É difícil falar de No Man’s Sky e não citar seu desastroso lançamento. As inúmeras promessas criaram um hype excessivamente alto e, além de não manter o hype nas alturas, várias promessas do jogo não se cumpriram. E é justamente isto que torna está análise tão especial, pois eu critiquei muito a Hello Games e seu líder Sean Murray, principal personagem á frente do jogo. Eram muitas promessas, muitas. Jogar No Man’s Sky foi um desafio, que eu fiz questão de me colocar a prova.
Em diversos momentos eu achava que era de fato o fim do jogo, por vezes achava que era até mesmo o fim do estúdio. Ninguém ‘desejava’ ser Sean Murray naquele momento, pois o jogo virou piada na internet. Eu mesmo fiz chacota com No Man’s Sky na época.
Na minha cabeça, seria uma saída muito simples: abandonar o jogo, manter o estúdio trabalhando em projetos menores e então ressurgir. Porém, a perseverança falou mais alto e foi determinante para o “renascimento” deste título. Outras promessas foram feitas (meu Deus) e o jogo até mesmo mudou de plataforma, chegando agora ao Xbox One.
No Man’s Sky é um misto de emoções. Por vezes você não entende o que acontece á sua volta e isso não é necessariamente ruim, pelo contrário, isso instigou demais a minha curiosidade, e uma simples missão de exploração me tomou dias para concluir e o melhor, eu me divertia nessa busca incessante de minerais, materiais e tudo mais. Confesso que muitas vezes eu entrei no jogo decidido a zerá-lo e então, faço uma coisa e faço outra, passam-se duas horas e sinto que não avancei em direção á conclusão dele, mas não fiquei chateado por isso. Não todas as vezes, ao menos. O jogo te entretêm muito bem.
Falando de personagens, o enredo de No Man’s Sky não surpreende. Ele te prende no mistério e ali mesmo ele te deixa. O jogo te explica muito pouco do seu pano de fundo e parece deixar claro que sim, existe uma história pra ele e ela está lá para você mesmo buscar. Já sobre seu personagem, a incógnita é imensa. No começo eu até mesmo achei que seria um ser humano perdido na imensa vastidão do espaço mas não, você pode alterar a raça do seu personagem o tempo todo… sendo assim, como No Man’s Sky teria algum pano de fundo concluso para seu ser? Talvez tenha algum para os motivos de sua jornada… ainda assim, talvez. Estou usando do termo “talvez” porque realmente o jogo esconde muito e a exploração é justamente a chave para esta e mais outras descobertas, mesmo eu no alto das minhas 13 horas de jogo sei muito pouco sobre meu personagem e o universo que o cerca.
Eu me lembro de ter lido algo sobre as batalhas espaciais de No Man’s Sky e, tive de concordar, são mesmo muito insossas e maçantes. Se você, querido leitor, for ver algum streamer ou gameplay na internet, vai achar que o estilo lembra Ace Combat e, eu mesmo tive essa impressão mas não, não se parece. Nem de longe os combates são viscerais ou rápidos, como no jogo japonês. Você pode engajar combates interestelares mas não passam lá muita emoção, e chegou ao ponto de em vários casos eu evitar o combate (que eu mesmo iniciei) somente me afastando dos alvos.
A movimentação do seu personagem é simples e intuitiva. Com o JetPack (e alguns upgrades depois) você consegue transpor basicamente todos obstáculos de No Man’s Sky. Com o uso da sua multiferramenta, você pode analisar a fauna e flora, minerar itens e até mesmo mudar a geografia do local, alterando todo o terreno a sua volta. Essa ferramenta te ajuda a coletar minerais para venda e criação de itens, bem como a busca por itens escondidos e também para atacar ou se defender… Durante o meu gameplay eu não encontrei nenhum animal hostil, que fosse me atacar, mas eu sei que eles existem. O que me ocorreu foram alguns sentinelas que ficam nos observando de longe e quando você começa a minerar, eles entendem que você está danificando o planeta e começam a alertar aos arredores. Se você continuar, eles te atacam.
