A prmeira vez que vi o trailer de Somerville, eu imediatamente percebi uma atmosfera artística muito parecida com a do jogo Inside, logo depois ficou claro de onde eu sentia esse DNA, pois ele foi criado em colaboração com Dino Patti, que nada mais é do que o co-criador de Limbo e do próprio Inside. O jogo se trata do contundente trabalho de estreia do estúdio Jumpship.
Com sua assinatura única, Somerville traz uma imersiva história que mostra uma pacata família no meio de uma catástrofe global, pois uma invasão alienígena mudará a vida de todos para sempre. Essa aventura de ficção científica adiciona um ponto de vista humano e emocional para o conflito e nos pega pela mão para uma jornada profunda.
Será que o jogo trouxe o sentimento dos jogos anteriores de seu criador? Confira em nossa análise.
Uma experiência narrativa imersiva e profunda
Somerville começa mostrando o dia normal de uma família, que está curtindo a noite vendo um pouco de televisão. Essa agradável rotina é quebrada com estranhas explosões, que logo se revelam como fruto de uma invasão alienígena. Eles então se refugiam no porão, mas um ser estranho atravessa o teto e estende a mão pedindo ajuda. Ao entrar em contato com ele, um clarão acontece e o pai da família cai no chão inconsciente. Sua esposa entra em desespero…. Tudo escurece até que um tempo depois, o pai acorda no mesmo lugar e encontra apenas seu cachorro ao seu lado. Ele percebe algo diferente em seu braço, com uma tecnologia que lhe permite desmontar estruturas alienígenas. Assim ele consegue sair da sua casa e encontra um mundo transformado.
O que aconteceu com a humanidade? Sua esposa e filho sobreviveram? Existem outros sobreviventes? Para onde deve ir? Quem são esses invasores? É assim que começa nossa jornada.
Assim como nos jogos anteriores de seu criador, Somerville não possui diálogos ou textos para explicar nada, devemos ir montando esse quebra-cabeça narrativo em nossa cabeça. Ainda assim, toda essa trama mais subjetiva consegue nos guiar e nos fazendo entender aos poucos do que a jornada desse pai significa. É impressionante como a Jumpship consegue nos deixar tão imersos durante toda a sua duração com sua trama de ficção científica que se destaca com uma visão humana e cheia de sensibilidade de acordar em um mundo transformado sem saber o que aconteceu com todos, principalmente sua amada família.
Apesar dessa ausência de textos, o jogo consegue passar muito bem sua mensagem e mexe com os nossos sentimentos.
Foco na jornada, sem grandes desafios
Somerville possui um claro foco em sua narrativa, dessa forma sua jogabilidade se limita ao personagem andar pelos cenários em busca de pistas que ajudem a resolver puzzles. Esses quebra-cabeças são bastante simples e desafiam apenas nossa capacidade de observar bem os ambientes, pois as pistas geralmente são muito óbvias. Entendo que essa falta de desafio foi proposital para não quebrar a imersão, mas acredito que um pouco mais de complexidade daria uma boa intensidade para a experiência. A estrela aqui claramente é o seu mundo e não as mecânicas.
Em outros momentos precisamos apenas fugir dos visitantes de outro mundo seja quando criaturas nos perseguem ou quando a nave maior direciona seu poderoso feixe de luz em nossa direção e precisamos encontrar abrigo para sobreviver. Em ambos os casos não existe chance para nosso personagem, e a morte é certa caso sejamos alcançados. Os checkpoints são bem generosos então poderá recomeçar de um ponto bastante próximo caso falhe.
Por fim, nossa habilidade adquirida misteriosamente enquanto estávamos inconscientes possibilita manipular, com a ajuda da luz, determinadas estruturas alienígenas, seja para criar caminho destruindo barreiras ou solidificar outras para nossa movimentação.
A duração de Somerville fica em torno das 3 horas, podendo se estender um pouco para quem desejar desbloquear todas as Conquistas ou para explorar todos os finais possíveis.
Um universo fantástico e único
A apresentação audiovisual artística de Somerville é impecável. O time da Jumpship conseguiu entregar uma obra que exala uma beleza única e fantástica, que facilmente ficará marcada em sua memória. Seus cenários, feitos a mão, conseguem ser ao mesmo tempo simples e grandiosos, com traços que a primeira vista parecem ser básicos, mas que em conjunto entregam uma beleza estonteante. O trabalho de câmera ajuda bastante a engrandecer essa arte, mudando de ângulo quando necessário, entregando uma experiência cinematográfica.
Mas nem tudo são flores nessa atmosférica aventura. Em alguns momentos, estruturas que deveria abrir após um puzzle não se moviam, sendo necessário voltar no checkpoint para refazer o trajeto. Em outro momento meu personagem ficou preso dentro de estruturas, também sendo necessário refazer. Felizmente, o estúdio está ciente desses problemas e já trabalha em uma atualização. O desempenho é muito bom no Xbox Series X, onde o jogo é otimizado, sempre oferecendo uma experiência fluida e estável.
A trilha sonora é poderosa e emocionante, trazendo impacto e potencializando cada acontecimento, seja aqueles que transbordam emoção, descoberta ou perigo. As canções são preciosas e se encaixam com perfeição. Os efeitos sonoros não ficam atrás e ajudam a criar uma atmosfera imersiva.
Apesar de não ter nenhum tipo de diálogo ou texto, a interface do jogo está toda traduzida para o Português do Brasil.
Opinião
Apesar de sua curta duração, Somerville consegue entregar uma bela obra, que te deixa imerso no que acontece na tela todo o momento. Você cria uma conexão com aquele personagem, que assim como você almeja por respostas em uma busca desesperada por sua família em meio a todo aquele caos. Tudo brilhantemente conduzido com sensibilidade e atiçando nossa curiosidade com todo aquele mistério que nos envolve.
Ainda acredito que os puzzles poderiam ter sido mais trabalhados para trazer um pouco mais de desafio para os jogadores, mas toda a jornada geral é tão gostosa, imersiva, única e grandiosa que essa falta de mais complexidade no gameplay acaba sendo um problema secundário. Somerville é uma experiência marcante e umas das grandes joias do catálogo do Xbox Game Pass.
Plataformas: Xbox One, Xbox Series X|S e PC
Publicado por: Jumpship
Desenvolvido por: Jumpship
Data de lançamento: 14/11/2022
Opções de compra: Microsoft Store
O jogo foi acessado via Xbox Game Pass para a realização desta análise.