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Análise – The Dark Pictures Anthology: Man of Medan

The Dark Pictures Anthology: Man of Medan se trata do primeiro jogo da Supermassive Games, de Until Dawn, chegando em uma plataforma da Microsoft. O estúdio é conhecido por desenvolver jogos que parecem como filmes de terror interativos, onde o jogador é levado a se sentir dentro de uma narrativa misteriosa e cheia de sustos, onde suas escolhas possuem grande impacto nos acontecimentos.

The Dark Pictures Anthology está sendo criada para ser uma grande série de jogos que irão trazer toda essa atmosfera pela qual o estúdio é conhecido, e Man of Medan é o primeiro grande capítulo dessa saga de terror, onde um grupo de cinco pessoas irão se aventurar por um tenebroso navio.

A premissa da série é que qualquer personagem jogável pode sobreviver, como também pode morrer ao longo da aventura, garantindo uma vasta gama de finais possíveis, além de um altíssimo fator replay. E ainda existem inesperados modos multiplayer para aumentar essa exploração de possibilidades.

História

Obviamente, não irei dar muitos detalhes da história, pois tudo no jogo se trata da jornada do jogador e o peso das suas escolhas, mas vamos falar onde a narrativa central de Man of Medan se concentra.

A história começa a bordo de um porta-aviões da Segunda Guerra Mundial, onde acontece o vazamento de uma substância misteriosa, que inicia uma série de acontecimentos aterrorizantes no navio, que se perde no oceano. Muitos anos depois acompanhamos o passeio de quatro amigos, a bordo do barco Duke of Milan, que é comandado pela forte Fliss. O grupo está se organizando para realizar mergulhos próximo a região onde o porta-aviões desapareceu, mas um encontro com um grupo de piratas muda totalmente seu passeio, que se transforma em um grande pesadelo. Eles são obrigados a entrar no navio em busca de um suposto tesouro e iniciam sua jornada pelo aterrorizante porta-aviões fantasma.

O grupo de personagens de Man of Medan possui personalidades bem caricatas, e que assim como sua narrativa, nos lembra muito os filmes caracterizados como de “terror adolescente”, como “Sexta-Feira 13”, por exemplo. Temos um grupo de belos jovens, que estão em um barco para mergulhar, beber suas cervejas e contar histórias de terror para passar o tempo. Os irmãos Alex e Brad são opostos totais, e enquanto o primeiro é o atleta descolado, o segundo é um típico nerd tímido. Já os irmãos Conrad e lia, são ricos, esnobes e parecem não se preocupar com nada, apesar que o namoro entre Júlia e Alex parece ser algo que eles levam a sério. Conrad é interpretado pelo ator Shawn Ashmore, que fez um belo trabalho como o protagonista de Quantum Break. Por fim, temos a capitã Fliss. que aluga seu barco para os turistas aventureiros. Ela tem uma personalidade forte e contrasta bem com o grupo.

Apenas com esses elementos já é o bastante para te trazer toda a atmosfera de um filme do gênero, e isso é muito bem feito pelos desenvolvedores, pois você realmente se sente parte da narrativa, até mesmo tomando decisões duvidosas, como escutar um barulho ou ver um vulto e ir atrás para ver o que é.

Toda a ideia em torno de Man of Medan está no peso das suas decisões e o quanto isso tem impacto nos personagens e acontecimentos ao seu redor. Existe um risco real de perder todos os personagens e mudar totalmente os acontecimentos que virão a seguir, algo que muitos jogos prometem e não conseguem, mas que Man of Medan conseguiu cumprir com precisão, e também é algo que traz um fator replay gigantesco para o título. Constantemente somos levados a nos questionar como seria o desfecho de algumas situações, caso tivéssemos tomado decisões diferentes, o que traz inventivo para jogar tudo de novo para descobrir. Cada jogada leva cerca de 6 horas, o que é uma duração boa para um jogo que tem essa ideia de ser repetido diversas vezes pelo jogador, para que ele explore diversos cenários narrativos.

