O survival horror é um dos gêneros mais explorados, no qual tivemos uma grande evolução desde os anos 80/90. Entre histórias sem sentido ou clichês, esse tipo de jogo tenta se reinventar, optando hoje em maioria por jogos de mundo aberto. Uma das franquias que mais me chamaram atenção nessa temática foi Dead Island, que trouxe algo mais imersivo, com uma câmera em primeira pessoa e armas feitas pelos próprios sobreviventes. Outro jogo que usou essa fórmula, mas que possui uma grande diferencial é Dying Light, no qual temos o parkour como forma de locomoção.
Após alguns adiamentos tivemos o lançamento de Dying Light 2 Stay Human, que promete levar a franquia para um outro patamar , será que a Techland conseguiu?
UM NOVO APOCALYPSE
Uma das grandes mudanças de Dying Light 2 Stay Human é o seu mundo, que está vivendo as consequências de uma pandemia mundial há bastante tempo. Esse paralelo com o que estamos vivendo atualmente é até assustador, mas trouxe um contexto incrível para a obra.
Assim que começamos nossa aventura somos introduzidos a Aiden, o protagonista da história, que tem uma missão principal, encontrar sua irmã perdida. Os primeiros minutos de nossa aventura, funcionam como um tutorial, mostrando como é a vida de um peregrino. Aiden vai de uma cidade para outra, sobrevivendo em locais de mata fechada, que possuem bem menos recursos do que uma grande metrópole. Após essa sequência de treinamentos, descobrimos o básico para sobreviver nesse mundo.
Antes de começarmos nossa aventura na cidade de Villedor, temos um encontro com ecos do nosso passado, algo que ajuda a mostrar as motivações de Aiden, que fará de tudo para encontra sua irmã.
Diferentemente do primeiro jogo, aqui o apocalipse aconteceu há bastante tempo, então as pessoas já sabem como sobreviver, se tornando um lugar ainda mais perigoso.
HISTÓRIA
A história de Dying Light 2 Stay Human é clichê como na maioria das obras do gênero, mas com algumas surpresas em sua trajetória. Na busca pela irmã de Aiden temos que fazer escolhas muito difíceis e isso é a parte mais legal da história, pois não se trata do bem vs. mal, aqui são pontos de vista diferentes, que podem confundir em determinados pontos do enredo.
Os personagens secundários são bem explorados, principalmente se o jogador fizer as missões secundárias. Algumas decisões também aumentam o escopo de determinados personagens, então escolha com sabedoria, pois sua decisão pode salvar ou matar alguém.
Toda boa história tem um vilão e realmente aqui temos um. Com motivações próprias, nosso vilão tem uma justificativa para o que está fazendo, algo que nos faz pensar se realmente os fins justificam os meios.
A cidade de Villedor também tem muito o que contar sobre o enredo, com diálogos entre os NPCs, documentos e fitas espalhadas por todos os cantos.
Existem algumas reviravoltas na história que causam um certo impacto, mesmo que o jogador tenha premeditado o que poderia acontecer. Isso é interessante, para que nos momentos de transição da história, seja injetado mais adrenalina e o jogador fique interessado em saber o que vai acontecer em seguida.
UM MUNDO A EXPLORAR
Dying Light 2 Stay Human possui um nível enorme de exploração, seja correndo pelos prédios, escalando ou mesmo voando de parapente. Praticamente tudo no mapa é alcançável, aumentando ainda mais a imersão em uma grande metrópole. Outro item importante de locomoção é a corda com gancho, com a qual podemos subir em áreas ainda mais perigosas.
Todo o cenário possui grandes possibilidades para se locomover, podemos agir rapidamente usando o parkour, e o melhor disso tudo é que o jogador pode escolher qual caminho seguir. Existem inúmeras maneiras de se chegar de um ponto a outro, mesmo em áreas fechadas isso também esta presente.
