Stela é o mais novo projeto da SkyBox Labs, que também é a co-desenvolvedora do super esperado Halo Infinite. O jogo se trata de um plataforma cinemático sobre uma jovem mulher que testemunha os últimos dias de um misterioso mundo antigo. Tudo ambientado com cenários minimalistas e história subjetiva.
Lançar um jogo assim é um desafio gigantesco, pois existe a inevitável compararção com as obras da Playdead, responsável por jogos aclamados como Limbo e Inside, que definiram toda a qualidade de um gênero. Mesmo que a Playdead ainda não tenha um concorrente a altura, muitos desenvolvedores tentam entregar algo parecido, como claramente é o caso de Stela.
O jogo traz um mundo intrigante, com puzzles, segmentos de plataforma e criaturas bizarras, mas ainda assim Stela parece um jogo sem significado nenhum, pois mesmo que a interpretação da história esteja nas mãos do jogador, ela parece que não tem nada a dizer. Vou explicar melhor todo esse sentimento nessa análise.
História
Stela apresenta uma história que não possui diálogos, documentos ou cutscenes, e toda a interpretação do que pode estar acontecendo está sob responsabilidade do jogador. A única coisa que se sabe é a descrição dada pelo próprio estúdio, de que o jogo se passa em uma terra que era próspera, mas que agora está morrendo. Nós acompanhamos a trajetória de uma jovem, que atravessa os restos decadentes dessa sua civilização em busca de qualquer último fragmento de esperança. Durante essa jornada iremos nos deparar com criaturas bizarras, algumas muito inspiradas nas que vemos em Limbo, e ambientes bem misteriosos, mas que não trazem muito significado ao que possa estar acontecendo, nem ao menos para nos fazer criar teorias.
Apesar do jogo ter me deixado intrigada, pois eu passei as quase duas horas de duração do título esperando por algo que me fizesse entender de alguma forma o jogo e seu universo, a SkyBox Labs não conseguiu trazer esse peso para a narrativa de Stela. A narrativa segue misteriosa, mas sem significado, nem mesmo se você buscar algum tipo de interpretação. Parece que criaram um jogo com um ambiente interessante, uma trilha sonora que embala bem os segmentos, mas que faltou um pouquinho de alma para a trama que move esse universo.
Jogabilidade
Durante seu tempo em Stela você irá basicamente andar. Apesar do jogo dizer que tem foco na exploração e resolução de puzzles, muito pouco disso acontece na prática. Você anda muito, resolve algum puzzle sem muita dificuldade, ou se esconde das criaturas. Faltou colocar mais o jogador para pensar, inserir mais puzzles e que eles fossem mais complexos, talvez adicionar alguns colecionáveis que pudessem incentivar na exploração dos cenários, ou até mesmo sequências mais elaboradas contra os inimigos. Elementos mais presentes de jogabilidade fariam o mundo de Stela se tornar bem mais interessante. O lado positivo é que essas poucas mecânicas funcionam bem e não atrapalham a experiência.
Stela tem poucas sequências de ação, mas que oferecem vida para o jogo que é, geralmente, contemplativo, onde apenas acompanhamos a trama e não nos sentimos muito como um agente transformador dela. Essas partes são, no seu centro, feitas para serem de tentativa e erro. O jogo te coloca em uma cena onde você está sendo perseguido por uma criatura e precisa não apenas fugir, mas também realizar puzzles pelo caminho para conseguir chegar a um local seguro. São poucas sequências assim, onde o jogo realmente traz algum desafio, e mesmo que você já saiba como proceder na próxima tentativa, ele te faz agir com cautela. Uma pena que esses acontecimentos não são muito constantes.
Gráficos e Som
O mundo de Stela é bem minimalista, mas ainda assim traz ambientes diversos, onde cada um tenta trazer algum peso e significado para seu universo. O sentimento geral é de opressão, pois estamos nos aventurando por um mundo que é, claramente, apenas a sombra do que foi um dia, e esse tom sombrio acompanha o jogador por toda a duração do título. As criaturas são interessantes, mas nada muito criativo, pois como citei anteriormente, algumas delas são inspiradas, até demais, nos personagens que encontramos em Limbo.
O interessante de Stela é que cada ambiente traz seu próprio estilo, com cores e iluminações diferentes, além de estilos de puzzles próprios para aquele local. O jogo de câmera também é muito inteligente, pois ela se aproxima quando a cena exige mais foco, mas também se afasta para mostrar a intensidade de belas telas da nossa pequena personagem com o belo cenário de fundo.
A trilha sonora foi o que mais me impressionou no título, pois as canções são inseridas no momento certo e trazem um peso real para as cenas que estão acontecendo. Muitas vezes fiquei parada em algumas sequências só para aproveitar mais um pouco dos belos temas. A impressionante trilha sonora original é uma criação do estúdio canadense A Shell in the Pit, e você pode ouvir as belas canções aqui.
O jogo está com os menus em português do Brasil.
Opinião
O jogo traz uma narrativa intrigante sobre o fim do mundo, onde a interpretação, como de praxe nesse tipo de jogo, fica a cargo do jogador, mas ainda assim Stela sofre com uma falta de maior peso para essa história que está sendo contada. Ter uma narrativa aberta não significa que ela se torne vazia. O seu mundo traz ambientes minimalistas, e uma trilha sonora impactante, mas sua progressão carece de mais elementos de gameplay para manter o jogador imerso e não apenas andando de um lado para o outro.
Stela possui ambientes inteligentes e com um level design limpo e bem construído, que dá gosto de ficar observando, o problema é que toda essa jornada parece não ter significado algum, o que é uma pena e um grande desperdício, pois o jogo teria um grande potencial para oferecer uma bela aventura ao desconhecido.
O jogo é exclusivo para Xbox One nos consoles, mas também já pode ser encontrado para iOS, e chegará ao PC no primeiro trimestre de 2020.