Monster Hunter: World marca a chegada da franquia na família Xbox One. O jogo da Capcom era um dos mais aguardados do ano de 2018. Será que ele conseguiu atingir as expectativas do público? É o que você confere em nossa análise.
Conhecendo o “monstruoso” novo mundo
Meu primeiro contato com a franquia Monster Hunter, MonHun para os íntimos, se deu a muitos anos atrás, no Wii. Na ocasião, não tive a melhor das impressões do jogo. Comandos confusos, objetivos não eram claros e não havia um tutorial bacana para tentar engajar no jogo. Não demorou para que eu deixasse de lado e acabasse desgostando da série. Mas eu sabia do peso que ela tinha na comunidade nipônica. Monster Hunter é visto como uma resposta a franquia Pokemon por lá. Então quando Monster Hunter: World foi anunciado para consoles de mesa, eu queria dar uma segunda chance para a franquia.
A mudança foi da água para o vinho. Primeiro tive de criar um personagem e um amigato (falaremos deles mais para frente). O nível de customização é muito bom e muitas “obras de arte” já apareceram pela internet. Então inciou-se a introdução do jogo. Somos Caçadores rumo a um continente conhecido apenas como Novo Mundo (teria Colombo “descoberto-o” também?). Apesar dos caçadores serem formados por humanos, existem outras raças humanoides como wyverianos, que ajudarão nesta missão. O motivo da expedição é acompanhar a migração do dragão ancião Zorah Magdaros, uma criatura colossal, digna dos filmes de Godzilla.
Quando o personagem se tornou jogável, uma chuva de comandos surgirão na tela. Sim, o tutorial que senti falta estava presente, ensinando passo-a-passo como sobreviver em Monster Hunter: World. Aprendi desde os comandos básicos, até criar itens de cura, armadilhas, batalhar etc. Acreditem, é muita coisa MESMO! O que é totalmente compreensível. Estamos falando de uma franquia com mais de 10 anos de bagagem, o jogo tem até seu próprio idioma!
O jogo possui uma introdução bacana, situando bem qualquer jogador novato na série, e seu tutorial é bem explicativo. O “contra” mesmo seria a quantidade de informações que recebemos nos primeiros minutos, até horas, de jogo. Foi um consenso meu e com amigos que consultei. Mas nada que algumas sessões de jogatina não resolvessem
Que comece a temporada de caça
Monster Hunter: World possui um único e simples objetivo: Caçar monstros! O jogo possui missões designadas, que avançam a história, opcionais, que podem liberar novas melhorias na base, investigações, que ajudam na coleta de recursos, e eventos online. Todos se resumem a caçadas, salvo uma ou outra exceção.
Parece repetitivo, não é? Mas não deixe se enganar! Uma caçada nunca é igual a outra. Isso graças ao mundo vivo que a Capcom criou em Monster Hunter: World. Os monstros por si só são um espetáculo a parte. O mais “normal” seria o Grande Jagras, um bicho que se assemelha a uma iguana de tamanho colossal, capaz de engolir seres vivos inteiros. Ou o Anjanath, um tiranossauro com asinhas e que cospe fogo. O jogador terá de estudar bem cada monstro, pois a forma como os mesmos lutam variam bastante. O jogador irá procurar rastros destes monstros pelo mapa, investigando pegadas, mucos, carcaças etc. Como se fosse caçar um animal de verdade. Conforme o jogador vai investigando, ele ganha pontos de pesquisa desse monstro, que irão ajudar a encontrar monstros mais rapidamente.
Outro fator que influencia diretamente em uma caçada são os biomas de Monster Hunter: World. Alguns monstros podem transitar entre os biomas. Comecemos pela Floresta Ancestral, que lembra uma floresta tropical, mas com proporções colossais. Ela possui várias árvores de cipós que podem prender monstros temporariamente. Também existem regiões com plantas venenosas. Basta bater nestas plantas que um líquido roxo cairá e qualquer ser vivo que tocar o líquido automaticamente fica envenenado. Mas se você encontra o monstro em um outro bioma, a estratégia que você tinha na Floresta Acentral não funcionará. São pequenos detalhes que fazem toda a diferença na caçada de MonHun.
