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Análise – A Plague Tale: Innocence

Desde que A Plague Tale: Innocence foi apresentado na E3 de 2017 ele havia chamado a minha atenção, tanto pela trama ambientada em meio a sangrenta Guerra dos Cem Anos, que estava levando a população de França e Inglaterra ao seu limite, quanto pela adição de uma praga implacável de ratos, até por fim colocar dois irmãos indefesos no meio disso tudo sendo perseguidos pela Inquisição. Muitos elementos interessantes dentro do jogo da Asobo Studio e Focus Home Interactive que ainda traz elementos de stealth, exploração e criação de equipamentos para deixar a narrativa, que é o foco do título, ainda mais interessante de acompanhar.

Um mundo interessante de explorar e com personagens carismáticos de acompanhar, mas será que o jogo mantem o fôlego até o final? Vamos descobrir durante a análise.

História

A história gira em torno dos irmãos Amicia e Hugo, pertencentes a nobre família De Rune, que mesmo em tempos de guerra conseguem ter uma boa vida. No entanto isso muda durante um passeio, onde uma força misteriosa ataca Amicia e seu pai, que voltam para casa para avisar todos desse novo problema e da máxima urgência em entendê-lo e combatê-lo pelo bem de toda a população. Mas não existe mais tempo de descanso para a família De Rune, pois a ameaçadora Inquisição invade sua casa em busca do menino Hugo, que eles querem levar sem dar nenhuma explicação.

Nesse momento, Amicia que ainda é uma adolescente e Hugo que se trata apenas de uma criança devem tentar fugir em busca de socorro, mas além das forças da Inquisição e do seu misterioso mestre, Vitalis, que envia o seu melhor cavaleiro, o implacável Comandante Lorde Nicholas, que está disposto a fazer o que for preciso para completar sua missão de capturar e devolver os irmãos ao seu mestre, as crianças ainda precisam encontrar maneiras de passar por hordas gigantescas de ratos mortíferos, que apresentam um comportamento estranho e extremamente agressivo, e que só podem ser repelidos com fogo e luz.

A vida dos irmãos muda totalmente de uma hora para outra, pois terão que enfrentar e explorar um mundo desconhecido para eles e que ainda está em guerra. Os irmãos também terão que aprender a conhecer e confiar um no outro, pois apesar de viverem sob o mesmo teto, eles não se viam muito, pois Hugo ficava sempre isolado com sua mãe por conta de uma doença misteriosa que ele possui, e que a matriarca da casa De Rune buscava achar uma cura. Além de ser uma jornada em busca de ajuda, também é uma aventura de superação entre os dois que precisam confiar um no outro de forma inabalável. E é bonito e comovente ver como esses laços se tornam cada vez mais fortes no decorrer dos capítulos, e como a determinação de Amicia se torna cada vez mais forte para achar uma maneira de ajudar seu irmão, além de tentar entender o motivo pelo qual estão passando por tudo aquilo.

Os personagens são bem interessantes e te fazem se importar com eles, o que fica ainda mais fortalecido com ótimos diálogos, tanto os que são ditos diretamente para o jogador, quanto aqueles que escutamos outras pessoas falando no ambiente, tudo direcionado para enriquecer a narrativa. A cada novo capítulo a nossa curiosidade em saber como tudo aquilo irá terminar só aumenta, assim como a nossa raiva pela Inquisição, nosso carinho com os protagonistas e os amigos que eles fazem pelo caminho, além, é claro o nosso desespero crescente com as hordas de ratos. Tudo pelos olhos de duas crianças que também estão se aventurando em um mundo devastado por uma guerra e uma praga que juntas estão matando milhares de pessoas.

Jogabilidade

Mas não pense que por se tratar de um jogo focado na narrativa que você vai apenas andar, ler papéis e escutar diálogos, A Plague Tale: Innocence tem muito mais recursos do que isso. Durante sua jornada em busca de informações e ajuda para fugir da Inquisição e da praga de ratos, o jogo consegue passar brilhantemente a ideia do quanto os irmãos são indefesos, e por isso temos que usar toda a nossa estratégia para passar pelos inimigos por meio da furtividade, e o sistema funciona muito bem, além de oferecer diversos recursos e oportunidades para que o próprio jogador decida sua estratégia para avançar. Para isso você pode usar a atiradeira de Amicia, para distrair os inimigos atirando em objetos de metal e ainda usando locais com gramas altas para passar agachado sem que seja detectado, pois caso isso aconteça a morte é praticamente certa, visto que estamos controlando duas crianças contra soldados armados e com armadura, o que faz sentido para passar o quão frágil são os protagonistas.