Como estamos falando de um cenário pós apocalíptico, a humanidade está começando a se reerguer, então temos assentamentos isolados, com comércios, entretenimento e, em muitos casos, uma segurança mais pesada. Assim que nos comunicamos com esses assentamentos, temos uma boa variedade de atividades para se fazer, como compra e venda de itens, recursos, artesãos e algumas missões secundárias.
Lembra que falei das missões secundárias, além delas, existem algumas atividades bem interessantes para se fazer, algo que ajuda na evolução de Aiden. Uma das que achei mais legal é encontrar os baús da EGS, que fornecem inibidores e itens como armas e roupas para fortalecer nosso personagem. Outra atividade que se destaca é a anomalia da EGS, uma luta em arena contra um inimigo mais forte, onde no final. quando ganhamos, podemos abrir um baú com mais inibidores e itens. Esses inibidores aumentam nossa imunidade, assim como adicionam pontos de vida e estamina, algo que reflete em nossa sobrevivência.
Existem outras atividades, como desafios de luta e parkour, que são interessantes para testar suas habilidades em níveis avançados.
O SOBREVIVENTE
Aiden é um sobrevivente real e precisa se fortalecer para o que vem pela frente, para isso, temos elementos de RPG, como pontos de experiência de parkour e combate, que ao atingirem um nível, ganhamos 1 ponto para comprar uma habilidade em uma árvore extensa.
As opções são muito interessantes, com habilidades que se mostram bem úteis, então busque sempre evoluir. Essa é a maior dica para sobreviver.
Toda ação gera experiência, algo que estimula o jogador a executar manobras de parkour e também a lutar contra os zumbis. Mas temos outra maneira mais rápida de evoluir, que são as missões principais e secundárias, que no final presenteiam os jogadores com pontos e itens. Vasculhe VIlledor por oportunidades.
Aiden pode utilizar armas construídas com pedaços de sucatas, algo que combina com a atmosfera pós apocalíptica. Assim como no primeiro jogo, podemos customizar essas armas com peças, melhorando seu dano ou adicionado eletricidade ou fogo. Além das armas, também é importante a criação de itens de uso, como remédios, facas de arremesso e coquetéis molotov para fritar os zumbis.
O combate é uma das partes mais fracas do jogo, ficando o parkour como algo mais sólido. Espero que em um próximo jogo isso seja melhorado. Falo isso, por que em alguns momentos a precisão das armas brancas não são boas, ficando algo meio desleixado.
NO CAIR DA NOITE
Um dos maiores trunfos da aventura de Dying Light 2 Stay Human é a sua exploração noturna. Temos um medidor que marca nossa imunidade, que vai baixando em áreas escuras e consequentemente durante a noite. Para subir o medidor, devemos ficar em áreas que possuem luz ultra violeta ou tomando medicamentos que ajudam a retardar a infecção. Assim que a manhã chega, tudo volta ao normal e podemos respirar mais aliviados.
A noite também é um momento que algumas atividades ficam disponíveis. Lembra da anomalia que citei anteriormente? Então, essa atividade só é liberada durante a noite.
A noite é o momento de maior tensão. O número de zumbis aumenta e algumas criaturas, como os voláteis, só aparecem nesse período. Caso um berrador te note, ele vai atiçar todas as criaturas a te perseguir. Aí começa um jogo de fuga, no qual o jogador tenta sobreviver até o ponto de luz ultra violeta mais próximo, que geralmente é algum assentamento.
Alguns desses inimigos também aparecem em áreas de pouca luz, então dentro de alguns locais você não estará em segurança.
ESCOLHAS E CONSEQUÊNCIAS
Um dos pontos mais importantes na história de Dying Light 2 Stay Human são as consequências de suas ações. Em determinados momentos da jogatina, você será obrigado a decidir entre dois pontos de vista, que até podem estar certos, mas você terá que escolher um lado. Essa dinâmica de decisões confunde nossa cabeça, pois a medida que interagimos com esses personagens, nossa opinião pode mudar.
