Depois de me aventurar pela Demo de Outriders, e trazer para vocês minhas primeiras impressões do jogo, chegou a vez de finalmente conhecer o projeto em sua versão final. Ele se trata do mais novo projeto do estúdio People Can Fly, conhecida por seu trabalho em jogos como Bulletstorm e Gears of War: Judgment.
Outriders é um jogo de tiro e RPG que combina armas com poderes únicos em um gameplay recheado de ação. Ambientado em mundo sombrio de ficção científica, a ideia central da trama é levar o que sobrou da humanidade para um novo planeta e tentar sobreviver nele, mas como você já deve imaginar, as coisas darão muito errado nessa jornada de sobrevivência e mistérios.
Minha experiência tem sido uma montanha-russa de emoções desde o primeiro dia, e tem sido até hoje quando estou liberando essa análise. Um misto de frustração com os problemas recorrentes dos servidores e escolhas de design, mas animada pelo seu mundo viciante que me faz querer explorar mais e mais do meu personagem. Vamos conversar sobre esse turbilhão de emoções no texto a seguir.
O intrigante mundo de Enoch
A história de Outriders se passa em um futuro onde a humanidade acabou com o planeta Terra, que foi destruído pela guerra e desastres naturais. Os poucos escolhidos do que restou agora estão em uma enorme nave arca para encontrar um novo planeta para habitar. O escolhido é o misterioso Enoch, que se apresenta com uma paisagem bela e selvagem. No entanto, as coisas começam a dar errado bem rápido. Primeiro, eles são atingidos por uma estranha tempestade eletromagnética, chamada de Anomalia, e que parece queimar todo tipo de tecnologia mais avançada. Além disso, existe uma substância nociva que adoece rapidamente as pessoas ao entrar em contato com elas. Claramente o planeta não nos quer ali.
Nosso personagem é um outrider, um líder do grupo de exploração. Nós somos atingidos pela Anomalia, mas em vez de morrer, como acontece com os outros ao nosso redor, nós recebemos poderes. Isso acontece, pois, essa tempestade infunde os seres vivos com um tipo de energia evolutiva que lhes confere essas habilidades únicas.
A relação entre os humanos retirados do sono criogênico começar a resultar em diversos desentendimentos, e no mais grave deles você ficou muito ferido, tendo que ser colocado novamente na cápsula de criogenia. Acordamos 30 anos depois e Enoch está um caos, mais humanos foram acordados, e a luta pelos escassos recursos destruiu o planeta, que agora vive uma guerra entre os próprios humanos acontecer em seu solo. Além disso, muitas das criaturas de planeta também foram evoluídas pela Anomalia, e também são ameaças a sua sobrevivência.
Nossos poderes que estavam adormecidos foram despertados e agora somos chamados de Divergentes, conhecidos por todos como uma espécie de imortal com superpoderes. Existem outros humanos que foram transformados como nós, alguns com poderes modestos, outros que viraram aberrações e outros tão poderosos que são chamados de deuses. Já os humanos que espalham o caos por Enoch são chamados de Insurgentes, que são uma grande ameaça para a nossa sobrevivência e para o nosso grupo que ainda resiste contra eles, pois além de sobreviver ainda sonham em fazer daquele planeta o seu lar.
A narrativa não é extremamente original, e é recheada de acontecimentos clichês, mas seu ritmo é bom e a trama é interessante de acompanhar. As missões principais e secundárias são bem apresentadas, cheias de acontecimentos intrigantes e engraçados, uma mistura que faz bem para a imersão dentro da história.
Gostei muito do desenvolvimento do nosso personagem, ele sabe que é poderoso e que as pessoas temem os seus poderes, e ele usa muito isso ao seu favor. Ele também mostra aos seus aliados que está ao seu lado, mas tudo de forma bem racional e prática, sem muito envolvimento emocional. Ele se preocupa com aquelas pessoas, mas ele também se tornou um ser poderoso, que sabe que a sobrevivência de muitas pessoas está em suas mãos. Ele traz essa responsabilidade para si, lutando contra tudo e contra todos sem medo. Eu adorei guiar um protagonista que não tem medo de fazer o que deve ser feito, pois o foco é a sobrevivência dele e das pessoas que acreditam nele.
