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Análise – Kingdoms of Amalur: Re-Reckoning

Kingdoms of Amalur é um jogo muito amado entre os fãs de RPG, e justamente por isso, o anúncio de Re-Reckoning foi tão celebrado. Essa nova versão se trata de um remaster o aclamado jogo lançado em 2012, e que agora está de volta com visuais otimizados, jogabilidade refinada e todo o conteúdo lançado por DLC.

Esse retorno da série foi algo inesperado, já que o desenvolvedor original, a 38 Studios, fechou um pouco depois do lançamento do jogo. A THQ Nordic comprou a IP (propriedade intelectual), e está trazendo o jogo original de volta, talvez como uma forma de testar o interesse do público pelo universo clássico e cult de Amalur.

O RPG se trata de uma criação de mentes brilhantes como o autor best-seller do New York Times, R.A. Salvatore; o criador de Spawn, Todd McFarlane; e o designer principal de Elder Scrolls IV: Oblivion, Ken Rolston.

A qualidade do jogo original é inegável, mas será que o remaster foi uma boa escolha de formato para trazer a série de volta? Será que ele honra o legado de Amalur? Vamos conversar sobre tudo isso durante a análise.

Uma história épica pelos reinos de Amalur

A trama de Kingdoms of Amalur: Re-Reckoning possui uma premissa bem básica, e até mesmo previsível. O protagonista que acorda sem lembrar de nada, e que ao trilhar esse caminho de redescoberta, descobre que é o escolhido para salvar o mundo. Nessa nova realidade, cada escolha que fizer terá impacto não apenas na sua vida, mas de todos ao seu redor. É uma história que já vimos um monte de vezes? Sim! Mas o que faz a diferença em Amalur é como essa narrativa é desenvolvida.

Quando começamos nossa aventura, descobrimos que os reinos de Amalur estão em guerra, mas ainda existe um mal maior agindo para piorar as coisas, que se trata da nefasta seita dos imortais Tuatha, e seu líder sombrio Gadflow. Apesar das investidas dos reinos contra essa ameaça, parece que nada, nem ninguém, possui o poder suficiente para destruir esses seres, que estão decididos a exterminar todos os mortais.

Parece que o mundo está perdido, até que surge o protagonista. Até que surge você. Nós somos uma experiência que deu certo, pois morremos e renascemos através do misterioso Well of Souls, um mecanismo poderoso, onde ocorrem experimentos para fazer com que os povos possam lutar contra os imortais Tuatha. Somos o primeiro experimento que deu certo e isso muda totalmente o destino do mundo.

Mesmo com todo esse poder misterioso, precisamos de aliados para nos ajudar nessa jornada, e viajamos por entre os reinos de Amalur em busca de ajuda, enquanto conhecemos mais daquelas pessoas, bem como descobrimos mais sobre o nosso próprio personagem.

A missão principal é muito interessante, e nos deixa interessados o tempo todo para saber o que vai acontecer naquela trama recheada de mistérios. O mais legal é que como nosso personagem não lembra de nada, vamos descobrindo tudo junto com ele. Também existem diversas facções, que podemos ajudar para que sejam nossos aliados, e a história de cada uma delas foi muito bem construída, mostrando bem seus costumes.

Algumas missões, principalmente as secundárias, pecam na qualidade, ficando presas a matar alguma coisa, coletar alguns recursos ou explorar alguma masmorra. A quantidade delas é enorme, mas faltou um cuidado maior em sua qualidade. Já a trama principal, e das facções, possuem um desenvolvimento maravilhoso, que nos deixa preso em suas narrativas. Uma pena que quando vamos fazer secundarias para melhorar o nível do personagem, perdemos um pouco dessa imersão da história principal.

Kingdoms of Amalur: Re-Reckoning oferece um pacote completo, e além do jogo base, ele também adiciona os DLCs The Legend of Dead Kel e Teeth of Naros, trazendo ainda mais horas de aventura. The Legend of Dead Kel adiciona a nova região Gallows End, uma ilha cheia de histórias sombrias, com uma ameaça que ronda seus habitantes há séculos. Já Teeth of Naros traz uma terra esquecida, e com um ambiente hostil. Nesta nova jornada, os jogadores encontrarão os Kollossae, uma raça de gigantes devotos, e descobrirão os mistérios de sua fé. Além de todo esse conteúdo, Re-Reckoning ainda receberá a expansão Fatesworn em 2021, que promete mais cinco horas de história.

