Rainbow Six sempre foi muito importante na história dos jogos, afinal são mais de 20 anos com a obra conquistando o coração de um público apaixonado. Em 2015 tivemos o lançamento de Tom Clancy’s Rainbow Six Siege, que teve um lançamento conturbado e muitas vezes se tornando um jogo desacreditado pelo público e a mídia, até que tudo mudou, se tornando um marco no e-Sports.
Rainbow Six Siege é um case de sucesso, mostrando como as empresas devem trabalhar o pós lançamento.
Agora, em 2022, tivemos o lançamento de Rainbow Six Extraction, um novo capitulo da franquia, que trouxe algo diferente. O jogo se passa no mesmo mundo de Siege, só que ao invés de lutarmos contra outros soldados, agora enfrentamos uma invasão alienígena, chamada de Archæans, que se trata de um parasita mortal, que força o recém formado esquadrão da REACT a agir com muita inteligência e poder de fogo. Diferentemente de Siege, ao invés de lutar contra outros jogadores, aqui nos unimos em um esquadrão de até três soldados, ou solo, para acabar com a ameaça alienígena.
Será que Rainbow Six Extraction consegue prender o jogador com essa premissa, ou foi uma aposta difícil de dar certo? Descubra em nossa análise a seguir.
REAÇÃO IMEDIATA
Nos primeiros minutos de Rainbow Six Extraction somos apresentados ao esquadrão REACT e a importância da preparação para enfrentar os Archæans. Para lidar com essa ameaça, o esquadrão construiu o treino em realidade virtual, no qual o jogador conhecerá alguns tipos de inimigos, objetivos principais, secundários e como usar os equipamentos e armas.
Além do treino em realidade virtual, cada localidade possui uma lista de objetivos próprios, que reflete no que conhecemos da nossa ameaça. Além de nos dar mais informações, ao completar cada objetivo, ganhamos experiência e itens de customização para os nossos operadores.
ESTRATÉGIA, DO GREGO, ESTRATEGI
Um dos pontos mais importantes da franquia Rainbow Six é a arte de dominar a estratégia. Sendo assim, é bem importante que caso você não seja um jogador regular de Rainbow Six Siege, você preste atenção a alguns detalhes e avisos na tela em Extraction. Muitos comandos e conceitos são compartilhados entre esses jogos, principalmente na hora de abordar um ambiente.
Além das armas tradicionais, que são divididas em primárias e secundárias, podemos usar granadas especiais e alguns equipamentos, como um drone de reconhecimento, algo que muitos conhecem em outros jogos da franquia. As combinações de equipamentos são as mais variadas, então a estratégia já começa no loadout do seu operador. Além disso, cada operador possui uma habilidade ARC, que são bem úteis para sair de situações de risco, como o médico que usa uma pistola de recuperação de vida ou outro operador que pode disparar minas de atordoamento.
Outro ponto importante da estratégia, é a escolha do seu operador, seja em grupo ou solo devemos no atentar a usar os operadores que fazem sentido para aquela incursão. Lembrando que muitos operadores já são conhecidos dos jogadores de Rainbow Six Siege.
Conforme completamos as missões aumentamos nosso nível de ARC, que serve para avançar em localidades ainda mais perigosas e para desbloquear novas skins. Além disso, cada operador possui também um nível, que desbloqueia novas armas e equipamentos.
A estratégia também é usada na administração de nossos operadores, que podem morrer ou se ferir, fazendo com que o jogador tenha que usar outros operadores nas incursões, inclusive em uma missão de resgate do nosso operador perdido.
Cada rodada vencida adiciona pontos de vida para nosso time, então use cada um deles com muita cautela, para que não fique com o esquadrão desfalcado.
PERIGO REAL
Assim que completamos nosso treino, é hora de enfrentar nossos medos nas incursões do jogo. Começando pela cidade de Nova Iorque. A região se divide em três mapas diferentes, que possuem layouts com áreas externas e internas. Geralmente os mapas do jogo são pequenos, mas com muitas salas, algo que força os jogadores a vasculharem cada cantinho do cenário e mudar suas táticas com frequência.
