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Análise – The Walking Dead: The Final Season

Quando a Telltale surgiu com The Walking Dead em 2012 o mundo dos games foi impactado com uma narrativa poderosa. A ideia não era inovadora, pois já haviam jogos com foco na narrativa e escolhas dos jogadores, e até mesmo o nome The Walking Dead já era conhecido nos quadrinhos e TV. No entanto, a maneira como a trama se desenrola, e como você fica imerso no seu mundo e conectado aos seus personagens, foi algo realmente marcante, o que levou o título a ganhar o prêmio de melhor jogo daquele ano. E agora em 2019, sete anos depois, temos o desfecho dessa de toda essa história com The Walking Dead: The Final Season.

O desenvolvimento do jogo passou por um momento bem delicado, pois mesmo com tantos títulos de sucesso, a Telltale não conseguiu se manter no mercado de games, e anunciou o fechamento do estúdio. Mas nem tudo estava perdido para The Walking Dead: The Final Season, pois a Skybound Games, que é a empresa de Robert Kirkman, criador de todo o universo de The Walking Dead, decidiu assumir o comando da criação do jogo, trouxe a sua equipe original, e retomou o seu desenvolvimento, para dar um desfecho merecido para toda a saga de Clementine, que está sendo construída desde o primeiro jogo.

Conhecemos a menina ainda uma criança, acompanhamos os laços que ela criou durante os anos, as difíceis escolhas que teve que tomar, e o seu amadurecimento, que teve que ser mais rápido do que deveria, para que ela pudesse sobreviver em um mundo tão cruel.

Despedidas sempre serão difíceis, e esse realmente é um desses momentos que nos deixam com um nó na garganta.

Um adeus difícil e emocionante

Acompanhamos a jornada de Clementine desde que ela era uma garotinha, sozinha em sua casa na árvore com zumbis perambulando ao seu redor, até que o querido Lee a encontra e lhe dá proteção, iniciando uma das mais belas amizades do mundo dos games. Durante os outros jogos a menina cresce, aprende a sobreviver e faz diversas amizades, além de ter que se defender das mais diversas ameaças, que não ficam restritas apenas aos zumbis, pois os próprios humanos se mostram até mesmo mais letais que as aberrações.

Durante essa jornada, Clementine jura proteger o bebê A.J. e também acaba responsável em ensinar ao menino como sobreviver no mundo cruel que se apresenta. Sim, chegou a vez de Clementine assumir o papel que Lee teve na sua vida lá no primeiro jogo, e não só proteger, mas também preparar uma criança para a nova realidade.

A.J. não conhece o mundo antes do apocalipse zumbi, o que torna a missão de Clementine ainda mais complicada, pois o menino fica mais suscetível a toda a selvageria desse novo mundo, pois não tem outra realidade na qual se apoiar. Durante todo o jogo somos confrontados por escolhas difíceis, mas também por respostas que servem de ensinamentos para o menino e que moldam o tipo de pessoa que ele será.

Além disso, encontramos um novo grupo de sobreviventes, que se tratam de adolescentes e crianças que estão sobrevivendo em um internato, depois que foram abandonados à própria sorte pelos responsáveis do local. Agora, Clementine não tem apenas a si mesma como referência para as atitudes de A.J., pois ele terá que interagir com outras pessoas que ele não conhecia e que podem não entender seus traumas e comportamento, pois a dupla já passou por maus bocados pelo mundo.

A trama se desenvolve bem e os outros personagens que são apresentados nessa temporada funcionam muito bem dentro da narrativa, oferecendo mais impacto para as decisões de Clementine, assim como deixam suas escolhas difíceis, pois conseguem ganhar o nosso carinho. O jogo ainda surpreende ao dar peso as escolhas e personagens lá do primeiro jogo, o que é uma grande homenagem a quem acompanha tudo desde o começo.

Escolhas que importam e velhos problemas de jogabilidade

A jogabilidade de The Walking Dead: The Final Season traz o já tradicional estilo da franquia, então temos que andar pelos mapas, que seguem lineares, em busca de pistas e objetos, que irão nos fazer progredir na narrativa. Uma boa novidade nessa temporada foi a adição de colecionáveis, que ficam espalhados pelos mapas e podem ser usados para decorar o quarto de Clementine. Isso aumenta a necessidade de exploração significativamente, principalmente para os colecionistas de plantão.

Temos também as partes de ação onde precisamos apertar os botões que aparecem na tela rapidamente, com o velho conhecido sistema de QTE`s (Quick Time Events). Além disso, também temos a adição de um arco, o que também expande as possibilidades de gameplay. O problema aqui é que em diversos desses momentos o jogo apresenta travamentos, que ocorrem desde o primeiro jogo, e que comprometem um pouco a jogabilidade. Os comandos funcionam bem no geral, mas em diversos momentos também apresentam falta de precisão, o que deixa o tempo de resposta alto e pode resultar na sua morte.

Apesar de existirem essas partes de ação e exploração, o foco central na jogabilidade de The Walking Dead: The Final Season segue sendo as escolhas de diálogos, com decisões realmente bem difíceis e que geralmente precisam ser realizadas dentro de um tempo limite.

Assim como nos jogos anteriores aqui também somos confrontados por decisões terríveis a serem tomadas, e com consequências que podem ser devastadoras. Além disso, temos o peso de estar ensinando a uma criança como ela deve agir e se comportar, então até mesmo as suas respostas devem ser escolhidas com muita cautela. Será normal você decidir jogar novamente os episódios para fazer escolhas diferentes e assim tentar buscar um desfecho melhor para os personagens.

Gráficos e Som

Os visuais seguem a mesma linha dos jogos anteriores, mas ainda assim conseguem mostrar um pouco de melhorias em relação ao seu antecessor, com a aparência dos personagens apresentando um visual bem natural. The Walking Dead: The Final Season traz mais fluidez e naturalidade aos personagens e ambientes, tudo dentro do estilo gráfico mais voltado para o clima das HQs.

No entanto, a engine da Telttale seguiu, até o fim, mostrando suas claras limitações. Os velhos problemas continuam assombrando o novo jogo, como os famosos travamentos e lentidão em algumas cenas, principalmente nas de ação. Mesmo que sejam menos recorrentes eles ainda estão presentes.

A dublagem segue muito boa, e mais uma vez as vozes combinam bem com seus respectivos personagens e trazem o tom certo para as cenas, aumentando a emoção dos acontecimentos. As canções são muito bem escolhidas e trazem o tom certo para o gameplay, com destaque para as belas trilhas de encerramento de cada episódio. O jogo possui legendas em português e é possível acompanhar tranquilamente a narrativa.

Opinião

É um fim de uma era, tanto para os jogos da Telltale quanto para a belíssima jornada de Clementine. O desfecho consegue emocionar quem acompanha a grande aventura da menina e traz um belo sentimento de dever cumprido, tanto para a Skybound, que chamou a responsabilidade para si, e resolveu dar um fim digno para a personagem e toda a sua narrativa, mas também é uma boa sensação para os jogadores, que poderão conferir a finalização de uma saga iniciada há sete anos atrás.

A última temporada não é perfeita, pois segue com seus problema técnicos de jogabilidade e algumas escolhas que parecem criadas apenas para que a narrativa siga o caminho que já haviam determinado. Ainda assim, o jogo traz as decisões difíceis e pesadas que são sua marca registrada e trazem emoção em diversos momentos. Uma bela despedida desse universo de The Walking Dead nos games da Telltale, e que também já nos deixa com saudades da querida Clementine.

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