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Análise – The Dark Pictures Anthology: The Devil in Me

Em The Dark Pictures Anthology, a Supermassive Games apresentou histórias de terror e suspense variadas. Com Man of Medan o foco era um navio fantasma, já em Little Hope a ideia foi tocar no assunto dos terríveis julgamentos de bruxas de séculos atrás, com House of Ashes acompanhamos militares que durante uma escavação acordaram um mal antigo. Agora, para fechar essa temporada, temos The Devil in Me, onde o estúdio volta a sua atenção para um serial killer com uma intensa compulsão de matar e torturar pessoas, algo que ele descreve como arte.

Assim com seus antecessores, o jogo desenvolve uma trama de suspense onde os jogadores se sentem como se estivessem dentro de um filme, no qual suas escolhas são cruciais para o desfecho da trama e de seus personagens.

Será que The Devil in Me encerra bem essa primeira temporada de histórias? Confira em nossa análise.

Inspirado em fatos reais

The Dark Pictures Anthology: The Devil in Me acompanha a equipe da Lonnit Entertainment que recebem uma oferta de filmar no local onde H. H. Holmes, o primeiro serial killer dos Estados Unidos, realizou suas barbaridades com centenas de vítimas. Algo que seria a oportunidade perfeita para o documentário da produtora, que parece estar perto da falência. Pensando em segurar firme nessa oportunidade de sair da lama, a equipe viaja para a ilha remota onde está localizado o agora chamado Castelo da Morte. O misterioso, e suspeito, anfitrião Du’Met os recebe com certo nervosismo e medo de exposição, e fica cada vez mais claro que aceitar essa proposta pode ter sido uma péssima decisão.

A trama é recheada de momentos de tensão que nos deixam ligados na tela para saber o que pode acontecer a seguir. Esse clima pesado de medo é construído aos poucos e traz um sentimento crescente de terror que faz a história ficar cada vez mais imersiva.

Os personagens Kate, Charlie, Mark, Erin e Jamie possuem um bom desenvolvimento, de forma que conseguimos nos conectar com seus medos e desejos. Cada um deles possui características distintas, que são muito bem ressaltadas nas escolhas de diálogo. O vilão, apesar de imponente, eu achei que poderia ter sido um pouco mais desenvolvido em tela, pois caso um jogador não esteja muito atento aos documentos e gravações, pode terminar o jogo sem nem entender o que ele é.

O estúdio aposta no interesse do público em serial killers e mistura uma trama fictícia com fatos reais, assim como traz clara inspirações em clássicos do terror no cinema como O Iluminado, Jogos Mortais, Sexta-Feira 13 e Halloween. Ficamos atônitos com as decisões clichês dessas obras de entrar em lugares suspeitos, interagir com itens claramente perigosos, ou ainda aqueles momentos no qual é impossível se esconder do vilão e mesmo assim ele não te vê. Ainda assim, tudo contribui para uma experiência intensa, mas divertida de terror.

Eu, particularmente, me incomodo um pouco como o holofote dado para esses serial killers, e após ver a série Dahmer na Netflix eu tenho um certo medo do efeito de glorificar esses seres cheios de maldade, mas também fico feliz que cada vez mais as produções estão focando em mostrar o quanto essas criaturas são distorcidas e malignas. Felizmente, The Devil in Me não faz esse espetáculo da morte, mostrando o quanto horrendo são esses crimes e o perigo de tais pessoas criarem fascínio em outras mentes igualmente más para continuar esse legado sombrio. O estúdio soube dosar bem essas facetas e o resultado é bastante interessante.

Mesma fórmula, mas com novidades

The Dark Pictures Anthology: The Devil in Me segue a mesma linha de jogabilidade dos jogos anteriores, sendo um jogo de aventura baseado em escolhas que possuem impacto nos relacionamentos, bem como definem a salvação ou desgraça de seus personagens. As decisões possuem tempo para serem tomadas e determinam se todos poderão sair dessa jornada infernal juntos, se todos perecerão ou se apenas alguns conseguirão tentar fugir dessa ilha maldita.

Além disso, grande parte da experiência está focada no sistema de QTE (Quick Time Event), que se tratam dos comandos que surgem na tela sem aviso e precisamos a acertá-los rapidamente para ter sucesso e evitar uma possível morte horrenda. O lado positivo, de uma mecânica já tão manjada na série, é que esses momentos estão muito bem incorporados com a trama e a parte sonora, trazendo tensão e imersão na medida certa, elevando o nível de desespero que o momento pede. Também existem os tradicionais quebra-cabeças que trazem um bom nível de desafio, mas nada de tão impressionante.