Conforme avançamos nosso nível ARC, ficam disponíveis mais cidades e objetivos, algo que estimula o jogador a melhorar sua performance. Mas fique ciente, que o nível de ameaça sobe consideravelmente, então só avance em outros territórios quando estiver com operadores melhorados ou um esquadrão mais experiente.
Esse balanceamento de esquadrão é bem importante, para que o jogo não se torne mais fácil, algo que ele está bem longe de ser. Caso chegue em outras cidades mais avançadas, o nível de perigo sobe consideravelmente, fazendo com que os jogadores repensem suas estratégias iniciais.
UMA AMEAÇA VINDA DO ESPAÇO
O grande inimigo do jogo são os Archæans, uma espécie de parasita que domina o ambiente e evolui bem rapido. Assim que começa sua primeira infestação, surgem as colmeias, um ninho que de tempos em tempos, ou quando se sente ameaçada, já começa a gerar vida alienígena.
Mas de onde começou essa “invasão”? O primeiro parasita foi encontrado pela antiga União Soviética, que o mandou para o espaço por razões desconhecidas, e depois de muitos anos caiu no Novo México. Após ser encontrando por Boyd Brooks, que tentou vender a capsula, ele foi infectado e acabou contaminando uma cidade inteira, fazendo com que o governo tivesse a difícil decisão de lançar uma bomba nuclear no local. A catástrofe foi parada pela equipe Rainbow, que teve a missão de ir ao local para ajudar com o problema.
Todos os esforços não funcionaram, então acabaram mudando a missão para o resgate da Dra Ellen Mackintosh, que busca uma cura para o parasita. Muitos anos se passaram até então, e o parasita evoluiu para os Archæans, que não precisa mais de um hospedeiro. Após contaminar várias cidades dos Estados Unidos, a REACT, uma equipe criada para lidar com a ameaça, isolou as áreas infectadas e agora luta incansavelmente uma guerra que não parece ter fim.
UMA ESPÉCIE PERIGOSA
Como disse anteriormente, os Archæans são uma espécie que age como uma parasita, mas que já evoluiu ao ponto de ameaçar a espécie humana. Abaixo vou citar os principais e minha experiência com cada um deles:
- Colmeia – Esse inimigo é uma de nossas prioridades, afinal caso não seja destruído ele pode gerar outros inimigos, causando muitos problemas para a nossa equipe.
- Grunts – Uma espécie de humanoide, que não possui tanta resistência, mas em grande número pode nos destruir facilmente. A maneira mais fácil de derrotá-lo é na surdina, com uma ataque pelas costas ou com armas silenciosas.
- Rooter – Esse quadrupede geralmente anda próximo aos grunts, forçando o jogador a lidar separadamente com cada um. Ele possui uma carapaça dura e tem um ponto fraco bem na cabeça, sendo a maneira mais fácil para não gastar muita munição.
- Bloater – Uma monstruosidade que carrega um protuberância nas costas, que pode variar em veneno e explosão. Algo que pode te pegar de surpresa, inclusive destruindo paredes.
- Spikers – Os espinhosos são praticamente uma evolução dos grunts, mas com a letalidade de disparos de espinhos, forçando o jogador a se proteger em algum objeto.
- Tormentors – Esse inimigo pode se teleportar pelo mofo, fazendo com que seus movimentos se tornem imprevisíveis.
Existem muitos outros inimigos, mas confesso que esses citados foram os mais marcantes em minha jornada. O grande destaque do jogo são as inúmeras variações de espécies existentes, algo que sempre pode surpreender os jogadores. Ainda assim, a experiência em Rainbow Six Extraction, vai muito além dos inimigos por si só, cada ambiente possui objetivos para serem cumpridos, algo que já falei anteriormente, é ai que mora o grande perigo. Esses objetivos nos colocam em uma posição na qual podemos cometer muitos erros.