Par dar um charme a mais para a narrativa temos um personagem adicional que recebeu o nome de O Curador, que é interpretado pelo talentoso Pip Torrens (The Crown, Star Wars: The Force Awakens). Esse é o único personagem que será recorrente em todos os jogos da série The Dark Pictures Anthology. Ele funciona como uma espécie de narrador ao final de cada segmento do jogo e te oferece dicas, caso você aceite, e também faz observações do quão bem, ou não, você está se saindo nas suas escolhas. Ele oferece um pouco de tranquilidade dentro de uma trama tão tensa, e seus diálogos são muito bem escritos, dando mais brilho para a história do jogo.

Jogabilidade

Como se trata de um jogo puramente focado na narrativa, Man of Medan não oferece muitas possibilidades de gameplay. O que fazemos, basicamente, é andar pelos cenários em busca de documentos ou itens, que servem para a progressão nos cenários ou para trazer mais informações para a narrativa, realizamos uma série de QTEs (Quick Time Events) onde precisamos apertar corretamente os botões que aperecem na tela, e, é claro, temos que tomar uma série de escolhas difíceis onde não podemos pensar muito, pois tudo é baseado no tempo, justamente para enfatizar a importância de tomar decisões rápidas.

A movimentação em Man of Medan é bem ruim, pois ela se apresenta muito pesada, e parece que o personagem está carregando uma tonelada nas costas. Isso sem falar que essa movimentação travada deixa a exploração problemática, pois é confuso até mesmo interagir com objetos ou acessar alguns locais.

Já o famoso sistema de QTE é a principal ferramenta de ação do jogo. O sistema de Man of Medan é bem dinâmico, mas ao mesmo tempo bem problemático. Os botões de ação aparecem do nada na tela, sem nenhuma indicação para que você sinta que eles estão vindo. Se por um lado isso é bom, pois mantem o jogador vidrado na tela, por outro faz com entremos em um rumo de narrativa que não queríamos, pois não fomos rápidos o suficiente para apertar o botão, nos poucos segundos que eles aparecem na tela. Muitas vezes estava imersa na atmosfera do jogo, e prestando a atenção no que estava acontecendo, e aparecia uma sequência de QTE para quebrar essa imersão, e consequentemente levar a história para um rumo que eu não queria. Além disso, em algumas dessas sequências acontecem uns engasgos, tornando impossível acertar os botões, e algo assim não deveria acontecer no Xbox One X.

Já as escolhas, que são o grande foco do título, oferecem, em grande parte, decisões bem difíceis para o jogador, e assim como os QTEs todas elas possuem tempo de decisão, então temos que raciocinar rapidamente para fazer nossas escolhas, e muitas delas precisam ser tomadas dentro de ambientes e acontecimentos de muito estresse, nos colocando na pele dos personagens, e isso é feito com maestria pela Supermassive Games. Mesmo que existam decisões que meio que te empurram para um determinado acontecimento, a grande maioria oferece uma real liberdade para o jogador, de forma que nos sentimos na direção daquela narrativa.

A adição de algum tipo de combate ou de puzzles poderia dar mais vida ao jogo, pois apesar de explorar bem sua característica principal, que é narrativa focada nas escolhas do jogador, ele pode se tornar cansativo rapidamente por aqueles que buscam um pouco mais ação.

Jogue com os amigos

Uma grande novidade para o gênero, e que aumenta ainda mais a vida útil de Man of Medan, são os seus dois inesperados modos multiplayer. O primeiro deles é baseado na cooperação online, onde você se junta a um amigo para que tomem decisões juntos. Não consegui testar esse modo, pois como joguei antes do lançamento não pude encontrar outros jogadores para compartilhar a aventura.