A atiradeira de Amicia, vai além de distração e em alguns momentos serve para ataque e podemos até mesmo matar os soldados que não possuem elmo ao atirar pedra em suas cabeças. Essa atiradeira, assim como alguns dos nossos equipamentos, pode ser melhorados ao utilizarmos recursos encontrados pelos cenários, que melhoram atributos como rapidez dos disparos, quantidade de munição e recursos que podem ser carregados, eficiências das munições… Falo sobre eficiência pois além da rudimentar pedra, vamos desbloqueando novos tipos de munição conforme progredimos e que abrem ainda mais o leque de possibilidades de como podemos abordar as situações.

E tudo funciona muito bem e de forma natural durante o gameplay o que deixa toda a jornada por A Plague Tale: Innocence ainda mais agradável. Pensando ainda em tornar a experiência mais realista com o contexto de duas crianças em meio à guerra, perseguições e ratos assassinos, temos o momento no qual Amicia precisa matar uma pessoa pela primeira vez, para poder proteger a si e ao seu irmão, e é simplesmente genuíno como o jogo consegue passar toda a dificuldade das crianças em entender que aquilo era necessário para que pudessem prosseguir, pois mesmo que fosse alguém que buscava eliminá-los, ainda assim era um ser humano. Ainda lutando contra humanos, temos algumas lutas contra chefes bem interessantes, que misturam puzzles, com observação dos cenários e ainda o bom entendimento das mecânicas apresentadas pelo jogo.

E não poderíamos deixar de falar de uma das grandes ameças de A Plague Tale: Innocence, que é a misteriosa e brutal praga de ratos. A forma como a ameaça é mostrada no jogo, não apenas revira o estômago com seus ruídos e aparência grotesca, mas também pelo seu comportamento feroz e implacável. Os ratos explodem de verdadeiros gêiseres e partem para cima para dilacerar, sendo parados apenas pela luz, seja dos ambientes ou do fogo. Além de ter que usar a inteligência para usar o fogo para avançar, em outros momentos isso não é suficiente e temos que usar de artimanhas bem mais cruéis, como por exemplo empurrar uma horda de ratos para cima de outro humano para conseguir avançar, uma decisão difícil principalmente por se tratar de crianças. É tudo muito sombrio e brutal, mas de uma maneira tão bem construída que é uma delícia de acompanhar.

O jogo ainda possui colecionáveis espalhados pelos cenários, o que incentiva ainda mais a exploração dos mapas, que em geral são bem lineares, mas escondem áreas que só podem ser encontradas por aqueles que curtem bisbilhotar cada cantinho.

Gráficos e Som

A Plague Tale: Innocence se apresenta muito bem com gráficos belíssimos e efeitos de iluminação, sombras e partículas na tela, que enriquecem cada cena. Os cenários também são muito bem detalhados, assim como os personagens, que representam muito bem suas falas e emoções, algo que aumenta ainda mais a imersão dentro da narrativa.

Eu pude jogar no Xbox One X, onde o título possui suporte para 4K e HDR, o que traz uma apresentação gráfica bem impressionante para o já belo mundo do jogo. O título possui loadings apenas quando iniciamos um capítulo, que são um pouco longos, mas é compreensível pois depois não acontecem mais carregamentos, a não ser que a gente falhe ou morra, mas esses loadings são bem rápidos e não quebram a ação.

A parte sonora também está impecável. A trilha sonora das cenas se encaixa perfeitamente em cada situação, trazendo medo e emoção na medida certa, enriquecendo ainda mais a narrativa. As vozes dos personagens também não decepcionam, e se encaixam perfeitamente nos diálogos fazendo a história se tornar uma experiência realmente viva. Impossível não se emocionar e se importar com o menino Hugo, quando a voz que dá vida ao personagem se encaixa de maneira genuína com ele.

O jogo está totalmente legendado em Português do Brasil, o que facilita o entendimento da trama e seus acontecimentos.

Opinião

Felizmente, A Plague Tale: Innocence é um daqueles jogos que fazem a espera valer a pena. Ele traz uma narrativa envolvente e recheada de personagens carismáticos, tudo dentro de uma trama que te prende desde o início e te faz ficar imerso no seu mundo, ansioso pelos próximos acontecimentos. Além disso, ele traz recursos de exploração e combate, o que deixa a experiência bem mais completa do que um jogo puramente narrativo, onde apenas andamos e interagimos com papéis e algumas pessoas. O título vai além e tudo funciona muito bem.

A Plague Tale: Innocence ainda traz uma apresentação gráfica belíssima e ótimas atuações dos seus personagens, oferecendo uma maravilhosa jornada para os jogadores, que mesmo após finalizá-la irão ficar pensando nos seus acontecimentos.

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