Jogabilidade viciante e recheada de possibilidades
Outriders possui uma jogabilidade muito divertida e cheia de possibilidades, e mesmo que tenha grandes inspirações em outros jogos do estilo, como Destiny e The Division, ele ainda consegue oferecer uma experiência única dentro do universo criado.
Antes de tudo vamos criar nosso personagem. O sistema de criação é bem simples e não espere nada muito avançado aqui. No entanto, existem boas opções para criar um personagem bacana para te representar. É possível escolher o gênero, alguns poucos estilos de cabelos, rostos, cicatrizes e acessórios, além de algumas poucas cores para pele, olhos e cabelos.
Depois vamos para a importante escolha da classe, que irá definir as habilidades que você irá ter a sua disposição. A escolha é importante já que não será possível alterar, a não ser que outro personagem seja criado.
O jogo possui quatro classes, cada uma com suas próprias características e habilidades realmente únicas. São elas:
- Trapaceiro (Trickster) – interessante mistura de habilidades que manipulam o tempo, e ainda podem fazer você se deslocar rapidamente pelo campo de batalha.
- Piromante (Pyromancer) – mestre no controle do fogo, e se torna uma força devastadora da natureza com suas chamas intensas e explosivas.
- Desvastador (Devastador) – uma classe claramente pensada para assumir o papel de tank do grupo, com habilidades poderosas que controlam a gravidade e o ambiente, de forma a ajudar sua função voltada para a linha de frente.
- Tecnomante (Technomancer) – permite invocar uma boa variedade de armas e armamento, sendo descrita como a classe que controla a tecnologia.
Algo muito interessante nessas classes é o sistema de cura, pois cada uma possui sua própria maneira de se curar, e estão relacionadas em sua maneira de causar danos nos inimigos. O Trapaceiro, por exemplo, recebe pontos de vida e escudo quando elimina seus inimigos de perto, e isso gera uma mecânica muito interessante, pois geralmente quando sua vida começa a cair você tende a ir para longe da batalha, mas com o Trapaceiro você terá que ir para o meio da carnificina para se curar. Também existem armas com mecânicas de cura, mas esse sistema único de cada classe é bem criativo.
O jogo privilegia o dinamismo do jogador nas batalhas, e quanto mais parado você fica, mais vulnerável está. Os inimigos são agressivos e sempre buscarão te flanquear para te tirar de qualquer zona de conforto, te obrigando sempre a se movimentar e usar suas habilidades e armas de forma inteligente. Toda a narrativa do jogo gira em torno da sobrevivência e é exatamente sentimento que temos durante o combate.
A jogabilidade de Outriders busca fazer o jogador usar de forma balanceada as armas e habilidades para que otimizem o seu poder de fogo, maximizem a sua sobrevivência e ainda o controle de inimigos. Algumas habilidades interrompem inimigos, outras causam danos ao longo do tempo, ou ainda os enfraquecem. São diversas formas de criar estratégias que combinem com a sua forma de jogar. Essas habilidades podem ser trocadas a qualquer momento durante o combate para uma melhor adaptação com o que está acontecendo.
Além das habilidades, o sistema de tiro é muito importante em Outriders. O jogo é em terceira pessoa e temos uma grande visão do campo de batalha, para combates ainda mais dinâmicos. Sentimos bem a diferença entre cada tipo de arma, e podemos escolher aquela que combina melhor com nosso estilo de jogo, seja para um combate mais próximo com escopetas, ou rifles de precisão para atacar de longe, por exemplo.
