Estreando na família Xbox, DRAGON QUEST XI S: Echoes of an Elusive Age – Definitive Edition chega ao lado verde da força para mostrar o por que é uma das mais relevantes franquias de RPG nipônica. Será ele o jogo da Square Enix que é tão bom quanto seu irmão Final Fantasy? É o que você confere em nossa análise!
O destino do herói
Antes de começarmos nossa história, é preciso falar sobre a lenda do Luminary, aquele escolhido por Yggdrasil, a árvore mundo, para ser seu campeão em tempos de grande calamidade. Quando um Luminary nasce no mundo de Erdrea, sua folha floresce em uma explosão de luz que ilumina o céu. A criança também recebe a Marca de Yggdrasil, a partir da qual o poder divino pode ser convocado para ajudá-la de acordo com a vontade de Yggdrasil.
Em Dragon Quest XI, somente duas pessoas nasceram com título de Luminary, uma delas é nosso protagonista. Porém, antes mesmo de descobrir seu destino, ele sofre um ataque das forças do mal ainda quando recém-nascido. Sobrevivendo por meio de um milagre, o herói acaba sendo acolhido por uma pequena vila, onde cresce e se torna um jovem saudável. É durante sua cerimônia de maioridade que o protagonista descobre ser a reencarnação de um lendário herói. Então, ele parte em uma jornada para cumprir seu destino e impedir que o mundo de Edrea caia com o poder das forças do mal.
Assim, uma épica jornada se inicia. Uma jornada onde nosso herói fará grandes amizades, enfrentará poderosos adversários, e descobrirá sobre seu passado. Apesar de usar a já batida fórmula da batalha do bem contra o mal, o jogador perceberá sua profundidade e complexidade ao longo de, pelo menos, 70 horas de jogatina. E não se espante com os números, Dragon Quest XI oferece um conteúdo com tamanha qualidade que você nem verá este tempo passar. É bom se preparar, pois essa será uma daquelas histórias memoráveis, cheias de reviravoltas e conspirações.
Rumo a Yggdrasil
Dragon Quest é uma série japonesa, mas suas inspirações sempre se basearam nas mitologias ocidentais, com certa abundancia na mitologia nórdica. Começando pela própria Yggdrasil, a árvore mundo. Em nosso caminho até ela, testemunhamos vários elementos populares, como vikings, dragões, sereias, e muitos outros.
Apesar de Dragon Quest XI possuir um vasto mundo para explorar, este não é aberto. É dividido em várias sessões menores, que acabam ajudando a definir as características de cada área. Ursos e criaturas de gelo você só encontra na região gelada de Sniflheim. Escorpiões no deserto Gallopolis . Sapos em áreas de floresta úmida próxima de Yggdrasil. Assim por diante.
O mesmo vale para as cidades e sua população. Cada cidade que o jogador visita possui construções, itens e um povo único. A cidade de Hotto, por exemplo, se localiza em uma região vulcânica. Ali, você encontra banhos em fontes de águas termais, armas e equipamentos que lembram a cultura japonesa. A cidade de Arboria parece ter saído diretamente da mitologia grega, com seu povo usando túnicas e monumentos que lembram a Acrópole de Atena.
Isso mostra o esmero em fazer com que cada lugar que o jogador visite seja uma experiência única. Lugares incríveis, repletos de histórias, folclores e personagens para interagir.
Seguindo a tradição
Assim como Final Fantasy, Dragon Quest é uma das mais antigas e influenciadoras franquias no mundo dos games. Entretanto, enquanto Final Fantasy tem buscado se reinventar a cada edição nos últimos anos, Dragon Quest se resume a tradição, mantendo suas principais características e realizando mudanças sutis a cada nova edição.
O jogo ainda é um dos poucos que usa o estilo de combate em turnos nos RPGs. O design de personagens e cenários ainda seguem sob tutela de Akira Toriyama, criador de Dragon Ball, com uma modelagem similar ao que foi apresentado no Playstation 2. É claro, com gráficos bem mais definidos e com maior riqueza de detalhes. Logo que comecei a jogar, a primeira impressão que tive é de estar jogando o último Dragon Quest que tive oportunidade, o Dragon Quest VIII. Tanto que a versão definitiva oferece uma skin para nosso herói baseada no protagonista do VIII.
Em uma época onde a maioria dos jogos seguem uma mesma fórmula para atrair jogadores, com mapas imensos para explorar, infinitas sidequests para completar, milhares de coletáveis para achar. Tudo acompanhado de uma descrição ou um sinal gigante apontando para o que fazer ou onde ir, Dragon Quest XI se destaca justamente por se manter na sua antiga tradição.
Sim, ainda temos um mapa indicando onde ficam lojas. Missões secundárias também são destacadas, mas com uma breve descrição onde você deve chegar em uma conclusão do que deve ser feito. Mas atenção, cada objeto ou personagem no jogo tem um papel importante, só não há uma seta indicando isso. Por isso, conversar com cada NPC é importante. Você pode conseguir uma missão exclusiva. Um item mais barato do que vendido no mercador, ou até uma armadura raríssima onde você não encontra nem explorando no mapa ou em lojas.
