Ícone do site Xbox Power

Análise: Assassin’s Creed Origins

Uma das melhores decisões da história da Ubisoft foi deixar de fazer Assassin’s Creed anualmente e lançar Origins sem pressão, mais uma prova de quantidade quase nunca é sinônimo de qualidade. Assassin’s Creed Origins, não apenas mostra que a série ainda tem muito para apresentar, como também confirma que é o jogo que os fãs da eterna luta entre Templários e Assassinos esperavam há muitos anos. O jogo introduz a criação da Irmandade dos Assassinos, com uma ambientação impecável, jogabilidade renovada e uma narrativa envolvente.

Preparados para uma viagem pelo Egito Antigo?

História

A História de Assassin’s Creed Origins se passa no Egito, no ano 49 a.C e gira em torno do personagem Bayek, que é um medjai, um protetor do seu povo. Depois de uma tragédia em sua família, ele se vê no meio de um conflito que se desenvolve nas sombras do Egito Antigo, e que está deixando a civilização à beira do colapso. Bayek decide começar sua busca por vingança, e parte para eliminar todos os membros da Ordem dos Anciões, um grupo que é quase que uma força misteriosa que controla o Egito das sombras e que possui grande poder.

A história de Assassin’s Creed Origins está muito bem desenvolvida, com uma narrativa principal que traz embates épicos, que não só trazem o ar místico desse período, mas também trazem as fundações para a eterna luta entre Templários e Assassinos. Os personagens são carismáticos e fazem a gente se conectar com eles e se importar com seus destinos. Nada muito excepcional, mas certamente algo bem superior ao que vimos em Unity e Syndicate, por exemplo.

As missões secundárias também dão um show a parte, não estão ali apenas para encher linguiça ou te dar XP, elas acrescentam conteúdos bons, que realmente agregam valor ao jogo e estão bem diferenciadas uma das outras.

Pra quem joga Assassin’s Creed sabe que os jogos possuem partes da história que se passam no presente, mostrando as investidas da Abstergo para encontrar os Assassinos e localizar a Maça do Éden. Em Origins, isso também ocorre e traz boas adições para a trama, funcionando bem para mostrar a viagem do Animus pelo passado.

No geral a história se desenvolve bem e nos prende, só cito como ponto negativo a falta de um vilão que marcasse a trama, daqueles que nós amamos odiar. Em Assassin’s Creed Origins, eles são bem esquecíveis, nenhum ganhou o peso de um Cesare ou Rodrigo Borgia, por exemplo, os grandes antagonistas de Ezio.

Jogabilidade

Uma das grandes mudanças nesse novo Assassin`s Creed foi em relação à jogabilidade. Ele segue a sua essência, mas ganhou profundas melhorias, que deixaram o jogo com mecânicas mais profundas.

A primeira grande mudança foi em relação ao combate. Em Assassin’s Creed Origins ainda encontramos todas as ferramentas para assassinatos furtivos e infiltrações não detectadas, mas quando a luta se torna inevitável, as novas mecânicas de combate deixam tudo mais interessante. Agora não basta apenas bater e esquivar, existe o momento certo da esquiva, assim como o de atacar, sempre com o inimigo marcado, algo bem mais tático e totalmente diferente dos jogos anteriores. Um sistema que lembra bastante Dark Souls.

Agora não basta esmagar o botão pra cima do inimigo, é necessário aprender a lutar e entender como cada inimigo age. Outra mudança significativa e muito bem vinda foram as batalhas contra os bosses, que agora não são mais aquelas batalhas coreografadas, onde tínhamos apenas que apertar botões nas horas certas, agora temos combates que exigem mais habilidade e estratégia dos jogadores.

Uma grande mudança para a exploração do jogo foi a adição da águia Senu, que funciona como um drone para Bayek. Ele marca objetivos, itens e inimigos no mapa, sendo uma grande amiga nas infiltrações mais cautelosas, para que a gente consiga determinar qual o melhor caminho para o nosso objetivo. Além disso, ela também é uma grande guerreira, que ajuda Bayek em batalha, seja matando cobras pestilentas ou distraindo os inimigos. Uma belíssima adição, que ainda tem tudo a ver com o universo da franquia.

Em Origins, não existe mais a obrigatoriedade de sincronizar alguns locais para abrir o mapa e mostrar os pontos de interesse, mas a sincronização é importante para melhorar a percepção de Senu e assim melhorar a busca da águia por pontos de interesse.

