Ícone do site Xbox Power

Análise Especial: Destiny

Há alguns meses atrás, Destiny recebeu uma super coletânea que contém o jogo base e todas as expansões lançadas para ele. Eu já tinha mais de 1000 horas no jogo e me senti animada para voltar a jogar novamente e fazer essa análise especial sobre Destiny e todo o conteúdo extra lançado para ele.

Para quem não sabe, Destiny é uma criação da empresa Bungie, que também foi a criadora do estrondoso sucesso Halo, o jogo foi desenvolvido em parceria com a Activision, famosa pelos jogos Call of Duty. Destiny foi vendido como um MMO que duraria 10 anos e que traria aos jogadores uma experiência totalmente nova e viciante. O jogo traz uma jogabilidade muito boa, com cenários fantásticos e muito bem detalhados, batalhas e combates desafiadores e com um multiplayer realmente robusto. Vamos fazer uma jornada por tudo que Destiny nos apresentou desde que foi lançado em 2014.

História

O jogo mostra que a humanidade alcançou o ápice dos avanços tecnológicos depois que fez contato com uma esfera gigante, chamada de Viajante. Com toda essa sabedoria os humanos, passaram a explorar outros planetas em busca de recursos, novas tecnologias e novos locais para colonização. Porém depois de um certo tempo uma força maligna conhecida como Treva começou a atacar e eliminar os humanos que se aventuravam por outros planetas como Vênus, Marte e até mesmo na Lua e Terra. Os conflitos foram tão intensos que a raça humana chegou perto da extinção, se exilando na última cidade da Terra, que é vigiada pelo Viajante, mesmo tendo ficado inativo e silencioso, após a guerra.

Nós seremos os Guardiões, um grupo especial de soldados que possuem habilidades especiais conferidas pela energia do Viajante e que ficaram encarregados de expulsar essas forças malignas e restaurar a paz em todo o sistema solar.

Como podem perceber a história de Destiny é interessante, mas extremamente mal contada, o que foi uma grande decepção ainda mais por ser uma criação da Bungie que mostrou o quanto tem de potencial nas histórias dos jogos iniciais da franquia Halo. A narrativa é muito vaga e muita coisa é sugerida através de pequenas histórias contadas pelo nosso Fantasma (Nosso companheiro de toda a jornada) e pelas famigeradas cartas do Grimório, que expandem mais o universo do jogo, mas só podem ser lidas no aplicativo do jogo (via PC ou Celular), o que foi uma escolha bem infeliz dos desenvolvedores.

Aqui ficou minha maior decepção com Destiny, pois o jogo como eu expliquei acima, tem uma história bem interessante, mas ela não é bem contada ou explicada durante as missões. Personagens surgem e desaparecem e não sabemos qual suas motivações ou plano de fundo, conflitos ocorrem e não sabemos o motivos deles acontecerem… Sempre ficamos com a sensação de que na próxima missão algo vai acontecer e tudo será explicado, mas isso nunca acontece. É como se a história de Destiny estivesse ali apenas como pretexto de que existe um plano de fundo para tudo que está acontecendo e para te motivar a lutar contra as forças do mal, mas sem nenhum contexto ou interligação dos fatos. Decepcionante, para uma desenvolvedora que fez a narrativa memorável de Halo: Reach, o último jogo da série que a Bungie fez.

As Classes

O jogo disponibiliza três classes para os jogadores escolherem: Arcano, Caçador e Titã. Cada uma possui habilidades e estilos de jogabilidade diferentes que devem ser escolhidas de acordo com o estilo de jogo de cada jogador, além disso cada uma possui habilidades especiais que são muito importantes para o trabalho em equipe. Vamos conhecer um pouco de cada uma delas:

Cada classe possui três especializações, baseadas nos danos elementais do jogo (Arco, Solar e Vácuo). Os jogadores podem usar e alternar entre as três, sempre que quiserem, sendo necessário apenas que realizem a melhoria delas por meio de ganho de experiência.

Missões e progressão

Para melhorar seu personagem e deixa-lo preparado para enfrentar os maiores desafios e avançar no jogo, você deve realizar missões e eventos diários tanto no modo PvE quanto PvP. Até o level 40 essa progressão é realizada por meio de ganho da experiência nas atividades que você realiza, a partir desse ponto o que vale é o seu nível de “Luz”. Cada item que você pega tem um certo nível de Luz, então quanto melhor o item que você pegar, maior será o seu level no jogo (o máximo agora é 400). Se prepare para fazer e refazer diversas vezes as mesmas missões em busca de melhores equipamentos.

