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Análise – Mass Effect Legendary Edition

Eu sou uma grande fã dos jogos e universos criados pela BioWare. Minha profunda conexão com os jogos do estúdio começou com Dragon Age, que é minha franquia favorita, e foi questão de tempo até que esse carinho se expandisse para Mass Effect, com a sua fantástica saga de ficção científica. Foi praticamente impossível não criar uma grande conexão com Shepard e sua história durante toda a trilogia, que trouxe uma das sagas mais impactantes da indústria de games.

Quando Mass Effect Legendary Edition foi anunciada, meu coração bateu mais forte pela coleção, e eu não via a hora de reviver cada acontecimento, personagens, temas delicados e escolhas difíceis. A franquia Mass Effect é mais do que ter jogos muito bons, onde somos o grande herói em uma jornada para salvar a galáxia, eles são uma grande experiência pessoal, que é desenvolvido ao longo de três títulos.

Com essa nova versão turbinada, a BioWare promete trazer todo esse sentimento de volta, mas oferecendo uma bela modernização para a trilogia, fazendo com que essa nova jornada com Shepard, Normandy e todos os seus profundos personagens seja, mais uma vez, inesquecível. Será que eles conseguiram? Vamos conferir em nossa análise.

Uma história atemporal

A trilogia Mass Effect, como um todo, oferece um universo rico em detalhes e culturas, diálogos muito bem trabalhados e escolhas extremamente difíceis para o jogador. Um dos pontos mais interessantes é que você tem o início da saga no primeiro jogo, mas seu desenvolvimento não acaba ali, pois ela continua evoluindo e apresentando consequências até o terceiro título. Tudo importa, seja para o bem, ou para o mal.

Algo muito importante, adicionado em Mass Effect Legendary Edition, para acentuar essa marcante sensação de continuidade através da franquia, foi a possibilidade de levar a mesma Shepard que você criou no primeiro jogo até o final, sem que houvessem grandes diferenças em sua aparência. A customização de Shepard também foi melhorada, com mais opções para deixar nossa personagem com o estilo que desejamos.

Mesmo que o primeiro Mass Effect tenha sido lançado em 2007, com a Legendary Edition muitos novos jogadores estão tendo a oportunidade de conhecer a saga, então é justo pincelar os pontos centrais da história de cada jogo, sem oferecer spoilers, é claro. Também é bom para refrescar um pouco as lembranças dos veteranos.

A trama central de toda saga gira em torno de Shepard, uma renomada comandante militar, que possui sua clara missão de salvar a galáxia da aniquilação por uma raça de seres mecânicos conhecida como Reapers. Com sua tripulação, e sua moderna nave Normandy, ela fará de tudo para evitar que esse apocalipse aconteça. Por minha personagem ter sido a versão feminina, eu vou me referir a protagonista como mulher, mas também é possível criar seu personagem com o gênero masculino.

Quanto ao nome Mass Effect em si, ele vem da descoberta da humanidade de uma certa tecnologia alienígena que permitia que se pudesse realizar viagens longas em pequenos espaços de tempo, com uma velocidade mais rápida que a velocidade da luz. Pouco depois foi descoberto o primeiro Mass Relay, um tipo de portal que permite que se façam viagens instantâneas para outros portais do mesmo tipo, bastando que estejam operacionais. Esse fenômeno ganhou o nome de Mass Effect, que é considerada a maior descoberta da história da humanidade.

No primeiro jogo, vamos investigar alguns acontecimentos estranhos que estão ocorrendo em alguns lugares e nos deparamos com a descoberta de que o Spectre Saren está traindo o Council, que é a grande liderança do universo de Mass Effect. Os Spectres são parte de uma organização de elite que opera diretamente sob a autoridade desse Conselho. Muito além de apenas ser o caso de um Spectre que saiu do controle, Shepard descobre que por trás das ações de Saren estão máquinas muito antigas, uma raça chamada de Reapers, que possuem como objetivo exterminar toda a vida orgânica na galáxia.

