Durante o último fim de semana pude testar a Demo VIP de Anthem, que estava liberada para os jogadores que realizaram pré-venda ou assinam o EA/Origin Access. Os testes tiveram diversos problemas com os servidores, que impossibilitaram o acesso dos jogadores durante muitas horas, além dos constantes problemas com loadings infinitos. Ainda assim, consegui testar o jogo por quase 20 horas e pude ter uma boa visão sobre tudo o que o novo e ambicioso projeto da BioWare pode oferecer. Será que depois de todo o estresse do fim de semana, Anthem ainda está valendo a pena? Vamos conferir.
Mundo online e compartilhado, mas com uma história robusta
Desde que foi anunciado, Anthem foi vendido como uma experiência totalmente online, para ser compartilhado com outros jogadores, mas também podendo ser aproveitado sozinho. Jogos online geralmente não possuem histórias tão memoráveis, pois são mais focados na jogabilidade, mas ainda assim existem jogos nesse estilo que oferecem narrativas incríveis, e é nesse espaço que a BioWare pretende se encaixar. O estúdio é conhecido por suas tramas memoráveis, como em franquias do calibre de Dragon Age e Mass Effect, por exemplo, e pretende fazer o mesmo com Anthem, cujo lema é “Nosso mundo, minha história“. Dessa forma, mesmo que esteja sempre interagindo com outros jogadores, haverá uma progressão de narrativa pessoal para cada jogador, sempre que ele for para a área segura conhecida como Fort Tarsis, onde ele interage com os outros personagens, melhora seu personagem e avança nas missões.
Anthem gira em torno da sua própria existência. Os deuses formadores usaram a força misteriosa e poderosa do Hino da Criação (Anthem of Creation) para criar o mundo da sua maneira, mas antes de finalizarem o seu trabalho eles desapareceram e também abandonaram as ferramentas usadas para forjar esse mundo. Mesmo que abandonadas, essas relíquias da criação permaneceram usando o poder do Hino para continuar remodelando as paisagens e até mesmo as criaturas. No entanto, essa falta de controle gerou extremo caos, como desastres ambientais e monstros perigosos. Além de tudo isso, ainda existe uma facção conhecida como Dominion, que se trata de uma sociedade vinda do norte e que se apresenta como extremamente militarista e violenta, que pretende dominar o mundo a base da força. Na sua liderança está O Regente (The Monitor), que acredita poder controlar o Hino da Criação, algo que o torna ainda mais perigoso.
Na demo só existia uma pequena parte dessa trama que girou em torno no npc Mathias, mas que já deu para notar o grande potencial desse mundo e dos seus personagens, que prometem trazer missões realmente interessantes para os jogadores. O potencial narrativo de Anthem é gigantesco, e saber que vem de um estúdio capaz de criar históricas épicas e personagens com os quais realmente nos importamos, já faz com que se crie expectativa de muitas missões que valerão a pena de ser acompanhadas.
O interessante sistema de Javelins e a liberdade de criação
Para sobreviver nesse mundo hostil, foram criados os Javelins, que são armaduras super poderosas, e que só podem ser usadas por pessoas capacitadas e treinadas. Essas pessoas são conhecidas como Freelancers e sua missão é proteger essa nova civilização e suas cidades. E esses são os nossos personagens.
Inicialmente o jogo conta com quatro classes, que aqui são chamadas de Lanças, onde cada uma possui um estilo totalmente único de jogabilidade. São elas:
- Patrulheiro (Ranger) – É a primeira classe que você terá acesso em Anthem, e se trata de uma lança mais eclética, que mais facilmente se adapta a todos os tipos de jogadores, além de ter acesso a uma imensa variedade de tipos de armas, o que faz dele o faz tudo da equipe. Sua habilidade Ultimate é a Bateria de Mísseis Multialvo, que se trata de uma poderosa rajada de micromísseis, que atingem dezenas de inimigos usando projéteis teleguiados.
- Interceptador (Interceptor) – É, sem dúvida, a Lança mais ágil de Anthem, feita especialmente para aqueles que curtem o combate mais voltado para o corpo a corpo. Ela chega rapidamente até os inimigos e os pega desprevenidos com sua velocidade, usando suas adagas poderosas de duas lâminas. Apesar da sua baixa armadura, ela compensa isso com alto dano nos inimigos. Sua principal habilidade de suporte é marcar o alvo para que seus aliados causem mais dano nele. Na sua Ultimate a Lança sofre uma sobrecarga e equipa suas lâminas assassinas para atravessar os inimigos em alta velocidade, se tornando invulnerável durante o tempo da habilidade.
