A franquia Call of Duty é um dos produtos mais lucrativos da Activision Blizzard, com receitas superiores a 3 bilhões de dólares. Grande parte desse sucesso se deve a união de uma boa campanha, multiplayer frenético e um sistema recheado de conteúdos alavancado por temporadas. Outro fator que tem dado certo foi manter Warzone como um produto gratuito, que mesclado com os jogos da franquia anuais conseguem conquistar novos jogadores.
Em 2021, em um ano cheio de dúvidas, principalmente pela grande quantidade de adiamentos, tivemos o lançamento de Call of Duty: Vanguard, que voltou para a segunda guerra mundial, um tema que foi bastante explorado por jogos anteriores.
Será que a fórmula de campanha, zumbis e multiplayer conseguiu ter uma boa qualidade? Ou abraçar várias modalidades não foi uma boa opção? Descubra em nossa análise a seguir.
A VANGUARDA
Call of Duty: Vanguard conta a história de um esquadrão em formação, que se une para concluir uma missão secreta. Lógico que a missão não tem um desfecho tão simples, então cabe a Força-Tarefa 1 buscar uma solução. Diferentemente dos jogos anteriores da franquia, em Vanguard participamos de vários momentos históricos que cada integrante viveu. Desde a investida em Stalingrad até o Dia D, cada missão é feita para que tenhamos conhecimento das qualificações de nossa equipe. Essa dinâmica é bem legal, pois podemos vivenciar momentos históricos, sob a visão de um herói.
O líder, Arthur Kingsley, é um paraquedista britânico, e também serve como narrador da trama. Ele é acompanhado por outro britânico, o sargento Richard Webb, o tenente especialista em explosivos australiano Lucas Riggs, o piloto norte-americano Wade Jackson e a sniper soviética Polina Petrova. Cada personagem possui suas qualidades, que serão de extrema importância para nossa jornada.
A história mescla flashbacks de cada integrante da Força-Tarefa 1, com o presente no qual nos encontramos. Fiquei bem empolgado com a história, mas acho que dar tempo para muitos personagens tira um pouco do peso de determinados momentos, parecendo que tudo foi muito corrido. O grande destaque entre os heróis é a Polina, uma atiradora de elite russa, que é muito importante para o conflito, uma verdadeira lenda entre o esquadrão.
Os vilões também são interessantes e com muita personalidade, algo que ajuda a trazer mais seriedade para a história. O grande destaque de atuação vai para o conhecido Dominic Monaghan (Lost), que faz o papel de um dos vilões. Dominic tem experiência com captura de movimentos, pois o ator já trabalhou em Quantum Break, e fez um bom trabalho. Foi importante ter um rosto conhecido entre os vilões, sendo assim, ele conseguiu usar sua atuação para impactar algumas cenas.
Call of Duty: Vanguard toca em alguns temas importantes como racismo e feminismo, mas com muita responsabilidade e embasamento, algo que não é tão bem feito em outros produtos.
UM ESQUADRÃO HABILIDOSO
Um dos maiores destaques da campanha, é ter diferentes experiências para cada integrante da Força-Tarefa 1. Cada soldado foi devidamente escolhido pelas suas habilidades únicas.
O Líder Kingsley tem a habilidade de dar ordens para outros soldados, algo que ajuda na hora de organizar os embates. Lucas Riggs é um especialista em explosivos, que podem destruir grandes estruturas. Petrova também é outra personagem importante, com um arco de história cheio de drama, além de ter a habilidade de subir em alguns lugares que outros soldados não conseguem ou se esgueirar por lugares muito apertados.
O que seria de uma equipe sem seu piloto. Wade é um soldado com um temperamento forte, que pode ajudar bastante na missão. As fases do personagem mesclam entre tiroteios a pé e combates aéreos, que são bem divertidos, mas com pouco tempo de tela.
As missões de cada integrante do esquadrão são bem interessantes, com uma grande variedade de localidades e acontecimentos históricos, Só que como a campanha não é tão longa, sinto que o jogo ficou com cara de prelúdio, deixando o menor tempo de tela para os acontecimentos da missão secreta em questão.
Os momentos de tensão e frenesi ainda estão presentes, algo que sempre aumenta a emoção de completar algumas missões. O grande destaque, para mim, é a batalha de Midway e o arco de Polina na Rússia, no qual temos alguns momentos bem tristes e que criam aquele ar mais dramático.
O desfecho da campanha foi bem satisfatório, com uma história que fecha os acontecimentos e não deixa nenhuma ponta solta. A cena pós-créditos é bem legal, principalmente pela homenagem discreta para alguns jogos da franquia.
