo IV pode ser aproveitado solo, mas também com o bom e velho Co-Op online para até quatro jogadores e Co-Op local para até dois jogadores. Existem incentivos, como bônus de experiência, para aqueles que explorarem o Santuário com os amigos.

Gráficos e Som

Antes de jogar o Beta de Diablo IV, eu preciso reconhecer que estava um tanto quanto desconfiada do quão bom, graficamente falando, o jogo seria, pois, os primeiros gameplays não mostravam muita coisa e o que apresentava não parecia uma evolução digna, não só de um jogo atual, como também de ter o peso de ser o sucessor de Diablo III, lançado há mais de 10 anos atrás. No entanto, esse medo foi embora logo assim que comecei a jogar.

Diablo IV possui cenários bem detalhados e que carregam bem toda a atmosfera mais macabra e grotesca que sua história nos passa, nos deixando sempre imersos em tudo o que movimenta aquele mundo. Os personagens também são bem modelados e passam o real sentimento do que estão sentindo.

O desempenho geral é ótimo, pelo menos jogando no Xbox Series X não notei quedas de frames ou texturas pobres, o jogo rodou liso, entregando bem a resolução 4K e suaves 60FPS. Caso jogue no Xbox Series S o jogo roda com 1440p e até 60FPS, no Xbox One X ele também fica com 1440p, mas com até 30FPS e, por fim, no Xbox One temos 900p e até 30FPS. A resolução de todas as plataformas é dinâmica.

É impressionante que mesmo com todas essas texturas, e ainda um mundo cheio de jogadores ao seu redor, o desempenho segue bastante estável. Até mesmo no Boss mundial, onde haviam muitos jogadores e efeitos na tela, o jogo entregou uma experiência suave.

Ainda assim, existem alguns pontos que carecem de um pouco mais de atenção. As cenas da história apesar de impactantes ainda precisam de um pouco de polimento, mas ainda assim o estado atual não prejudicou a experiência.

Por outro lado, algo que atrapalhou muito os jogadores, e precisa ser estudado com urgência, é a situação dos servidores, ainda mais se tratando de um jogo sempre online. As filas para jogar durante o acesso antecipado demoravam um tempo absurdo para conseguirmos entrar nos servidores, e muitas vezes após alguns minutos, éramos desconectados, sendo necessário entrar na fila novamente. A situação demorou algumas boas horas para normalizar, mas ainda assim é algo a se notar, já que se isso aconteceu durante um acesso antecipado, com menos jogadores ativos, pode piorar em situações de maior estresse quando houverem mais jogadores. Vamos torcer para que a Blizzard já esteja se preparando para evitar que isso aconteça novamente quando Diablo IV for lançado.

Por fim, o som. Os temas musicais das cenas de história, masmorras e exploração do mundo estão ótimos e combinam bem com toda essa aura de medo e sofrimento que acompanha o universo de Diablo IV. As vozes estavam em inglês, mas a versão final terá dublagem no nosso idioma, o que já se trata de um padrão dos jogos da Blizzard. O Beta possui legendas e interface em português do Brasil, com algumas falas não traduzidas, mas o estúdio já havia avisado que essa versão de teste não estaria totalmente localizada, mas a versão final sim.

Opinião

Antes de jogar o Beta de Diablo IV, eu tinha algumas ressalvas em relação aos gráficos e a jogabilidade, mas ao jogar o teste, ele me vendeu fácil o jogo. Ambientes detalhados, jogabilidade viciante, mundo sempre vivo e com diversas coisas acontecendo. Essa atmosfera com um toque de MMO fez muito bem para a franquia, pois o jogo possui um dinamismo envolvente. O clima mais sombrio e a trama macabra embalam perfeitamente toda essa proposta, criando um conteúdo que facilmente irá agradar não apenas os fãs de Diablo, mas todos os amantes de um bom ARPG.

Embora eu ainda tenha algumas preocupações sobre a variedade de masmorras e dos chefes, além de ainda não ter uma visão completa do sistemas de progressão para o final de jogo, que é algo que sustenta Diablo por anos e anos após o lançamento, eu saí dos testes extremamente otimista, pois a Blizzard está entregando, já nesse começo, um jogo com um potencial gigante, inclusive para marcar seu nome com um dos melhores da série. Mal vejo a hora de mergulhar na versão final de Diablo IV e investir centenas de horas na matança desenfreada e viciante de demônios.

Ficou curioso sobre Diablo IV? Então aproveite que seu Beta será liberado para todos hoje, a partir das 13h e fica disponível até o dia 27 de março, às 16h.

O jogo será lançado no dia 06 de junho de 2023 e está confirmado para Xbox Series X|S e Xbox One.

* O acesso ao Beta Antecipado foi cedido gentilmente pela Blizzard para a realização desta análise.

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Administradora de Empresas, mas apaixonada pelo mundo dos games e pelo Xbox!Fã da incrível e complexa franquia Halo e de seu icônico líder, o Master Chief. Também apaixonada por Dragon Age e seu universo magnífico. Ahhh e quem disse que Dark Souls não é divertido? :DSempre ligada nas notícias e novidades do lado verde da força!

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