Tanto as habilidades, quanto as categorias de armas, podem ser otimizadas com a árvore de habilidades onde certas habilidades e armas receberão aumento de dano ou aspectos passivos. Cada classe possui seu próprio tipo de armamento para ser beneficiado em sua árvore, mas isso não te proíbe de jogar com as outras armas. Não é possível desbloquear todas as habilidades, então você deve pensar bem se quer beneficiar armas, habilidade ou sobrevivência. Um personagem híbrido também é possível. Esses pontos podem ser reiniciados a qualquer momento e sem custo, para que possamos testar as mais diferentes maneiras de enfrentar os desafios.
Algo que transforma e faz a jogabilidade de Outriders brilhar são os Mods, que trazem todo um diferencial. Esse sistema molda, de maneira significativa, a forma de jogar de cada classe, de forma que ela também se encaixe com o estilo do jogador. Tanto as armas quanto as peças da armadura podem receber Mods que afetam o desempenho geral do personagem. Todo equipamento pode ter um Mod alterado, mas eles não podem se repetir já que os efeitos não acumulam. A maneira como o jogador customiza esses Mods muda completamente a maneira de jogar. Podemos melhorar habilidades e lhes conferir novos efeitos, adicionar danos de veneno, sangramento, fogo, e outros, nos projéteis, ou ainda efeitos que nos oferecem mais dano, mais defesa, controle de inimigos e mais.
Isso também faz brilhar o sistema de crafting de Outriders. Com ele podemos melhorar equipamentos e suas estatísticas, alterar Mods e ainda aumentar nível ou raridade. Isso expande muito as possibilidades para a criação das mais diversas builds, incentivando o jogador a levar o seu personagem ao limite. Assim como todo looter shooter você irá correr atrás dos mais diversos equipamentos, e esse sistema de criação faz com que as possibilidades para otimizar os personagens sejam gigantes.
Ainda como parte da criação você pode desmontar equipamentos para receber os mais diversos recursos de criação, assim como os Mods, pois para consegui-los você precisa desmontar equipamentos que tenham Mods que você ainda não tem, para que fiquem disponíveis para o uso em outros equipamentos.
Você também pode vender esses itens para ganhar sucata, que é a moeda do jogo. Com ela você pode comprar itens para usar, ou ainda adquirir para desmontar e desbloquear os Mods.
Os inimigos possuem uma boa variação. Enfrentamos os Insurgentes que são os humanos, nativos de Enoch, criaturas selvagens daquele planeta, e ainda outros Divergentes que, assim como nosso personagem, possuem poderes especiais. Esses inimigos nos atacam agressivamente, e possuem habilidades e maneiras diferentes de nos abordar, incentivando a adaptação rápida ao combate. Os bosses são interessantes e com mecânicas criativas, fazendo as possibilidades de jogabilidade brilharem.
A dificuldade de Outriders é boa, oferecendo um desafio equilibrado. O jogo possui um sistema de Grau de Mundo que vai até 15. Quanto maior o nível do mundo, melhores serão as recompensas, mas também mais difíceis serão os inimigos. Você pode mudar essa dificuldade a qualquer momento durante o jogo. Eu sempre busquei jogar no nível mais alto para uma experiência mais desafiadora, e gostei demais da jornada dessa forma.
Os mapas são grandes, mas lineares, você possui diversos locais para explorar, mas eles seguem, essencialmente, uma progressão linear. Não achei um problema, pois eles são muito bem distribuídos. Existem diversos pontos de viagem rápida para você se locomover por essas regiões, mas é necessário sempre ir em uma dessas bandeiras de viagem para mudar de área. A transferência entre mapas é feita apenas com o seu caminhão, que fica parado no acampamento esperando você ir para a próxima parada. Esse caminhão, bem como a sua bandeira, também podem ser customizados com os itens que desbloqueamos no sistema de Honrarias, que são desafios para realizarmos durante nossa jogatina. Falando no Acampamento, é nele que podemos customizar equipamentos, iniciar expedições, e ainda comprar e vender itens.
Os colecionáveis são diários que contam mais da história de Enoch, bem como da humanidade que foi parar ali.
No geral, Outriders possui toda uma estrutura que diverte muito e possui muitas possibilidades criativas para incentivar o jogador a permanecer em seu mundo.
