O exército nazista de mortos-vivos está de volta em mais um capítulo de Zombie Army, spin-off da franquia Sniper Elite. Zombie Army 4: Dead War deixa para trás a furtividade dos franco atiradores e leva os jogadores para a ação descerebrada contra as hordas de zumbis de Hitler.
Os mortos estão de volta
Apesar de conhecer a série Zombie Army, Dead War foi meu primeiro contato com o spin-off de Sniper Elite. Felizmente, a Rebellion colocou um resumão de antemão sobre os acontecimentos dos três primeiros jogos. Os aliados conseguiram derrotar as Potências do Eixo, inclusive, matando Hitler. Mas os nazistas possuíam uma carta na manga.
Por meio do ocultismo, os nazistas conseguiram reviver seu líder e um exército de mortos-vivos para acabar com a Aliança. Com Hitler a beira de ganhar a guerra, um grupo da Resistência conseguiu impedir seus planos e mandar Füher de volta para o submundo. A humanidade estava salva!
Ao menos era isso o que se esperava. O exército de mortos continuava avançando, com uma fome ainda mais voraz por carne humana. O mal ainda não havia sido exterminado, e nossos heróis devem mais uma vez avançar contra as hordas de zumbis nazistas.
O enredo é simples e serve perfeitamente como pano de fundo para toda ação que o jogo promete. Afinal, a premissa de Zombie Army 4: Dead War, assim como todos os capítulos da série, é entregar diversão descompromissada entre amigos.
Preparando-se para batalha
Antes de descer chumbo contra os zumbis, é preciso se equipar bem para sobreviver as ameaças que nos aguardam. Você possui três categorias de armas para equipar, golpe corpo-a-corpo, além do bônus de batalha.
As armas podem receber modificações que vão desde aprimoramentos em seu desempenho, quanto a sua parte estética. Cada arma possui três árvores de aprimoramento, onde você pode melhorar dano, manejo, quantidade de balas no cartucho e até colocar um tipo de elemento na munição.
A escolha do personagem também é um fator determinante na hora de partir para ação. A versão básica do jogo conta com quatro personagens, cada um com seus pontos fortes e fracos. Alguns possuem melhor estabilidade ao atirar. Outros ganham mais pontos ao matar inimigos (falaremos sobre isso em breve). Felizmente, o jogo não impede de vários jogadores escolherem o mesmo personagem em uma sessão. Logo, você poderá focar naquele em que mais combinar com seu estilo.
A personalização dos personagens é muito bem vinda. Você gasta um bom tempo procurando a arma ideal, com tipo de melhoria que mais pode trazer vantagem nas batalhas. Todavia, a parte de aprimoramentos é um tanto limitada. Rifles, por exemplo, você só aprimora um elemento, tamanho do cartucho, e alcance da mira. Metralhadoras somente elemento, dano da arma e tamanho do cartucho. Sem falar que os elementos são pré-determinados. Se a arma possui elemento elétrico, não há como escolher outro, sendo o jogador obrigado a trocar de arma para fazer uso de outro elemento. Não é algo que estrague toda a experiência, mas limitar os ações do jogador na parte de personalização, onde ele deve quebrar a cabeça para montar aquela “build perfeita”, não me parece a escolha mais correta.
Guerra dos mortos
Com tudo devidamente equipado, chega a hora da tão esperada batalha contra os zumbis. Há o modo campanha, horda e eventos. A aventura infernal se passa pela maior parte do tempo na Itália, onde você viaja pelos mais variados cenários. Estações de trem, esgotos, bunkers, zoológicos, entre outras localidades. Os tipos de zumbis também são diversos, e temos suicidas, necromantes, franco atiradores, até tanques zumbis… A Rebellion não economizou nas bizarrices.
Na campanha são oito episódios, divididos em quatro capítulos cada um deles. Em média, você consegue acabar um capítulo entre 15 a 30 minutos. Tudo dependendo do número de jogadores e da dificuldade escolhida. Ao final de cada capítulo você encontra um esconderijo onde poderá reabastecer seus suprimentos, aplicar novas melhorias, trocar de arma, etc. Os jogadores recebem também um resumo do desempenho de cada um no capítulo.
