Após três anos do lançamento do primeiro The Division, enfim temos a tão aguardada continuação. The Division 2 é mais um que faz parte da cultura Game as a Service da Ubisoft. Dessa vez o jogador vai para as ruas da capital da maior economia do mundo, e deve impedir as forças militares que tomaram conta de Washington D.C. Agentes, levantem-se! A Division chama outra vez!
Retomando Washington
The Division 2 se passa sete meses após os eventos do primeiro jogo em Nova York. O país ruiu e vários grupos armados surgiram. Nosso agente recebe em seu relógio uma mensagem com pedido de socorro, com as coordenadas do local de origem da mensagem. Destino? Washington D.C. A situação na capital americana não poderia ser pior. As unidades de defesa foram dizimadas por grupos paramilitares, e apenas uma pequeno grupo de resistência ainda persiste. Cabe ao jogador botar ordem na casa e tornar-se o “xerife” em meio a esse caos.
Para ajudar o governo a retomar o poder de Washington, o jogador contará com um leque de atividades consideravelmente maior que no primeiro jogo. Não será difícil encontrar alguns civis passeando pelo mapa fazendo rondas, buscando suprimentos ou até defendendo postos avançados. O jogador pode interagir ajudando a defender ou dominar um ponto, doando recursos ou escoltando entregas de suprimentos para colônias. Completar tais ações diminuem o poder influência das facções que estão espalhadas pela cidade.
Porém, a situação é bem diferente quando comparada ao primeiro jogo. Enquanto em Nova York você enfrentava, em sua maioria, desordeiros procurando tirar vantagem da situação, em Washington temos grupos armados até os dentes com treinamento militar. Hienas, Herdeiros e Exilados são as facções que disputam entre si pelo controle de Washington e farão de tudo para alcançar seus objetivos.
Um novo local para salvar. Um novo inimigo para derrotar. Mas e a história por trás dos eventos que ocasionaram na queda de Washington? Um dos pontos fracos em The Division 2 é sua história. Ela existe, é claro, mas não foi contada da forma explicita. Diálogos breves com NPC. Quase nenhum vídeo explicativo. A sensação é estranha, já que no primeiro jogo era apresentado um vídeo ao final de cada missão de história, que explicava bem tudo o que ocorrera em Nova York.
Um rico mundo para explorar
Que a Ubisoft se destaca por apresentar jogos com belos cenários imersivos, isso não é novidade. Assassin’s Creed sempre foi referência, assim como Watch Dogs e o próprio The Division. A mudança de Nova York para Washington DC é muito bem vinda. As cores vivas da vegetação de Washington dão um ar mais vivo e “alegre”, se comparado ao melancólico inverno de Nova York.
É de dar gosto sair andando e explorando cada cantinho da cidade, das grandes avenidas até os subterrâneos. Você percebe o capricho quando o som dos tiros muda tanto em locais fechados como em locais abertos. O jogo também tem um clima dinâmico, que alterna entre sol, chuva e neblina. Nenhum detalhe escapou neste quesito.
Os famigerados coletáveis padrão Ubisoft não poderiam faltar. Estão espalhados para dar aquele empurrãozinho em uma exploração descompromissada. Alguns tipos de coletáveis dão pistas do que ocorreu em Washington antes da chegada dos agentes. Outros garantem pontos de habilidade para o jogador (justificando ainda mais a exploração). Ainda tem os easter eggs que podem dar pistas sobre outros projetos, como o caso dos rumores do próximo Assassin’s Creed. Qual será a próxima surpresa encontrada em The Division 2?
Endgame de respeito
The Division 2 garante pelo menos 40 horas de jogatina fácilmente. Isso só para completar as missões principais de história e chegar no nível 30, ou no fim do jogo. É curioso usar o termo endgame, pois o jogo só começa de fato quando você chega no nível máximo. É nele que o jogador consegue as melhores armas e os melhores itens e habilidades. É nele também, que os inimigos tornam-se ainda mais letais.
Voltando para o primeiro jogo, o endgame foi bem fraco. Você fechava a campanha, alcançava o nível máximo e só. Não tinha nada de novo para fazer. Os inimigos eram os mesmos, apenas causavam mais dano e tinham mais pontos de vida. Enquanto em The Division 2 uma nova facção entra na jogada, a Pata Negra. Seus soldados possuem equipamentos de ponta e vão dar muita dor de cabeça aos jogadores. Inimigos altamente blindados, drones explosivos e até robôs estão à disposição desta facção. Mais do que ser um novo inimigo, novas missões surgem com a Pata Negra. Afinal, ela é a facção com a origem mais misteriosa do jogo.
E se por acaso você cansou de explorar o mundo ou enfrentar inimigos controlados por IA, é sempre bacana fazer uma visita a Zona Cega. Quem não sabe, a Zona Cega é uma região do jogo onde o PvP está liberado. Lá os loots mais valiosos estão a espera do jogador para serem coletados. Mas é preciso ter cuidado com outros jogadores, que podem tirar proveito e acabar matando-o para roubar seus itens.
