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Análise – Tales of Arise

Anunciado na E3 2019, Tales of Arise, novo capítulo da popular franquia de action RPG no Japão, chegou após alguns atrasos causado pela pandemia. O objetivo é claro, revitalizar uma série que chega ao seu décimo sétimo título, mas manter os pilares que ajudaram a popularizá-la. A tarefa de reinventar-se não é nada simples. Como será que o Tales Studio, subsidiária da Bandai Namco, se saiu? Confiraem nossa análise.

O início da revolução

Tales of Arise é situado em um sistema com dois planetas vizinhos: Dahna e Rehna. Trezentos anos atrás, graças a sua superioridade tecnológica, os rehnanos invadiram e conquistaram Dahna, escravizando seu povo e dividindo-o em cinco reinos, cada um governado por um lorde rehnano. De tempos em tempos, o Concurso da Coroa é realizado para decidir qual dos cinco lordes será escolhido para se tornar o próximo soberano de Rehna, coletando o máximo de energia astral dos Dahnianos e do ambiente e armazenando em seus núcleos-mestres.

Nossa história começa com Alphen, um misterioso dahniano com máscara de ferro e sem memórias de seu passado. Escravo nas minas do flamejante reino de Calaglia, Alphen está cansado de ver os dahnianos sendo subjugados pelos rehnanos. Infelizmente, a complacência de seus irmãos escravos com tal situação acaba apagando a esperança de um futuro melhor.

Entretanto, o destino de nosso herói está prestes a mudar quando um grupo de resistência acaba invadindo o acampamento onde ele é escravizado. Alphen ajuda o grupo a roubar uma preciosa carga sob controle dos rehnanos. Trata-se de Shionne, a senhora dos espinhos, uma rehnana amaldiçoada com poder de causar dor a todos que ousam tocá-la.

Partilhando de um objetivo em comum, acabar com os lordes que comandam os cinco reinos de Dahna, Shionne une-se ao grupo de resistência junto com Alphen. Então, dá-se início a uma épica jornada que promete mudar o destino de dois planetas.

Uma nova forma de combate

Como já mencionado, o objetivo da Bandai Namco com Arise era trazer novos ares para franquia Tales of. Para isso, a jogabilidade sofreu mudanças drásticas, mas sem deixar para trás suas raízes. O resultado é extremamente positivo.

Começando pela parte boa, o combate. Afinal, o jogador passará boa parte da jornada batalhando contra rehnanos e zeugles, animais de Dahna geneticamente modificados pelos rehnanos. Durante minhas impressões ao jogar a demo de Arise, mencionei a dificuldade ao me adaptar com o novo estilo de batalha. Muito por conta da enxurrada de informações que a demo oferecia.

Desta vez, a transição foi bem mais amigável. Passei por diversos tutoriais que explicam bem cada nova mecânica. Eles são obrigatórios, e você só consegue avançar após concluir cada um deles. Recapitulando, algumas mecânicas se mantem intactas, como um botão para ataques normais, três para ataques especiais (ars), pular e mover-se livremente pelo cenário.

As novidades são o botão para esquivar-se, ou defender dependendo do personagem, golpes de impulso e ataques de impulso. Esquivar/Defender é algo quase que autoexplicativo. Apertar o botão para tal ação permitirá seu personagem evitar o dano de um ataque inimigo. Caso aperte no momento exato em que levaria o ataque, você realizará uma esquiva/defesa perfeita e poderá realizar um contra ataque crítico.

Na demonstração eu não havia reparado que existe uma diferença entre o ataque de impulso e golpe de impulso. O ataque de impulso é um golpe especial com o qual o personagem, que você está controlado ou um de seus companheiros, pode realizar uma vez caso a barra deste personagem esteja cheia. Para enchê-la basta realizar ataques nos inimigos, esquivar-se/defende-se, e contra atacar. Mais do que simplesmente causar danos consideráveis aos inimigos, o ataque de impulso também possui um papel estratégico nas batalhas.

Alguns inimigos apresentarão características únicas. Usar magias, ter uma defesa inexpugnável, conseguir se esquivar de nossos ataques com facilidade. Tudo para tornar a batalha um tanto mais árdua. Graças aos ataques de impulso, podemos contornar esta situação. Um inimigo quer solta magia? O ataque de impulso de Rinwell pode cancelar a conjuração da magia inimiga. Law consegue quebrar qualquer defesa com seu golpe.

