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Análise – Hi-Fi RUSH

Muitos jogos realizam uma ostensiva campanha de marketing para colocar sua proposta no radar dos jogadores, compartilhando trailers, imagens e entrevistas para que o público deseje comprar aquele produto. Com Hi-Fi RUSH, a Microsoft e a Tango Gameworks pegaram um caminho totalmente diferente, revelando o jogo, de surpresa, durante o evento Developer_Direct e já o disponibilizando poucas horas depois, para Xbox Series X|S, PC, Cloud Gaming e Xbox Game Pass. Ele se tornou um sucesso instantâneo, tanto em vendas quanto nas boas avaliações do público.

Algo igualmente surpreendente, é que Hi-Fi RUSH se trata de um jogo da Tango Gameworks, conhecida por jogos mais assustadores como a franquia The Evil Within e o diferente Ghostwire: Tokyo, mas que agora se aventurou por um estilo tão diferente, entregando uma proposta excêntrica, que mistura um jogo de ação com mecânicas rítmicas, dentro de um universo multicolorido e uma trama descontraída.

Será que Hi-Fi RUSH é tudo isso mesmo, ou o lançamento surpresa deixou o público mais emocionado? Vamos descobrir na análise a seguir.

Uma trama divertida e bem desenvolvida

A trama de Hi-Fi RUSH acompanha a jornada de Chai, um jovem que anseia em se tornar uma estrela, e para tal ele se inscreve em um programa da megacorporação Vandelay Technologies, para que consiga uma cirurgia que irá lhe conceder um braço mecânico, deixando seu corpo completo e preparado para assumir novas responsabilidades. No entanto, durante sua transformação, seu aparelho de música cai em cima do seu corpo e acaba sendo fundido com ele. Além de um braço mecânico, Chai recebe um coração que pulsa seu corpo e o mundo ao seu redor de acordo com a sincronização através de sua lista de músicas favoritas.

Mas nem tudo são flores nessa transformação de Chai, pois com essa alteração inesperada, a Vandelay o considerou um defeito e colocou todo o seu exército de robôs para destruir nosso protagonista. Para sobreviver, ele precisa usar o ritmo das batidas do seu corpo para se dar bem nas batalhas e buscar uma forma de fugir daquele lugar.

No entanto, o que se tratava de apenas uma jornada para fugir, se transforma em uma batalha contra os planos nada positivos da Vandelay, pois Chai conhece uma série de aliados que o faz lutar por uma causa maior, e adiciona mais camadas dentro dessa trama descontraída, mas que também consegue trazer diálogos muito bem construídos e uma história muito interessante de acompanhar até seus momentos finais.

Os personagens são muito bem inseridos na história e não estão ali apenas como ferramentas de jogabilidade. Eles adicionam mais profundidade, mesmo sendo uma trama mais leve de uma forma geral. Os antagonistas também brilham com suas personalidades excêntricas, que enriquecem muito a narrativa.

A Tango Gameworks comprova que é possível contar uma bela história, mesmo que seja em um jogo mais descontraído, e conseguiu entregar uma trama que nos cativa e prende até o final, com uma bela construção narrativa de seu mundo e personagens carismáticos.

Mergulhe fundo nesse batidão viciante

Quando você é apresentado as mecânicas de Hi-Fi RUSH em seus tutoriais, pode parecer que o jogo é muito complexo, mas rapidamente tudo se torna tão natural quanto as batidas de sua maravilhosa trilha sonora, e quando você menos esperar estará fazendo combos extensos sem nem sentir.

Em sua essência Hi-Fi RUSH se trata de um jogo rítmico, ou seja, quanto mais você estiver sincronizado com a batida do jogo, mais eficiente será seu desempenho nas batalhas. O interessante no título da Tango é que não precisamos ficar presos ao ritmo das músicas, mas nas batidas dos nossos próprios combos, oferecendo uma liberdade que deixa o gameplay ainda mais divertido. Esse sistema é viciante e prazeroso, de forma que quanto mais você entende e mergulha na proposta, mais viciante se torna cada batalha, sejam as mais simples ou aquelas que são mais complexas.

Conforme o jogo avança, mais possibilidades são apresentadas para Chai, o que nunca deixa o gameplay entrar na mesmice. Ele pode utilizar ataques pesados e leves, combos que misturam os dois, bloqueios que devem ser feitos dentro do ritmo dos ataques inimigos, um gancho para se deslocar rápido até os adversários, esquiva e pulos, além de ataques especiais e a ajuda dos seus aliados. Chai possui uma barra de vida que pode ser aumentada ao encontrar fragmentos, ou comprá-los na loja com o uso das sucatas encontradas por todo o mapa. A vida é recuperada ao encontrar consumíveis em caixas e também de inimigos após ataques bem-sucedidos respeitando a batida. Os ataques especiais dependem do seu medidor de reverb que enche conforme você realiza ataques certeiros nos inimigos que deixam cair baterias, que também são encontradas pelos cenários. O reverb também pode ser aumentado achando seus respectivos colecionáveis ou na loja.

A Sucata também serve para desbloquear combos e ataques especiais, assim como é utilizada para comprar, e melhorar, chips que adicionam efeitos passivos para Chai.

