O ano de 2021 começa incerto no mundo dos games, com poucos lançamentos de expressão, visto que muitos jogos foram adiados devido a pandemia. Mas o mês de Janeiro se mostrou bem interessante, pois um dos maiores ícones da história dos games acaba de chegar com força total.
Hitman 3 é a conclusão da saga World of Assassination, que mudou o jeito de jogar da franquia e promete uma grande evolução técnica. Será que o Agente 47 trouxe alguma surpresa na manga, ou ainda é mais do mesmo?
UMA EVOLUÇÃO PERCEPTÍVEL
Uma das principais promessas da IO Interactive foi a evolução na engine Glacier usada na franquia Hitman, que passou por um teste de fogo, e teve que lidar com a transição de geração, que ultimamente tem dado bastante encrenca em alguns jogos. Além disso, Hitman 3 foi o primeiro projeto publicado pela empresa, que ganhou status de independente, já que antes a distribuição oficial era feita pela Square Enix.
Nos primeiros minutos já notamos algumas mudanças, principalmente nos gráficos que estão incríveis, mesmo rodando em um Xbox One S. Lembro que a franquia nunca esteve a frente de alguns jogos em relação a esse tipo de quesito, mas aqui podemos classificar o jogo como um dos mais bonitos que foram lançados recentemente.
Não foram somente os gráficos que foram turbinados, tivemos uma melhoria considerável nos movimentos do Agente 47, que agora está com ações mais fluídas, e que não causam estranheza no jogador.
Outro ponto interessante da Glacier engine é a sua física, que tem boas interações com objetos, ou seja, os corpos quando são alvejados não caem igual a uma pedra, o que oferece uma boa veracidade ao que está acontecendo na tela. O vento também é bem representado na engine, com efeitos que fazem a roupa do personagem mexer com naturalidade.
O mapa é vasto e bem populado, com um grande número de NPCs na tela, algo que já foi visto em outros jogos da franquia, mas que ganhou uma maior proporção nesse jogo.
UMA HISTÓRIA COESA
Hitman 3 é a conclusão da saga World of Assassination, que fecha o ciclo iniciado em 2016 na geração passada. Ela começou de forma episódica, mas agora voltou a ser um produto lançado por inteiro.
A história do jogo acompanha o Agente 47 em sua busca por vingança contra a ICA e a organização chamada de Providence. Essas organizações, que estão inseridas em várias esferas da sociedade, são ardilosas e não vão medir esforços para completar os seus objetivos.
Além de 47, outros personagens conhecidos da franquia dão as caras, como Diana Burnwood e Lucas Gray. Eles possuem o seu brilho e não se resumem a cutscenes, mostrando que a franquia pode ser algo ainda maior.
A trama da franquia mostra uma boa evolução em termos de narrativa, trazendo mais camadas para os personagens. A cada missão concluída, temos cutscenes que levam o clímax para um novo nível, seja para mostrar o próximo objetivo ou mesmo para colocar mais lenha na fogueira.
Algumas missões ficarão na sua memória, com momentos épicos e cheios de reviravoltas.
WORLD OF ASSASSINATION
O ponto alto dessa nova trilogia foi oferecer liberdade para o jogador, com um mapa em sandbox que abre um leque de possibilidades. Isso foi cumprido com maestria no terceiro jogo, com ainda mais formas de eliminar seus alvos e alguns objetivos que são mais do que alvos assassinados.
Esses objetivos criam situações de tensão na trama, que levam o desenrolar da história para um outro nível. Foi uma maturidade facilmente percebida nesse terceiro jogo.
Poderia passar horas falando sobre as várias formas de concluir algumas missões. Cada jogador terá uma experiência diferente, tamanha são as possibilidades das fases. Falando das missões, novamente temos localizações bem interessantes, que inclusive casam com a proposta da história.
