Finalmente, Bleeding Edge chegou ao Xbox One. Este é o primeiro jogo da Ninja Theory, desde que se juntou a Xbox Game Studios. Seu anuncio foi repleto de polêmicas devido a escolha por um MOBA, um jogo focado no multiplayer, e também o primeiro do estúdio neste gênero. Como que o estúdio se saiu nessa empreitada? Será que toda a comoção foi justificada? Confira em nossa análise.

Bem-vindo a Bleeding Edge

Em uma sociedade corporativista, um grupo de desajustados parece não se encaixar nos ideias que lhe são impostos. É quando um jovem nova-iorquino une esses indivíduos com uma causa em comum, causar o caos! Então o grupo chamado Bleeding Edge é criado, um lugar onde realizam lutas ilegais, sem a intromissão daquela sociedade onde se sentiam marginalizados.

Aquele bando de desajustados

Não espere uma história super elaborada como outros trabalhos da NInja Theory. Como todo MOBA (multiplayer online battle arena), a história serve apenas como pano de fundo para as batalhas entre jogadores. Você ainda pode se aprofundar um pouco mais sobre a história de cada personagem ao chegar a biografia de cada, mas fica nisso mesmo.

Um elenco diversificado

Na BGS 2019, tivemos a oportunidade de testar a versão alpha de Bleeding Edge e ter uma ideia de sua proposta de jogo. Com controles fáceis, rapidamente fomos envolvidos por um prazeroso sistema de combate. O elenco do título é composto por 11 membros divididos em três categorias: assassino, suporte e pesado. Cada um deles possui caraterísticas únicas e com curvas de aprendizado diferentes. O jogo ainda sugere alguns personagens, para novatos, enquanto destaca também outros que exigem um conhecimento mais avançado da sua proposta.

Poucas opções de visual dos personagens

A principio, me identifiquei com três personagens: Daemon, Miko e Makutu. Daemon é um colorido ninja assassino. Com suas habilidades, ele fica invisível no campo de batalha para perseguir as presas mais fáceis do time adversário. Miko é uma curandeira que fica na parte de suporte, curando e criando barreiras para que seu time não leve dano. Já Makutu é um tanque capaz de absorver bastante dano, excelente para servir de isca no front de batalha. Cada personagem possui até três habilidades, mais uma habilidade especial que carrega com o tempo, lembrando bastante Overwatch.

Assim como outros MOBAs, um mesmo personagem não pode ser escolhido por mais de um jogador. Então, quando um destes três já eram selecionados por outros jogadores, eu arriscava um novo. É legal ver que os personagens das mesmas categorias conseguem oferecer abordagens bem diferentes. E isso vai de quanto o jogador conhece do personagem e um pouco de criatividade também.

Kulev como exemplo, um curandeiro que consegue dar suporte a sua equipe e ao mesmo tempo causar dano massivo. Um de seus especiais é controlar um adversário alvo por um curto período. Com sua habilidade especial, eu o controlava e jogava adversários para fora do mapa ou até levava para uma emboscada com meus companheiros. Morte certa sem esforço.

Trabalho em equipe ou nada!

Para uma equipe sair vitoriosa em Bleeding Edge é preciso chegar a pontuação máxima do placar primeiro. São dois modos de jogo: um onde você pontua dominando pontos de controle. Já no outro é preciso coletar e entregar células espalhadas pelo mapa. Você ainda pode pontuar abatendo adversários inimigos.

Por ter um conhecimento prévio, e gostar do gênero MOBA, consegue rapidamente entender a dinâmica do jogo. Com Daemon eu evitava um combate direto, sempre buscava atacar indiretamente, pelas costas dos adversários ou usando a invisibilidade. Com Miko, eu não precisava me preocupar em causar dano aos inimigos. Sempre estava junto de um pesado ou assassino curando, indo para o ataque somente quando era oportuno. Já com Makutu eu estava sempre tentando chamar a atenção dos inimigos. Era necessário ser o foco de dano, para que meus companheiros pudessem realizar emboscadas.

