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Análise – Amnesia: Collection

Os jogos, assim como outras mídias, que trazem o suspense ou o horror como tema, seja ele físico ou psicológico, costumam ganhar muito interesse por parte das pessoas, seja pela curiosidade de explorar o desconhecido e o misterioso, ou apenas testar os seus limites. Eu sou uma mistura desses dois grupos, pois tenho extrema curiosidade sobre o tema, mas confesso que sou muito medrosa, então conseguir jogar um jogo assim é praticamente uma vitória dessa minha insistência em desbravar esse universo aterrorizante. E foi assim que me aventurei por Amnesia: Collection .

Amnesia: Collection traz três jogos da franquia da Frictional Games que não só revolucionou o gênero, como também os chamados vídeos Let’s Play, onde acompanhamos alguém jogando e suas reações durante a jogatina, Amnésia foi o grande precursor do gênero.

A coleção traz os jogos Amnesia: The Dark Descent, A Machine For Pigs e Justine, todos trazendo a atmosfera sombria e opressora de narrativa que fizeram da série um grande sucesso no mundo todo.

Mas será que depois de tanto tempo, já que o primeiro jogo foi lançado originalmente em 2010, Amnesia ainda consegue impressionar? Vamos descobrir.

História

Apesar de serem três jogos na coleção, cada um deles possui histórias distintas, onde o único ponto comum é a opressão do que ocorre ao seu redor, de forma que você não entende muito bem o que está acontecendo, além de alguma criatura horrenda que constantemente aparece para te atormentar, e você não tem outra alternativa senão correr ou se esconder o mais rápido possível. Em Amnesia: Collection tanto o seu personagem, quanto você, ficam dentro de uma constante sensação de vulnerabilidade e aflição.

The Dark Descent é considerado o ponto alto de toda a série, e pude rapidamente perceber o motivo do grande sucesso do título com o público durante a minha jornada. O primeiro jogo traz com maestria essa constante opressão psocológica para o jogador, sendo possível sentir na pele as aflições e confitos de Daniel, que é o protagonista. A história nos faz acordar em um grande castelo abandonado, onde Daniel é assombrado por diversos flashbacks e até mesmo anotações deixadas pelo próprio no local. Ele vive uma constante luta para tentar distinguir o real de alucinações, e ainda descobrir qual o seu papel nos horrores que está descobrindo pelo caminho. Quanto mais ele descobre, mais a trama se torna macabra e mais aterrorizante se torna a exploração do castelo.

Já em Justine, temos uma grande novidade: não podemos morrer. Isso mesmo, se morrer começa tudo de novo, o que torna o desafio ainda mais difícil. Acordamos em um local desconhecido, com uma gravação de uma mulher dizendo que temos que passar por uma série de testes doentios para sobreviver, e com muitas decisões morais para tomar durante o caminho sobre salvar ou deixar pessoas morrerem, no melhor estilo Jogos Mortais. O conteúdo é curto, pois ele se segura nessa motivação de tentar chegar ao final sem morrer, o que leva o jogador a repeti-lo diversas vezes para tentar vencer o desafio.

Por fim, temos A Machine for Pigs, que fecha essa chamada trilogia. O jogo traz grandes inspirações de The Dark Descent, e apresenta uma história misteriosa e que prende a atenção desde o início, com sustos convincentes e uma ambientação muito bem desenvolvida. O jogo retirou os elementos de sobrevivência, como ter que recolher acendedores e óleo para iluminar os cenários, e coloca o foco central na experiência do jogador com a história e o seu desenvolvimento. Quanto a trama, ela traz o rico industrial Oswald Mandus como protagonista. Ele acorda em sua cama, arrasado por uma febre e assombrado por sonhos de um mecanismo sombrio e infernal. Tudo o que ele sabe é que seus filhos estão correndo grande perigo, e depende apenas dele salvá-los. A urgência da situação e como a trama se intensifica, fez desse jogo o meu favorito dentre os três, apesar da grande obra que é The Dark Descent.