Para sair de sua zona de conforto, a Supermassive buscou trazer algumas novidades para a fórmula, apostando em novas mecânicas que possibilitam que os jogadores interajam mais com os ambientes. Agora podemos movimentar objetos para criar caminhos, subir em áreas, agachar, engatinhar, pular, se equilibrar e, finalmente, correr. Também foi adicionado um inventário para cada um dos personagens com itens e ferramentas específicas de cada um deles. Ainda é um sistema bastante experimental, já que como não mudamos livremente de personagens, se torna bastante óbvio qual item precisaremos usar, mas é um sistema que pode ser melhorado em outros jogos.

O jogo segue com seus colecionáveis como segredos e premonições, bem como moedas para trocar por dicas com o Curador.

The Devil in Me também possui modos multiplayer oferecendo a possibilidade de compartilhar essa aventura macabra com amigos, seja de forma online ou em modo cooperativo local. História Compartilhada é a opção online, e você pode se juntar com outro jogador para explorar essa mesma história juntos. Já Sessão de Cinema, oferece a experiência local e compartilhada entre 2 a 5 jogadores, com cada um assumindo um personagem por vez, passando o controle quando o jogo determina.

Gráficos e Som

A Supermassive foi muito feliz na criação da atmosfera para The Devil in Me, principalmente no hotel, onde grande parte da trama se desenvolve. O local é cheio de corredores e detalhes que alertam para a estranheza de tudo o que o envolve, e cada novo cômodo descoberto deixa claro que ali vive uma mente bizarra e cheia de maldade. A sensação de claustrofobia e desorientação é constante, bem como o medo do que pode surgir adiante. Um lugar perfeitamente calculado para transformar seus visitantes em ratinhos de um laboratório do horror.

O nível de detalhes gráficos segue bastante alto nos ambientes deixando a experiência ainda mais imersiva. O mesmo pode ser dito dos personagens, que são criados cheios de detalhes realistas. Ainda assim, as animações dos personagens ainda deixam a desejar, com movimentos muito rígidos, que não passam naturalidade e por diversas vezes resultam em expressões bizarras. Em grande parte do tempo as animações são bem representadas, mas ainda carecem de um maior polimento para momentos nos quais os personagens precisam entregar um pouco mais de emoção, o que atrapalha um pouco na imersão.

A trilha sonora segue pontual, mas muito coesa com toda a proposta. Os efeitos de sons e ruídos seguem o padrão de excelência da franquia, com barulhos que causam medo, tensão e nos fazem sentir ansiedade sobre o que pode estar nos rondando. Assim como seus antecessores, The Devil in Me está totalmente legendado em português do Brasil, o que é essencial para um jogo focado em narrativa e decisões difíceis. Ainda assim, acredito que já passou da hora da série trazer dublagem no nosso idioma, para aumentar a qualidade de toda a jornada.

Opinião

The Dark Pictures Anthology: The Devil in Me fecha a primeira temporada trazendo foco para um serial killer que existiu na vida real, misturando ficção e fatos reais para entregar uma aventura cheia de momentos intrigantes e com muito mais interatividade, trazendo novos elementos de gameplay que fazem o jogador ser um pouco mais ativo na aventura do que um simples espectador, algo que abre novas possibilidades para serem trabalhadas na segunda temporada

A narrativa flui bem, nos mantendo curiosos e tensos até o final, sem saber como tudo aquilo irá terminar. A grande ramificação de escolhas e diversos finais também aumentam o fator replay para aqueles que gostam de testar todas as possibilidades. Só achei que poderiam mostram mais em tela sobre o vilão e suas motivações, e não deixar essas informações espalhadas por documentos e gravações. Acredito que desenvolver isso com cenas traria mais impacto para toda a experiência.

No geral, foi um bom encerramento para a primeira temporada de The Dark Pictures, que trouxe um pouco de temas famosos dentre os fãs do terror, para entregar boas histórias para quem curte o gênero.

Plataformas: Xbox One e Xbox Series X|S
Publicado por: Bandai Namco Entertainment America Inc.
Desenvolvido por: SUPERMASSIVE GAMES
Data de lançamento: 17/11/2022
Opções de compra: Microsoft Store

O jogo foi cedido gentilmente pela Bandai Namco para a realização desta análise.

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