O modo horda não é muito diferente do que já encontramos em outros jogos, como Gears 5. É sobreviver ao maior número de ondas de zumbis possíveis. Os eventos são missões da campanha com alguns modificadores especiais, que tornam as coisas mais interessantes. Não usar rifles, itens de cura ou qualquer outro elemento para aumentar a dificuldade das tarefas. O bônus é ganhar itens exclusivos ao completar estes eventos.
Com uma boa opção de inimigos, cenários e modos de jogo, Zombie Army 4 traz uma boa dose de diversão descompromissada. Isso é, se você estiver jogando em grupo, caso esteja sozinho…
A união faz a força
Minhas primeiras horas de jogatina de Zombie Army 4 foram no modo single player. Queria ver como o jogo se saia caso estivesse sem internet e fosse obrigado a jogar sozinho. Foram momentos quase que insuportáveis. É até difícil de imaginar, pois citei diversos pontos positivos do jogo até o momento. Mas há uma explicação bem simples para isso: o jogo foi feito para se jogar de forma cooperativa.
Zombie Army 4 oferece um pouco mais do que simplesmente sair atirando para qualquer coisa que se move. Completar objetivos, como proteger e carregar uma bomba ou consertar ponte levadiças parecem simples, se você ignorar a horda de zumbis fungando no seu cangote. Sem falar dos variantes com minigun, lança-chamas e outros mais. É possível de fazer? É possível, mas é algo extremamente difícil, pois os zumbis não param de vir.
Acabei cansando de sofrer a toa e parti para sessões com outros jogadores. Cada sessão suporta até quatro jogadores simultaneamente. Achei uma, estava bem a frente do meu progresso, mas sem problema, pois a história não é foco do jogo. Era preciso montar o núcleo de uma bomba em uma base subterrânea. Um fica responsável pela montagem, os outros três davam cobertura. Quatro desconhecidos jogando de forma harmoniosa. Ocorreu tudo lindamente. Se um caia, outro ajudava a revivê-lo. Caso não chegasse a tempo, o jogador caído tornava-se mais um soldado no exército de mortos vivos. Mas calma, o mesmo voltava a jogatinha no checkpoint mais próximo. A não ser que todos caíssem antes da chegada no checkpoint.
Jogando com estranhos já melhorou e muito a experiência do jogo, imagina com amigos?
Show de horrores
Um outro destaque em Zombie Army 4 fica por conta da parte visual. Seus gráficos estão acima da média de jogos do mesmo gênero, como World War Z ou Remnant From the Ashes. Mesmo com a numerosa onda de zumbis, você vê que a aparência deles não se repete com tanta frequência. E vale dizer, são muito bem detalhados, e você percebe isso bem quando mira com deu rifle de precisão.
Falando nele, aqui há também a famosa Bullet Cam, marca registrada da franquia. De tempos em tempos, um tiro realizado com seu rifle ativa a câmera. Como os inimigos são bem lerdos, em sua maioria, você testemunha um festival de carnificina quando acerta vários com um único tiro. Órgãos e ossos explodindo quando a bala passa, seguida de uma imensa satisfação. A câmera ativa mesmo com vários jogadores na sessão, mas seu tempo é mais curto que o normal.
Uma coisa engraçada é que, se visualmente a Rebellion criou um climão horrorizante, ela fez totalmente o oposto na parte sonora. Tive a sensação de estar jogando Strange Brigade, que também é do estúdio, inicialmente. O contato que passa os objetivos via rádio parece o mesmo narrador de Strange Brigade, que volta e meia solta umas piadinhas. Criar combos de mortes remetem sons de fogos de artifício, tudo em ritmo de festa. Confesso que gostei da escolha, que quebra um pouco da tensão e reforça uma pegada mais escrachada.
A Rebellion também fez o dever de casa em relação a localização, e Zombie Army 4 conta com legendas em português do Brasil.
Opinião
Zombie Army 4: Dead War traz aquela fórmula já conhecida que faz sucesso em shooters com foco no modo cooperativo. Sua proposta é executada com extrema qualidade, proporcionando grandes momentos de diversão entre grupos de jogadores. A sensação é estar dentro de filmes como Madrugada dos Mortos, com muitas situações grotescas e engraçadas.
Mas há pontos que podem ser melhorados, como maiores ramificações nas árvores de habilidades de armas e personagens. Agora, se você espera por uma experiência single player, como seu primo Sniper Elite, certamente se decepcionará. A história é irrelevante, servindo apenas de desculpa para derrotar Hitler, mais uma vez.