As decisões também são importantes em missões secundárias, com consequências difíceis de prever. Dificilmente você encontra isso no atual mercado de games, então é de se aplaudir a importância que deram em algumas missões paralelas.
UMA GUERRA PARA SOBREVIVER
Lembra quando eu disse que o mundo de Dying Light 2 Stay Human possui assentamentos e povoados mais evoluídos? Podemos falar que alguns assentamentos são nomeados como facções, algo que faz com que o jogador fique no meio dessa guerra. Tomar partido faz parte das nossas difíceis decisões, que interferem na evolução dessas facções. Elas estão em uma constante batalha por poder, algo que vai interferir, e muito, em nossa história.
Entre as atividades que podemos fazer pelo jogo, temos a ativação de torres ou usinas elétricas, que dão vantagens para esses assentamentos. O jogador também é recompensado com alguns itens exclusivos de cada facção, algo que deve ser pensado estrategicamente.
A facção dos pacificadores tende a ter itens mais armamentistas, já os sobreviventes exploram a movimentação, recompensando com itens que dão uma vantagem na hora de se mover pelos prédios.
A PARTE TÉCNICA SUPREENDE, MAS COM RESSALVAS
Os gráficos de Dying Light 2 Stay Human me confundem em muitos momentos. Uma hora penso que são bonitos, outra nem tanto assim. Acredito que essa opção do estúdio por trazer alguns tons mais sujos podem tirar um pouco do brilho do jogo, mas caso você explore a fundo a cidade de Villedor, você descobrirá lugares que exploram toda a beleza da obra.
Os zumbis são uma parte que entra nesse quesito de pouca definição, acredito que poderiam melhorar o aspecto de texturas dessas criaturas. A engine peca na hora do encontro com elas, com bugs que travam os corpos no chão ou caem com uma física um pouco pobre.
Tive alguns problemas ao jogar por muitas horas nas partes mais escuras, acabei forçando a minha visão e tive que parar por que estava com dores de cabeça. Acredito que pesaram a mão um pouco na hora de diminuir os pontos de luz, algo que é uma opinião e talvez nem incomode para alguns jogadores.
A parte sonora atende bem o seu propósito, com uma trilha que embala nos momentos certos e oferece tensão quando é preciso. Existe também um ótimo trabalho de dublagem, com vozes que combinam com seus respectivos personagens.
Jogando em um Xbox Series S não tive problemas de quedas de frames, ficando um único crash, que não aconteceu mais depois da primeira atualização.
OPINIÃO
Dying Light 2 Stay Human é uma grata surpresa, pois mesmo com um desenvolvimento conturbado, entre tantos adiamentos, ainda sim, trouxe algo de bom para o gênero.
A movimentação é algo a se elogiar, evoluindo a maneira de fazer parkour, principalmente pela variedade de movimentos, que mesmo com horas de jogatina, ainda sim conseguimos aprender novas maneiras de atravessar a extensa cidade. A história, mesmo sendo clichê, tem momentos de tensão e surpresas na medida certa. O destaque fica para as decisões que não são tão preto no branco, embaralhando a cabeça do jogador e instigando a jogar várias vezes para descobrir qual seria a melhor.
A ambientação é muito boa, principalmente na hora de transmitir que estamos em um mundo no qual já aconteceu a infecção há bastante tempo. A cidade de Villedor é imensa, então dificilmente iremos enjoar dos trajetos feitos, principalmente por haver muita verticalidade nos cenários, além de um subterrâneo que é bem sinistro. Um dos problemas que encontrei no jogo foi o combate, que não teve a mesma excelência do ótimo parkour, ficando o gostinho de que poderia ter sido melhor desenvolvido.
Dying Light 2 Stay Human conquista o jogador desde os primeiros minutos de jogatina, simplesmente por trazer muitas opções para se lançar no mundo de Villedor.
Plataformas: Xbox One, Xbox Series X|S
Publicado por: Techland
Desenvolvido por: Techland
Data de lançamento: 03/02/2022
Opções de compra: Amazon e Microsoft Store