Um dos maiores ícones do terror está de volta, Dead Space Remake chegou para se apresentar a um nova geração de jogadores, que não conheceram, ou querem reviver, essa obra tão importante e que ditou tendências.
O remake foi desenvolvido pela EA Motive, que tem a missão de melhorar o que já era quase perfeito. Será que a desenvolvedora conseguiu ou a obra clássica é intocável? Descubra em nossa análise a seguir, que viajou novamente para a sinistra Ishimura.
DE VOLTA A ISHIMURA
Uma das naves mais famosas dos jogos, a Ishimura é uma gigante da mineração, que é inesquecível para quem conhece a franquia Dead Space. De volta, após 15 anos, a nave foi totalmente reformulada, com novas localidades, mas sem perder seu estio rústico. A EA Motive foi muito competente em honrar a essência da nave, que novamente encantará quem não conhece a franquia.
A nave é enorme e possui desde salas de pesquisas, até mesmo locais para recreação, no qual os tripulantes viviam sua vida normal, até todo o problema acontecer. Diferentemente do que falaram anteriormente, não, a nave não está totalmente aberta para ser explorada. Temos portas que precisam de liberação, que vai desde cartões ou acessos de terminais, que desbloqueiam essas portas.
Dead Space possui missões secundárias, que trazem mais informações importantes para o entendimento da história ou equipamentos mais poderosos. Essas missões nos fazem voltar em áreas que não tínhamos acesso anteriormente, aumentando ainda mais o tempo de jogo.
UMA HISTÓRIA FAMILIAR, MAS COM SURPRESAS
A história de Dead Space começa quando Isac Clarke, que é o protagonista e um exímio engenheiro, parte para ajudar a Ishimura, que enviou um SOS e claramente precisa de reparos. Um grande agravante é que a amada de Isac, Nicole está a bordo, então temos um motivo pessoal que contrasta com nossa missão principal, que é sobreviver aos perigos que chegam logo ao nosso conhecimento.
Após atracar na nave, somos surpreendidos por uma ameaça, que será inesquecível para Isac e outros tripulantes. A forma alienígena, chamada de necromorph, que consegue reaproveitar partes dos corpos das pessoas, para criar criaturas cada vez mais bizarras, nos ataca ferozmente, separando a tripulação, deixando Isac sozinho e com muitos perigos para enfrentar.
A história ganhou novos contornos, ao abordar com mais clareza algumas questões sobre a unitologia, que é um dos elementos fortes da franquia e que são apoiadas pelas missões secundárias, além de áudios e textos. O remake fez importantes ligações com outros jogos da franquia, aumentando ainda mais o contexto do enredo central.
O jogo trouxe novos diálogos e destinos para os personagens secundários, que até mesmo ganharam missões especiais que ajudam no entendimento da história. Mudar o destino de alguns personagens ficou bem legal, visto que trouxe novidades para quem jogou o clássico.
Toda a história foi revitalizada, mas sem perder a espinha dorsal e nem a coerência, então quem é realmente fã saberá onde está pisando, mas se surpreenderá com algumas mudanças. O remake ainda possui um novo final adicional, que somente é destravado no Novo jogo+, no qual o jogador ganha vários nodes e uma armadura ainda mais avançada.
Uma impressão que eu tive, é que os primeiros capítulos são mais parecidos com a história clássica, ficando os capítulos finais com as mudanças mais drásticas de roteiro.
JOGABILIDADE REFINADA
Isac Clarke é um engenheiro, cheio de habilidades, que se vê em uma situação complicada e terá que improvisar com suas habilidades para sobreviver na Ishimura. Para conseguir essa façanha, nossas armas são baseadas em pura engenharia, com lasers, serras e até mesmo canhões de gravidade. Essas armas também possuem tiros secundários insanos, que nos ajudam quando surgem vários inimigos ao mesmo tempo.
Os necromorphs estão bem difíceis de serem abatidos, e para ter sucesso devemos explorar suas fraquezas. Como são feitos de partes de corpos humanos, possuem pontos de fraquezas, como braços e pernas. Com isso, devemos mirar nessas partes, que possuem músculos e ossos, que devem ser quebrados da melhor forma possível. No clássico, esse tipo de mecânica foi bem usada, mas hoje ganhou mais profundidade, devido as diferentes camadas de tecido nos inimigos. Outra mudança importante foram as batalhas contra os chefes, que trouxeram algumas novidades no local de combate para surpreender o jogador.
