Ícone do site Xbox Power

Análise – The Dark Pictures Anthology: Little Hope

Com The Dark Pictures Anthology, a Supermassive Games abraçou o mundo dos multiplataformas, expandindo suas criações para diversos públicos. O primeiro jogo dessa série foi Man of Medan, que apesar de conseguir oferecer uma narrativa atmosférica, tropeçou em diversos problemas técnicos. Little Hope é o segundo jogo da coleção de jogos de suspense, que coloca o jogador no centro de escolhas difíceis e uma atmosfera que nos dá a sensação de estar dentro de um filme.

Continuando sua parceria com a Bandai Namco, Little Hope era a chance do estúdio mostrar que esses tropeços foram deixados para trás, e que evoluíram sua antologia em diversos aspectos. E foi exatamente isso que aconteceu. Confira todos os detalhes em nossa análise.

Se prepare para os acontecimentos bizarros de Little Hope

Mantendo sua atmosfera de suspense, e a ideia de fazer com que o jogador se sinta dentro de um filme, Little Hope não só segue a já famosa fórmula da Supermassive, como também mostra sinais de amadurecimento, com uma narrativa mais envolvente e personagens mais interessantes e credíveis.

Quanto a trama em si, o jogo apresenta quatro estudantes em uma viagem de ônibus com seu professor, mas após terem que fazer um desvio, e se envolverem em um acidente, eles se viram desamparados em uma estrada vazia e no meio da noite. A solução foi buscar ajuda na cidade mais próxima, que no caso era a abandonada Little Hope, onde ocorreram terríveis julgamentos de bruxas séculos atrás.

Conforme se aproximam da sombria cidade, o grupo começa a se envolver em acontecimentos estranhos e encontrar criaturas bizarras. Algo interessante é junção de diversas linhas do tempo, que adicionam um clima de imprevisibilidade, e aumentam o mistério de toda a trama. Não vou falar mais do que isso, pois estragaria a experiência de vocês, mas a ideia central é basicamente essa, e ela se desenvolve muito bem.

As escolhas seguem sendo parte central de toda a experiência, com decisões que realmente possuem impacto na trama, assim como decidem quem vive e quem morre. Sim, você pode terminar a história com todos vivos, apenas alguns sobreviventes ou todo mundo morto. Essas ausências mudam os rumos dos acontecimentos. Além disso, a sua relação com os outros personagens pode definir sua disposição de salvá-los ou não.

Outra melhoria que Little Hope apresenta é na dinâmica do Curador. O personagem ganhou mais espaço, e além de ser o narrador das suas escolhas, nos intervalos entre os capítulos do jogo, e compartilhar algumas dicas com você, ele adiciona diálogos inteligentes, recheados de sarcasmo, cinismo e até mesmo uma certa irreverência. Ele se tornou uma peça chave para dar um real sentimento de antologia aos jogos, e acredito que ele ainda terá um papel importante em algum ponto.

Little Hope possui uma jornada de cerca de cinco horas, mas não se assuste, ou desanime, por causa dessa duração aparentemente curta. A ideia desses jogos é que você refaça a narrativa múltiplas vezes em busca de desfechos diferentes, testando diversas escolhas e abordagens dos acontecimentos. O fator replay é bem alto, e você se sente estimulado em buscar novos rumos narrativos.

No geral, tudo funciona muito melhor do que no jogo anterior, com uma narrativa mais coesa, personagens mais bem construídos, boas doses de susto para fazer o coração bater mais forte, e uma atmosfera densa que realmente te transporta para a assombrada Little Hope.

Caminhadas lentas, segredos para encontrar e QTE para te matar

Não existe mistérios na jogabilidade de Little Hope. Com o foco total na narrativa, e nas escolhas dos jogadores, quando não estamos conferindo as cenas e interagindo com os diálogos, o personagem que controlamos pode caminhar e explorar os cenários em busca de colecionáveis e do próprio caminho de progressão. Além disso, o sistema de QTE foi mantido para os momentos de ação.

Quanto a movimentação, ela segue bem lenta, e o personagem anda bem devagar, mesmo com o comando de caminhar mais rápido. Acredito que foi algo pensado para aumentar a atmosfera tensa, mas em alguns momentos a movimentação extremamente lenta se torna enfadonha. O lado positivo é que não existem muitos momentos longos de caminhada, então acaba não se tornando um grande problema.

