O survival horror, é um dos gêneros mais queridos desde os primórdios dos jogos. Entre várias franquias de sucesso, podemos destacar Resident Evil, Sillent Hill e Fatal Frame, que praticamente seguiram a mesma fórmula, com exceção de Resident Evil, que conseguiu evoluir com o passar do tempo.
Alguns jogos surgiram baseados nesse novo direcionamento e Dead Space foi um deles. Ele pegou as idéias de Resident Evil 4 e trouxe mudanças bem interessantes, como um menu aberto em tempo real, ficando na frente do personagem principal, além de indicativos de saúde, munição no próprio traje do personagem, sem a necessidade de dar pausa, aumentando ainda mais a imersão. Mas nem tudo são flores e a equipe foi perdendo a mão do terror espacial, indo mais para um escopo de ação. Com isso, a essência foi perdida, trazendo um pouco de frustração para seus fãs.
Agora, após mais de 10 anos, temos seu sucessor espiritual, chamado de The Callisto Protocol, que é desenvolvido pela Striking Distance Studios, uma empresa liderada por Glen Schofield, que é dos responsáveis pelo sucesso de Dead Space e agora tem a chance de fazer história, com o seu primeiro projeto na sua própria desenvolvedora.
Será que o jogo conseguiu superar o legado de Dead Space? Descubra em nossa análise a seguir.
BEM VINDOS A CALLISTO
Callisto é uma das principais luas do planeta Júpiter, que junto de Europa aguçam o imaginário dos filmes e também de quem curte astronomia.
Em The Callisto Protocol, nossa aventura começa quando vamos parar nessa lua para fazer um transporte, só que nada é tão simples quanto parece e a nave cai. Após alguns acontecimentos, nós somos levados para a misteriosa prisão Black Iron, que é onde a maior parte da aventura acontece.
O protagonista do jogo é Jacob Lee, interpretado pelo astro de Hollywood Josh Duhamel (Transformers), que não sabe o por que esta sendo preso e precisa descobrir por que isso aconteceu. Só que novamente, coisas estranhas acontecem e toda a prisão está infectada por algo, causando caos e morte para tudo quanto é lado. Os prisioneiros, que normalmente já possuem um histórico violento, ficam ainda mais mortais, infectados pelo organismo desconhecido. Cabe a Jacob procurar uma forma de fugir.
Além de Jacob, outras pessoas tentam fugir da prisão, como a misteriosa Danny Nakamura, interpretada por Karen Fukuhara (The Boys), que é uma das personagens mais importantes da história. Além dela, temos o braço direito do diretor da prisão, Captain Leon Ferris, que é interpretado por Sam Witwer (Starkiller em Star Wars: The Force Unleashed) e o sinistro Duncan Cole (James C Mathis III), que é o diretor da prisão.
Callisto tem muitas áreas interessantes e sim, nos aventuraremos fora da prisão, algo que traz uma sensação de estar em um ambiente totalmente diferente do que estávamos acostumados.
UMA HISTÓRIA SEM SURPRESAS
A história de The Callisto Protocol é como uma viagem que você acha que será uma das melhores da sua vida, mas acaba que é só mais uma entre tantas que você já vivenciou. São inúmeros elementos que já cansamos de ver em dezenas de filmes e séries, trazendo alguns desfechos que não surpreendem o jogador.
Começamos nossa jornada para fugir da prisão e acabamos nos deparando com vários segredos obscuros. O jogo segue essa premissa e vai incorporando novas informações sobre a história, que não foge muito do que imaginamos. Tudo fica bem na sua cara, não dando a oportunidade do jogador pensar ou refletir sobre os acontecimentos.
Outro ponto bem negativo, são os áudios, que encontramos por Callisto. Por mais que eles tenham algumas informações adicionais sobre a história, eles só podem ser ouvidos na tela de pause, algo que tira um pouco da imersão.
Os personagens são o destaque da aventura, com um ótimo trabalho de motion capture, principalmente na hora de demonstrar os sentimentos dos atores. Jacob e Danny conseguem nos convencer as ótimas atuações de seus atores, além do ótimo Captain Ferris, que tem muita experiência em trabalho com jogos.
No geral, a história consegue nos entreter com muita ação, mas sem se tornar algo inesquecível e digna do marketing que foi construído.
TERROR ESPACIAL? NEM TANTO
Um dos maiores problemas de The Callisto Protocol é tentar fugir das comparações com Dead Space, mas falhar em ser um jogo de terror espacial mais amedrontador e acabar se tornando um jogo de ação normal. Em um jogo de terror espacial existem momentos para assustar ou criar tensão, mas poucos são esses momentos e na maioria das vezes, a tensão é causada pela jogabilidade que as vezes atrapalha.