Já em Mass Effect 2, retomamos nossa história logo após os acontecimentos do primeiro jogo, mas acontecimentos inesperados, e desesperadores, logo em seu início, irão mudar drasticamente a jornada de Shepard. A comandante se associará ao controverso grupo Cerberus, que é muito bem financiado por um sujeito misterioso conhecido apenas como Illusive Man. Sua nova aliança não é muito bem vista, mas ela acaba sendo necessária para investigar o desaparecimento de várias colônias humanas, e do surgimento de novo e misterioso inimigo que são os Collectors, e que são aliados dos Reapers.

Por fim, chegamos em Mass Effect 3. Passado algum tempo após os acontecimentos do segundo jogo, Shepard ainda luta para que os governantes acreditem que o desaparecimento das colônias humanas é obra dos Reapers, que está prestes a começar um novo ciclo de extinção. Ninguém a escuta, até que a Terra é atacada e milhares de vidas são perdidas. Depois de provar que estava certa, nossa protagonista então finalmente volta ao posto de comandante e deve seguir com sua nave Normandy, e toda sua tripulação, em busca de toda a ajuda possível na galáxia para impedir que os planos dos Reapers se tornem realidade.

Uma grande característica de Mass Effect Legendary Edition é trazer praticamente todos os DLCs single-player lançados no decorrer da trilogia, oferecendo uma experiência ainda mais rica desse universo. Apenas Pinnacle Station não está incluída, pois seu seu código-fonte foi corrompido. O multiplayer de Mass Effect 3 também ficou de fora, pois o grande foco está no single-player.

A coleção possui uma tela de menu inicial na qual o jogador pode escolher qual jogo deseja jogar, dessa forma é possível começar sua jornada direto do jogo que desejar. Para conectar esses jogos, bem como recapitular tudo o que aconteceu anteriormente na trajetória de Shepard, existe a opção de assistir uma interessante história em quadrinhos interativa no segundo e terceiro jogo.

Como disse na introdução dessa análise, a franquia Mass Effect se trata de uma grande experiência pessoal, e como tal, sua relação com as pessoas é essencial durante essa jornada. Quando estamos a bordo da Normady podemos conhecer mais a fundo nossa tripulação, sabendo mais de suas histórias, bem como a cultura de seus mais variados povos, já que Shepard recruta todos os tipos de raças para seu time, sem nenhum tipo de preconceito. Essas interações não expandem apenas os seus conhecimentos sobre o universo do jogo, mas principalmente moldam sua personalidade e seu relacionamento com esses personagens, que podem se tornar amigos, inimigos e até mesmo um grande amor. Personagens de fora da Normandy também se tornam importantes para o crescimento de Shepard, e seu comportamento com todos eles possuem impacto em sua trajetória.

Os diálogos são profundos, e muitos deles carregam escolhas extremamente difíceis, nas quais muitas delas irão ter consequências ao longo de todos os jogos. Essas escolhas desenham a personalidade de Shepard, que pode seguir um caminho de bondade (Paragon) ou mais malvado (Renegade). Esse caminho muda completamente o rumo de muitos acontecimentos, já que níveis mais elevados de ambos os lados são necessários para desenvolver certos pontos da história. Um sistema que também adiciona um bom fator de replay para a série, já que acabamos nos indagando, como os acontecimentos teriam ocorrido se tivéssemos seguido o caminho oposto.

Uma jogabilidade mais fluida e natural

A jogabilidade de todos os jogos foi refinada para criar uma experiência mais coesa, ainda assim as mecânicas de progressão de personagens e melhorias de equipamentos de cada jogo foi mantida, para que a experiência original permanecesse. De uma forma geral, você sente um tiroteio mais leve e responsivo desde o primeiro jogo, bem como a movimentação mais leve pelos cenários, mas todos os outros recursos específicos de cada jogo foram mantidos, como a forma de você utilizar seus pontos para melhorar Shepard e seus companheiros e como realizar melhorias em armas e armaduras, pois cada um deles possui uma maneira de abordar essas possibilidades de progressão.

