Um dos jogos mais aclamados da história acaba de ganhar um remake, Resident Evil 3 que chega um ano após o lançamento do remake de Resident Evil 2, traz uma reimaginação dos acontecimentos do jogo original de 1999. O jogo traz novamente a RE Engine como seu alicerce, garantindo uma extrema qualidade técnica. Quanto a isso ninguém tem alguma dúvida, afinal a engine já tem cara de nova geração.
A maior dúvida de todos os jogadores é se o jogo conseguiu trazer uma visão digna do peso da franquia. Será que a Capcom cumpriu em trazer um Nemesis tão ameaçador quanto o original ou ela ousou como fez no remake do segundo jogo? Essas e outras perguntas iremos responder na análise a seguir.
UMA HISTÓRIA DIGNA DE FILME
Um dos maiores triunfos da franquia é sua história rica, que se estende por muitos anos e que traz protagonistas marcantes. Além disso, temos uma grande mitologia, que influenciou filmes, livros e até mesmo uma possível série de TV.
No Remake de Resident Evil 3 temos novamente a protagonista Jill Valentine tentando fugir da cidade, que está sofrendo uma epidemia de T- Vírus. A Policial está em seu apartamento em prisão domiciliar, pois estava investigando os segredos da Umbrela logo após os eventos do primeiro jogo.
Alguns acontecimentos, no começo do jogo, são mais bem contados do que no original, e ocorrem de uma maneira mais dinâmica, mostrando que o perigo é real, e Jill terá que lidar com isso. Em alguns minutos já estamos envolvidos na trama, conhecendo alguns personagens importantes, e isso se mostrou bem rápido, até de uma forma resumida. Até ai tudo bem, o jogo traz grandes momentos, que tiram o folego do jogador, mas isso ocorre de uma maneira muito acelerada, tirando o controle do jogador.
Essa aceleração do enredo tirou alguns sentimentos do jogo original, mesmo que a história esteja coesa e de acordo com o remake do segundo jogo. Mas pra quem é fã alguns pontos na trama incomodarão, pois muita coisa foi cortada em virtude desse resumo da história.
Em média o jogador levará de 5-6 horas para terminar o modo campanha, mesmo se ele procurar alguns itens secretos. O tempo para um jogo da franquia esta na medida, não tendo a necessidade de se estender muita coisa.
JILL AINDA MAIS BADASS
Jill continua sendo uma das melhores protagonistas dos games, com todos os problemas que ela encontrou, ela encara o perigo de frente. A personagem não tem medo e apresenta total confiança para o jogador, principalmente por trazer armas bem poderosas para a luta.
Alem disso, a caracterização da personagem foi bem fiel e trouxe o peso do que ela está enfrentando. Ela é frágil, mas muito mais forte no espirito do que qualquer um. Como o próprio Carlos disse, “ela é uma super policial”.
Algumas cenas trazem momentos interessantes, onde a personagem pronuncia ótimas frases de efeito, que mostram todo o empoderamento verdadeiro que ela possui. Jill está bem evoluída, pois já passou por um problema semelhante no primeiro jogo, então ficou bem coeso ela ter essa reação ao ver toda aquela imensidão de zumbis e não se assustar, algo que foi diferente para Leon e Claire no jogo anterior.
JOGABILIDADE REFINADA
Um dos grandes feitos dos remakes da franquia foi trazer um jogabilidade gostosa, e que dá prazer ao jogador. Temos tudo o que o segundo jogo original tinha, mas com a adição da esquiva, que funciona muito bem com alguns inimigos, mas peca com os zumbis. Em alguns pontos somos surpreendidos por inimigos inferiores, mas conseguimos esquivar de Nemesis ou algum inimigo mais avançado. Caso o jogador acerte a esquiva, poderá desferir um golpe critico. Outra novidade é que a faca, por exemplo, não se quebra mais, deixando o jogador a vontade para usar a arma branca.
Ao terminar o jogo, existe a possibilidade de jogar novamente em uma dificuldade maior ou completando desafios que desbloqueiam itens e armas mais poderosas.
INIMIGOS AINDA MAIS MORTAIS
Alguns inimigos estão ainda mais ameaçadores, trazendo um perigo a mais para o jogador que não espera por aquela reação. Ainda mais em locais inéditos, onde não esperamos que aquela cena aconteça.
Alguns inimigos possuem uma resistência ainda maior, fazendo com que procuremos uma estratégia mais efetiva. O número de inimigos também aumentou, afinal como o espaço ficou maior e ainda a temos a adição da esquiva, a dificuldade foi compensada no número de inimigos, deixando o jogo balanceado. Para isso, o jogador contará com muita munição e itens de saúde, algo que já existia na obra original.
RACCOON CITY MERECIA UM POUCO MAIS
Um dos grandes pontos fortes do remake do segundo jogo foi trazer algumas novidades para o jogo, com a inclusão de localidades inéditas, trazendo um ar de novidade.
Em Resident Evil 3 a Capcom perdeu a oportunidade de explorar ainda mais a cidade, já que grande parte da trama se passaria em locais abertos, O que mais temos é uma sensação de cadê isso ou aquilo. Por mais que algumas cenas alteradas garantam um certo charme ao jogo, elas não supriram o buraco do que poderia ter sido feito.