Já o segundo modo ganhou o nome de Modo Noite de Filme, e é realmente muito interessante. Baseado no sistema de co-op local, o bom e velho co-op de sofá, podemos juntar até 5 amigos, onde cada um assume um personagem do jogo, realizando suas ações e decisões, tudo baseado no sistema de jogue-e-passe-o-controle. A ideia de se juntar com um grupo de amigos, para que consigamos chegar vivos até o final da história, é brilhante e rende boas risadas, além de abrir desfechos inesperados para a trama, afinal de contas cada um tem sua maneira de abordar os acontecimentos. Mal vejo a hora de juntar mais amigos para a Noite de Filme, que foi uma adição muito inteligente dos desenvolvedores.

Gráficos e Som

Man of Medan possui uma apresentação gráfica bem consistente dos ambientes, que conseguem trazer com precisão a atmosfera sombria, tensa e opressora da narrativa. Os desenvolvedores também foram inteligentes ao utilizar tomadas de cenas bem cinematográficas, com ângulos de câmera que normalmente vemos nos filmes, e que acabam trazendo ainda mais a sensação de estarmos dentro de uma produção de terror.
As técnicas de sombras e iluminação ajudam a compor a atmosfera, que mesmo em sequências bem escuras conseguem mostrar com clareza tudo o que está acontecendo em cena. Apesar de alguns engasgos que ocorrem nas partes com QTEs, e que são um tanto quanto frustrantes, o desempenho do jogo é satisfatório, sem muitas quedas de frames ou problemas de texturas.

Já a apresentação dos personagens é um tanto quanto problemática. O visual deles é muito bem feito e representam bem os seus atores, mas o problema está nas animações facias, onde algumas delas chegam a ser bizarras. Em várias situações é difícil decifrar se o personagem está feliz, com raiva ou triste, e mesmo em situações onde a voz passa um determinado sentimento a expressão não consegue seguir essa mesma linha de interpretação. Isso se dá, em grande parte, para o trabalho de animação da parte da boca, que não está tão bom quanto deveria. A dublagem é realmente muito boa e os atores fizeram um ótimo trabalho para trazer a personalidade dos seus personagens, e é uma pena que a animação não seja tão boa quanto.

Já os sons e a trilha sonora funcionam muito bem para trazer a atmosfera do jogo. Os ruídos que nos rodeiam durante a narrativa trazem um sentimento de tensão constante, e que funcionam bem com os diversos Jump Scares que ocorrem, aqueles sustos que acontecem do nada, e que nos fazem pular da cadeira.

O jogo está totalmente legendado em português do Brasil, o que é excelente em um jogo focado na narrativa e nas escolhas. As legendas são bem pequenas e apresentam alguns problemas de sincronização com as falas, mas é algo que pode ser corrigido facilmente com uma atualização. Assim como alguns textos de documentos que apresentam erros de tradução e que carecem de uma correção.

Opinião

The Dark Pictures Anthology: Man of Medan esbarra em alguns problemas técnicos e a falta de mais elementos de gameplay, mas consegue entreter o jogador na sua premissa principal, que é oferecer uma narrativa imersiva, que nos transporta para dentro de um filme de terror. A atmosfera criada é incrível e nos deixa com um sentimento de tensão constante, assim como o intricado e complexo sistema de escolhas e suas consequências, que nos deixam preocupados com cada passo dado na narrativa. O fator replay também é bem alto, pois constantemente ficamos com curiosidade para saber como algumas situações poderiam mudar, caso nossa decisão fosse diferente. Além disso, a adição dos modos multiplayer pode estender bastante a vida do jogo.

Essa é apenas a primeira parte da série que a Supermassive Games e a Bandai Namco irão lançar, e já mostra um grande potencial para as próximas histórias, que podem se tornam grandes títulos dentro desse gênero narrativo, caso acertados os problemas vistos em Man of Medan.

Entenda as nossas notas

The Dark Pictures Anthology: Man of Medan será lançado amanhã, dia 30, mas já pode ser pré-encomendado na Microsoft Store.

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