Não vamos esquecer do golpe de impulso. Apesar do nome parecido, sua mecânica é totalmente diferente. Primeiro que para carregar um golpe de impulso é preciso quebrar a defesa do inimigo realizando vários ataques consecutivos. Após isso, a barra começará a encher e você não pode parar de atacar. Basta o contador parar de contar novos ataques certos por alguns segundos que a barra é zerada.

Caso você consiga enchê-la, lá pelos 50 ataques ou mais, a mensagem para usar o golpe de impulso aparece. Aperte qualquer seta do seu controle e uma bela animação iniciará, com uma dupla de personagens realizando um golpe capaz de derrotar qualquer inimigo comum. A exceção são os chefes, o que é bem compreensível, caso contrário as lutas ficariam muito fáceis.

Nem tudo é guerra

Tales of Arise não se limita somente aos combates. O jogo oferece algumas atividades secundárias para quebrar um pouco o ritmo de estar sempre batalhando. Pescar, cuidar de um rancho ou simplesmente ver as mais diversas resenhas entre seus personagens.

Uma das atividades mais populares em jogos japoneses, a pescaria chega em forma de um relaxante minigame em Tales of Arise. Você encontra diversos pontos de pesca por toda Dahna, Jogue seu anzol e aperte uma sequência de botões que aparecem na tela enquanto evita que o peixe fuja. Conseguindo capturar sua presa, você consegue uma ótima opção para refeição.

Falando em refeição, elas possuem um papel importante para garantir bônus temporários nos status dos nossos heróis, como aumentar dano, defesa, pontos de experiência… Dependendo do prato escolhido e de quem está preparando, elas poderão ter efeitos diferentes. Inclusive, a hora da refeição garante um dos momentos favoritos para os fãs da franquia Tales of, as resenhas.

Uma marca registrada da franquia, as resenhas entre os personagens estão presentes nos mais diversos momentos. Bastar aperta o RB para uma iniciar um diálogo sobre o sabor de um prato feito por alguém. A luta entre rehnanos e dahnianos. Um possível romance. Vale muito a pena conferir cada uma.

 Pode melhorar

Apesar das boas novidades que Tales of Arise trouxe para franquia, há alguns deslizes que acabaram tirando um pouco do brilho que faltava para uma experiência primorosa.

Há de se concordar que a Unreal Engine elevou a franquia para um novo patamar gráfico. Graças a “Atmospheric Shader”, nova tecnologia desenvolvida pela Bandai Namco, os cenários parecem pinturas vivas. Mas este é o primeiro trabalho da equipe Tales of sem usar sua própria engine. O que pude perceber é que as áreas do jogo ficaram bem mais lineares. Em Vesperia, por exemplo, eu elogiava como poderia sair e explorar o mundo do jogo. Agora está tudo dividido em pequenas sessões, corredores. Há poucos elementos que incentivam o jogador a explorar. Talvez isso seja o reflexo de estar trabalhando com uma nova ferramenta.

As legendas em português do Brasil, que sempre elogio nos jogos da Bandai, também apresentam erros, com palavras e letras faltando em diálogos. Em outros casos, há erros no roteiro. Um exemplo, durante uma resenha no início do jogo, quando ninguém sabia a identidade de Alphen, Shionne e Zephyr acabam chamando-o pelo nome.

Em último caso, ficam alguns travamentos apresentados durante cenas não interativas. O jogo simplesmente congelava e era preciso reiniciá-lo. Felizmente, ele conta com um ótimo sistema de salvamento automático, e graças ao tempo de carregamento super rápido, pelo menos no Xbox Series X, eu acabei não sofrendo tanto assim. Mas acredite, o jogo vai travar em alguma cena.

Opinião

Como um fã, jogar um novo Tales of após longos anos sem dar as caras no Xbox, com gráficos estupendos, um combate viciante e com uma das melhores histórias entre os JRPGs, eu gostaria de dar a nota máxima para Tales of Arise. Infelizmente, ele não é o melhor jogo da franquia. Algumas escolhas de level design duvidosas e as falhas técnicas fazem a coroa cair. Ainda assim, ele é, sem sombra de dúvidas, um dos melhores títulos do ano e vale ser apreciado.

Entenda nossas notas


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