Mesmo que o ritmo se quebre um pouco com histórias secundárias um tanto quanto desinteressantes, a trama central e das facções são extremamente ricas, nos trazendo curiosidade sobre o que vai acontecer a seguir e o destino de todas aquelas pessoas e seus reinos. Só essas histórias principais já te garantem boas horas de gameplay, variando entre 20 a 40 horas de duração, o que pode até mesmo dobrar, caso queira fazer tudo o que aparece pela frente.

Você no controle da diversão

Kingdoms of Amalur: Re-Reckoning segue a tradição do bom RPG, com um robusto sistema de progressão e melhorias do personagem, e com escolhas importantes, que realmente fazem com que nos sintamos no controle do nosso destino. O mundo de Amalur oferece um vasto mapa para explorar, cheio de personagens interessantes de se conhecer, inimigos desafiadores para nos desafiar, e tudo isso é importante para crescimento do protagonista, como uma máquina muito bem lubrificada.

A personalização do nosso personagem não é muito ampla, mas oferece recursos decentes para a criação do nosso avatar. Além dessa caracterização estética, podemos escolher entre quatro raças, dividas entre tipos de humanos e Elfos, onde cada uma oferece bônus exclusivos que são importantes para a criação da sua classe, com melhorias para algumas habilidades, como o stealth, por exemplo, mais eficiência com algumas profissões, ou ainda mais domínio nas técnicas de persuasão. A outra escolha inicial está voltada para a escolha da classe que aqui está divido entre três caminhos diferentes: Might, que é o característico guerreiro, que usa armas e armaduras pesadas; Finesse, que é o mais próximo de um ladino, sendo especializado em armas mais leves e o uso de venenos e sangramentos; e por fim existe Sorcery, que o mais próximo de um mago, sendo especialista em magias.

Apesar da escolha inicial, o jogo oferece diversas maneiras de personalizar seu personagem, e essa transformação acontece através das arvores de habilidades. Sempre que sobe de nível, você recebe pontos para distribuir, e com eles você pode melhorar suas habilidades nas profissões, melhorar suas técnicas de arrombamento e furtividade, por exemplo, e ainda pode investir seus pontos em qualquer uma das árvores das classes. Começou com Finesse? Mas gostou de usar as armas pesadas? Só começar a investir seus pontos na árvore Might. Quer criar um mago, com boas habilidades de veneno? Basta investir seus pontos em Sorcery e Finesse, e criar um personagem híbrido. Tudo fica nas mãos do jogador.

As armaduras e armas são variadas e respeitam o quantidade de pontos que usamos nas classes. Armaduras e armas mais pesadas demandam mais pontos de Might, enquanto os finos robes mágicos são voltados para quem investiu mais em Sorcery. Além dessas escolhas fixas, ainda temos poções que podem expandir as possibilidades de combate, aumentando dano e resistência, por exemplo. Algumas armaduras podem ser melhoradas com gemas, aumentando a complexidade para otimizar seu personagem.

Mas além disso tudo, existe o interessante sistema de Destinies, que são cartas recebidas conforme avançamos na história e completamos determinados desafios. Cada carta oferece melhorias fixas, e elas podem ser mudadas sempre que subimos de nível, ou ao encontrar um Fateweaver, que é um npc que pode fazer essa alteração.

Vastas possibilidades para transformar o combate de acordo com o seu estilo.

O combate é muito rápido e dinâmico, com controles fáceis para você alternar entre duas armas, e também utilizar as oito habilidades que são possíveis de equipar. Para as possibilidades do combate em si, podemos utilizar ataques pesados e leves para cada tipo de arma. Os estilos de armas são bem variados, com adagas, espadas, arcos, machadões, arcos, e por ai vai. Também existe a mecânica de Reckoning, onde o tempo fica mais lento e nosso dano aumenta consideravelmente. Não podemos usar esse modo o tempo todo, pois precisamos preencher uma barra, que enche conforme infligimos dano nos inimigos.

Entrar em batalha é uma verdadeira delícia em Kingdoms of Amalur: Re-Reckoning, pois com tantas opções para deixar o personagem do seu gosto, é como se você mesmo estivesse entrando em combate. Os comandos respondem bem, deixando o controle realmente em suas mãos. Sempre oferecendo batalhas divertidas, seja contra inimigos comuns, ou contra os desafiadores bosses, onde cada um possui suas próprias habilidades e arenas únicas.