As possibilidades de armas foram expandidas para Shepard e ela pode usar tudo o que tiver para potencializar as suas batalhas, independente da classe que escolha. Dessa forma, você pode escolher a arma que se adapta melhor a você ou a aquela situação, sem nenhum tipo de barreira, sejam pistolas, submetralhadoras, escopetas, fuzis de assalto, snipes e até mesmo algumas armas pesadas superpotentes. O sistema de tiro também foi muito melhorado e está mais preciso, deixando os combates muito mais interessantes e divertidos.

Muito da mecânica do jogo ainda consiste em pegar cobertura para atitar no momento certo ou esperar suas habilidades especiais recarregarem, mas agora resolver as coisas na bala está bem mais atrativo do que apenas depender das habilidades especiais. Falando nelas, as habilidades estão ainda mais divertidas de usar, pois assim como o tiro, seus comandos estão mais precisos. Com elas você pode levantar inimigos, jogá-los longe, atear fogo em suas armaduras, fazer com que lutem ao seu lado por um determinado tempo, diminuir suas resistências, e por aí vai. As possibilidades são realmente amplas. Como Shepard pode usar seus poderes e também ordenar quais seus companheiros devem usar, as possibilidades para as batalhas se expandem ainda mais. Seus amigos são de grande ajuda nas missões, e você pode fazer com que eles usem determinadas habilidades e se posicionarem em lugares específicos. É muito importante melhorar as árvores de habilidades deles e seus equipamentos, para maximizar suas chances de sucesso durante os combates.

A interface dos jogos também recebeu uma modernização e está praticamente padronizada para todos os jogos da Legendary Edition, apenas com leves alterações entre eles, algo que também ajuda a dar essa ideia de saga e de que estamos vivendo uma jornada contínua com Shepard. O infernal veículo Mako recebeu uma gigante reformulação, e apesar de manter a sua estranheza clássica, teve seus controles refinados com uma dirigibilidade mais leve, movimentação mais rápida e sistema de tiro melhorado. Novidades que fizeram com que a exploração de mundos com ele se tornasse bem mais satisfatória, deixando para trás os dias de pesadelo do original.

Um universo ainda mais belo

Um dos grandes chamativos de Mass Effect Legendary Edition é a modernização do jogo, que além das mudanças de jogabilidade das quais falei acima, ainda traz melhorias visuais impressionantes. Apesar de manter suas origens, os jogos parecem novos, com um avanço ainda mais aparente no primeiro jogo, que foi lançado em 2007, mas que agora se passaria fácil como um jogo da atualidade, tamanha as melhorias que recebeu.

De uma forma geral, os ambientes estão mais exuberantes e com cores mais vivas, com uma vegetação mais rica, texturas que foram aprimoradas significativamente, efeitos inéditos de partículas e, principalmente, uma iluminação totalmente refeita, que fez a saga brilhar como nunca. Apesar de mudanças significativas, elas não roubam o charme ou a essência da franquia, mas fazem toda essa jornada se tornar ainda mais épica e realista.

Os personagens também tiveram grandes aprimoramentos, principalmente nas raças alienígenas, que estão ainda mais realistas. Já os humanos ainda sofrem com suas animações esquisitas, que ainda mostram a idade da saga. Mesmo assim, com as grandes melhorias implementadas para texturas e iluminação, os rostos se tornaram mais suaves, conferindo mais imersão para os diálogos e cenas, apesar de ainda apresentarem a rigidez de anos atrás.

Uma ótima novidade para capturar todas essas melhorias foi a adição de um interessante Modo Foto. O recurso traz diversas ferramentas para que criemos as mais variadas telas para os nossos momentos favoritos na saga.

Quanto ao desempenho, a coleção se apresenta muito bem, tanto na nova, quanto na geração passada. Vou compartilhar minha experiência nos consoles que joguei. No Modo Qualidade, os jogos rodam no Xbox Series X com 4K e até 60FPS, enquanto no Xbox One X ele fica com 4K a até 30FPS. Já no Modo Framerate o Xbox One X fica com 1440p e até 60FPS, enquanto que o Series X mantem essa mesma resolução, mas podendo chegar em até 120FPS. Os loadings também foram muito bem otimizados, mas no Series X eles são extremamente rápidos, carregando as telas em pouquíssimos segundos. Vale lembrar que o Xbox Series S roda com as mesmas resoluções e FPS do Xbox One X.

