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Análise – Cris Tales

Anunciado na E3 2019, Cris Tales chegou a plataforma Xbox e no Xbox Game Pass em Julho deste ano. Produzido pelo estúdio colombiano Dream Uncorporated e publicado pela Modus Games, o jogo é considerado pelos seus desenvolvedores como uma carta de amor aos clássicos JRPGs. De fato, esta foi a impressão que tive quando a Demo do jogo esteve disponível em Julho de 2020. Mas será que o produto final conseguiu manter o mesmo ritmo para tornar-se um destaque este ano? Venha conferir!

A maga do tempo

A história de Cris Tales inicia com a órfã Crisbell, nossa protagonista, em um dia comum no orfanato onde vivia. Enquanto realizava as tarefas delegadas pela Mother Superior, a responsável pelo orfanato, Crisbell percebe que um sapo de cartola rouba uma das rosas que ela estava recolhendo. Após uma breve busca, conseguimos reaver a rosa do bendito sapo.

O que Crisbell não esperava é que o sapo pudesse falar. Matias, o sapo, apresenta nossa protagonista a Wilhelm. Aparentando ser apenas uma criança, Wilhelm na verdade é um Time Mage e graças aos seus poderes temporais, consegue manter uma aparência jovial. Matias e Wilhelm revelam que Crisbell também é uma Time Mage e os dois a ajudarão a despertar seus poderes.

Todavia, as aulas para despertar os poderes de Crisbell são interrompidas abruptamente quando o vilarejo onde vive é atacado pelas forças de Empress, uma Time Mage que deseja conquista tudo e todos. Caberá a nossa heroína, e seus novos companheiros, impedir que os planos malévolos de Empress se realizem

Jogabilidade

Como uma carta de amor aos clássicos JRPGs, Cris Tales segue bem a cartilha do gênero que homenageia. Batalhas por turnos. Encontros aleatórios com inimigos. Escolhas afetam o destino de personagens e até comunidades inteiras. Muito, mas muito grinding (subir de nível). O toque de originalidade fica por conta dos poderes de manipulação temporal recém descobertos de Crisbell.

A tela do jogo é divida em três primas triangulares, cada um representando uma fase do tempo: o passado, o presente e o futuro. Com a ajuda de Matias, é possível alterar eventos através do tempo, interagindo com NPCs ou coletando itens importantes. É uma sacada bem bacana, pois conseguimos ver em tempo real as mudanças que ocorrem em cenários e personagens graças aos nossos atos. Infelizmente, não é algo que ocorra de forma integral, mas apenas em missões específicas.

 

Como já mencionado, as batalhas são em turnos. Via de regra, cada personagem tem um turno para realizar uma ação, seja atacar, defender, usar itens e magias. Você ainda pode causar dano crítico ao apertar A no momento exato que seu golpe acerta um inimigo. O mesmo vale para se defender, aperta A no momento em que um golpe inimigo acerta um de seus personagens para defender, e assim reduzir os danos, ou repelir, para praticamente anular qualquer dano. Repelir ataques é um pouco mais difícil, pois precisa ser no momento EXATO que receber o ataque.

É claro que a manipulação do tempo de Crisbell estaria presente nas batalhas, que acrescenta mecânicas bem interessantes. Use um ataque de choque em um inimigo do tipo robô, o jogue para o futuro e faça seu sistema sobrecarregar. Use um ataque de água em inimigo com armadura de metal e jogue para o futuro, para acelerar seu processo de corrosão. Ainda há inimigos de “idades diferentes” que podem sofrer com efeito direto da manipulação temporal de Crisbell. O caso de um idoso, mandá-lo para o futuro deveria derrotá-lo imediatamente, mas para não tornar tudo tão fácil, ele apenas recebe danos massivos. O mesmo caso de mandar um inimigo mais jovem para o passado, quando ele nem teria existido.

Gráficos e som

Um dos aspectos que mais me impressionou em Cris Tales, desde seu anuncio, é a direção de arte. Um estilo que lembra bastante animes, mas com traços mais ocidentais, como Jovens Titãs, Avatar e As Aventuras de Jackie Chan, por exemplo. Com personagens em 2D em cenários 3D, em certos momentos parece que estamos observando aqueles livros pop-ups, onde algumas figuras “pulam” das páginas. Um detalhe interessante é que boa parte dos cenários de Cris Tales são baseados em pontos turísticos da Colômbia, como o belíssimo Santuário de Las Lajas.

Apesar dos belos visuais, tanto dos cenários quanto dos personagens, conforme avançamos no jogo, fica visível algumas limitações. Você percebe que o modelo de alguns inimigos foram reciclados, com pequenas alterações na cor ou em algum acessório para diferenciar.

Com mais de 60 faixas encantadoras, Cris Tales conta com uma trilha sonora de respeito. A dublagem não fica atrás, com todos os NPCs tendo seus diálogos dublados. Entretanto, um problema presente na demo do jogo persiste aqui. A falta de legendas PT-BR. Pô, que bola fora de nossos hermanos, hein?!

Opinião

Cris Tales é uma ótima opção para os fãs de JRPG oldschool. Batalhas em turnos com mecânicas interessantes. Uma bela direção de arte. Uma história envolvente. Tudo que um amante do gênero poderia pedir.

Apesar da impressionante direção de arte, o jogo sofre de alguns deslizes de animação, mas nada que vá atrapalhar a experiência em si. O mesmo não pode se dizer da falta de legendas em português. ¿No hay amor por tus hermanos, Dream Uncorporated?

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