As desafiadoras Expedições
Após terminarmos a campanha somos apresentados ao conteúdo endgame de Outriders, aquele que foi criado para nos manter ativos em seu mundo. Estou falando das Expedições, uma série de missões, em locais aleatórios de Enoch, onde precisamos enfrentar os mais diversos desafios para recuperar cápsulas de recursos com sinal ativo. Essas missões possuem classificação por tempo, dessa forma quanto mais rápido finalizá-las melhores serão suas recompensas. Terminar dentro dos tempos estabelecidos também te concede uma melhoria no Grau das Expedições, que assim como o mundo do jogo, evoluem até 15.
É nas Expedições que você consegue os melhores equipamentos, sendo um conteúdo viciante para aqueles que buscam otimizar seus personagens. Seja em busca dos itens com os níveis mais altos do jogo, ou para expandir as suas opções de Mods para criar uma build poderosa.
Algo que também gostei muito dos mapas das Expedições é que eles trazem ambientes únicos, não sendo apenas reaproveitamentos dos cenários da campanha. Muitos deles são os mais belos que o jogo tem a oferecer.
A People Can Fly foi muito inteligente ao interligar o fim da história com as Expedições, pois você realmente sente que a jornada não terminou e que o que estamos fazendo nessas atividades fazem sentido dentro do que foi desenvolvido na campanha.
Diversão com os amigos
Outriders é um jogo cooperativo em sua essência, e mesmo que você possa jogar ele todo sozinho, percebe-se claramente que a ideia do estúdio era que os jogadores se aventurassem com os amigos. Você pode montar times de até três jogadores, mas não pense que isso vai tornar o jogo mais fácil, pois tudo irá se transformar para se ajustar ao número de jogadores presentes, e assim manter o nível de desafio, escalando dinamicamente a dificuldade e o número de inimigos, que também se tornam mais poderosos, com mais vida e poder de fogo. Com exceção do prólogo, todo o jogo pode ser aproveitado de forma cooperativa online.
Embora seja possível jogar tudo sozinho, eu encontrei no co-op a forma mais divertida de aproveitar Outriders, dividindo conhecimento com meus amigos, descobrindo builds junto com eles, bem como criando as mais diversas estratégias para as batalhas.
Ainda assim, existem alguns pontos que a People Can Fly precisa arrumar. O primeiro deles é o balanceamento quanto ao número de jogadores, pois com dois jogadores o jogo se torna mais desafiador, mas é um escalonamento que ainda faz sentido, já quando são três jogadores o escalonamento sai do controle, e os inimigos estão com um poder de fogo desproporcional assim como pontos de vida exagerados. É necessário um melhor balanceamento desses aspectos para a quantidade de jogadores na sessão. O jogo também não oferece alguma forma de se comunicar com seus companheiros, e caso não estejam juntos em um grupo da Xbox Live, não terão como se comunicar, pois não existe um canal de voz ou chat de texto, elementos que fazem falta em jogos desse tipo.
Caso não tenham amigos jogando Outriders ou eles estejam offline, existe sistema de matchmaking para quando você não quer jogar sozinho, ou precisa de ajuda em alguma missão. Além disso, o jogo possui crossplay, o que significa que os jogadores do Xbox podem jogar junto com jogadores de PC e Playstation. O crossplay também passou por muitos problemas nas primeiras semanas de lançamento do jogo, ficando até mesmo alguns dias desabilitado, e sendo estabilizado apenas mais recentemente.
Um dos problemas que sinto no matchmaking é o falta de um filtro para entrar nas atividades. Você simplesmente entra no jogo de alguém e não tem ideia do que ele está fazendo. Não conseguimos filtrar por jogadores que estão em uma expedição, em uma determinada parte da Campanha, ou ainda o Grau de dificuldade que estão jogando. Um sistema que desestimula jogar com estranhos e dar preferência a apenas jogar com amigos. Outro problema é a escolha do uso de servidor P2P, no qual o Host é o servidor daquela sessão. Com os diversos problemas de conexão do qual falarei adiante, ficar caindo de partidas nas quais o Host teve seu jogo fechado se torna frustrante rapidamente. Também não existe a possibilidade de retomar a atividade, sendo necessário refazê-la.