Você também pode alimentar alguns animais, tornando-o seu próprio pet, e ele o acompanha por um período de tempo. Uma pena que você não pode trazê-lo para dentro da nave, levá-lo pelas viagens, pois seria interessante tê-lo como companheiro de aventuras (lembrei do Toddynho), algo semelhante ao que existe em Monster Hunter World com o Amigato, e isso seria sim muito legal… mesmo que a maioria dos animais que eu tenha encontrado eram bem feios.
No Man’s Sky vai do lindo ao bizarro em instantes. Alguns planetas são verdadeiros paraísos estelares, constelações lindíssimas, auroras boreais, vegetações, estações abandonadas, monólitos alienígenas, personagens caricatos, é muito bonito… mas alguns planetas e locais são muito feios. Não é bem um defeito do jogo, é uma característica daquele planeta. O jogo tem umas quedas de quadros que irritam em certos momentos e isso sim é um defeito. Em alguns momentos o título também apresenta problemas de renderização, e geralmente um coisa puxa a outra em No Man’s Sky. Quando teu personagem demora renderizar na tela, pode ter certeza que a queda de quadros nos próximos segundos será constante. Lembrando aos leitores que eu joguei em um Xbox One S, como poucos amigos meus adquiriram o jogo, eu não sei dizer como ele está no Xbox One X.
Sobre o áudio do jogo, tenho uma importante questão a abordar: o som não se propaga no espaço, correto? Então No Man’s Sky com suas batalhas e viagens de dobra espacial, com aquela barulheira toda, é pura zoeira? Star Wars se encaixa nesse quesito de “erro”? Até que ponto os jogos de videogame precisam ser reais? Ficam ai os questionamentos…
Nos planetas, os animais reagem com sons diferentes e por vezes de forma engraçada, mas na sua maioria, soam de forma grotesca e com sons macabros, causando um certo desconforto principalmente em locais abertos. Ainda mais eu, que tenho propensão a ter calafrios com sons aterrorizantes. Não que todos sejam aterrorizantes em No Man’s Sky mas, é complicado quando um animal urra de forma grotesca e você vira a câmera e não encontra um ser vivo ao alcance… o calafrio me sobe a espinha. Os personagens se comunicam por uma língua própria. Logo após uma breve conversa, você tem apenas um resumo do seu próprio personagem, uma leitura corporal que ele faz do outro e invariavelmente erra. Para ter uma conversa plena e entender mesmo o papo, você precisa aprender o idioma, coletando palavras, que demanda uma exploração extra ao jogo, quanto mais você explorar mais você irá aprender as palavras.
A lição que podemos tirar de No Man’s Sky, Hello Games e Sean Murray é: podemos sonhar alto mas não podemos prometer esse sonho aos outros. No Man’s Sky é um excelente jogo de exploração onde você precisa realmente buscar materiais e itens, todo o tempo. Seja para comércio ou uso próprio. Um jogo muito ambicioso que somente quando chegou ao Xbox One começou a cumprir boa parte das promessas feitas.
O título chega ao Xbox One com várias melhorias e com um potencial gigantesco, pra te consumir centenas de horas, pra que você jamais delete de seu HD, pois sempre há algo a fazer em No Man’s Sky. O jogo te cativa pelo mistério e pela imensidão da galáxia, onde você pode aprender muito mais sobre o sistema estelar e suas espécies viventes, tanto fauna e flora são pesquisáveis e podem lhe render bons créditos com os alienígenas.
Ele teve seus tropeços sim, e ainda não está 100% mas, depois de tanto que a produtora passou, pode se ter certeza que eles continuarão a trabalhar em No Man’s Sky, pra deixá-lo cada vez mais redondo. Poderia adicionar uma história mais tangível ou algo em que você realmente sinta estar evoluindo, caminhando a uma direção. Se perder em No Man’s Sky é legal, é divertido e um excelente passatempo, porém, eu sou um jogador que curte mais uma história centrada. Ter de viajar 30 galáxias e atingir o centro do universo, só pra saber se seu personagem é macho ou fêmea, dá um certo desânimo. Se é que você ainda irá obter uma resposta.