Ao contrário dos jogos anteriores, A Machine for Pigs foi desenvolvida pelo estúdio The Chinese Room, sendo apenas publicado pela Frictional Games.

Jogabilidade

Todos os jogos trazem uma contínua atmosfera de perseguição, pois existe sempre uma criatura te rondando, dessa forma, seu personagem pode correr, andar e se agachar para poder se movimentar pelos cenários. Esses inimigos são letais e devem ser evitados de todas as maneiras, seja se agachando em um lugar escuro ou correndo o mais rápido que puder, pois se eles te pegarem já era, é morte certa. Essas cenas de perseguição são excelente e fazem o coração disparar.

Nos dois primeiros jogos, você deve juntar acendedores para poder iluminar partes do cenário super escuro, assim como o óleo para poder usar a sua lanterna. Ficar sem eles é problemático, pois a escuridão é uma constante nos jogos, e muito tempo exposto à ela começa a gerar alucinações no seu personagem, fazendo da jornada algo ainda mais complicado.

Para progredir, você deve resolver puzzles, que possuem uma boa dificuldade, nada muito complicado e que tire a imersão da experiência, mas também nada tão fácil que não ofereça nenhum tipo de desafio ao jogador. Conseguiram achar uma medida certa para essa dificuldade. O jogo também não te mostra onde você deve ir, sendo necessário ficar atento aos cenários e ler as anotações encontradas neles.

Algo que mostrou os sinais do tempo para a jogabilidade de Amnesia: Collection é a movimentação e interação de objetos, que é algo ruim de doer. Em muitas partes você deve movimentar caixas para subir em lugares e a mecânica de empilhá-las é, muitas vezes, mais difícil que fugir da criatura que nos persegue. Interagir com portas e fechaduras com rapidez também é um tormento. Felizmente, a qualidade geral dos títulos, me fez relevar esse defeito da jogabilidade, que é causa direta do tanto de tempo que já foram desenvolvidos, e atualmente muita coisa já evoluiu nos jogos.

Gráficos e Som

A ambientação dos jogos é impressionante, e os desenvolvedores conseguem trazer com maestria toda a opressão das suas narrativas sombrias para o jogador. Não posso negar que se tratam de jogos mais antigos, e isso fica claro nos seus gráficos datados, mas ainda assim conseguem trazer de maneira genial o suspense e o  horror psicológico da sua experiência.

O trabalho com que os desenvolvedores conseguiram trabalhar com a escuridão, sombras, iluminação e a maneira com que interagimos com esses elementos é grande parte do que faz dos jogos da série Amnesia tão especiais e diferenciados.

A trilha sonora e os efeitos de som são impecáveis. A música entra na hora certa, seja para marcar uma virada da história, ou para uma perseguição frenética que estamos enfrentando. Os sons dos cenários e daqueles momentos que eles se acentuam para nos assustar são muito bem produzidos e inseridos no gameplay. Jogar com fones é essencial para uma experiência mais profunda e completa de Amnesia: Collection, sendo algo que te transporta para dentro do seu universo macabro. O jogo está todo legendado no nosso idioma, o que é essencial para entender a história e as dicas para progredir.

Opinião

Amnesia: Collection é praticamente obrigatório para aqueles que são fãs do gênero do horror nos games, com jogos que trazem experiências atmosféricas e imersivas, e com histórias que aguçam a curiosidade dos jogadores desde o início. Mesmo que apresentem sinais do tempo nos seus gráficos, a maneira com o qual suas narrativas se desenvolvem e como elas deixam os jogadores imersos dentro dela, comprovam a importância de Amnesia para toda uma indústria de jogos de horror com esse estilo. Sendo assim, mesmo que existam problemas, eles são muito pequenos diante da importância e grandiosidade dos seus jogos.

Seja para aqueles que curtem jogos com essa temática macabra ou para aqueles que sentem curiosidade de conhecer esse universo, Amnesia: Collection é uma coleção mais do que recomendada.

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