Isac também usa uma armadura, chamada de RIG, que pode ser evoluída e o protege contra os ataques dos necromorphs, além de funcionar como uma roupa de astronauta, que ajuda na hora de se locomover em gravidade zero. Realmente a jogabilidade em gravidade zero ficou bem gostosa, com movimentos bem fluídos. Existe algumas batalhas que ficam ainda mais incríveis no estado de gravidade zero, algo bem diferente de alguns jogos do mesmo gênero.
Algumas localidade externas ganharam um escopo ainda maior, dando mais liberdade para o jogador usar e abusar da gravidade zero. O remake também conta com novos quebra cabeças, que, inclusive, usaram bastante do artificio da gravidade zero. Eles não são complexos, mas são extremamente divertidos.
Isac pode usar uma espécie de bancada para fazer upgrades no seu traje e nas armas, algo que necessita dos nodes, que são encontrados espalhados pela Ishimura ou comprando em estações de venda. Uma das novidades são algumas modificações, que não existiam no jogo clássico e agora podem dar ainda mais vantagem contra os inimigos mais avançados.
O jogo não possui auto-save, então procurar um ponto de salvamento sempre é importante para não perder tempo.
Como o jogo foi totalmente refeito em uma nova engine, ficou bem mais rápido fugir dos inimigos, pois diferentemente do jogo original, Isac está um pouco mais leve, algo que ajuda no encontro com adversários mais complexos.
SOM E GRÁFICOS
Além da jogabilidade, Dead Space possui gráficos lindos e cheios de efeitos, fruto do ótimo trabalho da Motive com a engine Frostbyte. Os cenários da Ishimura são belos e com diferentes texturas, algo que não me enjoou nas mais de 10 horas de jogo.
Os Necromorphs são inimigos bem construídos, com texturas fortes e que passam uma sensação de ameaça muito grande, além de serem grotescos.
Os personagens também foram totalmente reformulados, com uma caracterização ainda mais realista. Isac, que não tinha um rosto no primeiro jogo, ganhou novas feições e com muito mais cara de engenheiro.
Mas nem tudo são flores e o maior problema do jogo está na sua falta de otimização. Na versão que joguei do Xbox Series S, tive inúmeros congelamentos, que aconteciam em algumas cutscenes, principalmente nos capítulos finais. Com isso, tive que refazer o mesmo trecho várias e várias vezes, quebrando o meu ritmo de jogo e gerando uma grande frustração. Outro problema que tive foi uma pequena queda de frames durante uma batalha contra um chefe.
Li alguns relatos de colegas da imprensa, que tiveram os mesmos bugs e ainda perda de salvamento, que pensaram até mesmo que o console tinha sido danificado.
O som está impecável e sem problemas, com uma trilha que causa arrepio. Recomendo jogar com um headset, que realmente aumenta ainda mais a imersão.
Não existe dublagem em nosso idioma, mas existem legendas e textos localizados para o Português do Brasil, algo que nos ajuda a entender a história que ficou ainda mais rica.
OPINIÃO
O remake de Dead Space é uma obra incrível, pois trouxe revitalização para uma franquia tão importante para o gênero, algo que fará toda a diferença para uma provável continuação. Tive dois sentimentos em relação ao remake, que não seria tão necessário, pois o clássico ainda é muito moderno e ainda pode ser jogado facilmente. Mas por outro lado, é um grande jogo e pode atrair tanto os novos jogadores, quanto os fãs mais saudosistas.
A Motive trabalhou arduamente para honrar todo o legado da franquia, com adições de peso, dividindo entre uma narrativa mais coesa e cheia de referências aos universo da franquia, incluindo mais conteúdo adicional, entre missões secundárias e novos destinos para personagens conhecidos.
Um dos maiores problemas que encontrei foi a má otimização, que em diversos pontos, tive que refazer um trecho longo da missão por conta de um congelamento durante algumas cutscenes, isso mesmo jogando após o lançamento. Então, com um produto de tanta qualidade, não deveriam acontecer erros tão graves de inicio de geração.
Dead Space é altamente recomendado para quem é fã de um bom survival horror ou quem já é fã de carteirinha da franquia de terror espacial, mesmo o clássico ainda não saindo de moda, após tanto tempo.
Plataformas: Xbox Series X|S
Publicado por: Electronic Arts
Desenvolvido por: Motive
Data de lançamento: 27/01/2023
Opções de compra: Microsoft Store
O jogo foi cedido gentilmente pela Electronic Arts para a realização desta análise.