Talvez a novidade mais drástica do Endgame sejam as especializações. O jogador inicialmente possuirá três opções de especializações para seu agente: Demolidor, Sobrevivencialista e Atirador de Elite. São como as classes de Destiny, onde uma especialização garante uma arma especial e bônus de status para seu agente ou seu grupo. As armas das especializações são o lança granadas, a besta e o rifle de precisão. Cada uma delas tem poder de dano massivo, mas sua munição é limitada, para não tornar as coisas muito fáceis. Mais uma opção para montar estratégia com seu grupo, seja no PvE ou no PvP.
Bugs e Suporte
The Division 2 é um jogo de mundo aberto e é passível de conter mais bugs que outros jogos do gênero. Você vai encontrar estes bugs, não há escapatória. A maioria são estéticos e não atrapalham a jogatina, como atraso de renderização de cenários e personagens, objetos flutuantes, animações de movimentos quebradas e muuuuuitos outros. Entretanto, há sim casos de bugs que comprometem a experiência do jogador. Uma habilidade que não é acionada quando deveria. Um tiro que não causa dano ao inimigo. E áudio quebrado durante o vídeo de conclusão da campanha? Joguei a versão dublada em nosso idioma e achei que fosse um problema em nossa localização, mas um amigo jogou a versão em inglês e presenciou o mesmo problema. Bizarro!
Mas podem ficar tranquilizados nesse aspecto. A Massive tem realizado um suporte exemplar quanto a isso. Neste longo período de análise, pude presenciar o surgimento de vários problemas que, felizmente, foram sanados em um curto espaço de tempo. Questão de 3 a 4 dias e já surgia um patch com correções. Claro que nem todos os bugs foram corrigidos, é verdade, mas ao menos você sabe que a empresa tem trabalhado ativamente para trazer correções.
Agora falando ao suporte do jogo em geral, The Division 2 tem um futuro promissor. Em menos de um mês já tivemos a primeira atualização massiva, que trouxe uma enxurrada de conteúdo novo. Novas armas, equipamentos, um novo nível de inimigos e uma nova fortaleza. Isso sem contar que o cronograma do jogo ainda terá 3 novas especializações e três novas missões de história. O melhor de tudo: todo o conteúdo é gratuito. Chega de segregar os jogadores que pagaram por conteúdo X e outros não. A Ubi resolveu unir todo mundo e apenas itens cosméticos deverão ser comprados com dinheiro real.
Divisão 1.5?
The Division 2 possui inúmeras melhorias se comparadas ao primeiro jogo. Cada reclamação ou cada sugestão feita pela comunidade sobre o primeiro jogo parece ter sido ouvida e atendida. Algumas mudanças são tão significativas, que o jogo acabou ganhando novas características.
Lembram das piadas e memes de como inimigos eram esponjas de bala? Bom, o jogo, querendo ou não, é um RPG e justifica inimigos mais fortes suportarem mais dano, mas ainda assim era estranho ter que carregar vários pentes de munição em um único alvo. A Massive conseguiu contornar essa situação de maneira interessante. Ela diminuiu os pontos de vida dos inimigos, mas aumentou suas defesas. Caso você encontre um inimigo com capacete, por exemplo, tiros na cabeça não terão efeito até que você “quebre” este capacete.
Então você pensa:“ah, mas aí em uma parte do corpo desprotegida”. Calma, a IA do jogo também melhorou. Em muitos casos, esses inimigos tiram o proveito dessa defesa. Voltando o exemplo do soldado com capacete, ele deita para evitar que os tiros vindo de sua frente atinjam partes desprotegidas. Assim o jogador é obrigado a dar volta em inimigo ou quebrar o capacete até finalmente causar dano.
Outro ponto que gerou muita reclamação no primeiro jogo era a aleatoriedade do loot. Era extremamente difícil completar uma build, uma vez que o jogador não tinha certeza de que item ele poderia ganhar ao completar uma missão. A Massive corrigiu isso colocando informações em cada missão que o jogador realizar. Você pode inclusive olhar no mapa que tipo de itens ganhará. Quer um colete exótico? Complete a missão de história X. Quer um silenciador para sua submetralhadora? Complete a missão secundaria Y. Tudo fica descrito no mapa para ajudar o jogador.
Por mais que essas melhorias sejam bem vindas, a sensação que fica é de que tudo isso poderia ter sido implementada no primeiro jogo. A Massive não arriscou muito, trazendo melhorias e correções baseada apenas no feeback da comunidade. O jogo continua com o mesmo roteiro: matar inimigos, pressiona X em algum objeto, mata mais inimigos, pega o item, mata mais inimigos etc. Pode ser o essencial para quem era fã do primeiro jogo, mas se isso soa massante pra você, então definitivamente The Division 2 não é sua praia.
Opinião
The Division 2 consegue ser superior ao seu antecessor em quase todos os aspectos. Possui um mundo belo e repleto de conteúdo para explorar. Uma grande variedade de missões para jogar com amigos ou sozinho. E ainda conta com um suporte que promete novos conteúdos por muito tempo.
Ainda assim, o jogo sofre com diversos bugs que acabam mostrando que o produto final ainda precisava de polimento antes de ser lançado. A falta de inovação também pode decepcionar alguns, já que a sensação de que estamos uma versão aprimorada do primeiro jogo será iminente.