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Análise – Mafia: Definitive Edition

A Mafia Italiana sempre foi um tema bem interessante, tanto no cinema quanto nos jogos, onde tivemos clássicos instantâneos como Mafia e The Godfather, que marcaram gerações. Mas o tema ficou morno nos últimos anos, e alguns jogadores sentiram falta desse tipo de narrativa.

Mas isso pode mudar, pois a 2K, em conjunto com a Hangar 13, reviveram o primeiro jogo da franquia Mafia, que é considerado por muitos como o melhor. Além de trazer gráficos melhorados, pois o trabalho foi refeito do zero, a história também foi reescrita, com diálogos adicionais e cenas incrementadas. O primeiro jogo foi lançado em 2002, quase há vinte anos atrás, e apenas um remaster não faria tanto sentido, mostrando a necessidade da empresa de trazer o melhor para esse jogo. O desafio foi enorme, mas Mafia: Definitive Edition nasceu, e temos um dos jogos mais interessantes de 2020.

Ainda assim, será que ele conseguiu se reinventar, em fazer algo novo com base em algo antigo?

UM CLÁSSICO NUNCA MORRE

O primeiro Mafia tem uma das melhores histórias do mundo dos games, que foi mantida nessa nova versão, mas tivemos cenas reescritas e diálogos ainda mais interessantes. O jogo é desenvolvido em capítulos, onde o jogador deve seguir uma sequência de eventos sem muita liberdade, mas que no conjunto dos acontecimentos faz mais sentido, por trazer uma certa imersão na história, ou seja, por mais que a jogabilidade tenha seus méritos, o que faz toda a diferença aqui é o enredo.

Mafia: Definitive Edition conta a história da ascensão de Tommy Angelo na Mafia, e o jogador acompanhará todo o drama vivido pelo personagem, que começou a vida no crime por acaso e acabou sendo envolvido em algo muito maior do que ele imaginava. Tommy vai ganhando muitas camadas, e podemos ver seus dramas internos, ao ser confrontado por diversas situações durante a sua jornada.

Tommy Angelo é um personagem muito carismático.

Pouco a pouco somos apresentados a situações que moldam o trajeto do personagem, mas que não mudam seu caráter, é ai que surgem os grandes pontos de virada da história, cujo o clímax fica até o ponto final do enredo. Novamente, temos um desfecho semelhante ao original, mas que agora foi contado de uma forma mais interessante.

Como em toda história de mafiosos, temos um grande cabeça que é Don Salieri, e ele é um dos personagens mais importantes da franquia, cujo temperamento une o calmo com o explosivo ao mesmo tempo, onde ele pode ser brutal e tranquilo simultaneamente, matando sem peso na consciência. Nas novas cenas reescritas, ele ganhou mais profundidade, com uma expressão facial que mostra exatamente essa sua personalidade.

Outros personagens que também ganharam mais cenas foram Paulie e Sam, que participam intensamente da história, e ficamos ainda mais apegados aos personagens, que marcaram esse primeiro capitulo da franquia.

A campanha leva em torno de 12 horas para terminar, algo que curti, pois em nenhum momento ela se torna cansativa. Dando vontade de jogar sem parar, pois cada missão oferece uma emoção diferente.

MAFIA TAMBÉM É CULTURA

Um dos grandes destaques da história de Mafia: Definitive Edition são suas pinceladas de fatos reais. Pegaram, por exemplo, o grande período da Lei Seca dos Estados Unidos, onde a maior fonte de renda do crime organizado era o contrabando de bebidas alcoólicas, algo impensável nos dias de hoje, que tem a droga como seu principal vilão. Todos os negócios giravam em torno desse tipo de mercado, e o jogo conseguiu retratar bem esse período histórico.

As eleições também são mostradas, assim como a briga dos candidatos com os mafiosos, além é claro de toda sujeira que está nesse meio.

A recriação de alguns eventos ficaram perfeitas.