Só observando

Bleeding Edge é isso. É saber seu papel dentro da equipe. Não basta você saber como jogar com seu personagem, mas também como se comportar durante as partidas. Basta que um membro desvie de sua função  e sua equipe esterá fadada a derrota. E como MOBAs ainda são uma novidade nos consoles, é bem comum você encontrar jogadores perdidos no meio das partidas.

Jogadores de suporte atacando sozinhos a equipe adversária. Pesados somente em busca de abates. Eram diversas situações que causavam aquele leve estresse. Pensando nisso, a Ninja Theory já deixou o bate papo por voz aberto nativamente para quem possui microfone. Colocou comandos com mensagens prévias como reagrupar, atacar, recuar e etc, para aqueles que não possuem microfone. Além de um dojo para o jogador se aprofundar mais no conhecimento de cada personagem.

Qualidade Ninja Theory…

Se muitos estavam receosos quanto a qualidade de Bleeding Edge logo que fora anunciado, é com tranquilidade que posso afirmar que o jogo é quase impecável. A Ninja Theory mostra seu cacife e por que foi adquirida pela Microsoft.

Começando pelo belo design dos personagens. Você vê que houve dedicação e paixão na criação de cada um. Um ninja grafiteiro? Um professor de história que teve sua alma digitalizada em um robô cobra e anda com um cadáver por aí? Ou que tal um golfinho controlando uma máquina mortífera dentro de seu aquário? Você não encontra figuras assim em nenhum outro jogo. Todos são muito bem desenhados, com gráficos que lembram o saudoso Sunset Overdrive.

Aquela pirueta provocativa

As arenas não ficam para trás. São cinco até o momento, todas bem coloridas e repletas de elementos para os jogadores tirarem vantagem. São relativamente grandes, por isso os jogadores contam com hoverboards para agilizar na travessia pelas arenas.

Também não tive problemas com desconexões, e os LAGs ocorriam raramente. Entretanto, já vi alguns jogadores reclamando dos problemas citados e ainda não há a opção de selecionar servidores. As vezes, você acaba indo parar em uma partida cheia de gringos e, além do problema de comunicação, é quando o LAG ocorre com mais frequência.

…mas precisa melhorar

Tecnicamente, a Ninja Theory entrega um excelente produto. Jogabilidade prazerosa, balanceada e com ótimos gráficos. Porém, Bleeding Edge carece de conteúdo para um jogo do gênero MOBA. Apesar de uma boa quantidade de personagens e arenas, inicialmente, apenas dois modos de jogo é muito pouco. Sem falar de outros elementos já consagrados em jogos multiplayer.

Mudando a design do hoverboard

Não há partidas ranqueadas. A customização do visual dos personagens é bem limitada, e salvo algumas exceções, a maioria só muda a paleta de cores. Não há um “passe de batalha”, algo bem popular em jogos multiplayer, onde os jogadores ganham diversos prêmios exclusivos. Até mesmo as conquistas são poucas, 10 no total. Então fica bem difícil de Bleeding Edge segurar os jogadores por muito tempo, por mais que possua muitas qualidades.

Mas o futuro é promissor. A Ninja Theory está sempre atenta aos pedidos da comunidade e já confirmou a chegada de um novo personagem em breve. É preciso que os jogadores deem um feedback para que ela continue melhorando este jogo, que tem tudo para ser um grande sucesso.

Opinião

Em geral, Bleeding Edge se sai muito bem como um MOBA, mas fica claro que ainda não se trata do produto final. Enquanto o jogo oferece bastante qualidade, com uma jogabilidade viciante e personagens carismáticos, falta conteúdo para que ele possa se sustentar. A Ninja Theory teria feito uma escolha melhor se tivesse simplesmente anunciado um beta aberto do que lançar um jogo inacabado. Uma pena, pois há o potencial para se destacar dentro deste gênero carente entre os consoles de mesa.

Entenda nossas notas

Clique e confira na Microsoft Store

Vale lembrar que Bleeding Edge está disponível também para os assinantes do Xbox Game Pass.

 

 

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About Author

Aficionado pela cultura geek. Se o cinema é a sétima arte, os games são a oitava. Entrou no mundo dos consoles no NES e desde então vem acompanhando a geração dos games até o Xbox One. Caçador de indies, nas horas vagas tenta ser biólogo.

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