Caos nos Servidores e escolhas duvidosas
Você com certeza deve ter, pelo menos, ouvido falar do caos que foi o lançamento de Outriders, com os servidores não aguentando a quantidade de jogadores ativos. Ao que parece a People can Fly e a Square Enix não esperavam uma quantidade tão grande de jogadores interessados em seu jogo, o que também parece incoerente visto que lançaram direto no Xbox Game Pass, o que eles sabiam que atrairia mais jogadores. Claramente faltaram mais testes.
O que vimos nos primeiros dias foi um frustrante. Erro já na tela inicial, que impedia de iniciar o jogo. Servidores fora do ar por horas para manutenção de emergência. Inventários que perdiam todos os itens. Nível de Honraria zerado. E o mais irritante para mim, e que até mesmo quase me fez abandonar o jogo, que são as constantes desconexões e travamentos. Eu sempre procurei jogar na maior dificuldade possível, tanto na Campanha quanto nas Expedições, e imagina a minha frustração quando no final de algumas dessas atividades meu jogo simplesmente fechou do nada, ou um amigo que era Host também ter seu jogo fechado ou ser desconectado do servidor, e assim a gente perder todos os itens e progressão adquirida. Isso aconteceu diversas vezes, muito além do esperado para jogos desse estilo. Essas coisas podem acontecer? Sim. Mas diversas vezes em uma mesma sessão tanto com você, quanto com seus amigos, já é algo que beira ao inaceitável.
Houve uma atualização há pouco tempo para acabar com alguns desses problemas mas eles continuam acontecendo, o que é frustrante para quem quer levar Outriders a sério.
Além dos problemas sérios de servidor, também enfrentamos alguns problemas de design, e escolhas duvidosas do estúdio. Primeiro, as telas de loading excessivas, que são muito recorrentes, quebrando a ação do título. Mesmo que em máquinas como o Xbox Series X eles sejam curtos, eles acontecem com muita frequência. Além dos loadings para entrar no jogo, iniciar atividades e nas transições de áreas e cutscenes, ainda existem loadings em forma de estranhas cenas de três segundos ,que não acrescentam em nada na experiência, e que só adicionam mais um elemento para quebrar a imersão. Transições desnecessárias onde vemos o nosso personagem pulando pontes, abrindo portas, se esgueirando por passagens estreitas ou ainda executando alvos. O estúdio diz que foi a forma encontrada para localizar todos os jogadores do time para onde estão indo, mas para quem joga, esses loadings disfarçados só se tornaram em mais uma forma de quebrar a ação.
Os menus ainda carecem de mais atenção, pois a navegação por eles é lenta demais, demorando para abrir abas e interagir com elas. Ainda enfrentamos habilidades que bugam no meio das batalhas, pois ficam ativas e não podemos desativá-las ou ainda usar armas ou outros poderes, sendo necessário morrer para que voltem ao normal. Os marcadores de missões são uma bagunça, e muitas vezes não funcionam direito, te direcionam para lugares errados, fazendo você perder tempo tendo que procurar intuitivamente onde nosso objetivo pode estar no mapa, já que a marcação do seu personagem não mostra exatamente onde você está, mas apenas sua localização dentro daquela região.
Com tantos problemas graves perturbando Outriders, o estúdio está trabalhando para consertá-los o mais rápido possível e tem sido bastante comunicativo em suas redes sociais. No entanto, a primeira atualização que recebemos foram nerfs desnecessários em habilidades e redução de tempos para completar as expedições, o que acumulando com tantos problemas, tornam difícil dizer que a experiência, principalmente em grupo, está agradável no momento, já que grande parte dos erros de servidores aconteceram mais comigo durante o cooperativo.