Outro ponto que me incomodou muito foi a ausência de puzzles, no máximo temos uns dois, que nem podem ser chamados de puzzles. Isso descaracterizou o jogo e trouxe uma aceleração desnecessária para um título que já é bem curto.
NEMESIS NÃO É MAIS O MESMO
Nemesis foi uma das maiores decepções que tive em Resident Evil 3, ainda mais por se tratar de um dos maiores vilões que já conheci na minha vida. Minha expectativa era enorme, principalmente ao ouvir que a Capcom iria fazer algo parecido com que foi feito com o Mr. X, que causava muita ansiedade nos jogadores. A promessa de que o personagem seria mais letal é até mantida na primeira hora do jogo, mas depois da primeira fuga, tudo parece muito linear, tirando a oportunidade da gente sentir medo, aflição e outros sentimentos.
Todo aquele frenesi da fuga tomando conta do personagem foi substituída por algo linear e muito scriptado. O jogador não tem medo, pois sabe que no final vai conseguir escapar, afinal é só seguir em frente. No jogo original, a gente tinha que lidar com um perigo que poderia aparecer a qualquer momento, nos deixando apreensivos. Aqui temos isso somente em alguns trechos, pois tudo foi reduzido.
Mesmo com algumas cenas que seguem muito um script, o jogo te proporciona grandes momentos, dignos de um filme de ação. Outro ponto positivo são as batalhas contra chefes que ficaram muito boas, inclusive com o uso do cenário a seu favor.
Infelizmente o vilão que seria o grande destaque do jogo, acabou virando o grande calcanhar de aquiles. A Capcom perdeu uma grande oportunidade para explorar o seu passado, algo que ficou só no cheiro.
Algumas transformações de Nemesis ficaram muito boas, mostrando que a mutação uma hora perdeu o controle, mas o ódio por Jill ainda está ali, e isso é bem passado para dentro do jogo.
CARLOS É O GRANDE DESTAQUE
Carlos é um dos meus personagens favoritos da franquia, e ganhou mais destaque no jogo. Posso afirmar que as partes mais interessantes são dele, e mostram alguém altamente treinado. Além disso, o personagem traz carisma e rouba a cena.
As partes de Carlos impressionam por trazer alguns locais que geram muita nostalgia, tocando o fã mais apaixonado. Essa ligação fez com que eu desejasse mais tempo de jogo com o personagem, mesmo tendo a Jill como protagonista. Ele teve seu momento de se reencontrar na trama, ganhando um novo objetivo. As cenas onde Carlos interage com Jill são muito boas, criando uma ótima química entre eles.
Outros personagens também cumprem o seu papel, dando ainda mais liga para a trama do jogo.
O ÁPICE DA RE ENGINE
Em Resident Evil 3 temos o melhor momento da engine da Capcom, trazendo uma física ainda mais realista, com ótimos efeitos de iluminação e sombreamento. A modelagem dos personagem também é muito boa, mostrando que os rostos estão ainda mais realistas. O cabelo ainda parece meio estranho, mas é algo que pode melhorar no futuro.
O impacto das armas está bem real, trazendo todo aquele gore que o jogo anterior mostrou, mas tudo foi melhorando. Isso mostra que a engine só irá crescer com cada jogo sendo feito com a ferramenta.
A RE engine cumpre seu papel mais uma vez, apresentando um jogo de alta qualidade, e com uma performance impecável, mesmo com um maior número de detalhes na tela. Analisei o jogo em um Xbox One S e não tive quedas da minha performance, algo ótimo para o final da geração. Isso demonstra que a engine está pronta para as novas máquinas, e a Capcom tem um futuro brilhante pela frente.
UM SOM NOSTÁLGICO
O som está muito bom com uma trilha sonora que toca no coração, trazendo um misto de inéditas e algumas músicas conhecidas da obra original. Ainda não temos uma dublagem, mas o jogo possui legendas em Português do Brasil. Quem sabe um dia a Capcom não pode nos representar com uma dublagem? Vamos torcer.
RE RESISTANCE
Para alguns que possam perguntar sobre o multiplayer do jogo, vamos fazer uma analise separadamente para ser justo com essa parte do jogo.
OPINIÃO
Para mim, foi uma das grandes decepções de 2020 até o momento, ainda mais por tudo que o segundo jogo apresentou. Resident Evil 3 é um jogo bom, mas que poderia ser excelente. O principal erro foi diminuir a graça das fugas manuais contra o Nemesis e apostar em algo mais cinematográfico. O vilão poderia ser melhor aproveitado, trazendo mais profundidade para a história.
A trama está bem coesa e boa de acompanhar, mas sempre traz a sensação de que está faltando algo. Pelo simples fato do jogo ser bem corrido e muito linear. Além disso, não temos muitos puzzles, e na primeira zerada o jogador consegue avançar sem problema algum. Ao contrário de Resident Evil 2, que teve muito conteúdo incluído, aqui temos a sensação de que um corte muito grande foi feito por causa do multiplayer que precisou de alguns recursos.