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Análise – Cloudpunk

Em um futuro distante, onde cidades são formadas por arranha-céus que atravessam as nuvens, e existem veículos voadores por toda parte, uma profissão parece imutável: a de entregador. Cloudpunk, jogo do independente estúdio alemão Ion Lands, coloca o jogador na perspectiva de uma entregadora novata em um universo cyberpunk, aproveitando que o gênero está em alta com o lançamento próximo de Cyberpunk 2077.

Será que o estúdio conseguiu aproveitar esta oportunidade para se destacar? Confira nossa impressões.

Entregador 2077

Em Cloudpunk, você assume o papel de Rania, uma recém chegada cidadã na cidade de Nivalis. Com problemas financeiros, a jovem arruma um emprego em uma companhia de entregas chamada Cloudpunk. O trabalho é relativamente simples, e só possui duas regras para se sair bem: Não perder a encomenda e nunca perguntar o que há dentro dos seus pacotes. Não demora para você perceber que algumas das entregas podem envolver produtos ilícitos, e que Rania pode ter se metido em uma verdadeira enrascada.

As mecânicas do jogo são simples. Pegue o pacote, entre no seu carro, chegue ao destino, saia do carro e entregue o pacote. Repita o processo e você terá a cerne de Cloudpunk. Claro, devido a natureza controversa de alguns pacotes, algumas entregas podem acabar se tornando um tanto complicadas.

Uma ambientação imersiva

O fator que mais se destaca em Cloudpunk é, sem sombra de dúvidas, sua ambientação. Os acontecimentos do jogo ocorrem a noite, dando maior destaque as propagandas, letreiros neon e os gigantescos e iluminados prédios que estão espalhados por toda Nivalis. Além dos veículos voando por tudo que é canto da cidade. Tudo feito em Voxel Art, um estilo gráfico onde você constrói modelos em cubos 3D. Trove, Riverbond e Robocraft são alguns exemplos desse estilo artístico.

A música de fundo é bem típica do gênero cyberpunk, com várias batidas de techno diferentes. Curiosamente, o clima do jogo é eternamente chuvoso, o que acaba dando um toque mais melancólico, principalmente sendo combinando com as mazelas que Nivalis apresenta. A história é contada por caixa de diálogos. Felizmente, todas são narradas por atores, sem excessão. Por outro lado, somente as caixas de diálogos são localizadas em pt-br, então, se você não tiver domínio em inglês, provavelmente terá que parar para acompanhar a história. Ou você pode lê enquanto dirige e verá, de forma prática, por que não se deve usar celular enquanto dirige.

Faltou capricho e variedade

Cloudpunk poderia ser uma ótima opção para aqueles ansiosos demais para esperar por Cyberpunk 2077. O jogo traz uma ambientação bacana, lembrando filmes como Blade Runner ou O Quinto Elemento. Os cenários são bonitos, repletos de detalhes, apesar de usar um design não tão realista. Mas o jogo esbarra em uma jogabilidade repetitiva, pouco polida e uma proposta enfadonha.

Quando falei que o cerne do jogo era basicamente pegar o pacote, entregar e ir pro próximo serviço, eu não estava brincando. É só isso. Por mais que seja legal pilotar um carro voador, e ver vários cenários diferentes, uma hora a coisa se torna muito maçante. Não há elementos que quebrem esse ciclo maldito. Uma fuga? Uma perseguição? Mudar de carro? Não! Melhorar o carro? Também não. O dinheiro que você recebe basicamente serve pra você encher seu tanque, comprar cosméticos para seu apê e…só! Não há qualquer tipo de recompensa que estimule você a continuar. A coisa é tão limitada que você pode sair batendo em tudo e todos no seu caminho que não há qualquer tipo de punição severa, nem seu carro sofre avarias. Sem falar nas constantes quedas na taxa de quadros.

“Ah, então a proposta do jogo não é ser um GTA cyberpunk, mas algo um pouco mais contemplativo. Algo mais focado na narrativa”. Ok, entendi. Aí esbarramos no outro problema, que é a forma como a história é contada. Como já mencionado, tudo acontece por diálogos e caixas de texto. O problema é que a ampla maioria das histórias são pouco interessantes. Histórias de ricaços esbanjando suas fortunas. Pobres fazendo de tudo para tentar sobreviver mais um dia. Nada de muito especial. Lembrando que a protagonista é só uma entregadora e suas ações dificilmente vão fazer a diferença.

Opinião

Cloudpunk consegue oferecer uma certa diversão ao permitir que o jogador voe por diversos cenários imersivos em um mundo cyberpunk. Vale a pena simplesmente sair dirigindo e apreciar cada edifício feito bloco por bloco. Ao menos incialmente. Não demora para você perceber que o jogo sofre com uma jogabilidade limitada e uma história dispersa. É preciso muita perseverança para chegar até o final dessa monótona aventura.

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