Durante o último fim de semana, me aventurei um pouco na proposta de Grounded, o novo projeto da Obsidian. Ele se trata de um título de sobrevivência, em primeira pessoa, cooperativo para até quatro pessoas, onde os jogadores são reduzidos ao tamanho de uma formiga e têm a tarefa de sobreviver no micro-mundo único de um quintal suburbano.
Confesso que meu interesse pelo jogo era bem pequeno, pois depois da minha intensa experiência com ARK: Survival Evolved, queria distância de jogo com mecânicas de sobrevivência, mas resolvi conhecer um pouco de Grounded para entender a ideia do estúdio de se aventurar por um gênero tão diferente para eles, pois são mais conhecidos por criarem RPGs robustos como The Outer Worlds, Pillars of Eternity e Fallout New Vegas, por exemplo.
Grounded já estava sendo desenvolvido antes da aquisição da Obsidian pela Microsoft, e agora os desenvolvedores explicam que possuem os recursos necessários para torná-lo realidade, mesmo que ele esteja sendo criado por uma pequena equipe do estúdio. Ainda que seja um projeto menor, será que Grounded tem potencial para se estabelecer como uma nova franquia da Obsidian e da Microsoft?
História
A Demo, liberada para os usuários do Xbox Insider, consistia em ser uma breve apresentação de como o jogador poderá se aventurar sozinho no mundo de Grounded, pois como dito acima, ele pode ser aproveitado em grupos de até quatro jogadores, mas também de forma solo. Então, antes de liberar o multiplayer do jogo no próximo mês, os desenvolvedores liberaram apenas uma jornada singleplayer, para que os jogadores conheçam as mecânicas básicas e também um pouco do mundo que o estúdio quer apresentar.
Havia um vasto quintal para explorar, cheio de lugares para descobrir e mistérios para desvendar, tudo com o mesmo objetivo central, que é investigar o máximo possível para tentar descobrir o motivo de você ter surgido minúsculo dentro do quintal da sua casa. A atmosfera de mistério e descoberta que o jogo passa é muito agradável, e rapidamente você se vê curioso em descobrir mais um pouco daquilo tudo ali.
Praticamente nada da história, além do que eu citei acima, foi revelado durante a Demo, o foco foi claramente dar um gostinho do que estar por vir, mas sem revelar demais. A Obsidian já garantiu, que apesar do grande foco na sobrevivência e na cooperação entre amigos, eles estão construindo algo que dê fortes motivos para o jogador continuar incentivado em descobrir tudo até o final. O estúdio é ótimo em contar boas histórias, então o potencial existe de verdade.
Jogabilidade
Cada jornada pela Demo tinha um tempo total de 30 minutos, que poderiam ser repetidos com seu personagem começando do zero, o que também limitou o que se podia fazer em cada sessão. A ideia é que em cada novo início você pudesse tentar coisas novas, em vez apenas de se tornar o todo poderoso durante o fim de semana.
A ideia central é ir buscando recursos pelo ambiente para montar sua base e também criar armas, equipamentos e itens que te ajudem a explorar o quintal, principalmente para conseguir se defender das mais diversas ameaças que existem pelo vasto mapa. Esses itens possuem durabilidade, o que traz mais complexidade para o gameplay. Enfrentar esses inimigos é extremamente importante para otimizar sua progressão, pois muitas das suas partes são materiais valiosos para criar armaduras e outros itens importantes. Quanto mais poderoso ele for, mais forte o item criado.
Esses momentos de ação são tensos, pois os insetos são realmente assustadores, sejam as brutais aranhas e formigões, sejam os mosquitos e outros bichos. Muitos deles não pensam duas vezes antes de te atacar. É realmente agoniante ter uma aranha gigante atrás de você, e as vezes é melhor apenas correr e torcer para sair com vida. Tanto o design desses animais, quanto as suas animações e ruídos, são extremamente bem feitos, o que aumenta a angústia de encontrá-los e enfrentá-los.