Gráficos e Som
Os cenários de Outriders também vivem de altos e baixos. Os ambientes do começo do jogo são bem sem graça, vazios e pouco inspirados, com ruinas, construções, restos da guerra, e por aí vai, nada muito diferente do que encontraríamos na Terra. Após alguma evolução na Campanha começamos a encontrar cenários mais diversificados, que fazem com que nos sintamos explorando um outro planeta, com florestas belas e densas, construções que remetem a uma civilização misteriosa, locais que pareciam intocados por qualquer tipo de ser vivo… As expedições também se destacam nesse aspecto trazendo ambientes que realmente brilham com a criatividade e paixão dos desenvolvedores.
Os personagens são bem caracterizados, apesar das animações faciais se tornarem bizarras em alguns momentos. No entanto, de uma forma geral cumprem bem seu papel durante o desenvolvimento da trama, sem comprometer a imersão.
Apesar de bonito, e com 4K no Xbox Series X, não espere nada muito impressionante ou diferente de muitos jogos da geração que acabou de terminar. O desempenho nos combates é bom com poucas quedas de frames no Xbox One com 30FPS e nenhuma no Xbox Series X com 60FPS.
A trilha sonora é realmente muito boa, com temas que trazem os sentimentos certos, seja nos momentos de mais ação, exploração ou drama. Ela foi criada pelo lendário compositor Inon Zur, que já trabalhou em diversos outros jogos famosos, como Fallout e Dragon Age. A dublagem também é outro ponto alto, com vozes que combinam bem com os personagens e uma interpretação que faz a história brilhar. Os diálogos foram traduzidos de forma adulta, mas sem exageros de linguagem desnecessários. Infelizmente, aqui também presenciei problemas, como alguns bugs recorrentes de áudio, no qual certos sons persistem mesmo após não estarem mais em cena. Por exemplo, passei por uma torre eletromagnética, e mesmo após estar muito longe dela, em outra área, o barulho persistiu, e eu tive que fechar o jogo para que normalizasse. Isso aconteceu algumas outras vezes com sons diferentes.
Como disse acima, Outriders está totalmente localizado em nosso idioma, tanto com dublagem quanto legendas e menus em Português do Brasil.
Opinião
Acredito que conseguiram perceber minha relação de amor e ódio com Outriders. Se por um lado o jogo da People Can Fly me conquistou com seu universo único e cheio de possibilidades para criar um personagem poderoso, e para me divertir com meus amigos, por outro lado o título está infestado de erros que precisam ser realmente corrigidos. Mesmo com a última atualização, o jogo ainda sofre com seus problemas irritantes. O lado positivo é que o estúdio parece realmente empenhado em arrumar seu projeto. Só vamos torcer para que isso não ocorra tarde demais, e muitos jogadores resolvam desistir dele, pois o jogo tem potencial, até mesmo para estabelecer uma boa franquia.
Quando funciona bem, Outriders se apresenta como um bom looter shooter, dentro de um universo interessante, com uma jogabilidade divertida e com muitas possibilidades. Ele não é revolucionário dentro do gênero, mas essa também nunca pareceu ser a ambição dos criadores. Eles trazem diversos aspectos de outros jogos para criar a sua própria fórmula, que realmente diverte e te prende. Caso o estúdio dê suporte ao projeto, com novos conteúdos e mais mapas para as Expedições, ele pode se destacar muito com uma bela opção para quem curte jogos nesse estilo.
Escrevi essa analise em um profundo conflito, pois ao mesmo tempo que tenho e me aventurado e me divertido com Outriders por quase 50 horas, eu também passei por diversos momentos de raiva e frustração por conta dos erros e dos servidores. Eu ainda vejo um potencial gigante no jogo, mas se você puder esperar por mais algumas atualizações, terá uma experiência bem mais produtiva e divertida que a minha, pelo menos é que eu espero depois de alguns patches.
O jogo faz parte do catálogo do Xbox Game Pass, onde entrou no mesmo dia do seu lançamento, e também conta com uma Demo caso queira testá-lo antes de se aventurar pela versão final.
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