As missões de Destiny são interessantes e divertidas, o que não deixa o farm muito monótono. Muitas dessas missões podem ser finalizadas individualmente nos planetas do jogo e algumas delas, conhecidas como Assaltos precisarão de mais 2 jogadores para que sejam realizadas, mas se você joga Destiny sozinho não se preocupe, pois, o jogo possui um sistema de matchmaking para essas atividades e irá buscar mais dois Guardiões para sua partida. Algumas vezes esse sistema falha e você aparece sozinho nos Assaltos. Nos mapas abertos também ocorrem eventos públicos e quanto mais jogadores estiverem na área próxima você, maior a chance de sucesso.

Além disso, o jogo possui as Incursões, que são as atividades para 6 jogadores e são as mais difíceis do jogo, pois demandam um super trabalho de equipe e bons equipamentos para derrotar os poderosos inimigos que existem dentro delas. Até o momento existem quatro Incursões no jogo e não existe sistema de matchmaking para elas, você precisa juntar mais 5 amigos para realizar essas atividades. A primeira Incursão de Destiny recebeu o nome de “Câmara de Cristal” e ainda hoje é considerada uma das melhores, senão a melhor do jogo. Ela encanta com seus sons e ambientes únicos, além de mecânicas inteligentes e que requerem muito trabalho de equipe.

Jogabilidade

Destiny é uma verdadeira salada de frutas quando falamos da sua jogabilidade, tem um pouco de tudo nela. Ele é um misto de FPS, MMO e RPG. A parte de FPS do jogo é muito bem balanceada com comandos que respondem bem, a variedade de armas também é um grande destaque do jogo, são dezenas de fuzis, metralhadoras, rifles de precisão, pistolas, lança foguetes e canhões de mão. Além disso, muitas dessas armas possuem os danos elementais do jogo, além de algumas habilidades especiais. As armas assim como as peças da armadura possuem níveis de qualidade que são Comuns (brancos), Incomuns (verdes), Raros (azuis), Lendários (roxos) e Exóticos (amarelos).

Destiny é um jogo para ser jogado com os amigos e mesmo que possa ser encarado individualmente, o grande destaque fica por conta da experiência cooperativa, como acontece em todo MMO. Por fim, podemos perceber inspirações nos RPGs quando vemos o sistema de progressão, missões e divisão das classes e suas habilidades especiais.

Jornada Cooperativa

Como citei acima, Destiny possui um forte fator cooperativo, sendo mais indicado e divertido de ser jogado com os amigos. Você pode realizar grande parte das atividades sozinho, mas todo esse processo pode se tornar monótono bem rápido. O indicado é você encontrar outros amigos para a aventura.

Você pode se juntar aos seus amigos e realizar as missões da história, patrulhas, eventos públicos e os assaltos. O jogo se torna mais fácil e divertido de se seguir dessa maneira, pois o grupo decide táticas e estratégicas para ter sucesso, além de poder combinar os mais diversos poderes e armas nas missões.
Aqui também podemos citar uma grande falha da Bungie, pois com um fator social tão necessário para a realização das atividades do jogo, Destiny possui muito poucas opções de interação, como os limitados gestos e o precário chat de voz dos Assaltos e Incursões. Ou seja, se você não estiver no mesmo grupo que o outro jogador, não tem como interagir com ele.  Falta uma comunicação que realmente funcione entre jogadores que ainda não se conhecem, algo como um chat de jogo que abrangesse todos os jogadores do servidor, como ocorre em todo MMO.

Multiplayer Competitivo

Mas não é apenas de cooperação que vive Destiny, se você quiser enfrentar outros jogadores o jogo possui um modo competitivo chamado Crisol que é o lado PvP do jogo. São diversos modo de jogo e cada um com suas regras e muitos mapas para acirrar as disputas. No Crisol, o seu nível de Luz não importa apenas a qualidade e dano das suas armas, a ideia é interessante e traz um balanceamento que funciona bem, além de incentivar para que todos se aventurem no modo.

Algumas vezes durante o ano a Bungie realiza o evento Bandeira de Ferro, que é um evento que traz equipamentos e adornos especiais. Outro evento periódico são os Desafios de Osíris, mas aqui a coisa é mais séria, pois seu nível de luz é levado em consideração e as equipes de três jogadores devem ser montadas antes de começar o evento, assim como acontece nas Incursões. Você só consegue entrar no evento com sua equipe fechada. É um modo competitivo, que é mais levado para o lado profissional. Talvez a Bungie esteja de olho em futuros campeonatos de eSports de Destiny.

O Crisol não é nada inovador, mas diverte e traz variedade para o jogo.