É algo que prende você. Sair explorando. Interagindo. Se você não consegue um item, pelo menos aprende mais sobre a lore do local e do povo onde você se encontra. Até dicas para facilitar uma batalha contra um boss desafiador. Você sente que nada está ali só para “encher linguiça”. Um trabalho primoroso realizado pelos desenvolvedores.
A edição definitiva
De 2004 para cá, não pude acompanhar muitos jogos da amada franquia Dragon Quest, infelizmente, pois até então nenhum jogo havia sido lançado para Xbox. Então, pesquisei para saber as novidades que Dragon Quest XI trouxe para a série, e o que a edição definitiva trouxe para o jogo em si.
Começando pelo principal, as batalhas do jogo. Como já mencionado antes, ele segue batalhas em turnos, mas novos elementos foram incluídos para darem uma apimentada nos combates. Existem os já clássicos comandos como atacar, defender, usar item, magia ou habilidade. Mas uma adição interessante são os Pep Powers. Basicamente, quando seu personagem apanha pra caramba ele fica puto e libera um poder oculto. Seus status sobem ainda mais, e eles podem usar ataques especiais devastadores. Ainda, existem casos onde personagens podem combinar seus ataques quando entram em modo Pep. Nosso herói consegue combinar com todos os personagens, enquanto os outros podem combinar conforme o elo entre eles. Como as gêmeas magas Veronica e Serena. Rab e sua pupila Jade, e por aí vai.
Você também pode escolher o estilo de combatente que seu personagem será com o character builder. Quando um personagem sobe de nível, seus status sobem e ele ganha pontos de habilidades. Estes pontos de habilidades são usados para desbloquear novas magias e habilidades no character builder. Assim você pode tornar um mesmo personagem especialista no uso de adagas e boomeranges. Ou focar em uma só vertente, como em habilidades de suporte. Com isso, você pode montar as mais diversas estratégias com cada personagem do seu grupo.
Agora falando das adições da edição definitiva, são várias bem bacanas. Você pode forjar equipamentos e armas com Fun-Size Forge em quase qualquer lugar com um interessante minigame de martelar a quantidade de vezes certa. Dependendo do seu desempenho, pode conseguir um item perfeito com vários bônus de status, ou fracassar e criar um item meia boca.
A opção de mudar para o modo 2D, foi um belo agrado para o saudosista. Veja que mudar para o modo 2D muda a dinâmica do jogo em si. Enquanto no 3D você pode decidir quando enfrentar um inimigo ao se aproximar dele, no 2D os encontros são aleatórios, como os RPGs mais clássicos.
O jogo também possui Modo fotografia. Novas roupas para seus personagens. A opção de casar ou fazer uma parceria com algum personagem do seu grupo. Escolher áudio orquestrado ou eletrônico. Falando em áudio orquestrado, este sempre foi um dos grandes destaques da franquia, responsável por apresentar melodias incríveis. Dublagem em inglês(inédita) e Japonês. E muitas outras.
O edição definitiva de fato melhora o jogo em muitos aspectos. Vale apena até uma nova jogada para quem já o fez anteriormente.
O grupo ideal
Por último, mas não menos importante, temos os companheiros do nosso herói na incrível jornada que é Dragon Quest XI S. Cada um com estilo e personalidades bem distintas. Ainda assim, compartilham de um sentimento comum de lealdade e amizade entre eles. Um disposto a se sacrificar pelo outro.
O jogo até possui uma opção de diálogo entre membros do grupo enquanto você está explorando ou em um acampamento. Assim você acaba conhecendo cada vez mais os membros que o acompanham na aventura. E acredite, depois de mais de 100 horas de jogatina, é fácil criar um elo com cada um deles. Você sofre com eles no momento de dor, e fica feliz nos momentos de alegria. Como um verdadeiro RPG deve ser.
Na edição definitiva, cada um dos membros do grupo recebeu missões extras para explorarem mais um pouco de sua história. A diversão é garantida com diversos momentos cômicos, como o velho Rad e suas taras por revistas eróticas. Tudo torna a experiência do jogo ainda mais memorável.
Opinião
DRAGON QUEST XI S: Echoes of an Elusive Age – Definitive Edition mostra que os clássicos ainda carregam o seu valor. Mantendo várias de suas tradições, o jogo se destaca em meio a uma época onde muitos jogos entregam uma experiência similar. Ele oferece belos gráficos com um design característico e entrega uma das melhores histórias, profunda e cheia de reviravoltas. Não consegui jogar outra coisa se não Dragon Quest XI durante meu período de teste, tamanha paixão que adquiri pelo jogo.
Infelizmente, o jogo possui um grande agravante para o público brasileiro. Não há legendas em português ou qualquer previsão de uma futura adição.
Vale lembrar que o jogo estará disponível no catálogo do Xbox Game Pass no dia 04 de Dezembro!