- Tempestade (Storm) – Esse é como se fosse o mago do grupo, usando os poderes elementais contra os inimigos, e podendo ficar mais tempo no ar para causar dano de longo alcance. Essa lança precisa atacar de longe, pois apesar dos seu poderes causarem dano massivo, ela possui pouca capacidade de defesa e exige que o jogador se mantenha acima do campo de batalha para manter uma distância segura. Sua habilidade Ultimate joga rajadas sucessivas de gelo, raios, fogo, e, por fim, meteoros no campo de batalha.
- Colosso (Colossus) – É a máquina de guerra da equipe com o objetivo de destruir grupos imensos de inimigos com artilharia montada, armas pesadas, um lança-chamas e ainda uma boa mobilidade com propulsão a jato. É a única Lança capaz de empunhar armas pesadas, então é sempre bom ter o fortão por perto. Também é capaz de erguer seu escudo impedindo os inimigos de avançarem, fazendo com que o restante da equipe dizime as ameaças com facilidade. Além disso, possui habilidades poderosas de ataque com grande área de dano. Durante a sua habilidade Ultimate ela equipa um grande canhão e o lança no ar, soltando vários projéteis no campo de batalha oferecendo um efeito devastador.
O mais legal dessas classes são as infinitas opções de customização das habilidades, que com a exceção da Ultimate, podem ser totalmente modificadas de acordo como o gosto do jogador. Além disso, cada lança pode ter até cinco diferentes opções de jogabilidade que podem ser gravadas e o utilizadas de acordo com a necessidade. Por exemplo fazer um Ranger Agressivo, Ranger Suporte, Ranger para Freeplay… Uma enorme liberdade para construir os seus personagens da maneira que achar melhor, algo que é realmente muito bom, pois expande muito as possibilidades de gameplay. Outra faceta interessante desse sistema de classes é a criação de combos entre as habilidades únicas de cada lança. Por exemplo, Tempestade usa uma habilidade e congela os inimigos, e quando o Interceptador avança sobre esses inimigos com suas lâminas ela cria combos, e esses ataques oferecem ainda mais dano contra os inimigos, além de serem um deleite visual.
Essa liberdade também se expande para a customização dos Javelins, que é algo que está realmente muito abrangente e vai permitir que os jogadores deem asas a imaginação e criem modelos realmente únicos. Em Anthem é possível customizar cada parte da armadura com as cores e o desenhos que os jogadores desejarem, e essa personalização oferece camadas primárias, secundárias e terciárias, e que vai além das cores, pois também é possível alterar a textura do material. Além disso, será possível criar suas próprias colorações e ainda criar vinis com logotipos, desenhos e etc. Já vi que vai ter muita gente gastando horas só nessa parte de customização, pois o sistema é realmente muito detalhado.
Além da experiência ganha ao final de cada expedição, os Javelins aumentam a sua qualidade conforme equipa itens melhores, ou seja, além do nível da conta geral, que vai até 30, cada lança terá o seu próprio nível de qualidade que cresce de acordo com seus equipamentos, o que incentiva bastante a repetição das missões em dificuldades cada vez maiores, para assim receber melhores itens para seus personagens. O melhor de tudo isso é que podemos ter todos os Javelins e escolher melhor antes de cada missão aquele que melhor se encaixa com a atividade ou a equipe. O jogador não fica preso a uma escolha e tem que seguir com ela até o final, basta ir no Fort Tarsis e fazer a troca. Durante as missões você ganha itens para todo o tipo de Lança, não sendo necessário ter que jogar com todas elas para subir sua experiência, dessa forma você não precisa upar todas desde o começo para ter todas jogáveis. Um sistema interessante e que incentiva os jogadores a experimentarem todas as Lanças.
Ainda dentro dessa liberdade de personalizar seu personagem, entramos no polêmico assunto das microtransações. A BioWare já havia anunciado que o jogo não teria lootboxes, Season Pass ou equipamentos comprados com dinheiro real e que dão vantagens no gameplay, pois a aposta dos desenvolvedores está nas microtransações cosméticas. Elas poderão ser adquiridas com a moeda ganha no jogo e também com dinheiro real, comprando as moedas conhecidas como Níqueis. Não ficou claro se existirão itens que só poderão ser adquiridos como essa moeda premium, mas o estúdio garante que todas as microtransações são focadas apenas na questão cosmética. No entanto, em entrevista recente, os desenvolvedores disseram que podem adicionar outros modelos de Javelin no futuro para serem comprados, mas dizem que esses modelos irão adicionar apenas outra opção de gameplay para os jogadores, não oferecendo grande impacto para a experiência geral. Mas isso também ainda não foi definido, então ainda é pura especulação.
As microtransações cosméticas podem funcionar muito bem em Anthem, pois o jogo possui um sistema de customização bem amplo e detalhado, e por essas compras serem apenas visual, e não interferirem na jogabilidade, não parecem se tornar um problema no futuro. Meu medo é que esse é um pensamento da BioWare, e a EA pode querer empurrar algo mais agressivo depois do lançamento, mas vou ter esperança de que tudo o que a empresa sofreu com suas práticas nesse assunto no último ano, tenha servido de lição de que os jogadores são contra esse tipo de comportamento.