Gráficos

A parte gráfica de Destiny é extremamente bem feita, o jogo é belíssimos e possui ambientes muito interessante e detalhados. Além disso, a direção de arte do jogo é soberba e nos espanta com a qualidade e diversidade dos cenários e personagens. Por diversas vezes você irá se surpreender apenas olhando as paisagens ao redor e se encantando com os pequenos detalhes de cada planeta. A equipe da Bungie claramente se esmerou ao máximo para apresentar um jogo graficamente impecável e podemos confirmar isso com o sistema de iluminação que é incrível, além das texturas ultra realistas em todo o cenário.

Podemos ver o mesmo cuidado com os detalhes dos rostos e feições dos personagens, além de um trabalho muito bem detalhado nas armaduras e armas do jogo. Destiny ainda impressiona com uma grande fluidez de partículas nos ambientes, além dos incríveis efeitos nos poderes dos guardiões e inimigos durante as batalhas. O trabalho foi tão meticuloso que quase não presenciamos bugs gráficos.

Trilha sonora e Dublagem

Outro ponto no qual Destiny se destaca é na sua sonorização. A sua trilha sonora é espetacular e dá o tom certo para cada jornada iniciada. Ela foi composta pelo super talentoso Martin O’Donell, compositor da trilha sonora de cinco games da franquia Halo. As canções orquestradas e com os mais variados sons trazem diversidade ao gameplay e se torna parte memorável de cada atividade realizada.

O jogo está totalmente dublado no nosso idioma e as vozes encaixaram perfeitamente com os personagens, algumas delas inclusive ficaram melhores e mais interessantes que as originais.

As expansões

No decorrer desses dois anos, Destiny ganhou quatro expansões que adicionaram muitas novidades e mudanças para o jogo. Vamos conhecer um pouco de cada uma delas.

A Escuridão Subterrânea

A primeira expansão de Destiny, que trouxe novas missões da história, novos Assaltos, uma nova Incursão chamada de “O Fim de Crota”, novas armas e armaduras, novos mapas para o modo multiplayer e aumento do nível de Luz total.

Nessa DLC, somos apresentados a nova personagem Eris Morn, uma Guardiã sobrevivente dos ataques de Crota, que é um deus cultuado pelos Vassalos da Colmeia e que está prestes a voltar para tomar a Terra. Ela nos enviará em diversas missões para evitar que Crota destrua nosso planeta. Apesar de interessante, novamente a Bungie negligenciou a história nos dando poucas missões e quase nenhuma explicação.

Apesar de hoje ser considerada a Incursão mais fácil do jogo, “O Fim de Crota” possui mecânicas inteligentes e itens bem interessantes para os colecionistas de plantão.

A Casa dos Lobos

Essa expansão trouxe cinco novas missões da história, uma nova área social no Arrecife, um novo assalto na lua, novas armas e armaduras, além disso foram adicionados novos modo cooperativos e competitivos.

A história gira em torno da Rainha dos Despertos, que assim como o Arrecife, tiveram uma participação bem pequena no jogo até o momento, temos que nos livrar dos Decaídos que após serem expulsos da Terra pelos Guardiões e do Arrecife pela Rainha, ficam vagando pelos mais diversos lugares para tentarem se restabelecer. Nossa missão é impedir que isso aconteça e para tal devemos realizar as missões dadas pela nova personagem Petra Venji, que é uma emissária da Rainha e está localizada no Posto de Vesta, uma nova área social para os guardiões se encontrarem.

Mas a grande adição da “Casa dos Lobos” foram seus novos modos de jogo. O primeiro deles recebeu o nome de Prisão dos Anciões, que é um modo cooperativo onde os jogadores são desafiados em arenas onde precisam superar quatro rounds com três ondas cada, e mais um quinto round com um chefão e inimigos ainda mais poderosos. Se conseguir, irá para a sala onde usará o item Chave do Tesouro para abrir um grande baú e pegar o loot. Aqui destaque para o novo personagem Variks que nos direciona nos desafios e nos conta mais sobre a cultura dos decaídos. Sua dublagem em português é fantástica!

Já o segundo modo é mais voltado para o lado competitivo. Os Desafios de Osíris, são competições semanais onde times de três jogadores tentam a glória eliminando outros jogadores.

Nessa expansão também foi adicionada opção de fazer upgrade nos equipamentos antigos e aumentar o seu nível de luz. O nível de luz também aumentou e passou de 32 para 34.

O Rei dos Possuídos

Essa é a primeira grande expansão de Destiny, pois adicionou conteúdo de peso ao jogo, além de o ter tornado mais recompensador para os jogadores, visto que as recompensas melhoraram significativamente. Foram adicionados uma série de novas missões, armas, armaduras, assaltos, novos mapas para o Crisol, uma nova Incursão e uma nova super habilidade para cada classe. O nível máximo passou para 40.