MULTIPLAYER CONTINUA FRENÉTICO
A campanha de Call of Duty: Vanguard não é tão longa, então gastei meu maior tempo no multiplayer competitivo do jogo. Aqui a pegada mais frenética continua, com momentos de tirar o folego e algumas frustrações, principalmente na hora do respawn, que continua a ser problemático.
A progressão é bem rápida e recompensadora, dando a sensação de que realmente estamos evoluindo. A cada nível avançado ou objetivo conquistado, ganhamos novos itens, armas, killstreaks e várias skins para customização.
Os operadores também se configuram como classes, com progressão própria e até mesmo skins para serem desbloqueadas. Esse sistema de desafios para os operadores se mostra bem útil, deixando o jogador evoluir o seu personagem preferido.
Para desbloquear um operador devemos completar alguns desafios, como acertar 100 tiros na cabeça ou mesmo eliminar alguns inimigos com uma arma especifica, algo que aumenta o desafio das partidas.
Em Vanguard temos uma boa seleção de modos, com os tradicionais Mata-mata em equipe, Dominação, Free For All, e o meu preferido, o Baixa Confirmada, que traz umas sacadas bem interessantes na hora da partida. Entre os novos modos, posso destacar o modo Patrulha, no qual temos um ponto a ser defendido, só que o mesmo está em movimento, dificultando na hora da defesa.
A variedade de mapas já impressiona, isso somado a posterior fusão com Warzone levará o jogo para outros níveis.
Outro destaque do jogo é a customização das armas, que é bem simples e cheia de variedade. Nunca foi tão fácil montar seu loadout predileto e sair atirando. As armas clássicas da Segunda Guerra continuam, mas sinto que nos níveis posteriores ficam tão poderosas que parecem ser armas modernas. A quantidade de armas e acessórios é muito boa, porém para os novos jogadores fica complicado jogar contra os veteranos, pois as armas quando estão evoluídas ficam bem poderosas.
O tiroteio continua com a diversão habitual dessa modalidade, com uma boa precisão dar armas e explosivos. A destruição dos mapas é bem legal, pois abre um leque de opções na hora do combate.
ZUMBIS PRECISA DE MUDANÇAS
O modo zumbis é o mais fraco na minha opinião, simplesmente por carecer de conteúdo no lançamento. Acredito que lançar posteriormente era o caminho mais correto, para ter algo de maior qualidade.
Aqui temos um modo básico, que pode ser jogado em co-op ou sozinho, no qual o jogador está nas ruínas de Stalingrado e deve entrar em fendas dimensionais para completar alguns desafios. Essa mecânica é até interessante nos primeiros minutos, só que ao começar a repetir os mesmos objetivos, fica algo maçante, tirando aquele brilho dos capítulos do Black Ops original, que na minha opinião ainda é o mais legal da saga dos zumbis.
Acredito que esse modo deveria virar algo como Warzone, que é independente da saga principal e está em constante evolução.
UM TRABALHO METICULOSO
O trabalho sonoro feito em Call of Duty: Vanguard é algo a se aplaudir de pé, com algo que nunca tinha visto na franquia. Cada música é orquestrada para combinar com o drama da cena, posso afirmar que é um dos aspectos mais fortes no jogo, ultrapassando qualquer quesito técnico.
O trabalho de localização também foi primoroso, com legendas e dublagens bem desenvolvidas. As vozes realmente combinam com os personagens.
Os gráficos são bonitos, com ótimos efeitos de iluminação e sombra. As armas também são cheias de detalhes e animações. A nova geração também já se mostra presente, com uma boa otimização para o carregamento de cenários. Mas nem tudo são flores, tive alguns problemas de travamento e lentidão em alguns momentos da campanha. No multiplayer os bugs também incomodavam, mas algo que pode melhorar com algumas atualizações.
OPINIÃO
Call of Duty: Vanguard possui uma campanha bem interessante, pois reúne personagens cheios de atitude e carisma, que passam o peso de vivenciar momentos importantes da guerra. Cada flashback que jogamos é uma preparação para o clímax do jogo. Só que ao tentar criar uma história de origem para um esquadrão inteiro, meio que passa rapidamente por situações que deveriam ter mais tempo de gameplay.
O multiplayer competitivo me agradou bastante, com modos bem ligeiros e divertidos. A progressão é bem rápida e recompensadora, fazendo com que o jogador se prenda ao sistema. O maior problema desse modo é mesmo de várias edições: o respawn. O gunplay é satisfatório, com uma engine que realmente causa danos reais nos inimigos. O modo zumbis nessa edição é um peso morto, no qual não temos prazer em avançar pelas ruínas de Stalingrad. Acredito que a solução era fazer um standalone como é Warzone.
Call of Duty: Vanguard aposta com segurança nas mesmas coisas e traz um jogo para agradar sua base de fãs. Espero que um dia tenhamos uma evolução, pois um dos shooter mais influentes não pode aceitar a zona de conforto.
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