Jogabilidade divertida e intuitiva
Uma das coisas que mais chamaram a atenção quando Anthem foi anunciado era a sua jogabilidade, que parecia bem fluida e divertida, e isso foi uma das coisas que mais me agradaram durante o teste. Todo o gameplay de Anthem é divertido e oferece diversas opções de abordar as missões da maneira que achar melhor, seja de maneira mais agressiva ou comedida. O sistema de tiro é muito fácil de dominar e existem diversos tipos de armas que podem ser usadas como rifles, fuzis, metralhadoras, pistolas, snipers e armas pesadas, sendo que com a exceção do Colosso, existem algumas restrições do que cada lança pode usar. Por exemplo, o Interceptador não pode usar Fuzis de batedor, e apenas o Colosso pode usar Armas pesadas. Uma limitação que deixa o gameplay mais interessante e faz com que cada classe tenha a sua importância além das habilidades únicas de cada uma delas.
Essas habilidades acrescentam ainda mais diversão e possibilidades para o gameplay, pois além da liberdade de criar a configuração que quiser, o jogador ainda possui opções realmente interessantes para serem usadas. Esse sistema permite a criação de diversas combinações, que podem ser usadas nas mais diversas situações, trazendo um fator estratégico muito bom para as missões.
Anthem também possui consumíveis que podem ser construídos antes de cada Expedição e que oferecem bônus passivos para a equipe ou o seu personagem, algo muito importante para as missões mais difíceis. E falando em dificuldade, existem seis níveis de dificuldade para o jogo, que oferecem aos jogadores a opção de buscarem atividades cada vez mais desafiadoras, e assim ganhar equipamentos mais poderosos. Além das já conhecidas dificuldades Fácil, Normal e Difícil, que estavam disponíveis da Demo Vip, o jogo também traz as desafiadoras Grandmaster 1, 2 e 3 que só serão desbloqueadas após o jogador chegar no nível máximo, que no lançamento será 30. Como o limite da Demo era o nível 15, não foi possível se aventurar por essas dificuldades, mas é bom saber que o jogo irá oferecer desafios cada vez maiores para os jogadores.
Um dos grandes destaques da jogabilidade ficou por conta do sistema de voo do jogo, que no início parece complicado, mas é bem fácil de dominar. Para facilitar a exploração do hostil e vasto mundo de Anthem, os Javelins possuem propulsores que possibilitam que os Freelancers voem de um lado para o outro, mas esse sistema também superaquece e precisamos ficar atentos a isso para não despencarmos de alturas. Para isso não acontecer existe uma administração desse calor que pode ser feito pelos próprios jogadores, que podem resfriar o Javelin ao descer das alturas e também ao voar perto da água, o que faz com que o tempo de voo se alongue consideravelmente, e faz a exploração se tornar uma verdadeira delícia.
Um mundo vasto para explorar
O mundo de Anthem é realmente bem amplo, com uma mapa que possui um tamanho bom, mas que poderia ser maior, ainda mais com a possibilidade de voo de um canto para o outro. No entanto, o que não me faz ficar receosa nesse ponto é a densidade de atividades, pois mesmo que não seja um mapa tão grande, se ele tiver muita coisa para os jogadores realizarem nele, vai estar bem balanceado, pois também não adianta ter um mapa gigante se sem ter o que fazer. E isso foi algo que me incomodou no teste, pois achei a frequência dos eventos mundiais muito baixa, e espero que isso seja diferente na versão final, pois quanto mais atividades, mais os jogadores se sentirão instigados em explorar. Os eventos que eu pude realizar eram muito bons e com objetivos bem variados, o que já deu para mostrar o grande potencial do jogo para atividades de mundo aberto.
Quanto aos modos de jogo, Anthem oferece as missões de história e de personagens, as Fortalezas (Strongholds) e o Modo Livre (Freeplay), sendo que todos eles podem ter a dificuldade mudada de acordo com o gosto dos jogadores. As Missões apresentam a progressão da história e também da sua relação com os personagens, e a pequena amostra dada na Demo já mostrou que a narrativa de Anthem possui um grande potencial. Já as Fortalezas foram construídas para oferecerem desafios maiores para os jogadores, que necessitam de mais estratégia para finalizarem. E por fim, temos o Modo Livre, onde os jogadores entram no mapa aberto de Anthem em busca de atividades, equipamentos, recursos e experiência.Também haverão os Contratos Lendários na versão final, que se tratam de missões que prometem expandir mais a sua história e o relacionamento com os personagens, como também oferecer missões ainda mais desafiadoras para os jogadores. No entanto esse conteúdo não estava disponível nesse teste.