Reparem que venho mencionando a palavra bioma, não cenário. Um cenário lembra algo como uma paisagem, algo estático. Já o bioma é uma definição mais precisa, pois quando vamos caçar o monstro, percebemos que existe vida ali. Os monstros não estão apenas passeando aleatoriamente esperando serem caçados, eles vivem naquele ambiente. Você pode encontrar um monstro caçando, dormindo, demarcando território e até brigando por este território. É só imaginar que está enfrentando um monstro no território de outro. Não vai demorar até que o dono do território apareça para botar ordem na casa, atacando qualquer invasor que esteja no caminho.
Percebam que caçar em Monster Hunter: World pode parecer um objetivo simples, mas que acaba envolvendo uma série de elementos que tornam a experiência extremamente complexa e, principalmente, extremamente prazerosa. É totalmente diferente de jogos como Destiny ou The Division, que tem características parecidas, mas que pecam por serem extremamente repetitivas.
Espólios e mais espólios
Mas nem só de caça vive o mundo de Monster Hunter: World. Sim, o objetivo principal é a caça de monstros, que deixam bastante espólios para o jogador. Mas, indo contra os já citados Destiny e The Division acima, os espólios são de suma importância aqui. São com eles que trarão melhorias na base dos caçadores, nas armas, armaduras e itens de caça.
Vou iniciar comparando como funcionam os espólios em outros jogos. Se você quer um arma ou armadura, por exemplo, você só precisa fazer uma missão e, por incrível que pareça, rezar para que no final da missão o item venha como recompensa. É algo totalmente aleatório, que te obriga a jogar várias vezes. E quando não vem o item desejado, os que você ganha no lugar são simplesmente vendidos ou descartados. Já em MonHun você cria seus itens com a matéria prima que adquiri nas caçadas.
Eu me apaixonei pela armadura criada de partes de um Odogaron. Então, eu precisava realizar missões de caça onde Odoragon era o alvo. Os espólios são aleatórios como em outros jogos, mas há uma diferença gritante aí. A braçadeira de Odogaron exigia presas de Odogaron como matéria prima, algo que poderia conseguir talhando o monstro. Mas eu posso muito bem aumentar as chances de ganhar esse item batendo várias vezes na cabeça do Monstro, para que as presas caíssem no meio da batalha. E se eu precisasse da cauda do bicho? Mesma coisa, inclusive quando você bate muita na calda de alguns monstros, a mesma é mutilada. Ainda existe uma outra forma mais eficaz. As missões de captura de monstro. A diferença é que você ira lutar contra um monstro até cansá-lo, para então capturá-lo vivo. Monstros capturados vivos não podem ser talhados, mas tem bônus de itens raros no fim da caçada.
Conseguem ver a diferença? Existe uma certa aleatoriedade, mas ainda assim o jogador tem o controle do que ele quer ganhar. Não é fazendo qualquer missão que existe a chance do item cair do céu para o jogador. Os mesmos princípios valem para itens da base e armas.
Poder felino
Em Monster Hunter: World existe um raça de gatos inteligentes chamada Palicos. Aqui no Brasil eles foram batizados de Amigatos. São os fiéis ajudantes dos caçadores e irão acompanhá-los até o fim do mundo. Apesar de pequenos e fofinhos, não se pode menosprezar a ajuda destes pequenos companheiros.
Os Amigatos ajudam a encontrar pistas de monstros e até mesmo nas batalhas. Mesmo que o dano deles seja ínfimo, eles podem usar itens de cura no jogador ou prender monstro em armadilhas. Mas os Amigatos possuem uma habilidade oculta, que é a comunicação com animais pequenos. Eles fazem parcerias com pequenos animais que podem fazer toda diferença nas caçadas. No Vale Putrefato, por exemplo, meu Amigato fez amizade com um Girros. Girros é um tipo de dragão de cômodo com ataques que paralisam suas presas. Eu acabei me beneficiando muito nas caçadas contra Odogaron, que é vulnerável a ataques de paralisia.
Ao avançar ainda mais no jogo, é disponibilizado uma unidade de Amigatos, que o jogador pode enviar para caçar itens. Caso você esteja procurando um tipo de item, mas no momento não pode ir atrás do mesmo, é só enviar essa unidade para caçar por você.