Os objetivos variam desde incursões de resgate, captura de inimigos ou até mesmo estudo de ambientes. Ainda falando da missão de resgate, temos que lidar com uma árvore, que está prendendo o agente a ser resgatado, só que para isso devemos desprender dos galhos, forçando com o direcional, e atirando nos esporos que saem de alguns de seus galhos. Após conseguir, temos que ir para a zona de extração, mas caso não tenha eliminado os inimigos da área, eles podem tentar nos eliminar e nos impedir de extrair. Esse é só uma das várias situações nas quais o objetivo complica nossa vida.
Várias vezes temos que fazer escolhas, para que nossos operadores não percam experiência ou nível ARC, como por exemplo, abandonar os estágios finais de uma incursão e extrair. Cada operador de nosso esquadrão precisa votar nessas decisões, algo que pode criar uma tensão entre os jogadores.
POR QUE NÃO UM DLC?
Rainbow Six Extraction é um jogo bom, porém ao jogar por algumas horas, percebe-se que ele pega a maioria dos conteúdos de Rainbow Six Siege. Isso não é algo necessariamente ruim, pois realmente Siege segue em seu ápice. No entanto, será que não poderia ser uma expansão, com um preço mais atrativo ou mesmo algo para trazer o público de Siege, se tornando um só produto, algo semelhante a COD e Warzone?
Isso fica ainda mais evidente, quando se é um jogador de Siege, no qual reconhecemos os operadores e até mesmo os seus atributos. Com o passar do tempo, isso pode enjoar alguns jogadores que já vivenciaram certos conteúdos.
Espero que a parte de conteúdo pós-lançamento seja tão boa quanto Siege, algo que será de extrema importância para que o jogo continue vivo por muitos anos. Ainda mais por se tratar de um jogo cooperativo,que depende bastante da experiência do serviço.
PARTE TÉCNICA IMPECAVÉL
Os requisitos técnicos de Rainbow Six Extraction são muito bem construídos, trazendo uma qualidade que não despenca em nenhum momento. Os efeitos sonoros causam uma ótima imersão, passando todo o perigo que nos cerca.
O jogo possui localização completa em português, incluindo diálogos em nosso idioma, algo que ajuda no entendimento de alguns pontos da história.
Os gráficos são bonitos, com ótimos efeitos de iluminação e sombra, algo que combina com toda a atmosfera. O design de armas e operadores continuam interessantes, inclusive com uma boa variedade de skins. Os inimigos também dão um show a parte, com um design bem ameaçador e que não se mostra repetitivo.
Os servidores se comportaram muito bem, mesmo com uma grande quantidade de jogadores provenientes do Xbox Game Pass. Não tive problemas para conectar e também achar partidas.
OPINIÃO
Rainbow Six Extraction é uma ótima opção para quem curte incursões em esquadrão. As missões são bem interessantes e com uma alta dose de dificuldade. O jogador pode fazer as incursões em solo, mas certas missões ficarão insustentáveis jogar dessa forma, então procure um grupo fixo para otimizar suas partidas e, claro, se divertir.
A estratégia é a alma do jogo, sendo necessário administrar nossos operadores, melhorando os que mais gostamos e os que fazem sentido para o grupo. Além disso, como em um time de futebol, temos que administrar o tempo de descanso entre as incursões, então cuide bem dos seus operadores. Os inimigos são bem interessantes, com uma boa variedade e desafio, algo que combinou bastante com toda a proposta. Além disso, alguns tipos de jogadas e equipamentos tendem a se repetir o que geralmente é feito em Siege, principalmente na hora de abordar uma sala.
Rainbow Six Extraction conquistou meu coração, mas sinto que poderia ser somente um DLC, algo que aumentaria o número de jogadores fixos e diminuiria o custo da venda final. Muito do que temos disponível no jogo foi usado de Siege, então até faria sentido, né dona Ubi? O que me preocupa é o futuro do jogo, mas espero que a Ubisoft faça um trabalho tão bom quanto foi feito em Siege, com ótimos conteúdos pós-lançamento.