Mesmo que ainda existam problemas como o pouco tempo para voltar para a área de missão e inimigos que desapareciam no Modo Livre, todas essas atividades de Anthem se mostraram muito competentes, com bons desafios, variedade de objetivos e diversas maneiras de vencer os objetivos.
Todas essas atividades possuem matchmaking, então mesmo que não tenha outras pessoas para jogar, o sistema de Anthem permite que você sempre tenha outras pessoas para jogar ao seu lado. Também é possível realizar as missões de história em modo privado, mas isso não se estende as Fortalezas e Modo Livre, onde sempre haverão outros jogadores por perto. Um bom sistema para não excluir os jogadores que não conseguiram outras pessoas para jogar junto.
O caos dos servidores
O grande problema do Anthem durante a Demo VIP foi o caos dos servidores, com problemas para entrar no jogo, loadings infinitos, rollback e crashes. Todos esses problemas ocorreram comigo e foi algo realmente irritante, principalmente por partir de uma empresa do tamanho da EA, que possui tanta experiência em jogos online. Foi um erro inadmissível e que, provavelmente, arranhou a reputação de Anthem com aqueles que queriam conhecer melhor a sua proposta. Sabemos que tudo isso pode ser resolvido para a versão final, mas é algo que não deveria ter acontecido. O problema foi tão grande que até mesmo outros jogos como Battlefield, FIFA também apresentaram quedas dos servidores, o que prova um grande despreparo da empresa. Algo que já deve ser evitado na Demo Aberta, para poder ganhar a confiança de quem ficou com um pé atrás. Além disso, Anthem é o grande lançamento da EA para 2019 e precisa receber toda a prioridade da empresa, se ela realmente quiser que ele se torne um sucesso.
A BioWare também se pronunciou e disse que a versão atual está seis semanas na frente dessa que foi disponibilizada da Demo VIP, mas que identificaram diversas correções que precisam ser feitas para o lançamento final. Na verdade, parece que o estúdio se atrapalhou com a nomenclatura, pois em uma Demo você espera jogar uma parte do jogo final e não uma versão mais antiga, isso é mais parte de uma Alpha ou Beta para testes.
Como os grandes problemas que surgiram são mais de origem no que diz respeito a servidores, a chance é bem grande de que eles não existam no lançamento, mas isso é palpite apenas, sendo impossível saber ao certo.
E o visual continua impressionante?
Quando Anthem foi apresentado no que seria uma build rodando no Xbox One X todos ficaram muito impressionados, mas ao mesmo tempo receosos, pois já existiram muitos casos de jogos belíssimos na apresentação e que quando lançados estavam bem abaixo do mostrado. O jogo não está naquele mesmo nível visual apresentado, mas ainda assim está belíssimo. O nível de detalhes nos cenários, os efeitos das habilidades e as explosões estão incríveis e bonitos de ver, assim como os efeitos de iluminação e sombras, que trazem ainda mais realismo para os acontecimentos na tela. Os Javelins também possuem um nível de detalhes que impressiona, assim como os inimigos.
Os personagens do Fort Tarsis estão mais simples que o restante do mundo de Anthem, mas ainda assim possuem expressões naturais, além de diálogos muito bons de acompanhar, assim como uma dublagem com vozes que combinam muito bem. Todo o jogo possui legendas e menus em português, então é possível que todos acompanhem a história, mesmo sem a dublagem no nosso idioma.
Opinião
Mesmo com todos os problemas durante a Demo VIP, Anthem continua sendo um dos jogos mais promissores de 2019. O jogo apresentou um mundo rico em missões e personagens interessantes, um vasto mapa para explorar, atividades desafiadoras e uma jogabilidade extremamente divertida dentro de um novo universo belíssimo e cheio de detalhes. É extremamente revigorante explorar esse mundo com os amigos, recebendo novos equipamentos, enfrentando inimigos cada vez mais fortes e desvendando os mistérios do seu mundo. Um jogo que possui todos os elementos para ser tornar um grande vício para os jogadores que curtem esse tipo de gênero.
Agora só resta aguardar que a EA valorize o trabalho da BioWare e arrume a total bagunça ocorrida com os servidores durante os testes, pois fazendo isso podem ter em suas mãos o jogo que fará com que a confiança dos jogadores cresça em torno da empresa. Só não pode pisar na bola no lançamento da versão final.
No geral minha experiência com o jogo foi muito positiva, e mal vejo a hora de voltar para meu Javelin, explorar os seus mistérios e me divertir com os amigos.
Anthem será lançado no dia 22 de fevereiro de 2019 e sua pré-encomenda já disponível na Xbox Live, com desconto para os assinantes do EA Access. A Demo Aberta ocorre entre os dias 01 a 03 de fevereiro (Saiba mais).