A história de “O Rei dos Possuídos” é muito interessante e também serviu para dar vida à personagens que só víamos na Torre, mas que agora possuem sentido em suas existências. A narrativa mostra Oryx, o Rei dos Possuídos, que está obcecado por vingança, já que é pai de Crota o super vilão que derrotamos na Incursão da expansão “A escuridão Subterrânea”. Ele está organizando um exército de forças corrompidas “Possuídas” através da manipulação da própria Treva. Você deve encontrar um meio para se infiltrar em seu impenetrável Encouraçado para derrotá-lo antes que ele e seu exército negro consumam toda a civilização e levem o sistema solar à ruína. Oryx fala, e nos ameaça durante as missões ele é um inimigo a temer. Isso deixa a história muito interessante.

Uma nova área também foi adicionada, o “Encouraçado” em Saturno. E se trata da nave de proporções colossais de Oryx.  Lá existe uma espécie de arena chamada de Corte de Oryx, nela é possível usar runas para invocar bosses de três níveis de dificuldade diferentes. O jogador que coloca a runa recebe os melhores prêmios, mas os outros que o ajudaram também recebem recompensas. As missões também estão muito interessantes assim como o novo sistema de jornadas que prolongam ainda mais o tempo útil da expansão. Nesse sistema, mesmo após a conclusão da história principal continuamos a receber novas missões para serem completadas em diversos lugares de Destiny, seja no PvE ou no PvP.

Umas das grandes mudanças dessa expansão foi a tão aguardada adição da terceira subclasse para cada tipo de guardião. O Titã ganhou a subclasse do elemento Solar, o Hunter de Vácuo e o Arcano de Arco.

A nova Incursão ganhou o nome de “A Queda do Rei” e pode ser considerada uma das mais difíceis e cheias de mecânicas inteligentes, que lembram muito a fascinante “Câmara de Cristal”.  Suas mecânicas requerem que a equipe de seis jogadores funcione em uníssono, sendo o maior desafio que a expansão tem para oferecer.

A Bungie acertou em cheio com “O Rei dos Possuídos” trazendo um conteúdo que é realmente novo e que adiciona muito fator replay ao jogo.

A Ascensão do Ferro

Esse é último DLC planejado para Destiny, e adiciona uma nova área para ser explorada chamada Terras Pestíferas que é uma parte anexa ao Cosmódromo na Terra, novas armaduras e armas, novos assaltos, uma Incursão, um novo espaço social, novas missões, quatro novos mapas no Crisol e um novo modo de jogo chamado de Supremacia. O nível máximo permanece 40, mas o level de luz aumentou para 400.
A nova área jogável chamada de Terras Pestíferas é uma reciclagem do atual mapa da Terra, mas com a adição de neve. O grande destaque dessa área é a Forja do Arconte, que funciona de maneira similar ao que acontecia na Corte de Oryx. Você vai ter que utilizar uma chave em seus terminais para iniciar uma batalha semelhante a um evento público, no qual todos aqueles no servidor podem participar.
Algo que marcou muito essa expansão, foi o retorno em todo o resplendor do amado Lança Foguetes Gjallarhorn. A Bungie trouxe também diversas armas do Ano 01 reformuladas para atender aos pedidos dos jogadores.
Por fim temos a Incursão que ganhou o nome de “A Ira da Máquina“. Ela é uma grande mistura das mecânicas de todas as incursões que vimos até o momento e seus cenários misturam locais vertiginosos e salas claustrofóbicas recheadas de inimigos. Ela também é cheia de puzzles e baús para serem desvendados até chegar ao boss final dela, o Arconte Prime Aksis, que é o líder supremos dos Demônios Simbióticos.

A expansão é boa, mas deixa muitas pontas soltas na já bagunçada história de Destiny e peca ao reciclar muito conteúdo em vez de adicionar novos.

Opinião

Destiny chegou ao mundo dos jogos propondo uma mistura de vários gêneros e conseguiu criar uma fórmula viciante. O jogo traz um vasto universo com uma ambientação nova e incrivelmente marcante. Além disso, ele vicia com um gameplay robusto e dinâmico. A grande falha da Bungie foi ter deixado a história de Destiny praticamente de lado, pois mesmo com todas as expansões, ela ainda carece de profundidade, faltaram diversas explicações e desfechos realmente épicos, como era proposto.

Mas, mesmo que sua narrativa careça de profundidade e até mesmo de mais sentido, Destiny consegue se firmar como uma franquia que pode durar por muitos e muitos anos, graças ao seu gameplay viciante e que possui um fator replay altíssimo. Afinal de contas, qual Guardião não quer chegar no nível máximo de Luz?

Entenda nossas notas

Sair da versão mobile