UM REMAKE DE RESPEITO

O primeiro Mafia era um grande jogo, mas que tinha os quesitos técnicos um pouco abaixo do que existia na época, e mesmo assim ele não deixou de ser gigante. Agora, quase vinte anos depois, tivemos um salto gigantesco de qualidade, afinal todo o trabalho foi refeito do zero. Pegaram todo o alicerce do jogo original e trouxeram para criar algo novo e belo.

Algumas fases são memoráveis.

Começando pela engine, que é uma versão melhorada do Mafia III, onde tivemos o combate melhorado e a jogabilidade com veículos refinada. Lembro que o terceiro jogo não era perfeito nesse quesito, e aqui ainda não é o ideal, por deixar os carros um pouco soltos na pista, mas que eu já consigo ver uma boa evolução. Espero que no próximo jogo da Hangar 13 isso seja ainda melhor.

Voltando a falar do combate em si, temos uma boa precisão na hora de atirar. As mecânicas de cover são bem interessantes, mas sinto que falta algo a mais, principalmente na hora de ir de uma parede para outra por exemplo, algo que a franquia Gears faz com perfeição.

As sequências de ação são muito boas.

Uma grande adição desse remake foi a inclusão de motos, inclusive em cenas inéditas, algo que ficou espetacular. Afinal, quem não gosta de uma cena de ação com motos?

Caso o jogador queira curtir um pouco da cidade, ele pode jogar o modo livre, onde podemos encontrar alguns veículos secretos e conhecer um pouco mais do ambiente. Os cenários fora da cidade também foram refeitos, incluindo mais detalhes nas áreas agrícolas, como as fazendas.

SOM E GRÁFICOS

Os gráficos estão incríveis, principalmente em se tratando da iluminação. Cenários belíssimos das vegetações, que entram em contraste com o grande cenário industrial da época. A noite também brilha, ao usar as mesmas técnicas de contraste de cores, evidenciadas pelas luzes da cidade.

A modelagem 3D também chama a atenção, principalmente nos carros, com suas peças cromadas que refletem a iluminação do ambiente. Cada carro é um show à parte, onde podemos curtir os carangos da época, que não são os oficiais, mas algo bem próximo do que existia naquele período histórico.

Os veículos possuem grande riqueza de detalhes.

Outro ponto importante é a captura de movimentos que ficou excelente, com expressões faciais que mostram o sentimento do personagem, valorizando alguns pontos da narrativa.

O som é algo perfeito, que traz um grande sentimento de nostalgia, principalmente pra quem curte as músicas dos anos 40. Além das músicas originais do primeiro jogo, foram incluídas algumas novas faixas que embalam as aventuras.

Os efeitos sonoros das armas e carros também foram criados do zero, oferecendo um material muito bom, trazendo diferenciação para cada item.

E O FUTURO?

O futuro já está acontecendo com o jogo, e já recebemos uma atualização com correções e um novo Modo Noir, que muda a palheta de cores para preto e branco, trazendo ainda mais charme para algo que já é um clássico.

Quem sabe no futuro o jogo receba conteúdos adicionais, como missões e mais veículos, por exemplo.

OPINIÃO

Mafia: Definitive Edition melhora o que já era quase perfeito e marca novamente seu lugar dentre as melhores histórias dos games, principalmente por reescrever novas cenas que não destroem o material original, mostrando que você está jogando a mesma história, só que com mais detalhes.

O gameplay, usando uma engine melhorada do terceiro jogo, caiu como uma luva, e as sequências de ação ficaram incríveis. Além disso, a dirigibilidade ficou boa, só necessitando de alguns ajustes, pois o carro ainda fica um pouco solto na pista.

Outro grande ponto positivo foi a inclusão de motocicletas, que não existiam no material original, e adicionaram mais possibilidades de gameplay.

O futuro para a franquia Mafia é interessante, e agora temos um novo horizonte, que abre possibilidades para um novo jogo. Afinal, o terceiro jogo não teve o mesmo impacto dos anteriores, mas que agora, com esse remake, as atenções estão voltadas mais uma vez para a série.

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