Já os QTE’s, que são aquelas sequências de comandos que aparecem na tela, e que precisamos apertar rapidamente, continuam presentes. Apesar de estar mais refinado, o sistema ainda possui mais importância do que deveria em momentos chave. Por exemplo, você está buscando fugir de alguma criatura, e do nada, o botão aparece na tela, você se assusta, e erra, levando um personagem para uma morte dolorosa, ou um desfecho que você não queria.

É obvio que estamos falando de sequências, então apenas um erro não irá prejudicar toda a cena, mas como os comandos não são muito precisos, e muitas vezes surgem do nada, o controle da narrativa foge das suas mãos. O lado positivo disso, é que você fica mais atento ao que aparece na tela, o que ajuda na imersão. Ainda assim, a Supermassive precisa muito ajustar o sistema, para enfim conseguir oferecer um pacote perfeito do seu estilo de jogo.

A exploração foi melhorada, com muitos segredos e colecionáveis para encontrar. Eles não são apenas um número em um contador, mas expandem a narrativa de Little Hope, oferecendo mais detalhes sobre o que pode ter acontecido naquela cidade. Alguns deles também trazem dicas de acontecimentos futuros, e podem nos ajudar a salvar os personagens de uma morte grotesca.

Assim como no jogo anterior, Little Hope segue oferecendo modos cooperativos, com um focado no online e outro para o co-op de sofá. Em ambos você pode dividir sua jornada com outros jogadores, de forma a decidir juntos os rumos da história.

O modo História Compartilhada é online, e você pode se juntar com outro jogador para explorar a trama de Little Hope em uma mesma história juntos. Já o modo Sessão de cinema, a aventura será compartilhada entre 2 a 5 jogadores, com cada um assumindo o controle de um personagem, passando o controle quando o jogo determina. Em ambos os casos, a ideia é que os jogadores trabalhem juntos para conseguir o melhor resultado final possível.

É obvio que o modo single-player traz mais imersão, mas os modos cooperativos continuam sendo boas opções para a diversão com os amigos, e para sustos compartilhados.

Um novo nível de qualidade para os jogos da Supermassive

O trabalho audiovisual de Little Hope impressiona, com uma significativa melhoria do que foi visto em Man of Medan. Os cenários estão mais detalhados, e usam bem as nuances da escuridão em contraste com os tímidos pontos de luz, o que maximiza a sensação de medo e de estar perdido em um local totalmente estranho.

O trabalho de captura dos movimentos dos personagens está em um nível incrível. Se em Man of Medan o estúdio derrapou, e nos assustou com algumas expressões bizarras, que prejudicaram a imersão, em Little Hope houve um claro cuidado extra com isso. As animações dos rostos dos personagens estão naturais e passam exatamente o que estamos vendo e escutando na tela, que aumenta imensamente a qualidade de toda a experiência.

O desempenho é leve, e não passei por travamentos ou quedas de framerate. Os loadings estão extremamente curtos, o que favorece a ação contínua. A análise foi realizada quase na sua totalidade no Xbox Series X, mas o pouco que testei no Xbox One X, pude constatar que o desempenho também está muito suave.

A parte sonora também cresceu, tanto na qualidade das trilhas, quanto das vozes, e dos sons dos cenários. As canções são muito bem escolhidas e trazem o tom perfeito para cada situação, aumentando a tensão, e te levando para dentro da jornada. Os ruídos dos cenários estão excelentes, seja com o leve vento passando por uma janela, ou o estrondo de algo grande caindo no meio de uma casa abandonada. As vozes estão muito bem encaixadas com os personagens, o que torna os acontecimentos da narrativa mais verdadeiros e fáceis de nos cativar.

O jogo está todo com legendas e menus em português do Brasil.

Opinião

Com Little Hope, a Supermassive Games mostra que cresceu o nível de suas criações, com um trabalho meticuloso, que explora ao máximo esse gênero narrativo e cinematográfico no qual são focados.

A história está mais envolvente e os personagens estão mais interessantes. A parte gráfica está mais refinada, e ainda recebemos vozes, sons e canções que se misturam perfeitamente com a atmosfera sombria de Little Hope. Como pontos negativos, existem a parte da movimentação e do sistema de QTE, que ainda precisam melhorar para uma experiência mais coesa, mas ainda assim o conjunto da obra é realmente muito bom.

Com a visível melhoria do estúdio entre os jogos da antologia, eu já estou ansiosa pelo que teremos com House of Ashes, que foi revelado no pós-créditos de Little Hope, e está previsto para 2021 como sendo, talvez, a última peça de The Dark Pictures Anthology.

Entenda nossas notas


Sair da versão mobile