Os ambientes até ajudam nessa questão, com lugares bem sinistros, mas faltaram caprichar em artifícios sonoros para causar tensão no jogador. O mais próximo que o jogo chegou, foi em algumas áreas, nas quais precisamos passar sorrateiramente e eliminar alguns inimigos sem fazer barulho, mas não é algo muito imersivo, pois mesmo batendo com o pé para destruir caixas de itens, fazendo bastante barulho, os inimigos não te escutam.
Um dos grandes pontos que senti falta, foi a falta de resoluções de quebra-cabeças, o que evidencia que o jogo se concentrou bastante na ação. O avanço é muito linear, com poucos momentos de surpresas nas localidades, deixando somente para a procura de munições, kits médicos e alguns esquemas opcionais de armas.
TIRO, PORRADA E BOMBA
Como você pode perceber, The Callisto Protocol focou mais na ação, deixando o terror em segundo plano, por isso a jogabilidade possui alguns artifícios para ajudar em nossa luta contra um inimigo desconhecido.
Jacob começa a aventura com um machado e logo depois encontra uma espécie de cassetete elétrico, mas que é mais poderoso e brutal do que esse tipo de arma. O grande diferencial desse jogo, é usar esse tipo de arma de contato em nossas lutas. Podemos acertar os inimigos em diferentes pontos, além de se esquivar dos golpes dos inimigos. Essa mecânica é bem interessante e até deve ser combinada com armas de fogo. O único problema dos golpes físicos são que os inimigos parecem uma grande coluna de concreto, dificultando o combate sem necessidade.
As armas de fogo são bem mais prazerosas de serem usadas, com alguns tipos de pistolas, metralhadoras, shotguns e algumas surpresas. Mas caem no mesmo problema da arma de contato, com uma física que parece que estamos atirando em um bloco de concreto e não em organismos vivos.
Pra mim o grande destaque fica para a nossa luva, que adiciona o poder de usar a gravidade para puxar inimigos e jogá-los contra objetos perfurantes, além de poder pegar itens em locais mais difíceis.
Nossas armas, tanto de contato, fogo e a luva, podem ser melhorados em terminais espalhados por Callisto. Para isso, é usado moeda ganha no jogo, que é encontrada pelo cenário ou através da venda. Nesse terminal também podemos comprar itens de saúde, munição e armas.
As poucas batalhas contra chefes são interessantes, mas pecam em dificultar a vida do jogador, com locais que travam o personagem no cenário. Os inimigos possuem uma boa variação de tipo, forma e quantidade, algo que nos oferece uma sensação de perigo.
PERFORMANCE PODERIA SER MELHOR
A qualidade gráfica de The Callisto Protocol é bem acima da média, com texturas incríveis, além de ter técnicas avançadas de motion capture, trazendo um nível cinematográfico. Os cenários são belos e mostram todo o poder gráfico que a Striking Distance Studios criou, além de uma ótima direção de arte.
O único problema, que me incomodou bastante, foi a performance, que em algumas cenas mais dramáticas na história deixou muito a desejar, com lentidão, travamentos e alguns crashes, fechando o jogo do nada.
O som cumpre seu papel, com legendas em português do brasil, para que entendamos melhor a história. A dublagem em inglês é muito boa, principalmente se já estamos acostumados com as vozes originais.
OPINIÃO
The Callisto Protocol é um bom jogo de ação, mas que peca em ser menos que o projeto poderia ser. Foi bem frustrante passar por vários tipos de travamentos e congelamentos no meu Xbox Series S, mas que também aconteceram em plataformas mais poderosas como PC e Xbox Series X.
A história não é algo marcante, que você lembrará por anos, mas consegue nos entreter até o final, principalmente pelo ótimo trabalho de seus atores. O belo trabalho de motion capture nos conquista em cada momento de nossa aventura. A jogabilidade que se arrisca em misturar ataques físicos e a de longo alcance, mas peca na física de impacto, parecendo que estamos atirando em blocos de concreto.
The Callisto Protocol tinha tudo para ser um marco nessa geração, mas tropeçou em detalhes importantes, que fazem toda a diferença. Espero que os desenvolvedores usem as criticas para melhorar uma possível sequência, pois estaremos de olho.
Plataformas: Xbox One e Xbox Series X|S
Publicado por: KRAFTON, Inc.
Desenvolvido por: Striking Distance Studios
Data de lançamento: 03/12/2022
Opções de compra: Microsoft Store
O jogo foi cedido gentilmente pela Striking Distance para a realização desta análise.