Graças ao trabalho incrível da Microsoft para dar suporte a retrocompatibilidade dos seus novos consoles, eu pude jogar em ambas as gerações tirando o melhor proveito da plataforma na qual eu estava, além de poder continuar meu save naturalmente em qualquer das gerações sem nenhum tipo de problema. Isso mostra, mais uma vez, que o Smart Delivery é mais do que um nome bonito.

Minha experiência com a coleção foi ótima. Não presenciei problemas graves e pude jogar todos os jogos de forma suave e imersiva. Ainda ocorrem pequenos bugs, como personagens que atravessam objetos ou desaparecem em algumas cenas, mas são problemas muito pontuais e quase não ocorrem, não atrapalhando em nada nossa jornada.

A trilha sonora continua soberba, se encaixando perfeitamente com cada parte da trama e suas nuances. Impressionante como os temas eram incríveis na época e continuam trazendo uma atmosfera única ainda hoje.
A equipe de dublagem da série Mass Effect é uma das melhores que a indústria de games já teve. Eles não só dão vida aos personagens, nos passando muita emoção nas falas, como criaram ícones. Destaque, mais do que especial, para a incrível dublagem da feminina de Shepard, feita pela maravilhosa Jennifer Hale, que trouxe uma personalidade ainda mais forte para a personagem, fazendo com que nossa jornada com ela seja ainda mais impactante. Outro ponto muito marcante dessas vozes é que cada raça possui uma dublagem especifica, que a distingue das demais, adicionando ainda mais qualidade à narrativa.

O ponto que a BioWare e a EA mais derraparam, e falharam feio, foi em relação a localização para mais idiomas. Na época do lançamento original dos jogos, era compreensível a falta de legendas em Português do Brasil, por exemplo, pois realmente não era algo muito comum, no entanto a falta desse suporte nos dias de hoje chega a ser revoltante. A coleção tem como foco não só fazer os veteranos reviverem a saga, mas principalmente apresentá-la para um novo público. Mas como fazer isso, se o estúdio nem se preocupou em implementar mais legendas que levasse essa história para mais jogadores? Uma série com um foco tão grande em decisões e em sua trama profunda precisava ter recebido mais carinho no aspecto da localização. Dito isto, o jogo não possui suporte para Português do Brasil.

Opinião

Mass Effect Legendary Edition foi uma grande jornada. Reviver a grande saga de Shepard depois de tantos anos, e constatar que, apesar do tempo, a franquia continua grandiosa, não deixando nada a desejar com os lançamentos atuais. A trilogia possui um universo poderoso, e isso está ainda mais marcante nessa nova versão.

O trabalho da BioWare para revitalizar a saga de forma que mais jogadores possam conhecer sua grandiosidade foi genial. O estúdio realizou um trabalho impressionante, com gráficos muito melhorados, que dão cara de jogo novo, para a trilogia, uma jogabilidade refinada, para apresentar uma experiência mais coesa durante a saga, e ainda um pacote recheado de conteúdos adicionais, para aproveitar esse universo da forma mais completa possível. O melhor de tudo é que toda a magia de Mass Effect ainda está presente, pois suas raízes foram mantidas. A grande bola fora da coleção é a falta de localização para Português do Brasil e mais idiomas, pois com um dos focos é levar a franquia para um público maior, a falta de localização é uma falha grande demais.

Se você é fã de longa data e queria reviver a complexa, profunda, poderosa e apaixonante saga de Shepard, você vai encontrar em Mass Effect Legendary Edition uma forma de se apaixonar ainda mais por essa jornada. Caso ainda não tenha conhecido, essa, definitivamente, é a porta de entrada obrigatória para esse universo, seja agora, quando ela chegar no EA Play ou em uma promoção, mas faça isso através dessa nova versão.

Vale lembrar que o próximo Mass Effect já foi anunciado, e ao que deu entender no seu trailer de revelação, poderá continuar depois dos acontecimentos da trilogia, sendo mais um motivo para revisitar toda a saga através de Mass Effect Legendary Edition.

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