Outro ponto que a Ubisoft finalmente entendeu e colocou em prática com Assassin’s Creed Origins é que menos é mais, e graças ao bom Deus tirou aquele monte de colecionável do mapa. Agora temos puzzles e enigmas realmente interessantes e que não são cansativos, fazendo com que o jogador se sinta motivado a buscar cada um deles para fazer.

Assassin’s Creed Origins tem muito de RPG na sua estrutura. Uma dessas características está na progressão do seu personagem, que ganha pontos de habilidades sempre que sobe de nível ou ganha pontos em algumas atividades especiais. Esses pontos podem ser gastos na árvore de habilidades de Bayek, que se divide em Guerreiro, Caçador e Vidente. O jogador não precisa seguir apenas uma delas, pois pode mesclar as habilidades de acordo com o seu estilo de jogo.

Ainda mostrando sua raiz RPG, o jogo trouxe um interessante sistema de criação, onde você pode melhorar algumas partes da sua armadura e equipamentos, e assim melhorar sua vida, dano, quantidade de flechas e bombas. Para realizar essas melhorias, o jogador vai precisar coletar recursos como couro, ferro, madeira… Eles podem ser coletados por meio da caça, exploração de lugares ou comprando com mercadores.

Por fim, temos de volta as tumbas! Um dos conteúdos mais pedidos pelos fãs da série finalmente retornou. Essas atividades eram parte da jogabilidade dos jogos da trilogia do Ezio (Assassin’s Creed 2, Assassin’s Creed: Brotherhood e Assassin’s Creed: Revelations) e desafiava as habilidades de plataforma e parkour dos jogadores com tempos e objetivos distintos. Agora elas misturam puzzles e a capacidade de exploração dos jogadores que precisam desbravar os locais para chegar no objetivo final. Elas ficam em tumbas e pirâmides espalhadas por todo Egito, e já foi dito pela Ubisoft que muitas delas são feitas baseadas em locais reais, fruto do trabalho de pesquisa dos desenvolvedores. Os locais são recheados de mistérios e valem muito à pena serem explorados ao máximo.

Gráficos e Som

Assassin’s Creed Origins traz um trabalho de arte e de desempenho gráfico impecável, que beira à perfeição. Os cenários são bem pensados, mostrando as areias e montanhas do deserto em contraste com lindas vegetações e cenários com água. Seja nas partes internas ou externas, a qualidade gráfica do jogo é soberba e rica em detalhes. Os personagens também não ficam para trás e estão muito bem detalhados e com feições naturais.

Se você esperava por um novo Assassin’s Creed cheio de bugs bizarros, irá ficar desapontado. Durante sua aventura você raramente irá encontrar algum erro ou falhas de desenvolvimento. O desempenho técnico do jogo também é espetacular, pois mesmo com o imenso mundo do jogo e com sua grande quantidade de elementos na tela, o jogo se mantem estável e fluido.

A trilha sonora está muito boa também, dando o tom certo para cada situação. O jogo está totalmente localizado em português do Brasil, e pode ser jogado dublado ou legendado. E aqui, vem um grande desapontamento com o jogo: a dublagem. Ela não está boa, definitivamente. As vozes estão robóticas e algumas delas beiram ao amadorismo e isso foi algo que me surpreendeu negativamente, pois os dois últimos jogos da série tinham dublagens muito boas, a do Unity mesmo era excelente. Legal a iniciativa da Ubisoft de localizar o jogo para o Brasil, mas infelizmente não ficou bom.

Já o áudio original em inglês está espetacular, com vozes que combinam e transparecem toda a emoção dos acontecimentos.

Opinião

Assassin’s Creed Origins é, sem dúvida, o maior acerto da Ubisoft em anos. A empresa acertou em deixar de lado a ideia de lançar os jogos da série anualmente, algo que já estava desgastando a sua imagem, além de apresentarem uma qualidade duvidosa. Agora o time de desenvolvimento levou o tempo necessário para construir o novo capítulo da franquia e o fez de modo impecável, com um jogo que mostra qualidade em todos os seus aspectos.

Uma história envolvente, combate interessante, missões variadas e uma ambientação soberba, cheia de lugares lindos, detalhados e que trazem muito da história e mitologia do Egito Antigo, isso sem deixar de dar os toques obrigatórios para uma introdução épica para a Irmandade dos Assassinos e a luta entre eles e os Templários.

Assassin’s Creed Origins é um jogo que vai interessar muito quem é fã da série, mas também é uma linda porta de entrada para aqueles que ainda não se aventuraram por nenhum jogo dela ainda.


Entenda nossas notas

Clique e confira na Xbox Store
Sair da versão mobile