Justamente pensando naqueles que podem ter um desconforto maior ao encontrar essas aranhas, que são realistas até demais, a Obsidian colocou, nas suas opções de acessibilidade, um filtro para fobias como a famigerada aracnofobia, que é o medo de aranhas. Você pode configurar para que elas tenham um aspecto que te deixe mais confortável para jogar Grounded sem problemas.
Como se trata de um jogo de sobrevivência, em Grounded você também terá que gerenciar sua fome e sede. Beber água das bolhas que se formam nas plantas ou encontrar uma forma de purificar a água suja. Se alimentar de cogumelos ou da carne dos próprios insetos. Existe muito com o que se preocupar durante a sua aventura.
Os comandos são bem intuitivos e funcionam bem, apenas o combate que achei um pouco desajeitado em algumas batalhas, mas é algo que pode ser refinado durante o acesso antecipado.
Quanto ao mapa do jogo ele é aberto e bem amplo, com muitos lugares para explorar e descobrir. Enquanto eu andava sem rumo pelo quintal, encontrei buracos de formigas, itens deixados pelos humanos de tamanho normal, como latinhas e brinquedos, por exemplo, plantas diversas, estruturas variadas que já existiam no quintal e outras feitas pelos insetos. A exploração é muito boa, pois você sempre acaba descobrindo algo novo, o que te mantem imerso no gameplay o tempo todo. Me pareceu que o jogo também terá mecânicas metroidvania já que algumas áreas eu não podia acessar, mas ficou claro que será possível com algum tipo de equipamento que eu ainda não tinha recebido ou construído.
Gráficos e Som
A ambientação de Grounded me impressionou bastante, pois inicialmente o jogo não me pareceu tão interessante graficamente, mas quando você está dentro dele consegue absorver toda uma atmosfera única, que é realmente bem construída. Mesmo com um estilo cartoon e colorido, ele também tem suas facetas mais sombrias, que ganham força quando entramos em cavernas e buracos, ou ainda quando a noite chega. Sim, existe um ciclo constante de dia e noite, que deixa tudo ainda mais dinâmico e estratégico, pois você precisa escolher bem a hora de explorar. É aterrorizante estar na escuridão e ver os olhos vermelhos de uma aranha gigante vir na sua direção, então talvez seja melhor tirar a noite para outras atividades.
O quintal é realmente interessante de explorar, e é inspirador ver o amor que a Obsidian colocou em cada canto desse mapa, pois eles conseguiram transformar o que seria uma simples ambientação em algo grandioso e único. Ainda cabem muitos polimentos e otimizações, mas por se tratar de uma build bem prévia, o potencial é realmente gigante. Elementos como o bom uso da paleta de cores, iluminação, sombras e desempenho, estão muito bem evoluídos.
A trilha sonora é boa e dinâmica, com momentos tranquilos durante a exploração, mas com mudanças drásticas para dar mais tensão para ação de um combate, e é um recurso que funciona muito bem.
Opinião
Fui jogar a Demo sem esperar muito e fui positivamente surpreendida. Grounded é um jogo simples, mas que traz uma complexidade divertida na maneira como devemos organizar nossa progressão, tanto para nos fortalecermos para os perigos que podemos encontrar, quanto para o inesperado que nos aguarda em cada nova área descoberta. E não se engane, pois apesar da aparência mais casual, ele tem um grande potencial para agradar também um público mais engajado em jogos de sobrevivência, pois possui profundidade para isso.
O mundo extremamente único criado pela Obsidian pode ser o catalizador de um grande sucesso, pois é realmente viciante explorar o quintal e descobrir mais sobre o que existe ali. As mecânicas funcionam bem e estão bem direcionadas, podendo ser otimizadas ao máximo durante o acesso antecipado que começa no próximo mês. Se o título tiver um suporte como Sea of Thieves, por exemplo, o Xbox Game Studios pode ter uma franquia promissora em mãos.
Grounded inicia o seu acesso antecipado no próximo mês (Saiba como participar), onde será criado junto com os jogadores do Xbox Game Preview, que também vai aceitar jogadores do Xbox Game Pass Ultimate, e também pela base da Steam. Uma boa comunidade para começar a construir o futuro do título, que tem mais potencial para se destacar dentre os jogos de sobrevivência do que eu imaginava.