Completando a sinergia da jogabilidade temos os aliados. Cada um deles possuem um estilo de combate, que pode ser expandido conforme compramos mais ataques para eles. Seu uso em combate depende de um tempo de recarga, mas eles podem ser usados durante todo o combate, pois esse tempo de espera é bem curto. Entender bem as habilidades de cada um deixa as batalhas ainda mais intensas. Esses aliados também são essenciais para se movimentar pelos cenários, pois cada um deles possuem uma utilidade para abrir caminhos para Chai.

Os inimigos possuem uma excelente variação e até mesmo nas fases finais do jogo ainda somos apresentados a inimigos novos e com habilidades diferentes. Os bosses são um espetáculo à parte, com batalhas com um bom nível de dificuldade e mecânicas muito criativas. Imagina enfrentar um inimigo com o qual devemos irritá-lo tanto a ponto dele gastar todo o seu orçamento para nos derrotar. Esse é só um exemplo do que você vai encontrar durante sua jornada.

Mas não é apenas de combate que vive Hi-Fi RUSH, pois o jogo também oferece interessantes trechos de plataforma e colecionáveis para encontrar em lugares bem escondidos. Tudo muito bem distribuído em 12 níveis, que oferecem cerca de 11 horas de uma obra impecável. Essa duração pode aumentar ou diminuir de acordo com o seu nível de dificuldade nas batalhas e na forma como você explora os cenários.

O jogo possui diversas opções de dificuldade e ferramentas de acessibilidade para que todos os jogadores possam aproveitar essa bela aventura.

Por fim, após terminar a história do jogo, você pode continuar explorando o mundo refazendo as fases com todas as melhorias e aliados desbloqueados, em busca de colecionáveis e upgrades escondidos. Você também pode alterar livremente a dificuldade antes de iniciar qualquer uma delas. Mais desafios estarão disponíveis e a novidade da Torre Rítmica, na qual Chai vai subindo andares derrotando ondas de inimigos e recebendo sucatas de acordo com sua classificação.

Mundo vibrante com uma trilha sonora deliciosa

O universo de Hi-Fi RUSH pulsa não apenas com a batida viciante de sua bela trilha sonora, mas também com as cores de seu mundo vibrante e cheio de possibilidades. Assim que foi revelado, o jogo imediatamente me lembrou o interessante Sunset Overdrive, por causa do seu mundo colorido e voltado para a ação, mas também me lembrou o debochado No More Heroes 3, com sua pegada mais ácida mostrando uma batalha contra grandes corporações e suas práticas duvidosas. O estilo da arte e as animações também lembram o saudoso Jet Set Radio. Apesar de todas essas referências, Hi-Fi RUSH entrega algo realmente único, trazendo sua própria personalidade e estilo únicos.

Os cenários, personagens e animações das batalhas transbordam vida, tudo muito detalhado de forma impecável. O desempenho geral é igualmente perfeito, sem nenhum momento com quedas de frames, travamentos ou bugs, o jogo é extremamente estável e polido.

A trilha sonora é uma delícia do início ao fim, seja com canções escolhidas a dedo vindas de bandas famosas como Nine Inch Nails, The Prodigy e The Black Keys, mas também com espaço para belíssimas canções originais produzidas pela própria Bethesda.

O jogo chegou ao Brasil totalmente localizado em nosso idioma, não apenas legendado em nosso idioma, mas também com uma dublagem extremamente bem-feita e com vozes que realmente se encaixaram com seus personagens, trazendo ainda mais personalidade para eles e descontração para a trama.

Opinião

Hi-Fi RUSH marcou um belo início de 2023 para os jogadores que clamavam por jogos mais criativos, cujos projetos saíssem da zona de conforto do que é considerado um formato que se vende fácil, como jogos realistas e cinematográficos ou franquias que não se renovam. O jogo da Tango Gameworks chega cheio de personalidade, trazendo um sopro de ar fresco, com uma obra impecável do início ao fim, já sendo, para mim, um forte concorrente aos melhores do ano, pois eu simplesmente não consigo apontar absolutamente nada de negativo nele.

Ele possui um design de fases criativo, inimigos variados, história divertida, arte incrível, gameplay divertido e trilha sonora que gruda na mente. Um jogo vibrante que nos faz jogar com um sorriso no rosto do início ao fim, do tipo que é fácil de recomendar para todo o tipo de público.

Vale pontuar que Hi-Fi RUSH também reforça a liberdade criativa que a Microsoft oferece aos estúdios que ela possui, pois eles podem ir além dos grandes AAA, podendo apostar em explosões de criatividade e qualidade, que conseguem sair da mesmice, e que se não fosse o suporte do Xbox poderiam ser projetos engavetados eternamente. Esse lançamento surpresa foi muito bom para os jogadores e também para dar uma sacudida na indústria de games.

Plataformas: Xbox Series X|S, Nuvem e PC
Publicado por: Bethesda Softworks
Desenvolvido por: Tango Gameworks
Data de lançamento: 25/01/2023
Opções de compra: Microsoft Store

O jogo foi acessado via Xbox Game Pass para a realização desta análise.

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