Após três grandes filmes nas telonas dos cinemas, o notório assassino de aluguel, John Wick, chega aos consoles para mais uma caçada visceral. Ao menos, é isso que se espera de um jogo baseado nos filmes. Entretanto, John Wick Hex traz uma proposta bem diferente. O estúdio Bithell Games, responsável pelo desenvolvimento do jogo, resolveu apostar numa mistura dos gênero de estratégia e ação com um toque original. Confira nossas impressões da estreia de John Wick no mundo dos games.

Antes do doguinho

John Wick Hex se passa antes dos acontecimentos do primeiro filme. Aqui, Winston e Charon são sequestrados por Hex, um gênio do crime internacional, em um ato de rebelião contra a Alta Cúpula, um conselho de senhores de alto nível do crime. Em retaliação, a Alta Cúpula envia ninguém menos que John Wick para resgatá-los e acabar com os planos de Hex. Acompanhamos então John em uma caçada para acabar com a rede de criminosos de Hex e libertar seus colegas Winston e Charon.

A história é contada na perspectiva de Hex, interpretado por Troy Baker. Em conversas com seus cativos, Wiston e Charon, interpretados por Ian McShane e Lance Reddick, respectivamente, descobrimos o por quê John está caçando Hex e quais são seus planos contra a Alta Cúpula.

Não há cenas animadas. Acompanhamos imagens quadro a quadro, quase como uma HQ. O design dos personagens também possui uma caraterística cartunesca, bem fiel aos atores do filme. Infelizmente, o personagem principal do jogo, John Wick, não possui qualquer diálogo no jogo, limitando-se a matar os inimigos como uma besta, o próprio Baba Yaga.

Não é fácil ser John Wick

John Wick Hex é um jogo de estratégia em turnos, mas diferente de outros jogos do gênero, onde você controla um esquadrão, aqui sua única unidade é o próprio John. As diferenças, no entanto, não param por aí. As células onde o personagem se movimenta são em formato de hexágonos. As ações de John e seus inimigos ocorrem simultaneamente, enquanto em outros jogos há turnos distintos. Por último, existe uma barra de tempo no canto superior para calcular as ações dos inimigos e de John. Todos esses pontos criam um complexo quebra cabeça, no qual o jogador deverá pensar bem em cada ação que John fará. Não só isso, é preciso pensar nos segundos de cada ação de John e nos segundos para reação do inimigo.

Pode parecer que se trata de uma jogabilidade extremamente complexa já que tantas variáveis estão em jogo, e até faz sentido que seja assim. Afinal, nos filmes, John acaba com exércitos e exércitos de capangas com ações que são tomadas em frações de segundo. Você simplesmente entra numa sala e encontra 3 alvos em posições distintas e com armas distintas. É preciso ter um raciocínio extremamente rápido para dar cabo dos três ou então você é quem vira o presunto.

Felizmente, ainda se trata de um jogo tático em turnos, e quem é familiarizado com o gênero não terá grandes problemas na adaptação. Acertar inimigos com armas de fogo possuem uma chance de acerto dependendo da da distância. Em inimigos mais próximos, você pode economizar munição e usar combate corpo-a-corpo. Sempre atento, pois o próximo inimigo pode está logo no próximo cômodo.

Já para aqueles que não conhecem muito jogos de estratégia em turnos, a coisa fica um pouco mais complicada. A HUD do jogo não é das mais limpas e você vai se perder bastante para achar que ação faz o que. Para piorar, o tutorial não ajuda muito. A barra de tempo de ações, por exemplo, é um dos últimos recursos a ser explicado. Apanhei bastante para entender a mecânica do tempo por conta disso. Se tivesse sido um dos primeiros itens a ser apresentado, certamente não teria me frustrado tanto assim.

A cada nível concluído John recebe moedas que podem ser trocadas por melhorias. Armas melhores no seu arsenal e fazer com que ele gaste menos pontos de ação, por exemplo. Você recebe moedas conforme o desempenho, com variáveis de não levar dano, quantidade de turnos em que terminou o nível etc.

Gráficos e som

Os gráficos são um dos pontos mais controversos de John Wick Hex. Como já mencionado, os cenários e personagens lembram o estilo de HQs. Os modelos até retratam bem os personagens já conhecidos dos filmes, porém os corpos são um tanto desproporcionais. Cinturinha, membros finos e uns ombrões, que nas animações parecem um monte de gorilas desengonçados. Isso fica ainda mais evidente se você usar o recurso replay ao final de cada nível, que basicamente apresenta todas as suas ações de forma ininterrupta. A parada é tão enfadonha que basta uma vez para você não querer rever qualquer outra missão.

A parte da dublagem é muito boa. Ouvir os diálogos entre Ian McShane, Lance Reddick e Troy Baker é extremamente satisfatório. Infelizmente o personagem principal fica de fora. A trilha sonora se resume a batidas de baladas apenas como música de fundo, sem qualquer tipo de alteração de ritmo em meio aos níveis. Dificilmente alguns desses temas ficarão guardados em sua memória.

Infelizmente, o jogo não tem legendas em português do Brasil.

Opinião

A primeira aventura de John Wick certamente foi bem diferente do que muitos imaginaram. John Wick Hex se trata de um jogo de estratégia com uma jogabilidade bem original. Uma vez que você consegue dominar suas mecânicas, poderá se sentir o verdadeiro assassino lendário capaz de acabar com exércitos de inimigos e sair quase ileso.

Infelizmente, alguns pontos acabam por estragar a experiência. A curva de aprendizado alta certamente frustrará e afastará aqueles que não são familiarizados com jogos de estratégia. Assim como nos filmes, simplesmente matar um monte de inimigos quase que initerruptamente pode tornar-se maçante. Já quando você não está dando cabo de ninguém, não poderá aproveitar os diálogos da história se não tiver conhecimento em inglês.

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About Author

Aficionado pela cultura geek. Se o cinema é a sétima arte, os games são a oitava. Entrou no mundo dos consoles no NES e desde então vem acompanhando a geração dos games até o Xbox One. Caçador de indies, nas horas vagas tenta ser biólogo.

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