O grande ponto fraco da jogabilidade está na sua câmera, que era complicada no jogo original, e seguiu sem melhorias nessa nova versão. Muitas vezes ela assume ângulos estranhos que tiram a imersão das batalhas.

Apesar das poucas mudanças, o combate e as possibilidades de Kingdoms of Amalur: Re-Reckoning oferecem uma experiência incrível para os amantes do RPG, onde você realmente sente que está no controle do destino do seu personagem.

O retorno a Amalur merecia um cuidado maior

A parte visual é, com certeza, o ponto mais polêmico de Kingdoms of Amalur: Re-Reckoning. O jogo de 2012 era bonito, mas já podemos ver as marcas do tempo nele, e mesmo que tenha envelhecido bem, podemos claramente ver que se trata de um jogo da geração passada. Com a chegada da versão remaster, muitos, eu inclusa, esperavam por um bom upgrade gráfico, mas não foi muito bem isso que aconteceu.

A atualização dos gráficos é praticamente nula, e mesmo que os personagens e alguns cenários pareçam bem polidos, a diferença para a versão original é muito pouca, o que é decepcionante para uma versão que prometia gráficos aprimorados. O desempenho é bom no geral, mas ainda assim as quedas de framerate acontecem, mesmo no Xbox One X. Além disso, em diversos momentos meu jogo fechou sozinho, e quase me fez perder um bom tempo de progresso. Pelo menos o título possui salvamento manual, e então podemos salvar a todo momento evitando perdas desnecessárias de progressão.

Eu não joguei o jogo original, então para mim era tudo novidade, mas ainda assim nunca senti que estava jogando um jogo da atual geração, ou algo próximo disso, mas apenas um relançamento cru de um título antigo. Vendo os gameplays do jogo original, tive certeza que esse remaster merecia um cuidado maior.

Quanto aos visuais em si, independente da qualidade do remaster, eles são belíssimos e com cores fortes, com um toque característico que lembra o estilo gráfico da franquia Fable, e fica claro que a série da Lionhead foi uma grande referência. Os ambientes são bem detalhados e diversos, com cada área trazendo as particularidades do seu clima e povo. Mesmo que carregue o peso de oito anos do seu lançamento, seus visuais se apresentam bem, mas é realmente uma pena que não tenha recebido um remaster mais cuidadoso, para destacar ainda mais essa beleza única de Amalur.

Quanto ao som, ele cumpre bem o seu papel de manter o jogador imerso em cada momento do jogo, embalando bem os acontecimentos. As vozes combinam bem com os personagens, mas é uma pena que o nosso protagonista siga sem uma dublagem própria, ficando mudo o tempo todo.

Outra decepção com Re-Reckoning é a falta de legendas em português do Brasil. Em 2012, isso até poderia ser tolerado, mas em pleno 2020, com o Brasil sendo um dos maiores mercados de jogos do mundo, é inaceitável que não tenham localizado o jogo.

Opinião

Kingdoms of Amalur: Reckoning é um dos melhores RPGs da história dos games, com um mundo interessante de explorar, personagens carismáticos, e uma história gostosa de acompanhar. Somado com o combate dinâmico e divertido, temos uma experiência completa que nos prende por diversas horas. O grande pecado de Re-Reckoning é a falta de um tratamento digno que justifique essa nova versão, pois as melhorias são quase nulas, com a grande novidade sendo a adição de todos os DLCs juntos para os jogadores, oferecendo uma aventura completa. A adição de uma expansão inédita no próximo ano também é uma boa novidade.

Kingdoms of Amalur: Re-Reckoning traz a experiência de 2012 em 2020, sem melhorias consideráveis, o que pode não atrair novos jogadores. Quem já jogou não tem muito estímulo para jogar de novo, a não ser que tenha deixado passar os DLCs no passado, pois são conteúdos que realmente valem a pena. Vale lembrar que o título base também está disponível através da retrocompatibilidade, o que pode afastar quem já possui o jogo a se aventurar por um remaster sem muitas melhorias.

Para quem nunca jogou, como eu, é uma oportunidade única, com um pacote completo de experiências, dentro do mundo rico de Amalur. O maior ponto positivo mesmo é ter a franquia de volta, e mesmo que não tenha sido o retorno que todos esperavam, pode ser uma bela porta de entrada para a THQ Nordic reviver de vez a série.

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