Junte os amigos e comecem a caçar
O que faz de Monster Hunter uma febre mundial é, além do mundo incrível, o multiplayer. O jogo foi feito para ser jogados com amigos. E em Monster Hunter: World não poderia ser diferente. Aqui as caçadas em grupo tornam tudo ainda mais divertido.
Logo no lançamento a versão do Xbox sofreu com problemas de matchmaking, impedindo criar sessões para caçadas multiplayer. A Capcom agiu rápido e em pouco tempo já era possível juntar-se a mais três jogadores e iniciar uma jogatina.
Em Monster Hunter: World as sessões são criadas para comportar 16 jogadores. Qualquer um pode chegar e colocar uma missão no quadro de caçadas. Aqueles que estivessem na sessão e quisessem participar da missão só precisavam ir no quadro e selecionar a missão criada. O total de jogadores por missão é de 04, sem exceções.
Não pense que com mais caçadores fica mais fácil derrotar um monstro, visto que ele também tem seus status aumentado por caçador na missão. Mas com certeza fica mais divertido de jogar. Você combina as estratégias, qual jogador ficará responsável pelo suporte, atacar a distância etc. A coisa muda de figura e é mais um elemento que torna Monster Hunter: World uma experiência diferenciada.
Jogabilidade
A jogabilidade de Monster Hunter: World é bem diferente de muitos jogos que já experimentei. O jogador tem dois ataques normais e um especial, que irá variar dependendo da arma que estiver empunhada. Uma pequena besta que serve para atirar objetos ou como ganho para escaladas.
O jogador terá a disposição 14 tipos de armas, brancas ou de fogo. É um leque enorme de estilos de jogo que abrem inúmeras possibilidades nas batalhas. As armas também são divididas entre cortantes e de concussão.
Curiosamente, em Monster Hunter: World seu personagem não sobe de nível. O que pode ser feito é conseguir equipamentos melhores. A barra de vida e de estâmina sempre serão as mesmas, mas com itens melhores o jogador ganha defesas melhores e habilidades únicas.
Existem equipamentos que aumentam ataque, defesa, vida, estâmina etc. Mas como no início contamos apenas com equipamentos “capengas”, uma outra forma de ajudar nas batalhas são as refeições! Gastando um vale (VR! haha), dinheiro ou pontos de pesquisa, o jogador pode comer uma bela refeição que aumentarão seus status e do seu Amigato. Obviamente estes bônus são temporários, acabando após o jogador desmaiar em batalha ou a missão terminar.
Gráficos e Som
Aqui temos um ponto polêmico. Monster Hunter: World tem gráficos extremamente belos, com cenários e monstros dando um verdadeiro show. Mas já é possível ver o peso deste jogo em um Xbox One fat. Apesar de belo, os detalhes de MonHun estão bem borrados, possivelmente para fazer com que os consoles aguentem o tranco. Há também algumas quedas de frames nas batalhas. Veja bem, não é que o jogo fique feio, mas que com certeza no Xbox One X ele deve ser ainda mais exuberante e, provavelmente, a versão definitiva a ser jogada.
A parte sonora é também muito boa. Não há dublagem pt-br, mas o jogo está totalmente legendado em nosso idioma. Fiquei impressionado com o fato do jogo possuir até dublagem do próprio idioma de MonHun, mas a dessincronização labial acaba tirando o charme dela. E apesar da dublagem bacana, a trilha sonora fica um pouco aquém, sem uma melodia memorável.
Opinião
O ano de 2018 começou muito bem, obrigado. Monster Hunter: World chegou quebrando banca dando uma aula em outros jogos do mesmo estilo. Aqui foram mais de 60 horas de jogatina e sinto que não cheguei nem na metade de todo conteúdo que o jogo tem para oferecer.
Tecnicamente Monster Hunter: World traz um ótimo trabalho na parte visual e sonora. Mas é preciso ressaltar que para experienciar toda a sua magnitude, a melhor opção é jogar no Xbox One X. Isso não significa que o jogo se torne menos prazeroso nas versão Fat e S, já que toda diversão está na hora da caçada.
Monster Hunter: World é uma obra obrigatória para Xbox One, superando até os mais otimistas dos jogadores.