Toda a narrativa criada para BioShock Infinite te faz ir muito além da belíssima e bem ambientada cidade fictícia de Columbia, o game faz pensar e debater sobre ele mesmo depois de você já ter finalizado o jogo.
Mais uma vez iniciamos a história em um farol. O ano da história é 1912 mas em vez de explorar o fundo do mar, na intrigante Rapture, o jogador agora é levado a Columbia, que nada mais era do que uma cidade dos EUA que decidiu se separar do país por conta das guerras. Uma impressionante e lindíssima cidade que flutua entre as nuvens.
O jogador controla Booker DeWitt e recebe uma missão: resgatar uma garota para quitar suas dívidas. A garota é Elizabeth, que se encontra aprisionada em uma torre na cidade de Columbia desde criança pelo ditador Comstock, que é o grande vilão do jogo e que comanda a cidade através de uma religião cega. Daí surge a temática da religião com temas bem fortes e polêmicos, como racismo, política e economia.
Cosmtock tem uma forte opositora política, que se chama Daisy Fitzroy, a líder da Vox Populi, partido da oposição à toda a ditadura Comstock. A guerra que está acontecendo em Colúmbia envolve uma grande batalha entre as forças de Comstock e do Voz Populi de Fitzroy, em uma batalha política e social bem contundente.
Para piorar a situação, quando você chega na cidade, os cidadãos e guardas da cidade descobrem que Booker possui uma marca na mão com as letras “AD”, a tal marca seria o que identificaria o “Falso Profeta”. Isso te transforma, no inimigo número 1 da cidade no mesmo instante.
Durante a sua saga por Colúmbia você conhece e se encanta e tem o privilégio de estar com uma das personagens mais icônicas e bem construídas dos games: Elizabeth.
Ela é praticamente o coração de Bioshock Infinite, ela viveu toda a vida enclausurada em uma torre e é encantador ver suas reações de ingenuidade e espanto ao conhecer o mundo de verdade, ao se deparar com as peculiaridades de Colúmbia, seus olhos passam cada sentimento que ela sente durante a jornada. Todo esse envolvimento durante o desenrolar dos fatos, faz com que você se importe profundamente com o que irá acontecer com a personagem.
Mas não pense que ela é uma jovem indefesa, ela sabe se proteger muito bem, nem se preocupe em protegê-la!! Além disso, ela te ajuda durante os combates te oferecendo itens e abrindo fendas. Outro fator muito bem desenvolvido para a personagem foi sua inteligência artificial, não vemos Elizabeth entrando no meio do nosso caminho, o que acontece com frequência em outros games. Ela procura lugares seguros para se esconder e sai da linha de tiro, tanto nossa quanto dos inimigos.
Ainda em relação a Elizabeth, acompanhamos sua relação de amor e ódio com o seu guardião: Songbird. Ele é um pássaro mecânico gigantesco, que desde a infância da moça, teve o dever de protegê-la. Songbird tem uma aparência impactante e uma presença muito forte quando aparece. Daí surgiu uma grande frustração minha, pois Songbird cria uma expectativa de que teríamos grandes embates épicos contra ele, assim como foram os encontros com os Big Daddies nos Bioshocks anteriores, mas isso acontece muito raramente e o personagem é praticamente esquecido durante o gameplay, ele aparece no começo e no final do game, sendo de muita importância para o desfecho, mas ainda assim é muito pouco. Queria mais de Songbird no game.
Outros personagens que roubam a a cena em cada uma de suas inusitadas aparições são os Lutece Twins, a dupla esquisitona composta por Rosalind e Robert Lutece. Eles aparecem quando menos se espera e desaparecem com a mesma rapidez. Eles fazem parte importante do enredo do game e trazem um bom e suave alívio cômico para toda a trama.
Os cenários são muito detalhados, que te envolvem a cada esquina e que passa para o jogador uma imersão única. Um palco perfeito para debates e situações polêmicas como críticas ao racismo, ao modo de vida americano, temas que servem de pano de fundo para debates e bate papos bem interessantes sobre os acontecimentos do game. Ao contrário de Rapture, que nos mostra uma cidade que um dia teve alguma glória, Colúmbia é apresentada em toda a sua magnitude.
Além toda essa arquitetura espetacular , os desenvolvedores colocaram detalhes que deixam tudo ainda mais convincente, podemos nos deparar com pôsteres, cabides com roupas da época, brinquedos espalhados, livros, tudo passando muita realidade.
Uma coisa que me causou estranheza no gameplay de Infinite, acontece quando se explora a cidade, Booker está carregando armas, mas ninguém liga ou expressam alguma reação, mas se você for mexer em uma caixa registradora, todos na loja te atacam, achei estranho, mas nada que estrague o gameplay.
A jogabilidade é de um game de tiro em primeira pessoa, com uma variedade muito boa de armas e mais uma vez com o auxílio luxuoso dos vigores, aquele mesmo que nos jogos anteriores eram chamados de plasmids. Mesmo mudando o nome, eles ainda te fornecem poderes especias para te ajudar em sua jornada. Apesar de nomes diferentes, muitos possuem a mesma função dos plasmids originais.
Uma novidade nesse game é o Sky-Hook, uma gancho que te auxilia no deslocamento entre os trilhos de Colúmbia, além de ser uma ótima arma para atacar os inimigos.
Os inimigos estão com uma inteligência artificial muito boa, e te dão bastante trabalho, principalmente quando estão em grande número. Temos os inimigos especiais conhecidos como “Heavy Hitters”, que te dão muito trabalho mesmo durante o gameplay, te forçando a rever suas estratégias para não ficar empacado em algum lugar. São eles o Patriota, o Handyman e o Boys of Silence, cada um com seus ataques próprios, que te forçam a montar estratégias personalizadas para vencer cada um deles.
A trilha sonora é uma obra de arte à altura do game. Muitas te dão o clima exato da época em que o game está acontecendo, outras são versões alternativas de músicas atuais no ritmo do início do século passado, tudo inserido no contexto da história do game, e isso é outra coisa que ficou genial. As canções estão muito bem encaixadas na trama, e te fazem se aprofundar com os acontecimentos de maneira real com tudo que está sendo exposto na tela. Cada mínimo efeito sonoro está bem encaixado, nada soa como se estivesse fora do lugar ou do contexto.
A dublagem está muito bem feita, cada voz soa como se tivesse existido para aqueles personagens, as vozes transmitem com realidade e emoção tudo que está acontecendo no gameplay.
O desfecho da história te faz pensar e debater sobre ele até mesmo depois de ter finalizado o game a muito tempo, é um final único e arrebatador. É de uma felicidade imensa que games como Bioshock Infinite existam, que te trazem muito além de entretenimento, te fazem refletir com suas mensagens ousadas e que são transmitidas com muita competência. Mesmo com tantos temas diversos e polêmicos a trama consegue ser amarrada de maneira incrível e até mesmo chocante.
O roteiro é extremamente engenhoso, e todo e qualquer tema mostrado ali possibilita uma futura continuação, o que podemos ver acontecer nos DLC`s lançados. O final pouco convencional pode frustar alguns jogadores, mas toda a ousadia e criatividade de Bioshock Infinite já valem a pena por si só, história essa que ainda irá render debates e assunto para os jogadores por muitos e muitos anos.
Bioshock Infinite é aquele tipo de game que te faz abrir um sorrisão por ter tido a honra de jogá-lo.