Alguns recursos como o famoso alvo elusivo serão lançados através de atualizações gratuitas. Pra quem não conhece esse modo, o jogador tem um alvo especial que só pode ser acessado uma vez, sem salvamento, uma morte com uma tentativa somente. Já os contratos de agravamento trazem modificadores para dificultar a nossa vida
O menu de Hitman 3 traz todas as missões dessa trilogia, contanto que o jogador tenha adquirido os jogos anteriores. Isso é um grande facilitador para o fã da franquia que deseja revistar algumas missões.
JOGABILIDADE
Hitman sempre foi uma franquia que prioriza a jogabilidade, com grandes possibilidades para o jogador. Em Hitman 3 o mesmo tipo de comandos foram mantidos, algo que mesmo o jogador sendo um novato consegue aprender com alguns minutos, e caso queira fazer um treino, ele pode completar o tutorial que precede as fases principais.
A mudança mais perceptível em relação a jogabilidade está no uso de uma câmera, que pode ser usada para ativar o modo fotografia ou para hackear portas e alguns computadores.
Como disse anteriormente, as melhorias da engine Glacier vão além dos gráficos, com movimentos mais leves. Principalmente no tiroteio que está bem melhor em comparação aos jogos anteriores da franquia, que fazia o jogador odiar o combate e ir para outras abordagens. Neste novo jogo, pelo menos, caso o jogador queira sair atirando ele pode, pois é bem satisfatório atirar contra seus inimigos. O cover também funciona de forma redondinha.
Um aspecto interessante do jogo é a inclusão de elementos investigativos, cuja resolução de puzzles força o jogador a sair da zona de conforto.
Novamente temos uma grande variedade de roupas, que fazem do 47 o assassino perfeito, além, é claro, de diversas armas e execuções brutais.
SOM E GRÁFICOS
Os gráficos, como já disse anteriormente, estão com um nível altíssimo, com ótimos efeitos de iluminação e sombras. Mesmo rodando em um console base, parecia que estava usufruindo de técnicas de Ray Tracing tamanha era a beleza de alguns cenários. Um dos efeitos mais legais que presenciei no jogo foi a chuva, que simulava algo bem próximo da realidade.
O design de fases foi muito bem construído, com localidades cheias de detalhes. Como os mapas de Hitman 3 são em sandbox, geralmente esses tipos de jogos não são tão detalhistas, mas aqui cada canto do mapa traz uma possibilidade e também algo a dizer.
O som está sensacional, com ótimos efeitos e até mesmo algumas trilhas que embalam bem a jogatina. Curiosamente o único problema que encontrei no jogo está na localização, que não possui áudio, legendas ou mesmo menus em Português do Brasil, algo que achei bem estranho, visto que os jogos anteriores dessa trilogia tinham alguma localização. O único motivo que encontrei foi a mudança de modelo de publisher terceirizada para própria. Mas isso pode ser corrigido com alguma atualização, assim eu espero.
OPINIÃO
Hitman 3 é um dos melhores jogos da franquia, com uma jogabilidade que oferece uma grande liberdade para o jogador completar seus objetivos da forma que desejar. As possibilidades estão ainda mais criativas, aumentando o fator replay com recursos que nos incentivam a completar a mesma fase várias vezes para ser cada vez mais divertido.
A história se aprofunda mais na lore da franquia, com personagens secundários bem interessantes, e que possuem mais camadas na sua personalidade.
As melhorias na Glacier engine foram bem vindas, com gráficos incríveis e uma das melhores otimizações que vi nessa transição de geração. Durante minha jogatina não tive problemas com bugs ou performance. O único problema encontrado, e que incomodará muita gente, é a ausência de localização, mas é algo que eu espero que seja resolvido com um update de legendas.
A nossa análise foi baseada em uma experiência com um Xbox One S. Mas o jogo está disponível também no Xbox Series S|X em 4K e 60fps. Hitman 3 possui Smart Delivery, ou seja, serve para as duas gerações, não necessitando de uma nova compra.
*Certifique que este é o preço praticado antes de efetuar a compra. Os valores podem variar.